Advento, mãos estendidas
A palavra advento significa aparecimento, chegada. Sim, sempre algo de novo surge, acontece. A humanidade pede algo novo de tempos em tempos. Podemos até dizer que ela vive num contínuo advento, sempre esperando, desejando algo novo.
Também os jovens, normalmente, desejam, esperam algo, pensam no futuro, numa profissão que dê estabilidade e felicidade; ao iniciar os estudos desejam logo a chegada da formatura e, mais ainda, o ingresso naquele tão sonhado trabalho. O mesmo se dá com um jovem casal que se conhece e, com o tempo, realiza planos para o casamento, filhos, casa. Eles aguardam a chegada do tão sonhado dia do casamento, seu novo lar e a chegada do primeiro filho.
Bom, tanto uma situação como outra foi precedida por um longo período de preparação, afinal o verdadeiro diploma é conquistado à duras penas, com dias e noites de estudo, feriados e finais de semana sacrificados em nome de um grande dia.
Dei esses exemplos, mas temos tantas outras situações nas quais aguardamos algo, criamos uma expectativa boa de algo que pode acontecer. A realização de um sonho profissional e familiar deve ser precedido por um tempo de preparação.
Estamos para vivenciar um dos grandes momentos de nossa fé, o nascimento de Jesus Cristo. E para que todo fiel possa viver bem a grande festa do nascimento do Salvador, a Igreja oferece o tempo litúrgico do Advento.
No Catecismo da Igreja Católica, o número 524 diz: Ao celebrar em cada ano a Liturgia do Advento, a Igreja atualiza esta expectativa do Messias. Comungando na longa preparação da primeira vinda do Salvador, os fiéis renovam o ardente desejo da sua segunda vinda. Pela celebração do nascimento e martírio do Precursor, a Igreja une-se ao seu desejo: “Ele deve crescer e eu diminuir” (Jo 3, 30).
O tempo do advento comporta, portanto, duas vertentes: a primeira recordar o nascimento de Jesus e a segunda a preparação para sua nova vinda. Sendo assim, os fiéis devem, através da Palavra, das meditações propostas para esse tempo litúrgico, se preparar para a festa do nascimento de Jesus. É um tempo forte de oração, de estreitar os laços com o Senhor através da Eucaristia e das boas ações.
Na liturgia, temos o sinal da Coroa do Advento, composta por quatro velas, sendo uma acesa a cada domingo, para dizer que a cada Eucaristia o nosso caminho é iluminado. A oração ilumina nossa mente, nossas decisões. No sentido espiritual, precisamos do óleo da oração para sermos iluminados, para estarmos em sintonia com Deus, e do óleo de reserva, pois ele vem numa hora inesperada.
O advento nos faz “juntar as mãos” para a oração, mas também nos incentiva e nos move à caridade. Mãos estendidas para o Alto e mãos estendidas para o próximo. Multiplicam-se nesse tempo as mais variadas ações de caridade. Sim, a preparação para vinda do Senhor se dá na oração e no trabalho. “Mãos à obra!”
Sabemos muito bem que para tudo na vida é necessário o mínimo de preparação, pois nem sempre é possível improvisar. Se para grandes conquistas precisamos nos preparar através do estudo, da paciência e do esforço, para que o Natal deste ano seja o melhor precisamos estar em sintonia com Ele, na oração e nas boas ações. Será o melhor Natal se não cruzarmos os braços, mas se o estendermos a Deus e ao próximo, afinal sempre há algo a dizer para Deus e sempre haverão necessitados entre nós.
*Padre Marcio Prado é sacerdote da Comunidade Canção Nova e autor dos livros: “Entender e viver o Ano da Misericórdia” e “Via-sacra do Santuário do Pai das Misericórdias”, pela editora Canção Nova.
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