Diocese de Assis
SOBRE ESTA PEDRA...
Ninguém compete para não ganhar. Ninguém planta para não colher. Ninguém faz algo para vê-lo destruído. Não se constrói uma casa esperando sua ruína. Pelo contrário, o que se espera é que seja feita com bom material e, impreterivelmente, que tenha profundo alicerce; garantindo boa estrutura e fundamento. Tudo o mais é secundário. Mas, se por descuido, pressa, pouco recurso ou displicência a casa for levantada sem suficiente fundamento, mesmo com os melhores profissionais, não tardará a cair em ruínas.
No plano das atitudes, da conduta, do comportamento e das relações humanas, também é assim: o que não tem fundamento cai em ruínas.
A busca humana, desde sempre, é de alcançar a felicidade completa, a realização plena e, isso é impossível, neste mundo. Todos nós sabemos disso! Mas, a doutrinação da prosperidade sem riscos, da vida sem sofrimento, da alegria sem lágrimas, do milagre sem sacrifico, da cura sem renúncias, da religião sem conversão, do amor sem doação… tirou o fundamento de fé para todas as coisas, desligando a vida do mistério que a sustenta: Deus acima de tudo, em tudo e por todos. Em vez disso, o atalho das compensações momentâneas, calcado sobre a infantilidade no trato dos problemas, das dificuldades e das situações diversas, mantém a alienação daqueles que: pensando estar com óculos, estão com tapa-olho; imaginando viver livres estão vivendo escravos; acreditando estar progredindo, estão retrocedendo; dizendo que estão na verdade, onde estão é na mentira; achando que vão defendendo a vida, estão sustentando a morte.
A vida carece de fundamento de fé para ser coroada de plenitude!
O Fundamento da fé é Cristo morte e ressuscitado com todas as promessas (justiça, paz, misericórdia, libertação, redenção, salvação…) e conseqüências (confiança absoluta, entrega total, amor incondicional, esperança filial) que esse mistério implica.
Na lógica do ter, do poder e do prazer, a fé entra mais como instrumento do que como fundamento. Deus é mais meio do que fim. As buscas são mais pretensões do que abandono à providência divina. As escolhas e decisões são mais autoprojeções do que Vontade de Deus. A fé que deveria ser um modo de Deus conseguir algo de nós é mais um meio para conseguir algo de Deus. A fé encontra-se submersa no mesmo vazio onde o homem, da nossa época, resolveu se salvar.
A vida está correndo sério risco, quanto aos objetivos e metas, porque lhe falta o fundamento de fé. Ou seja, o substrato que lhe garanta, em todo o tempo e em qualquer situação, a verdade sobre a realidade última (a vida eterna) e penúltima (a vida neste mundo) de cada ser humano e de todo o ser vivo.
Para garantir a vida, é preciso voltar à fé pela fé. Voltemos à fé! Voltemos a Cristo! “A fé é um modo de já possuir aquilo que se espera, é um meio de conhecer realidades que não se vêem” (Hebreus 11,1).
O fundamento de fé é comparado à solidez de uma pedra. Para garantir tal fundamento é preciso professar a fé. Pedro professou a fé e Jesus chamou isso de pedra sobre se admite construção, com o poder de chave. “Simão Pedro respondeu: ‘Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo.’ Jesus disse: ‘Você é feliz, Simão, filho de Jonas, porque não foi um ser humano que lhe revelou isso, mas o meu Pai que está no céu. Por isso eu lhe digo: você é Pedro, e sobre essa pedra construirei a minha Igreja, e o poder da morte nunca poderá vencê-la. Eu lhe darei as chaves do Reino do Céu, e o que você ligar na terra será ligado no céu, e o que você desligar na terra será desligado no céu’” (Mateus 16,16-19).
De fato, somos uma construção e, se quisermos viver, neste mundo, dando um sentido para a nossa vida, com poder de chave, precisamos dar um fundamento de fé, em tudo o que fizermos, quisermos e decidirmos. “Vocês, porém, amados, construam sobre o alicerce da santíssima fé que vocês têm; rezem movidos pelo Espírito Santo; mantenham-se no amor de Deus, esperando que a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo lhes dê a vida eterna” (Judas 1,20.21).
PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS