CADA QUAL COM SUA HISTÓRIA

Por Alcindo Garcia

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            Nasci na cidade, mas me criei na roça. Curti a natureza e seus encantos. A passarinhada cantando ao alvorecer e o céu estrelado, no meu tempo sem poluição, mostrando a grandeza do universo pintada pelo Criador. A vivência na roça muito me ensinou na escola da vida, ouvindo o caipira contando seus causos. Sua capacidade de prever o tempo sem necessidade de ver a Moça do Tempo na TV. Uma olhada para o céu, o sentir do vento em sua face e a capacidade cabocla de uma previsão acertada. “Essa chuva vem de madrugada” ou “essa brisa me diz que não vai chover”. Acertava. Hoje na televisão uma das moças do tempo Anne Lottermann não acerta como o caipira do meu tempo. Em plena primavera estou escrevendo isto com frio.

            Fatores que me encantaram na infância vendo o dedilhar do violão e a voz do violeiro. Posso ter trocado minhas folhas, mas não perdi minhas raízes. Eu as conservo no coração e as rememora cada vez que ouço o Almir Sater cantando dele e de Renato Teixeira “Tocando em Frente”.

            “Ando devagar porque já tive pressa / E levo esse sorriso / Porque já sofri demais / Conhecer as manhas e as manhãs / O sabor das massas e das manhãs / É preciso amor/ Pra poder pulsar / É preciso paz pra poder sorrir / É preciso a chuva para florir / Penso que cumprir a vida / Seja simplesmente / Compreender a marcha / E ir tocando em frente / Como um velho boiadeiro / levando a boiada / Eu vou tocando os dias / Pela longa estrada eu vou / Estrada eu sou / Conhecer as manhas e as manhãs / É preciso amor pra poder pulsar /E preciso paz pra poder sorrir / É preciso a chuva para florir /  Todo mundo ama um dia / Todo mundo chora / Um dia a gente chega / E no outro vai embora / Cada um de nós compõe a sua história / Cada ser em si / Carrega o dom de ser capaz / E ser feliz /  Ando devagar / Porque já tive pressa / E levo esse sorriso / Porque já chorei demais”.

            Hoje em contato com a cidade grande, microfones famosos substituíram o radinho de pilha da minha infância que carregava no embornal da saudade. Posso ter trocado minhas folhas, mas não perdi minhas raízes. Conservo-as no coração, na música e na poesia.

 

Alcindo Garcia é jornalista – e-mail: [email protected]

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