Cérebro de pipoca”: entenda fenômeno que faz pensamentos “pipocarem” de um assunto a outro

O fenômeno pode afetar, sobretudo, profissionais que trabalham remotamente e têm acesso recorrente às redes sociais

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Não é novidade que humanos estão com dificuldade para desapegar do celular e que essa relação tem afetado a concentração na vida e no trabalho. A mera presença do aparelho por perto pode causar baixo desempenho cognitivo, segundo uma pesquisa do Scientific Reports. Esse cenário em que o cérebro fica disperso, “pipocando” de um pensamento, ou atividade, para o outro, é conhecido como “cérebro de pipoca”. 

Esse fenômeno não é um termo clínico e difere do Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). O termo curioso foi cunhado em 2011 por David Levy, pesquisador na University of Washington Information School. Segundo psicólogos americanos, a causa principal do “cérebro de pipoca” é o uso abusivo de redes sociais, aplicativos e outras tecnologias que funcionam como um sistema de recompensa no cérebro.

Entre os maiores afetados por esse “vilão” estão os profissionais que trabalham em home office, dada a necessidade de estar sempre online, a disposição do celular o tempo todo e a facilidade com que as distrações ocorrem.

“Para os profissionais remotos, que têm maior flexibilidade no dia a dia, o uso inadequado do celular pode prejudicar a eficiência das atividades diárias e aumentar o tempo das suas entregas. Alguns profissionais acabam trabalhando além do horário comercial, porque se distraíram usando o celular durante o dia”, comenta Samyra Ramos, gerente de marketing da Higlobe, fintech de recebimentos para profissionais brasileiros que trabalham remotamente para os EUA.

Os sintomas do cérebro de pipoca envolvem pensamentos dispersos, desinteresse ou desconexão com pessoas, alternar rapidamente entre tópicos em conversas, incapacidade de completar tarefas, esgotamento mental e sobrecarga. Quando não remediado, os especialistas explicam que tais sinais frequentes podem trazer consequências para a saúde física, como dores de cabeça, fadiga, interrupção do sono, entre outros.

“É algo que acontece com todos, você abre o celular para responder um email, recebe uma mensagem e se distrai do objetivo inicial. Essas ações podem levar alguns minutos, mas cansam os seus olhos com o uso da tela, o que faz com que voltar ao computador seja ainda mais cansativo”, continua a executiva.

Uma prova disso é que, hoje, a capacidade média de concentração não passa de 47 segundos, de acordo com a psicóloga Gloria Mark; apenas vinte anos atrás, esse tempo era de 2,5 minutos.

Para prevenir o fenômeno e não se deixar levar pelos pensamentos que pipocam, os psicólogos sugerem quebrar as tarefas cotidianas em pequenas atividades; trabalhar a regulação do sistema nervoso com meditação, respiração, sono regular e exercícios moderados; e incluir “pausas” no uso das telas durante o dia, especialmente ao acordar e antes de dormir. Ao observar aumento de estresse e outros problemas de saúde que foram agravados, é fundamental procurar ajuda médica.

Samyra complementa: “É importante que os profissionais entendam que recompensas cerebrais rápidas, como o uso das redes sociais, podem parecer um descanso para a mente, mas trazem cansaço no final do dia. Estabelecer estratégias como limitar o tempo de tela, selecionar bem os objetivos do dia e considerar manter o celular em outro cômodo, podem trazer maior qualidade de vida e otimização de tempo para esses profissionais”.

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