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Presidente da Comunidade Canção Nova celebra jubileu sacerdotal 

O primeiro sucessor do padre Jonas Abib (in memorian) na presidência da Comunidade Canção Nova, padre Wagner Ferreira, 53 anos, completa nesta sexta-feira, 27 de dezembro de 2024, 25 anos de sacerdócio. Para celebrar o Jubileu de Prata, haverá uma missa em ação de graças, às 12h, no Santuário do Pai das Misericórdias, em Cachoeira Paulista (SP), do qual o padre foi vice-reitor entre 2020 e 2023.

Os cofundadores da Comunidade Canção Nova, Wellington Silva Jardim e  Luzia Santiago, participarão da celebração eucarística, que será presidida pelo Arcebispo Metropolitano de Belém (PA), Dom Alberto Taveira Corrêa. Entre os concelebrantes estão os bispos da Diocese de Lorena (SP), Dom Joaquim Wladimir Lopes Dias e Dom Benedito Beni dos Santos (Emérito), e o Frei Hans Stapel, da Fazenda da Esperança, além de sacerdotes da Canção Nova.

Padre Wagner Ferreira é natural do Rio de Janeiro (RJ) e ingressou na Comunidade Canção Nova em 1992. Seu lema sacerdotal é: “Meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra” (Jo 4, 34).

O sacerdote é doutor em Teologia Moral pela Academia Alfonsiana (Roma). Quando concluiu o seu doutorado, em 2009, obteve o voto Summa cum laude (Com a Maior das Honras, em latim) em sua tese: “A contribuição dos Novos Movimentos Eclesiais na formação da Consciência Moral: uma análise da experiência da Comunidade Canção Nova no Brasil”.

Serviço

Evento: Missa Jubileu de Prata padre Wagner Ferreira
Data: 27 de dezembro de 2024
Horário: 12h
Local: Santuário do Pai das Misericórdias, na Canção Nova
Endereço: Av. João Paulo II, s/n, Alto Bela Vista, Cachoeira Paulista (SP)
Entrada: Gratuita

(Foto: Bruno Marques – Canção Nova)




Diocese de Assis

 

“Isto vos servirá de sinal: encontrareis um recém-nascido envolvido em faixas e deitado numa manjedoura” (Lc 2,12)

“Jesus Cristo é o rosto da misericórdia do Pai”. Frase de abertura da Bula “Misericordiae Vultus”, onde o Papa Francisco motiva toda a Igreja a celebrar o Jubileu da Misericórdia. E a festa natalina é uma ocasião privilegiada para o encontro com a Misericórdia de Deus que se tornou viva, visível e atingiu sua máxima revelação no rosto de uma Criança.

Neste Natal o convite é claro: abrir as portas da misericórdia para acolher uma Criança inocente, mansa e misericordiosa. É ela que ativará a faísca da misericórdia presente no interior de cada um de nós. Natal é Misericórdia que se expande, envolve toda a Criação e nos move a sermos mais ternos e humanos.

Ao aproximarmos de Belém para olhar e contemplar o rosto do Menino-Deus, acessaremos, ao mesmo tempo, o mais profundo do coração humano, carregado de misericórdia e bondade.

A misericórdia humana é uma faísca divina que pode se atrofiar, jamais se apagar. São necessários alguns momentos densos para que esta chama seja ativada. A vivência do Natal é um deles.

Em Belém somos pacificados de nossas ansiedades e pressas de fazer mais e de conseguir mais, de nossa sede de poder e de vaidade; e se permanecemos em silêncio ali, diante da manjedoura, brotará em nós um desejo profundo de sermos mais humanos, de sermos aquilo que já somos, refletido no rosto aberto daquele Menino; ao mesmo tempo, brotará um desejo de venerar cada ser humano, de contemplá-lo em seu interior, esse lugar ainda não profanado em cada pessoa, o lugar de sua infância e de sua paz.

No momento em que o Verbo de Deus assume um rosto, todo ser humano chega à plenitude de sua realização: entra em comunhão com o Infinito e recebe uma dignidade infinita.

“Deus se humanizou”: tal expressão revela que a Misericórdia de Deus significa também ternura.

Apareceu um Menino: apareceu a ternura e a doçura do Deus que salva. No rosto de uma criança se faz visível a Misericórdia que desce sempre mais abaixo, que nasce no ventre da terra e se faz terra fértil.

A verdadeira Misericórdia sabe desta ternura e desta reverência diante do outro; não é unicamente uma qualidade do modo de ser de Deus, senão o Ser mesmo que Ele é. É o que se entrega, amorosa e delicadamente, e que para isso desce sempre mais abaixo, nos extremos da condição humana.

Misericórdia carregada de humanidade: possibilitadora de tudo o que existe, discreta presença expansiva que ilumina todas as expressões de vida, Rosto que desvela todos os rostos e a todos dignifica.

Abrir-se à dinâmica da ternura parece ser a grande aspiração de nosso tempo, marcado pela frieza nos relacionamentos, pelo preconceito que cria barreiras, pela prepotência que alimenta violências.

Somos ternos quando nos abrimos à linguagem da sensibilidade, entrando em sintonia com as alegrias e dores do outro; somos ternos quando reconhecemos nossa fragilidade e entendemos que a força nasce da partilha do alimento afetivo com os outros; somos ternos quando acolhemos a diferença que nos enriquece; somos ternos quando abandonamos a lógica da violência, protegendo os nichos afetivos e vitais (grutas) para que não sejam contaminados pelas exigências da competição e produtividade.

Este é o convite insistente do Natal: marcados pela ternura de Deus, viver misericordiosamente…




Diocese de Assis

 

 

Uma boa notícia sempre provoca reações. Quem a recebe quer logo partilhá-la. Foi o que aconteceu com o anúncio do anjo Gabriel à Maria, futura progenitora do menino Deus. Não somente uma, mas duas grandes notícias: sua própria concepção e a gravidez de Isabel, sua prima, já no sexto mês, apesar da idade avançada. Para Deus, realmente, o impossível nada significava. Mas para um coração humano cerceado por tantas e tantas notícias ruins, as boas deveriam ser confirmadas e propagadas o mais rapidamente possível. Então Maria não teve dúvidas. Juntou o que era possível e necessário para a viagem e zarpou “para a região montanhosa, dirigindo-se apressadamente, a uma cidade da Judeia” (Lc 1,39). Foi visitar e ajudar sua prima Isabel. Levava consigo o anúncio da Salvação!

A igreja doméstica de Nazaré mal nascia e já se punha em saída, a caminho… Esse era o primeiro exemplo da atitude missionária que identifica toda e qualquer ação doutrinária coerente com a razão de ser da Igreja. Desde Maria até nossos dias. Desde sempre. Não há como ser portador de uma boa notícia e retê-la para si próprio. Não há como não se alegrar ou solidarizar-se com um semelhante sem partilhar dores e alegrias um do outro. No caso, Maria foi ao encontro de sua prima não só para sentir o milagre que se operava naquele ventre quase estéril, como também mostrar-lhe a fecundidade do próprio. O tempo de Deus não se media pela idade avançada ou precocidade de uma e de outra, mas pela graça que se operava em ambas. A elas coube apenas a aceitação dessa graça em suas vidas. Então a revelação acontece: “Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar?” Como acreditar na divina maternidade de Maria nos dias de hoje, nas “visitas” que ela continua a nos fazer com seu zelo maternal?

A visita de Maria a Isabel não foi uma mera cordialidade familiar. Antes, estava possuída de revelações e lições missionárias que dizem respeito à razão de ser da Igreja, mãe e mestra dos mistérios da redenção. Sem sua participação não haveria razão para se enfrentar os desafios da estrada, ir ao encontro de quem iria preparar o caminho do novo Reino, ser o sinal da alegria que os ventres de duas mulheres ofereceriam ao mundo, “Logo que a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança pulou de alegria no meu ventre”, comentou Isabel diante da graça daquelas visitas: Jesus e Maria! Eis no que resulta a abertura de alma para entender e aceitar o milagre da redenção, a presença filial e maternal desse milagre em nossa história. Sem Maria continuaríamos órfãos da graça de Deus. Sem Jesus nunca poderíamos nos dizer irmãos na fé. Sem Isabel, o caminho da salvação continuaria fechado, inacessível ao coração humano!

Por isso e pelos exemplos dessa ação mariana é que o papa Francisco nos exorta a fazer o mesmo, ir de encontro ao outro, caminhar em direção à realidade antagônica do mundo sem Deus. Isso é ser Igreja, hoje. Igreja missionária e em saída permanente. “Saindo a serviço e ao encontro do outro, como Maria, é que transformaremos o mundo com nossa presença e ação missionária”, nos lembra o papa. O anúncio já temos: eis que chegou para nós o Salvador! Agora só nos resta o serviço, a ação: preparar o caminho, endireitar suas veredas! Isso podemos fazer, desde agora. É a saída que temos!

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]




Diocese de Assis

 

O tempo da misericórdia chegou!

Chegou como um sopro revitalizador; como um novo alento; como fonte de água limpa; como bálsamo; como graça; como luz; como ponte…

A misericórdia não é um outro nome do perdão, embora ela o contenha. No campo das relações humanas e de fé, o perdão é o ato e a misericórdia a atitude. Como atitude, a misericórdia é, sempre, o pressuposto de todos os atos bem resolvidos. Sem uma atitude de misericórdia nada é bem sucedido: nem o perdão, nem a reconciliação, nem o amor, nem o convívio… nada na vida.

A misericórdia é uma atitude de quem tem amor, mesmo quando o amor não foi amado, querido, correspondido ou guardado, como a pérola produzida no interior de uma ostra.

O grão de areia, ao adentrar na ostra fere o seu interior, causando danos à estrutura interna da concha. Mas mesmo assim, a ostra necessita fazer esse movimento de abrir-se para captar nutrientes repetidas vezes, pois do contrário ela desfalece e morre. A ostra prefere viver e sofrer do que morrer. Acontece que, na parte interna da concha é encontrada uma substância lustrosa chamada Nácar. Quando um grão de areia a penetra, as células do Nácar começam a trabalhar e cobrem o grão de areia com camadas e mais camadas, para proteger o corpo indefeso da ostra. Uma Ostra que não foi ferida de algum modo, não produz pérolas, pois as pérolas são feridas cicatrizadas.

A misericórdia abre seus braços para encher de calor o corpo e o espírito daquele que se encontra abatido ou prostrado no chão. A misericórdia abre os caminhos do encontro e fecha as portas dos muitos desencontros; vigia a língua e prepara a palavra; cala o maldizente e dá voz ao grato; guarda o silêncio e motiva o interior, faz a escalada ao amor e veda o abismo do ódio; mostra a profundidade do ser humano e a grandeza de Deus. A misericórdia lança seus raios e toca todas as realidades humanas e do universo.

Deus é misericórdia e nos convida a entrar em seu domínio.

  1. “A misericórdia do homem é para o seu próximo, porém a misericórdia do Senhor é para todos os seres vivos” (Eclo 18,12).
  2. “É por isso que o Senhor tem paciência com os homens, e derrama sobre eles a sua misericórdia” (Eclo 18,10).
  3. “Felizes os que são misericordiosos, porque encontrarão misericórdia” (Mt 5,7).
  4. “Nós consideramos felizes os que foram perseverantes. Vocês ouviram falar da constância de Jó e conhecem o fim que o Senhor reservou para ele, porque o Senhor é rico em compaixão e misericórdia” (Tg 5,11)
  5. “Falem e ajam como pessoas que vão ser julgadas pela lei da liberdade, porque o julgamento será sem misericórdia para quem não tiver agido com misericórdia. Os misericordiosos não têm motivo de temer o julgamento” (Tg 2,11-13).
  6. “Portanto, aproximemo-nos do trono da graça com plena confiança, a fim de alcançarmos misericórdia, encontrarmos graça e sermos ajudados no momento oportuno” (Hb 4,16).
  7. “Mantenham-se no amor de Deus, esperando que a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo lhes dê a vida eterna” (Jd 1,21).

A quem Deus revelou a sua misericórdia, também entregou o seu serviço.

“Meu filho, se você se apresenta para servir ao Senhor, prepare-se para a provação. Tenha coração reto, seja constante e não se desvie no tempo da adversidade. Una-se ao Senhor e não se separe, para que você no último dia seja exaltado. Aceite tudo o que lhe acontecer, e seja paciente nas situações dolorosas, porque o ouro é provado no fogo e as pessoas escolhidas, no forno da humilhação. Confie no Senhor, e ele o ajudará; seja reto o seu caminho, e espere no Senhor. Vocês que temem ao Senhor, confiem na misericórdia dele, e não se desviem, para não caírem. Vocês que temem ao Senhor, confiem nele, que não lhes negará a recompensa de vocês. Vocês que temem ao Senhor, esperem dele os benefícios, a felicidade eterna e a misericórdia Os que temem ao Senhor preparam seus corações, e diante dele se humilham. Cada um de nós se coloque nas mãos do Senhor, e não nas mãos dos homens, pois a misericórdia dele é como a sua grandeza” (Eclesiástico 2,1-9.17-18).

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS 




Diocese de Assis

 

Antigamente, quando alguém estreava numa atividade profissional ou esportiva, ou iniciava uma mudança de vida, dizia-se que estava recebendo seu batismo de fogo naquela área ou simples iniciação. Receber um batismo de fogo era quase uma festa, merecedora de aplausos e congratulações. Momento de muita euforia para aquele que atingia um clímax na realização de um sonho ou de muita expectativa para quem desejasse vida nova, mudança de rumos.

Mais ou menos essa era a definição que Joao Batista fez de sua atividade profética às margens do rio Jordão. Dizia ser aquele tempo um momento de transformação, a hora das mudanças. A conduta social daquele povo exigia nova mentalidade para se criar os vínculos da fraternidade e solidariedade entre eles. “Quem tiver duas túnicas dê uma…” Era preciso respeitar as leis, mas igualmente fazer por merecer aquilo que se conquistava com o próprio suor. Os impostos devidos só seriam justos se não ultrapassagem os critérios estabelecidos. Respeitar o direito do outro, suas posses e bens honestamente conquistados. “Não tomeis à força dinheiro de ninguém…” Nunca se deveria levantar falso testemunho, pois era esse o grande pivô da discórdia e instabilidade nas relações comunitárias. Continua sendo.

Então João declarou a todos, em alto e bom som: “Eu vos batizo com água, mas virá aquele que é mais forte,,, Ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo” (Lc 3, 16). Estava estabelecida a diferença entre um batismo para iniciantes e a imersão maior e definitiva do Batismo que Jesus iria nos oferecer: o Fogo! Eis porque a Igreja denomina o gesto sacramental do batismo como rito de iniciação cristã. Início que culmina com o sacramento do Crisma, o rito da maioridade na fé. Somente após a unção sagrada do crisma é que podemos nos dizer adultos na caminhada cristã. Somente após a vinda do Espírito, em Pentecostes, é que os discípulos de Jesus assumiram com profissionalismo e destemor os desafios e as exigências da vida cristã. Tornaram-se destemidos defensores daquilo que acreditavam e testemunharam em vida. Receberam o verdadeiro Batismo de Fogo, a força necessária para perseverarem na fé e defesa dos valores cristãos. As luzes e bolas de fogo que pairavam sobre eles durante Pentecostes não eram mero simbolismo ou força de retórica evangélica, mas realização de uma promessa: “A palha, ele a queimará no fogo que não se apaga” Tudo aquilo que é supérfluo e insignificante para nossa vida de fé será posto de lado, destruído e abandonado à beira do caminho, pois o que nos interessa é maior que tudo o que aqui temos e vemos.

“A paz de Deus, que ultrapassa todo o entendimento, guardará os vossos corações e pensamento em Cristo Jesus” (Fl 4, 7) Isso sim, é fogo! O fogo de todas as nossas paixões purificadas e canalizadas para o verdadeiro Amor. Esse é o verdadeiro batismo anunciado às margens daquele rio no deserto. Virá então Cristo Jesus, Senhor e Diretor de nossas almas, nossas vidas em constante busca de seu significado e razão de ser e nos dará as respostas que buscamos. Para tanto, estejamos preparados. Com o coração puro e a alma aberta ao entendimento dos mistérios que cercam nossas vidas. Assim, atentos, mereceremos o diploma que sonhamos, a graça de sermos chamados filhos de Deus com a unção de seu Batismo de Fogo… o fogo do verdadeiro Amor.

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]




Espaço Espírita

 

Natal! – enquanto enfarpelas

Teu salão aurifulgente,

Desfilam, junto às janelas,

As dores de muita gente.

 

Natal!… Um pobre foi visto,

Passando sobre pedradas.

Soube, depois, que era o Cristo

Batendo a portas fechadas.

 

Natal! Quem foge ao preceito

De repartir o seu pão

Carrega um calhau no peito,

Em forma de coração.

 

O Natal em toda idade

É sempre nova alegria,

Mas nos dons da caridade,

O Natal é todo dia.

