Bruxo revela como o halloween é encarado nos dias atuais e ensina uma prática para a ocasião

Festa popular tem origem nos antigos celtas e é uma data importante para os praticantes da bruxaria moderna

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O Halloween é um costume folclórico celebrado todo ano no dia 31 de outubro. A tradição encontra sua origem no antigo festival celta nomeado de Samhain, cuja pronúncia correta é “soueim”. Esse era um momento onde as pessoas acendiam fogueiras e usavam adereços e fantasias para afastar fantasmas ou espíritos errantes; costumes que hoje não passam de um divertimento cultural, mas que nos tempos antigos foi ligado às superstições locais dos povos medievais. Antes dessa festa ser chamada pelo nome que conhecemos, encontramos a nomenclatura, All Hallows Eve, que significa “A noite de todos os Santos” e que, com o tempo, tornou-se o Halloween.

Nos tempos atuais, o Halloween se tornou uma festa e se alastrou pelas culturas ao redor do mundo como um momento icônico na cultura pop. Segundo o bruxo, oraculista e designer, Raphael Kakazu, fantasias, festas e todo movimento midiático e fashion faz com que o comércio volte sua atenção para o evento. “A moda trazida por séries como Sabrina e American Horror Story: Coven, cujo apelo fashion é mais contemporâneo preenchem as vitrines como seus vestidos pretos esvoaçantes, composições inspiradas no punk-rock dos anos 80 e 90, chapéus extravagantes e acessórios marcantes. A fantasia deixou de ser infantilizada e se tornou mais um apelativo da moda para aqueles que representam esse nicho. A inspiração dos clássicos filmes de terror ainda é encontrada dentro dessa transição de vestimentas também”, diz.

Ele também comenta que, na bruxaria, é um momento de honrarias aos ancestrais, uma noite onde o véu dos mundos se abaixa e se tem a oportunidade de comungar e celebrar com os espíritos dos já falecidos. “Tal prática, nomeada de forma sensacionalista como necromancia, nada mais é do que a comunhão com nossos entes queridos. Encontramos uma festa tradicional semelhante no Vodu Haitiano, chamada de Fet Ghedé. É comum também encontrarmos grupos praticando seus rituais e performando suas celebrações com os mais diversos meios e temas nessa época, cada um dentro de sua própria mitologia, mas aos interessados em inserirem uma prática espiritual dentro dessa data, deixarei uma proposta simples e muito bela para vocês”, explica.

Na madrugada do dia 30/10 para o dia 31/10, é possível fazer uma prática recomendada pelo bruxo, chamada de Ceia Silenciosa – um ritual de comunhão com os mortos e ancestrais:

“Faça uma ceia farta do modo que preferir e com os alimentos tradicionais da sua família, pense nos pratos de infância, nas coisas que seus ancestrais gostavam de comer e beber, e faça tudo como uma grande festa de família. Após o preparo dos alimentos, monte a mesa de jantar como se fosse recebe-los de forma física, arrume-se para a ocasião e então dê inicio à cerimônia. Mantenha o ambiente iluminado apenas por velas, de preferência brancas, saúde seus ancestrais com um poema ou palavras de afeição e em seguida convide-os a se sentarem na mesa e banquetearem com os prazeres da vida terrena. Sirva os pratos e taças, deixando o seu por último, converse com eles à medida que os serve. Depois de servir o seu prato, sente-se à mesa e declare um silêncio total até o final do rito. O silêncio é para ouvirmos mais, entendermos os recados que os mortos desejam passar e um gesto de honra a eles. Se tiver outras pessoas junto a ti na celebração, repasse as mesmas instruções acerca do silêncio. Terminado a ceia, recolha todos os pratos ainda em silêncio, e após isso diga palavras de agradecimento. Esse momento não é sobre pedir, mas sim sobre honrar e reviver a memoria daqueles que possibilitaram nossa estadia nesse mundo. Caso os outros participantes desejem proferir algumas palavras também, esse é o momento”.

Raphael Kakazu, é paulista, feiticeiro e designer. Idealizador do Covil dos Feiticeiros, um espaço de estudo e debate sobre bruxaria e estilo de vida. Assim como a bruxaria tradicional, fez da espiritualidade algo profano e da vida algo sagrado, tomando como máxima da existência ser um bon vivant e um eterno aprendiz das artes ocultas.
Redes: @covildosfeiticeiros

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