Diocese de Assis

UM SÓ ESPÍRITO E MUITOS PENTECOSTES!

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O modo como compreendemos a vida e, por conseguinte, como vivemos, nem sempre é coerente com a medida, os meios e os recursos que nos foram concedidos por Deus.

Nós complicamos demais as coisas: criamos obstáculos; erguemos muros; alimentamos abismos; desenvolvemos medos, obsessões, tristezas, desesperos, frustrações e fracassos… E para que? A vida é tão mais simples! Viver é muito simples, mas compromete!  Esse é, sem dúvida, o grande nó de nossa existência: não somos dados a coisas simples, porque parecem desprovidas de importância e valor. Terrível engano porque a vida só vale porque é simples.

A vida nos foi dada como Dom; uma verdadeira dádiva; uma graça; presente de Deus. Despretensiosa e aberta! Única e irrepetível. Vida-dom que é presente. E presente não se discute. Presente a gente recebe e aceita, cuidando, em primeiro lugar, de abri-lo abrindo-se a ele; desejando-o; amando-o; querendo-o; agradecendo-o (na hora e sempre). Presente deve, sempre, nos transportar para a intenção e intuição de quem o deu, transcendendo tamanho, material, valor financeiro, durabilidade, origem… transcendendo tudo. A visão do presente recebido, deve nos transportar para a generosidade, o amor, o carinho, a entrega, a beleza, o respeito contidos no ato de quem nos presenteou.

A vida não é um presente de grego para a nossa frustração e desonra, para a nossa infelicidade e destruição. Pelo contrário, se a vida é um presente de Deus, é para a nossa salvação. Porque Deus nunca dá nada que não seja dele; que não tenha a sua essência; que não traga realização presente e futura; que alguém não consiga suportar; que ele não ensine a usar. Deus nunca dá nada para a morte, mas, para a conversão e a salvação.

Devemos admitir que, apesar de termos recebido a vida como presente de Deus, nós a vivemos como se fosse um peso, uma carga, uma obrigação, um castigo, uma pena, um destino, um jogo de cartas marcadas ou um beco sem saída.

Infelizmente, quem assim pensa e compreende a vida, fatalmente, viverá buscando medidas de compensações, meios de amenização e recursos de fuga, como única forma de suportar a vida.

A vida é um presente!

Esta afirmação elevada ao nível de convicção de fé é capaz de mudar o nosso viver porque, antes, muda os pensamentos, os hábitos, os costumes, a compreensão, as palavras, as intuições, as intenções, os horizontes, as esperanças, as crenças, os valores, o olhar, o rumo, a direção, a fé e a esperança.

Deus não nos deu a vida e, nada mais. Deus nos deu a vida e, com ela, tudo o mais! Deus sempre agrega, ao que ele dá, medida, meios e recursos necessários ao uso, por meio do Espírito Santo. Sim, é por meio do Espírito Santo que Deus fixa e estabelece em nós, a garantia de sucesso em suas obras. É sempre assim, desde o começo. Quando ele nos criou, nós que éramos apenas barro, soprou em nós o seu hálito de vida, o Espírito Santo, como o Primeiro Pentecostes. E, nós, nos tornamos um ser vivente. Quer dizer, animados por Deus. Sendo assim, em todas as suas obras (no passado, no presente e no futuro), o Senhor nos renova, com seu Espírito, fazendo-nos experimentar muitos pentecostes no seu único e mesmo Espírito.

A festa de Pentecostes, que a Igreja celebra neste final de semana, nos coloca diante das múltiplas possibilidades que a vida tem, se vivida sob a ação do Espírito Santo, como um Novo Pentecoste, cada dia.

“Existem dons diferentes, mas o Espírito é o mesmo; diferentes serviços, mas o Senhor é o mesmo; diferentes modos de agir, mas é o mesmo Deus que realiza tudo em todos. Cada um recebe o dom de manifestar o Espírito para a utilidade de todos” (1Cor 12,3-7).

Se quisermos compreender a plenitude dos dons do Espírito, devemos começar por aceitar e acolher a vida nas suas exigências elementares, como Dom de Deus. Tudo ficará mais claro se tomarmos esta decisão e postura.

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS

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