 

Natal!… Festeja esquecendo

Quaisquer preconceitos vãos…

Natal é Jesus dizendo

Que todos somos irmãos.

LEÔNCIO  CORREIA

Do livro “Antologia Mediúnica do Natal” – Editora FEB

Psicografia: Francisco Cândido Xavier

USE  INTERMUNICIPAL  DE  ASSIS

ÓRGÃO  DA  UNIÃO  DAS  SOCIEDADES  ESPÍRITAS  DO  ESTADO  DE  SÃO  PAULO




DIOCESE DE ASSIS

Em comunicação, não basta que a mensagem seja boa, é necessário que o meio seja bom para que a mensagem alcance o seu objetivo: ser comunicada. De um modo geral, a eficiência da comunicação passa pela eficiência dos meios.

Na fé, o bom não é somente o eficiente, mas o eficaz. Quer dizer, a mensagem, de alguma forma está presente no mensageiro e o mensageiro na mensagem. Jesus é, ao mesmo tempo, mensagem e mensageiro: “A palavra de Deus é viva, eficaz e mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes; ela penetra até o ponto onde a alma e o espírito se encontram, e até onde as juntas e medulas se tocam; ela sonda os sentimentos e pensamentos mais íntimos” (Hb 4,12). Em Jesus a comunicação é plena na forma e no conteúdo. Por isso, falamos em Boa Notícia!

Compartilho com todos um texto de Santo Agostinho que nos ajuda a pensar a mensagem e o mensageiro visto a partir de Jesus e João Batista.

JOÃO É A VOZ, CRISTO, A PALAVRA

Dos Sermões de Santo Agostinho, bispo (Séc. V)

“João era a voz, mas o Senhor, ‘no princípio, era a Palavra’ (Jo 1,1). João era a voz passageira, Cristo, a Palavra eterna desde o princípio.

Suprimi a palavra, o que se torna a voz? Esvaziada de sentido, é apenas um ruído. A voz sem palavras ressoa ao ouvido, mas não alimenta o coração.

Entretanto, mesmo quando se trata de alimentar nossos corações, vejamos a ordem das coisas. Se penso no que vou dizer, a palavra já está em meu coração. Se quero, porém, falar contigo, procuro o modo de fazer chegar ao teu coração o que já está no meu.

Procurando, então, como fazer chegar a ti e penetrar em teu coração o que já está no meu, recorro à voz e por ela falo contigo. O som da voz te faz entender a palavra; e quando te fez entendê-la, esse som desaparece, mas a palavra que ele te transmitiu permanece em teu coração, sem haver deixado o meu.

Não te parece que esse som, depois de haver transmitido minha palavra, está dizendo: ‘É necessário que ele cresça e eu diminua’? (Jo 3,30). A voz ressoou, cumprindo sua função, e desapareceu, como se dissesse: ‘Esta é a minha alegria, e ela é completa’ (Jo 3,29). Guardemos a palavra; não percamos a palavra concebida em nosso íntimo.

Queres ver como a voz passa e a palavra divina permanece? Que foi feito do batismo de João? Cumpriu sua missão e desapareceu; agora é o batismo de Cristo que está em vigor. Todos cremos em Cristo e esperamos dele a salvação: foi o que a voz anunciou.

Justamente porque é difícil não confundir a voz com a palavra, julgaram que João era o Cristo. Confundiram a voz com a palavra. Mas a voz reconheceu o que era para não prejudicar a palavra. ‘Eu não sou o Cristo’ (Jo 1,20), disse João, nem Elias nem o Profeta. Perguntaram-lhe então: ‘Quem és tu?’ Eu sou, respondeu ele, ‘a voz que grita no deserto: Aplainai o caminho do Senhor’ (Jo 1,19.23). É a voz do que grita no deserto, do que rompe o silêncio. ‘Aplainai o caminho do Senhor’, como se dissesse: ‘Sou a voz que se faz ouvir apenas para levar o Senhor aos vossos corações. Mas ele não se dignará vir aonde o quero levar, se não preparardes o caminho’.

O que significa: ‘Aplainai o caminho’, senão: Orai como se deve orar? O que significa ainda: ‘Aplainai o caminho’, senão: Tende pensamentos humildes? Imitai o exemplo de João. Julgam que é o Cristo e ele diz não ser aquele que julgam; não se aproveita do erro alheio para uma afirmação pessoal. Se tivesse dito: ‘Eu sou o Cristo’, facilmente teriam acreditado nele, pois já era considerado como tal antes que o dissesse. Mas não disse; pelo contrário, reconheceu o que era, disse o que não era, foi humilde. Viu de onde lhe vinha a salvação; compreendeu que era uma lâmpada e temeu que o vento do orgulho pudesse apagá-la.

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS




Espaço Espírita

 

Em silêncio, o dia espera que a noite se vá para anunciar a alvorada.

Em silêncio, a fonte que teve as águas agredidas com dejetos espera a sujeira baixar para seguir servindo sempre.

Em silêncio, a árvore podada espera a recuperação dos galhos para continuar oferecendo seus frutos.

Em silêncio, as células do corpo humano se renovam a cada dia, garantindo a existência das criaturas.

Cultiva também o silêncio, ante os lances difíceis da jornada no mundo.

Age no Bem e entrega os resultados a Deus, que nos garantirá sempre o melhor.

Hoje, talvez a dificuldade te bata à porta.

Em silêncio, porém, ela também partirá, deixando as bênçãos da lição que te felicitará depois.

SCHEILLA

  Do livro “A Mensagem do Dia” – Psicografia: Clayton Levy – Editora Allan Kardec

USE  INTERMUNICIPAL  DE  ASSIS

ÓRGÃO  DA  UNIÃO  DAS  SOCIEDADES  ESPÍRITAS  DO  ESTADO  DE  SÃO  PAULO

 

 

 




Diocese de Assis

 

O maior dos milagres e mistérios da fé cristã é sua própria origem: Deus se fez homem! Para tanto, uniu céus e terra. Um anjo celeste anunciou e uma virgem da terra aceitou… “Céus e terra proclamam vossa glória, hosana nas alturas; bendito o que vem em nome do Senhor, hosana nas alturas!”  Tinha razão o salmista. O grande milagre da criação agora se repetia unindo céus e terra, Deus e os homens, numa segunda criação capaz de aperfeiçoar a primeira numa remissão por amor, sem limites. Era bendito aquele que vinha. E que veio.

Num primeiro momento, o anúncio levantou temores. Diante do desconhecido, do inusitado, é natural o medo, a insegurança. Mas as forças angelicais são capazes de acalmar e serenar qualquer coração conturbado. “Não tenhas medo, Maria, porque encontraste graça diante de Deus” (Lc 1,30). O conforto angelical aplainou as veredas da incerteza. O sim mariano tornou-se o selo definitivo do grande pacto de amor que a concepção divina proporcionou à humanidade… Então um novo Adão ressurgiu, não mais do barro da terra, mas dos mistérios e das graças celestiais. Não mais um filho do homem, mas um “Santo, Filho de Deus”.

O anúncio evangélico foi o preâmbulo da Boa Notícia que muitas gerações sonharam ver e ouvir. Nascer, crescer e morrer era o limite estabelecido pela desobediência do Éden, o pecado que limitou a vida a um ciclo biológico sem outras expectativas além do fim e da condenação pura e simples. Agora não! Agora o sim de Maria abria um novo horizonte diante das contradições da vida sem sentido. Sim! Há uma porta de redenção a nos apontar outro caminho que não seja o das desilusões da vida e da morte. A mãe cheia de graça acolhe em seu ventre a redenção em pessoa, Aquele que venceria a morte e nos apontaria um túmulo vazio como a maior das vitórias possíveis a um humano. A ressurreição da carne e a vida eterna tornar-se-iam sua bandeira, sua nova e eterna aliança, seu pacto de amor para conosco.

O sim de Maria foi o primeiro passo nessa história. Não há como compreender o cristianismo sem respeitar e venerar esse momento sagrado. Para acontecer o milagre da redenção era preciso que os dois lados – criatura e Criador – estivessem dispostos a reescrever a história. Era preciso que Deus e os homens se reencontrassem na fertilidade da fé – tal qual a pureza da concepção sem manchas, sem interesses, sem maledicências, sem rancores, que se realizaria em Maria. “Faça-se em mim, segundo a tua palavra”! Esse foi o consentimento das graças, que os lábios de Maria proclamaram e aceitaram em nome da humanidade toda. Faça se em nós, poderíamos entender… Assim, a servidão mariana foi o primeiro passo para que Deus pudesse agir e interagir com a humanidade restaurada em sua graça. Assim, o fruto do ventre tornou-se bendito entre nós porque Maria permitiu, porque sua humildade compreendeu quão grandioso era o mistério daquele anúncio angelical. Por isso e por tudo mais é que damos a Maria o título de corredentora. Quem rejeita Maria, rejeita também seu Filho. A graça da salvação só foi possível depois que a mulher “cheia de graça” permitiu que Deus habitasse todo seu ser. E a transformasse em mãe de Deus e dos homens. Só então “o anjo retirou-se”. Ave, cheia de graça!

