Terminou dia 28 de fevereiro o período em que é proibida a pesca nas bacias dos rios Paraná, Paraíba do Sul e Ribeira de Iguape no Estado de São Paulo. A medida, que está em vigor desde 1º de novembro de 2021, tem o objetivo de proteger os peixes nativos que fazem a piracema – movimento de migração anual realizado por várias espécies nativas para desovar nas cabeceiras das bacias hidrográficas.
Segundo Fábio Sussel, pesquisador do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Aquicultura do Instituto de Pesca (IP-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, durante a piracema os peixes se deslocam cerca 450 km, desde o rio Grande até a Cachoeira das Emas – região considerada o maior berçário de espécies do Estado. “Esse esforço é necessário para liberar ácido lático, que é um composto necessário para ativar o hormônio da reprodução”, explica Sussel.
De acordo com o pesquisador, nos últimos seis anos, o índice pluviométrico do Estado de São Paulo esteve abaixo da média histórica. Fenômeno que perdurou até dezembro de 2021. Contudo, a partir de janeiro as chuvas foram mais intensas na cabeceira do rio Mogi-Guaçu. “A piracema não pode ser calculada em números, mas podemos afirmar que a natureza proporcionou as condições ideais para a reprodução das espécies” destaca Sussel.
Com o fim do período de defeso, desde o dia 1° de março as restrições deixam de ter validade. Esse momento é bastante aguardado pelos praticantes da pesca profissional e amadora e adeptos da modalidade esportiva. Na reabertura é comum observar o aumento da procura pelos principais pontos de pesca. No entanto, é preciso levar em conta que o fim do período de restrições não marca o final do processo. “A natureza não usa calendário”, ressalta Sussel, lembrando que o período de defeso foi estabelecido porque em torno de 80% dos peixes se reproduzem nesse intervalo. “É importante que, se o pescador perceber que um peixe está com o abdome abaulado, indicando a presença da ovas, que o espécime seja devolvido ao rio”, aconselha o pesquisador.
Nunca é demais reforçar que o respeito à legislação e ao cuidado com o meio ambiente é condição sine qua non para que os rios e as represas continuem a oferecer peixes em abundância às atuais e futuras gerações.
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