A conquista da alfabetização

Por Antônio Artequilino

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Um percurso escolar de excelência deve possuir como ponto de partida a riqueza  proporcionada pelo processo de alfabetização inicial. O encontro do aluno com as palavras promove intensas descobertas, as quais requerem um olhar bastante atento dos professores no sentido de propor atividades que sejam realmente  significativas. 

De acordo com o francês Henri Wallon, a criança é essencialmente emocional e deseja compreender o que está sendo ensinado para se constituir num ser sociocognitivo. Tal fato expõe a necessidade de criação de ambientes de interação dentro das escolas. Não obstante, para o estudioso Jean Piaget, a criança deve passar por várias fases de desenvolvimento psicológico, partindo do individual para o social, com o propósito de desenvolver pensamento e linguagem. Por sua vez, Lev Vygotsky defende que signos e palavras são para as crianças um meio de contato social com as pessoas e que fornecem a mediação simbólica entre o aluno e o mundo.

Dessa forma, podemos afirmar categoricamente que a alfabetização é uma conquista proveniente do esforço, da intenção de aprender, da vontade de descobrir o que é novo, das interações humanas, da diretividade docente e das sucessivas atividades que acontecem dentro e fora do ambiente escolar. Como asseverou Vygotsky, “é no significado da palavra que a fala e o pensamento se unem em pensamento verbal”.

Todavia, o que acontece quando o processo de alfabetização é comprometido ou prejudicado? As consequências são devastadoras do ponto de vista humano, social e cultural. Afinal de contas, a alfabetização não implica tão somente na questão de ensinar crianças e adultos a ler e escrever, mas ainda mais importante, que possam aprender a fazer uso adequado da leitura e da escrita nas práticas sociais. 

Em contrapartida, sabemos que o analfabetismo funcional é uma tragédia para a sociedade e para o indivíduo que, apesar de ter sido “alfabetizado”, não é capaz de interpretar um texto sequer. Falta-lhe condições para analisar um simples gráfico, uma composição, e para dizer o que entendeu após a realização de uma leitura. Esse fenômeno não se restringe à baixa escolaridade. Pessoas com cursos de nível superior apresentam analfabetismo funcional em suas práticas de ler, escrever e analisar textos. Todavia, ainda pior que analfabetismo funcional é o analfabetismo absoluto. 

Segundo dados da Unesco – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, 617 milhões de crianças e adolescentes no mundo todo não estão adquirindo habilidades mínimas em leitura, escrita e matemática e, lastimavelmente, 750 milhões de jovens e adultos não sabem ler nem escrever nos dias de hoje.

Por fim, devemos pensar nas palavras do grande educador Paulo Freire, para quem “a alegria não chega apenas no encontro do achado, mas faz parte do processo da busca. E ensinar e aprender não pode dar-se fora da procura, fora da boniteza e da alegria”. Nesse sentido, diante da poluição causada pela ignorância e pela ausência do saber crítico, precisamos de UM SOPRO DE AR FRESCO, repleto da boniteza, da alegria e da ALFABETIZAÇÃO que se FAZ COM AMOR.

O ato de alfabetizar adequadamente as crianças no contexto escolar, a ação de desenvolver a consciência crítica nas pessoas que não conseguem se posicionar por não entenderem o que leem e, por uma questão essencialmente humana, de apoiar os adultos analfabetos que não tiveram oportunidades educacionais – impulsionam o anseio pela conquista da autonomia de pensamento, da criatividade e da esperança que faz germinar o bem comum nas terras férteis da educação de qualidade.

 

Antonio Artequilino é consultor pedagógico da Conquista Solução Educacional em São Paulo.

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