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]




Diocese de Assis

 

Em cada um de nós existe sempre uma inquietação em relação às coisas, às pessoas, aos acontecimentos, ao futuro, às decisões, às escolhas… em relação a tudo. Essa inquietude seria boa se não fosse a ‘bendita’ ansiedade que transforma tudo em insegurança, medo, inconstância e, por vezes, desespero.

A inquietude seria um dom se não fosse a culpa.

A inquietude seria uma motivação se não fossem as cobranças.

A inquietude seria um poder se não fosse o imediatismo.

A inquietude seria uma luz se não fosse o pessimismo.

A inquietude humana está adoecida de um mal chamado impaciência. Assim, ao invés de inquietas, as pessoas estão irrequietas (irrequieto significa: que nunca está sossegado; que não pára nunca; buliçoso; turbulento).

Dias atrás, ao fazer minhas orações com a liturgia das horas, encontrei um artigo que gostaria de compartilhar com você, amigo leitor. Espero que traga luzes para você, como trouxe para mim.

 

ESPERAMOS O QUE NÃO VEMOS

(Do Tratado sobre o bem da paciência, de São Cipriano, bispo e mártir)

 

“É este o preceito salvífico de nosso Senhor e Mestre: ‘Quem perseverar até o fim, será salvo’ (Mt 10,22). E ainda: ‘Se permanecerdes na minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos, e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará’ (Jo 8,31-32).

É preciso ter paciência e perseverar, irmãos caríssimos, para que, tendo sido introduzidos na esperança da verdade e da liberdade, possamos chegar à verdade e à liberdade. O fato de sermos cristãos exige que tenhamos fé e esperança, mas a paciência é necessária para que elas possam dar seus frutos.

Nós não buscamos a glória presente, mas a futura, como também ensina o Apóstolo Paulo: ‘Já fomos salvos, mas na esperança. Ora, o objeto da esperança não é aquilo que se vê, como pode alguém esperar o que já vê? Mas se esperamos o que não vemos, é porque o estamos aguardando mediante a perseverança’ (Rm 8,24-25). A esperança e a paciência são necessárias para levarmos a bom termo o que começamos a ser e para conseguirmos aquilo que, tendo-nos sido apresentado por Deus, esperamos e acreditamos.

Noutro lugar, o mesmo Apóstolo ensina os justos, os que praticam o bem e os que acumulam para si tesouros no céu, na esperança da felicidade eterna, a serem também pacientes, dizendo: ‘Portanto, enquanto temos tempo, façamos o bem a todos, principalmente aos irmãos na fé. Não desanimemos de fazer o bem, pois no tempo devido haveremos de colher, sem desânimo’ (G1 6,9-10).

Ele recomenda a todos que não deixem de fazer o bem por falta de paciência; que ninguém, vencido ou desanimado pelas tentações, desista no meio do caminho do mérito e da glória, e venha a perder as boas obras já feitas, por não ter levado até o fim o que começou.

Finalmente, o Apóstolo, ao falar da caridade, une a ela a tolerância e a paciência. ‘A caridade’, diz ele, ‘é paciente, é benigna, não é invejosa, não se ensoberbece, não se encoleriza, não suspeita mal, tudo ama, tudo crê, tudo espera, tudo suporta’ (lCor 13,4-5). Ensina-nos, portanto, que só a caridade pode permanecer, porque é capaz de tudo suportar.

E noutra passagem diz: ‘Suportai-vos uns aos outros com amor, aplicai-vos a guardar a unidade do espírito pelo vínculo da paz’ (Ef  4,2-3). Provou deste modo que só é possível conservar a união e a paz quando os irmãos se suportam mutuamente e guardam, mediante a paciência, o vínculo da concórdia”.

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS