Os dias vividos nesta terra não deveriam ser comparados com nada pesado ou penoso, mesmo quando temos que enfrentar crises, problemas, dificuldades, perseguições, medos, infelicidades, maldades, tristeza, morte… Tudo isso, e muito mais, faz parte da mesma vida que tem alegrias, prazeres, belezas, abundâncias, flores, farturas, festas…
Por que haveríamos de maldizer a dor se com isso maldizemos, também, a providência dos remédios que curam? Por que poderíamos rejeitar as tristezas se, com isso rejeitamos, também, as alegrias espalhadas por toda a vida? Por que teríamos objeção às dificuldades se, com isso, objetamos o processo de crescimento por causa do enfrentamento delas?
A vida humana é um mistério longe de ser esgotado pelos nossos desejos, ilusões e apatias. Por isso, em qualquer situação deveríamos ser agradecidos porque, por detrás de uma tristeza existe, sempre, uma alegria; na sombra de uma dor aparece, sempre, um remédio; ao lado de uma dificuldade acontece, sempre, muito crescimento e maturidade.
Viver é sentir o sopro da eternidade em nós e no mundo!
O escritor sagrado do livro do Eclesiastes em 5,17-19, tem uma bonita descoberta: “Concluí que a felicidade para o homem é comer e beber, usufruindo de toda a fadiga que ele realiza debaixo do sol, durante os dias de vida que Deus lhe concede. Essa é a sua porção. Todo homem que recebe de Deus riquezas e bens para que possa sustentar-se, ter a sua porção e desfrutar do seu trabalho, considere isso dom de Deus. 19 Desse modo, o homem não se preocupa demais com sua vida fugaz, porque Deus o mantém ocupado na alegria do coração.”
O mesmo escritor sagrado do Eclesiastes oferece alguns discernimentos importantes que deveríamos levar em conta, para vencer nossas ansiedades e resistências contra a vida que temos e que, diante dela não podemos tudo e não sabemos tudo:
Discernir e resistir
“Mais vale a honradez do que um bom perfume, e o dia da morte é melhor que o dia do nascimento. É melhor ir a uma casa onde há luto do que ir a uma casa onde se faz festa, pois aquele é o fim de todo homem e faz, desse modo, quem está vivo refletir. É melhor a tristeza do que o riso, porque, debaixo de um rosto triste, o coração pode estar alegre.
O pensamento do sábio está na casa onde há luto, mas o pensamento do insensato está na casa onde se faz festa. É melhor ouvir a repreensão do sábio do que o elogio dos insensatos, porque assim como crepitam os gravetos debaixo do caldeirão, tal é o riso do insensato. Isso também é fugaz, porque a extorsão torna insensato o sábio, e o suborno lhe corrompe o discernimento” (Eclesiastes 7,1-7).
O futuro pertence a Deus
“Mais vale o fim de uma coisa do que o seu começo, e a paciência é melhor do que a pretensão. Não fique tão depressa com o espírito irritado, porque a irritação se abriga no peito dos insensatos. Não diga: ‘Por que os tempos passados eram melhores que os de hoje?’ Não é a sabedoria que faz você levantar essa questão. A sabedoria é boa como uma herança, e útil para aqueles que vêem o sol, pois à sombra da sabedoria se vive como se vive à sombra do dinheiro. Mas a sabedoria é mais vantajosa, porque faz viver quem a possui.
Procure compreender a obra de Deus, porque ninguém endireita o que ele encurvou. Esteja alegre no dia feliz, e no dia da desgraça procure refletir, porque um e outro foram feitos por Deus, para que o homem nunca possa descobrir nada do seu próprio futuro” (Eclesiastes 7,8-14).
PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS