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A luta contra a violência doméstica tem que ser diária

 

 

Por dia, pelo menos cinco mulheres foram mortas ou vítimas de violência doméstica e familiar durante o ano de 2020. Este é o triste resultado revelado pelo levantamento da Rede de Observatórios de Segurança, que atua no monitoramento da violência nos estados de São Paulo, Bahia, Ceará, Pernambuco e Rio de Janeiro. Lamentavelmente, a pandemia da Covid-19 fez piorar as agressões por conta da maior convivência entre agressores e vítimas por 24 horas no mesmo ambiente.

E exatamente para combater essa violência e a aceleração destes números cruéis, resolvi atuar e desenvolver um projeto para ensinar os direitos fundamentais das mulheres, garantidos pela Constituição Federal, contra as agressões, sobre igualdade de gêneros e o respeito as mulheres.

Tudo começou em 2009, através de palestras que faziam parte de um projeto voltado para crianças e adolescentes, apresentado junto às escolas municipais de São Vicente, onde os alunos do Ensino Fundamental I ouviam sobre a Constituição Federal, seus direitos fundamentais – momento que abria espaço para falar sobre igualdade de gêneros e o quanto é importante respeitar as mulheres. Em 2018 comecei a participar com maior ênfase na causa de combate à violência contra mulheres, foram várias palestras, não só para mulheres, mas também para homens, pois minha ideia sempre foi atingir a sociedade em geral, afinal a violência contra a mulher não existe por causa da vítima, mas por causa do agressor.

E depois desse período de troca de informações e experiências, resolvi desenvolver uma cartilha – https://linktr.ee/AdvogadacomProposito –  que explica de forma didática as várias questões que envolvem a violência contra a mulher, como o ciclo da violência, os tipos de violência e também os canais para buscar ajuda.

O objetivo de quem trabalha na linha de frente no combate à violência contra a mulher é proteger e salvar vidas, além de disseminar informações para diminuir todos os riscos das vítimas de violência doméstica e familiar. Pois a agressão contra uma mulher, normalmente, reflete nos filhos e demais familiares.

Importante destacar que, em geral, a mulher, antes de ser vítima do crime de feminicídio, sofreu violência psicológica, lesão corporal ou ameaça. Muitas procuram ajuda da polícia, faz boletim de ocorrência, mas retornam pra casa, pois não tem outro destino. Entretanto, outras milhares não sabem quais são os seus direitos e os canais que podem ser utilizados em situações graves.
Não tenho dúvidas que uma mulher mais consciente de seus direitos e que tenha o respaldo das autoridades e da informação, pode salvar sua vida.

Toda mulher deve entender que nada, nem ninguém, independente do cenário e da condição que se encontre, tem o direito de roubar o direito ao respeito e dignidade de uma mulher. Toda mulher deve criar coragem de se reconhecer num relacionamento abusivo e denunciar seu agressor. Temos que agir sempre para barrar a violência doméstica e contra a mulher.

Mayra Vieira Dias é advogada, sócia do escritório Calazans e Vieira Dias, ativista no combate à violência contra a mulher e líder dos projetos @advogadacomproposito e @justiceirasoficial