A renovação inútil
Há apenas seis meses, festejávamos jubilosos a renovação do Congresso Nacional que saiu das urnas em 07/10/2018. Afinal, a eleição daquele ano mudou os componentes da Câmara dos Deputados em quase 50% e o Senado Federal em estratosféricos 85%, de 54 cadeiras em disputa, apenas oito foram de senadores reeleitos. Que maravilha, pensamos! Finalmente a população brasileira cansada de tantos mensalões, “petrolões”, dinheiros em malas, em cuecas, em caixas de papelão, em contas no exterior, em falcatruas diárias, tinha eliminado por meio do voto as velhas e ordinárias “ratazanas” que, durante vários mandatos, apenas vilipendiaram o erário público, legislando de acordo com seus interesses pessoais. E os interesses do povo, perguntávamos aos “velhos” políticos. Ora, o povo que se dane, afinal, povo deve apenas ser explorado, como sempre foi, demonstravam aqueles por meio de seus atos. Mas agora a velha política tinha sido varrida, como nunca havia acontecido na história deste país! O povo mandou seu recado, as ruas rugiram. Tremei políticos, assim pensávamos. Pela exemplar via democrática, os “maus” foram afastados e os eleitos irão se comportar de modo diferente. Correto? Ledo engano. Passados três míseros meses de atuação do “novo” Congresso, o que vemos? As mesmas práticas de sempre. Os deputados e senadores legislando de costas para os interesses do povo e pensando em si ou nos interesses corporativistas. Alguns poucos exemplos:
Lamentavelmente, constatamos que nada mudou. Velhos, novos e seminovos políticos, com raríssimas exceções, não querem abrir mão de seus privilégios, de suas maracutaias, de suas aposentadorias. Parece que, basta tomar posse, e tudo muda para pior. Esquecem a civilidade, a honradez, o desejo e as necessidades da população. É como uma praga, uma doença suprapartidária. O problema é que o resultado dessa política não afeta os privilegiados e sim os mais necessitados, empobrecendo ainda mais suas vidas. Estamos nos tornando um país de miseráveis, enquanto dezenas de milhões não têm acesso a esgoto, altos “servidores” públicos se banqueteiam com lagostas e vinhos raros entre outros desatinos. O que fazer para eliminar essa praga? Depende do que queremos para nossas vidas: continuar sendo lacaios de farsantes e corruptos ou assumir nossas responsabilidades em uma sociedade democrática. Afinal em uma democracia quem tem o poder é o povo. Ou não vivemos em uma democracia? Celso Tracco é escritor, palestrante e consultor – www.celsotracco.com |