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Diocese de Assis

 

Nada há, no mundo moderno, que prefigure com fidelidade as pompas, honras e respeito que a figura real possa despertar em um povo submisso. Os reis atuais já não gozam de tantos privilégios. A realeza humana está em decadência. Nos tempos de Jesus a figura real ainda possuía uma mística próxima ao status divino, que despertava no povo euforia pela simples passagem de um rei ou temores pelo que este pudesse decretar ou exigir do próprio povo. Neste estágio de reconhecimento popular se deu a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, aclamado como rei e venerado como a nova esperança daquele povo cansado e oprimido pelos reinados vigentes. Era hora de mudar.

A cena surreal e improvisada é tão espontânea que quase chega ao ridículo. Imaginem um rei montado num jumentinho sendo introduzido ao seu palácio sob a aclamação de ramos de palmeiras e mantos suados e surrados estendidos à sua passagem. Estava bem distante das pompas e galhardias que exigiam qualquer poder temporal, qualquer suntuosidade real. Mas, no caso, o reconhecimento popular possuía autenticidade. Então, “Hosana ao Filho de Davi”, bendito é Aquele que vem!”.

Assim imaginando, a cena nos leva também a pesar a motivação desta. O povo já não aguentava mais tantas situações de mando e desmando, tanta injustiça e humilhação. Era hora do basta! Custasse o que custasse, a voz da verdade proferida por aquele nazareno, sem pompas, sem arrogância no falar, mas com palavras conscientes e objetivas, despertou no povo o adormecido senso de justiça. Mesmo ao afirmar que seu Reino não era desse mundo, ao menos a sombra de suas revelações reluziam na consciência de seus ouvintes e devolviam ao povo o direito de sonhar. Por que não? Se suas palavras iluminavam a realidade com nova esperança, outro não seria o rei desejado e ansiosamente esperado por aquele povo: “Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana nas alturas!”.

Todavia, as ilusões das massas são facilmente manipuláveis, de acordo com seus interesses setoriais, grupais, políticos ou mesmo religiosos. Sempre foi assim. Basta pesar o interesse da maioria ou a força dominadora que conduz esses interesses. Aqui entra a manipulação das massas, essa força motriz que muitas vezes se sobrepõe às reais necessidades do povo. Jesus ou Barrabás? Rapidamente, o poder da coerção – sempre ligado ao poder político e financeiro – vai ditar as regras e profanar a escolha santa e isenta do melhor caminho.  O mesmo povo que introduziu Jesus pelas ruas de Jerusalém como verdadeiro Rei e Senhor; esse mesmo povo haveria de gritar: “Crucifica-o, crucifica-o”!

Como entender essa dualidade? Não há muito a se explicar senão apenas lamentar nossas incertezas diante das diferenças entre os Reinos Celestiais e o reinado humano. Lá impera a Verdade, a lúcida e transparente realeza da Verdade Suprema. Aqui ainda somos dominados e manietados pela voz da mentira, a astucia da maldade e do jogo de interesses pessoais, corporativos, setoriais, que conduzem e sempre conduziram os reinados desse mundo. A escolha é nossa. Decidir entre as ilusórias promessas de segurança, bem estar ou privilégios que o mundo nos faz e a realidade da Promessa que Cristo nos trouxe é o que temos. E agora? Jesus ou Barrabás? Se sua vida ainda está presa aos sonhos e ambições que a vida terrena possa lhe proporcionar, lhe sobra Barrabás. Mas se você já atingiu o estágio de uma esperança sem ilusões terrenas, Jesus é o seu Rei.

          WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]

 

 




Espaço Espírita

 

Um estudante da sabedoria, rogando ao seu instrutor lhe explicasse qual a melhor maneira de livrar-se do mal, foi por ele conduzido a uma fonte que deslizava, calma e cristalina, e, seguindo-lhe o curso, observou:

– Veja o exemplo da fonte, que auxilia a todos, sem perguntar, e que nunca se detém até alcançar a grande comunhão com o oceano. Junto dela crescem as plantas de toda a sorte, e em suas águas dessedentam-se animais de todos os tipos e feitios.

Enquanto caminhavam, um pequeno atirou duas pedras à corrente e as águas as engoliram em silêncio, prosseguindo para diante.

– Reparou? – disse o mentor amigo – a fonte não se insurgiu contra as pedradas. Recebeu-as com paciência e seguiu trabalhando.

Mais à frente, viram grosso canal de esgoto arremessando detritos no corpo alvo das águas, mas a corrente absorvia o lodo escuro, sem reclamações, e avançava sempre.

O professor comentou para o aprendiz:

– A fonte não se revolta contra a lama que lhe atiram a face. Recolhe-a sem gritos e transforma-a em benefícios para a terra necessitada de adubo.

Adiante ainda, notaram que, enquanto andorinhas se banhavam, lépidas, feios sapos penetravam também a corrente e pareciam felizes em alegres mergulhos. As águas amparavam a todos sem a mínima queixa.

O bondoso mentor indicou o lindo quadro ao discípulo e terminou:

– Assinalemos o exemplo da fonte e aprenderemos a libertar-nos de qualquer cativeiro, porque, em verdade, só aqueles que marcham para diante, com o trabalho que Deus lhes confia, sem se ligarem às sugestões do mal, conseguem vencer.

MEIMEI

                       Do livro: Ideias e Ilustrações – Psicografia: Chico Xavier – Editora FEB

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Diocese de Assis

As festas são tão antigas quanto a humanidade. Celebrar uma festa é viver de maneira diferente os acontecimentos e, ao mesmo tempo recordar, reatualizar e aprovar o mundo que se efetua, permanentemente, todos os dias.

O significado existencial das festas está enraizado nos fatos significativos da vida pessoal, familiar, social e comunitária. Por isso, sendo o homem religioso por natureza, expressa na ação de graças o que a história “escreveu” em sua vida.

A Semana Santa tem as suas raízes mais profundas no “acontecimento” Jesus Cristo. Quer dizer, no mistério de sua paixão (sofrimento), morte e ressurreição. Esta trajetória do Salvador nós chamamos de “Mistério Pascal”.

O Mistério Pascal é o “fato primordial” da nossa fé e o centro de todas as celebrações litúrgicas cristãs.

Domingo de Ramos. A Semana Santa começa com o Domingo de Ramos. Neste dia se recorda e se celebra a entrada de Jesus de Nazaré em Jerusalém, como Rei. Fato característico de seu poderio e reinado é a humildade e simplicidade: chega montado num burrico e é aclamado com ramos de oliveira. Somos envolvidos de maneira própria, nesta celebração, aclamando e saudando o Cristo como nosso Rei e Salvador.  É com a simplicidade dos ramos que devemos aclamar o nosso Rei. “Hosana ao Filho de Davi.”

Segunda, terça e quarta-feira. São dias marcados também pelo recolhimento pessoal. Não há, porém, nada de extraordinário. A oração deve ser o conteúdo e a marca destes dias, como uma preparação e predisposição pessoal para o tríduo pascal.

Missa dos Santos óleos. Na segunda-feira, de modo particular em nossa diocese, o dia está voltado para a espiritualidade e o ministério do padre na Igreja e, para a bênção e consagração dos “santos óleos” que serão usados nos sacramentos do Batismo, Unção dos Enfermos e Crisma.

O Tríduo Pascal, como o próprio nome diz, é o tempo composto de três dias, que antecede e prepara a grande proclamação do aleluia, da ressurreição, da páscoa, do DOMINGO. Nestes três dias vivenciamos os gestos, palavras e atitudes de Cristo que expõe, claramente, a sua missão de Salvador e Redentor.

Quinta-feira. É o dia da Instituição do Sacerdócio Católico e da Eucaristia. Em outras palavras, o dia em que Jesus “inventou” o serviço ministerial consagrado do padre e a missa.

Nesse dia acontece a missa do lava-pés, gesto de Jesus que ensina que o primeiro no Reino de Deus é aquele que serve e é capaz de “lavar os pés” dos outros. Após a missa, segue a Adoração ao Santíssimo Sacramento (Hóstia Consagrada), até sexta feira. Ocasião da experiência e reconhecimento de Cristo como nosso Alimento: Pão vivo do céu.

Sexta-feira. Chamada também de “sexta-feira maior”, este dia “encaramos” e celebramos a morte do Senhor Jesus em razão do seu amor por nós. Este é o único dia do ano que não pode ter missa. É dia de Jejum e abstinência de carne. Há apenas a adoração da Santa Cruz à tarde e a procissão do Senhor Morto. Momentos de profunda comunhão com um Deus que doa a sua vida por nós, sem reservas.

Sábado Santo. Conhecido como “Sábado Aleluia”, este é o dia da Vigília Pascal, isto é, de ficar acordado, atento e desperto para o “raiar do dia” para a explosão da luz do ressuscitado. Esta é a razão pela qual se faz a bênção do fogo. De acordo com antigo costume, neste dia pode também ser feito batismo de adulto.

Domingo da Ressurreição. Este é o auge de toda a Semana Santa. É o dia da ressurreição, da páscoa, da “passagem” da morte para a vida. O Cristo está vivo! Deus o tirou das garras da morte: “porque procurar entre os mortos aquele que está vivo?” Deste dia é que se tira o fundamento da fé Cristã. Neste dia é que está enraizada a nossa fé e a nossa religião.

Participemos por completo da Semana Santa e experimentemos a força de um Deus que ultrapassou os limites para nos SALVAR.

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS 




Espaço Espírita

 

 

“Fora da caridade não há salvação”- seria simplesmente uma fachada histórica da Codificação Kardequiana?         A resposta negativa surge automática.

Essa legenda constará, sem dúvida, de pórticos e flâmulas, mas, na essência, é pensamento vivo da Doutrina Espírita que no-la confia por síntese dos postulados do Cristo, recordando-nos que a caridade não existe para ser usada contra os homens, e sim a favor da Humanidade.

A virtude máxima não consistirá, exclusivamente, na preocupação de alimentar o estômago daquele que sente fome, mas também para que se lhe aprimorem as qualidades inatas de trabalhador, e se eleve ao nível dos que produzem a benefício da comunidade, provendo, em consequência, as próprias carências.

Não atenderemos ao sublime princípio, apenas induzindo o companheiro de alma entorpecida no ateísmo ou na indiferença, a cultivar o facho ardente da fé nos Poderes Superiores que governam a vida e sim igualmente a cooperar com ele no desenvolvimento do raciocínio, ajudando-o na aquisição do discernimento justo à frente do bem e do mal, de modo a não desertar da responsabilidade de viver, sentir, falar e atuar, perante as Leis Divinas.

Eis a razão porque a tarefa primordial do Espiritismo não se fundamentará em condenar tacitamente os erros dos outros, mas ergue-se em instituto natural de orientação e corrigenda, inspirando-nos a acertar sempre mais com a verdade que nos fará livres da ignorância.

Também não se apoiará em abraçar cegamente todos os desejos dos semelhantes, a pretexto de lhes açucararmos a existência, mas levanta-se em escola de compreensão e fraternidade dentro da qual aprenderemos a amar com equilíbrio e proveito.

Caridade é socorrer o próximo sem esquecer de lhe valorizar e ampliar as faculdades positivas para que o próximo preencha as finalidades a que se encontra destinado pelos objetivos da vida.

É auxiliar a outrem não só para a remoção de necessidades e obstáculos, mas acima de tudo, para que a pessoa auxiliada se faça mais útil e mais nobre em si, porque todas as criaturas nascem e vivem na carne para morrer bem e renascer sempre melhores.

Tal é a lei…

                 ANDRÉ  LUIZ

Extraído do livro “Sol nas Almas” – Psicografia: Waldo Vieira – Editora 

 

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Diocese de Assis

Quem nunca viu partir um parente, um amigo, um irmão de fé, camarada? Até Cristo chorou pela morte de um amigo. A dor da morte é um sentimento inexplicável, que todos um dia experimentamos, que rejeitamos sempre pois nunca estamos devidamente preparados para perdas em nossas vidas. Então é isso: rejeitamos a morte e ponto.
Mas como lidar com essa realidade, quando bem o sabemos ser inevitável esse momento? Se Cristo chorou diante da morte, o que se dirá de nós, simples mortais. A diferença está na perspectiva da nossa visão limitada, quando o mestre dos mistérios celestes falava de ressurreição; mais ainda, se dizia Ele próprio ser “a ressurreição e a vida”. Assim, só é possível compreender e justificar o choro de Cristo como uma atitude de piedade, quase frustração diante da limitada visão humana sobre a única certeza que aqui temos: dessa ninguém escapa!
Quem se acerca de Cristo e de suas Palavras, busca respostas que não existem na lógica terrena. É Ele o único mediador entre os mistérios celestes e a realidade terrena, fontes de nossa esperança e causa de nossas aflições, nosso demasiado apego ao que sentimos, vemos, tocamos… A certeza de ser ouvido é tudo em Cristo: “Pai, eu te dou graças porque me ouviste. Eu sei que sempre me escutas (Jo 27, 41-42)”. A dúvida não está em Jesus, mas no povo que o rodeia, que necessita de milagres, de sinais fora da lógica e da realidade “que cheira mal”, que aterroriza e dilacera nossos corações. Quem assim não procede diante da morte? Mas, na perspectiva de Jesus, ela é apenas circunstancial, tão passageira quanto a vida que tanto prezamos. “Então Jesus lhes disse: ‘Desatai-o e deixai-o caminhar’. Talvez seja esta a afirmativa mais reveladora da morte de Lázaro, o amigo “que Jesus amava”… É preciso que desatemos os nós que nos impedem de uma caminhada maior, uma visão mais ampla da realidade que aqui ocupamos. A vida não pode ser um quadrante limitado por alguns anos, rápidos e fugazes, que nos permitem pensar, sonhar e morrer na praia. Não dá para entender a vida como tão simples e passageira. Isso é muito pouco.
Para se alcançar uma segunda chance de vida, mesmo diante da realidade que nos cerca, é preciso solidificar nossos laços de amor fraternal, familiar, social, ou seja, construir a sonhada fraternidade, o sentimento de solidariedade que nos identifica como raça única nesse Universo de mistérios. A vida é passageira? É, não podemos negar. Mas a morte ainda é uma ilustre desconhecida, da qual não podemos fugir. O fato é que na casa de Betânia a amizade com Cristo fez a diferença. Mesmo que o cenário de desolação, a dor da perda e a putrefação da esperança dominassem a realidade, a presença de Jesus recobraria os sinais de uma vida nova, os laços de amor e amizade que os uniam. Essa presença justifica nossa esperança.
Diante da realidade da morte e da promessa de vida nova que a fé em Cristo nos oferece, fico com a segunda possibilidade. Afinal, sua vida e extremado amor por aqueles que dele se acercaram foi prova de uma amizade sem limites. Uma amizade capaz de dar a vida, de sofrer pela perspectiva da morte, mas tudo superar na glória da ressurreição. “Coragem, eu venci o mundo”! diria Jesus.
PS. Esse artigo dedico ao sobrinho Carlos Negrão Bizzoto, que faleceu nesta semana, vencido por um câncer, mas vitorioso pela perspectiva de vida nova em Cristo.
WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]




Como encarar o futuro com confiança

 

Por causa do aumento da tensão econômica, dos conflitos nacionais e sociais, pesquisas indicam que a confiança no futuro está mais baixa do que nunca em muitos países, incluindo o Brasil. De acordo do com um estudo de 2023 da Edelman Trust Barometer, 24 dos 28 países pesquisados estão vendo mínimas históricas no número de pessoas que pensam que suas famílias estarão em uma condição melhor daqui a cinco anos.

Na contramão desse cenário pessimista, um programa especial global com o tema “Você pode encarar o futuro com confiança!” acontecerá no final de semana de 1º e 2 de abril de 2023. Essa palestra gratuita será apresentada em trinta minutos e ocorrerá nos Salões do Reino das Testemunhas de Jeová em todo o mundo, com a opção de videoconferência disponível. Confira a seção Assista a uma reunião no site jw.org para obter endereços e horários das reuniões em sua região.

“Os desafios que enfrentamos podem parecer esmagadores, mas a Bíblia nos dá uma poderosa esperança para o futuro que pode nos ajudar agora mesmo”, disse Kleber Barreto, porta-voz das Testemunhas de Jeová. “Esse programa global é feito para que todos os que estejam presentes tenham razões concretas para encarar o futuro com confiança”, conclui.

Maria, de Campinas, São Paulo, é uma mãe de família que estava passando por problemas financeiros e constantes brigas familiares. Ela se sentia triste e sem esperança. Desde que Maria começou a estudar a Bíblia, tem conseguido lidar melhor com seus problemas. “Quando lembro de tudo que Jesus sofreu por nós, ganho forças para não desistir. Se eu tivesse desistido, não estaria aqui hoje com minha família unida”, diz Maria, que está na expectativa para estar presente à programação especial.

Essa palestra especial é o primeiro de dois eventos gratuitos que acontecerão em todas as 118 mil congregações das Testemunhas de Jeová durante a primeira semana de abril. O público também é convidado a se juntar a quase 20 milhões de pessoas que se reúnem todos os anos para assistir à Celebração da Morte de Jesus Cristo, confirmada para a noite de terça-feira, 4 de abril de 2023.

A entrada dos dois eventos é gratuita e nenhum tipo de cadastro é necessário. Para saber mais sobre esses eventos ou encontrar um local onde ocorrerão perto de você, acesse jw.org, o site oficial das Testemunhas de Jeová.

 




Diocese de Assis

A quaresma é uma ótima oportunidade de mudança e conversão que redundam em crescimento humano em vários sentidos. Mas há uma coisa que, na quaresma, podemos fazer de maneira mais profunda: a busca de sentido para a vida, justamente em meio a fragmentação dos valores e a perda de sentido.

Não podemos esperar atitudes surpreendentes, comportamentos surpreendentes, decisões surpreendentes, projetos surpreendentes ou qualquer outra coisa surpreendente de quem ousa perpetuar as mesmas idéias simplistas sobre os acontecimentos, sobre os momentos, sobre os tempos e sobre a vida.

A Quaresma está ai!   Não é uma mera invenção humana e nem um artifício religioso. Pelo contrário, é uma necessidade existencial que está inscrita no coração da humanidade que é o encontro consigo mesmo.

Apesar de ser uma “instituição” da Igreja Católica, a Quaresma nasceu com o homem.  Portanto é de cada um de nós. A Igreja não é a dona, mas tem uma missão milenar de Mãe e Mestra para ler, interpretar e ritualizar este itinerário que compete à vida humana.

Temos e guardamos muitas idéias sobre tudo na vida. Contraditório ou não, quase sempre, sabemos muito pouco sobre a vida, porque sabemos muito pouco sobre nós mesmos. A questão básica é que, estamos ocupados com tudo neste mundo: trabalho, família, dívida, escola, crise…, menos conosco. Dia por dia, estamos nos desocupando cada vez mais de nós mesmos e, isso é mal.

Aonde queremos chegar? O que queremos provar?

A sombra do egoísmo nos transformou em maus altruístas. Tentamos cuidar muito bem dos outros, mas não cuidamos de nós mesmos. Isso é contraditório! Ninguém pode cuidar bem dos outros quando não cuida bem de si mesmo; ninguém respeita aos outros, quando não respeita a si mesmo; ninguém é fiel aos outros quando não é fiel a si mesmo; ninguém pode amar os outros quando não ama a si mesmo.

Precisamos nos libertar da falsa idéia de que o cuidado conosco mesmo é sintoma de egoísmo. O cuidado consigo é um dos princípios bíblicos mais genuínos do amor verdadeiro.

A busca de si mesmo! Este é o ideal perdido, numa sociedade liberal que promoveu o altruísmo, mas, não fez emergir a fraternidade; que suscitou desejos e necessidades, mas, não satisfez a fome; que criou o individualismo, mas, não fez nascer indivíduos que são sujeitos.

Será que o mundo nos conhece como gente, como pessoas, como humanos?

Fomos convertidos em número, em cifra, em estatística. Mas, nós somos gente. Precisamos fazer a volta sem revolta; precisamos de conversão sem inversão; precisamos de nós mesmos.

Devemos buscar não apenas a explicação para guardar os quarenta dias da quaresma, mas a motivação.

Quarenta anos o Povo de Deus comeu o `maná  no deserto (Ex 16,35; Nm 14,33). Moisés ficou sobre a montanha do Sinai, quarenta dias e quarenta noites (Ex 24,18; Dt 9,9). Quarenta dias e quarenta noites choveu sobre a terra, formando o dilúvio (Gn 7,4). Um aviso foi dado: “Dentro de quarenta dias, se não se converterem, Nínive será destruída” (Jn 3,4). Por quarenta dias e quarenta noites, Jesus esteve jejuando no deserto (Mt 4,1-11; Mc 1,12-13; Lc 4,1-13). E você!?

O número quarenta deixa de ser um simples número, uma seqüência numérica para ser um evento existencial necessário e indispensável. Será que vamos desprezar mais esta nova chance? Ainda dá tempo!

Vamos viver os nossos “quarenta dias”.

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS




Espaço Espírita

 

Estarás talvez diante de algum problema que te parece positivamente insolúvel.
Não acredites que a fuga te possa auxiliar.

Pensa nas reservas de força que jazem dentro de ti e aceita as dificuldades como se apresentem.

Não abandones a tua possibilidade de trabalhar e continua fiel aos próprios deveres.

Assume as responsabilidades que te dizem respeito.

Evita comentar os aspectos negativos da provação que atravesses.

Ora – mas ora com sinceridade – pedindo a proteção de Deus em favor de todas as pessoas envolvidas no assunto que te preocupa, sejam elas quem sejam.

Se existem ofensores no campo das inquietações em que, porventura, te vejas, perdoa e esquece qualquer tipo de agressão de que hajas sido objeto.

Esforça-te por estabelecer a tranquilidade em tuas áreas de ação, sem considerar sacrifícios pessoais que serão sempre pequenos, por maiores te pareçam, na hipótese de serem realmente o preço da paz de que necessitas.

Se nenhuma iniciativa de tua parte é capaz de resolver o problema em foco, nunca recorras à violência, mas sim continua trabalhando e entrega-te a Deus.

EMMANUEL

Do livro “Calma” – Psicografia: Francisco Cândido Xavier – Editora GEEM

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DIOCESE DE ASSIS

 

Primeiramente, necessito explicar o que seja um jejum, já que palavras com atributos religiosos, nos dias de hoje, soam estranhamente aos ouvidos de grande maioria. Sim, exercícios espirituais perderam sentido numa sociedade extremamente alheia a muitas das questões de fé. Jejuar ou abster-se são verbos desprovidos de significado num mundo onde consumir e enfastiar-se é a prioridade social. Como então compreender uma atitude de renúncia diante do muito que o mundo nos oferece?

Essa é a primeira questão. Fora da disciplina religiosa, jejum nada significa. A não ser nas falidas e horrorosas práticas de dieta alimentar, diante da explosão de banhas e gorduras que seu excesso proporcionou. Mesmo assim, essa questão estética já quase não possui adeptos, pois outras fórmulas milagrosas e até radicais fazem mais sucesso que o santo e inofensivo jejum. Fechar a boca é imoral; então que se reduza o estômago! Perco um pouco de uma digestão sadia, mas nada perco do prazer de degustar, consumir, consumir, consumir. Assim mantenho a boca livre, a língua solta…

Há aqui uma associação não só de aspecto físico e nutricional, mas igualmente de aspecto moral, religioso. O fausto alimentar, muitas vezes, denuncia subnutrição espiritual. Um complementa o outro. Quem possui alto índice de saúde espiritual raramente prioriza seus hábitos alimentares como essenciais à saúde física. Epa, calma! Não estou aqui a dizer que nossos gordinhos não possuam vida espiritual sadia ou vice versa. O que digo é que o equilíbrio entre uma energia e outra, entre o ser espiritual que habita em nós e a vida biológica que ocupamos necessitam de hábitos saudáveis. Dentre estes, o jejum. Mas “nem só de pão vive o homem – ensinou o mestre cristão – mas de toda a palavra que sai de seu coração”. Eis aqui o grande princípio do jejum pleno, perfeito! Jejuar também na contingência de nosso palavreado solto, irresponsável, sem freios, sem limites. Jesus, em sua sabedoria divina, nos mostra o quanto destruímos com nossos hábitos que saciam muito mais as discórdias de nossos corações, do que o vazio de nossos estômagos.

O jejum verdadeiro não é uma simples abstinência, uma renúncia momentânea, mas uma prática saudável de aprimoramento tanto espiritual quanto físico. Às vezes é mais fácil renunciar a um hábito de consumo do que a um vício que afete a espiritualidade. Deixar de lado um vício torna-se uma prática benéfica à vida, física e espiritualmente falando. Dai que jejum não é um ato de penitência quaresmal que diz respeito apenas ao seguidor deste ou daquele preceito religioso, pois que a renúncia, por si, é um gesto constante no exercício de fé. Jejuar também é uma disciplina de aprimoramento humano, pois que nos impõe limites e condiciona nossos hábitos.

Entretanto, a fé cristã nos pede mais, sobretudo, discrição em sua prática. Ou seja: “quando jejuardes –assim como quando orardes- não fiques triste”, mas disfarça ao máximo essa sua prática para que só você se beneficie dela. Em especial, a penitência que fazemos com a prática do jejum nos aproxima mais de Deus, que se agrada diante de um coração penitente. Sobretudo, façamos um exercício de “jejum de palavras”, estas que ponderam e justificam todas nossas ações e condenam ou sentenciam qualquer ação daqueles que pensam diferentemente de nós. Desse jejum estamos carentes!

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]

 




Diocese de Assis

 

“Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos abençoou com toda bênção espiritual nos céus, em Cristo. Nele, Deus nos escolheu, antes da fundação do mundo, para sermos santos e íntegros diante dele, no amor” (Ef 1,3-4).

Nossa vida tem sentido mas, esse sentido que já existe, desde antes da criação do mundo (Ef 1,4), a gente só o encontra buscando dia e noite, sempre. Não porque a gente não o encontra, mas, porque a cada vez que o encontramos, o desejo de buscá-lo e anunciá-lo aos outros só aumenta, até a plenitude do encontro definitivo. É bem aí que está a verdadeira razão da nossa existência porque, esta é nossa vocação e missão.

Acertou o papa Francisco quando, iniciando o seu pontificado, disse para toda a Igreja: “A Alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus. Quantos se deixam salvar por Ele são libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento. Com Jesus Cristo, renasce sem cessar a alegria” (Papa Francisco – A Alegria do Evangelho, nº 1).

Somos discípulos missionários da Alegria do Evangelho que enche o nosso coração e a nossa vida inteira e nos impulsiona a ser, viver e fazer como Jesus que, enviado pelo Pai, entregou sua vida em vista do Reino Definitivo.

A indiferença, a omissão, o descompromisso, o distanciamento… não cabem na vida de quem segue a Jesus e não deveriam bagunçar a nossa forma de levar a fé e praticar a religião.

O nosso testemunho para o mundo é a busca e o encontro, o amor e o serviço em nome daquele que, desde sempre, tomou e continua tomando a iniciativa, abençoando-nos, escolhendo-nos e enviando-nos.

Para nós, a vida de São Francisco é um grande estímulo e um exemplo porque inspira a busca de Cristo. O encontro e chamado de Francisco aconteceu de maneira mais clara diante da Cruz de São Damião. Enquanto rezava, contemplando o Cristo na cruz, Francisco se viu tremendamente tocado pelo Senhor que lhe disse: “Francisco: vai e reconstrói a minha Igreja!”. Esse encontro e chamado mudou sua vida radicalmente, levando-o ao desapego dos bens, à vida simples e humilde, ao cuidado dos pobres – especialmente os leprosos – e à vida fraterna. Seu estilo de vida transformou a igreja em seu tempo e ainda hoje. Exemplo claro é o nosso papa que, adotou o nome de Francisco por causa do santo, além de chamar o mundo todo para dois cuidados: primeiro, o cuidado com a casa comum, com a encíclica Laudato Si, inspirado no cântico das Criaturas feito por São Francisco e o cuidado com os pobres, criando a Jornada Mundial dos pobres. Continuemos a aprender com São Francisco, como amar, servir e seguir Jesus.

Olhando para Maria temos, também, um grande farol iluminando nossos passos em direção ao seu filho Jesus. Ela nos ajuda a dizer e renovar o nosso sim diário com o seu: “Eis aqui a serva [o servo] do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38). Ela nos ensina a guardar todos os acontecimentos e meditar sobre eles, no coração Lc 2,19). Ela nos mostra como devemos seguir Jesus, exortando: “Fazei tudo o que ele vos disser” (Jo 2,5). Ela nos inspira a perseverança, mesmo nas horas mais difíceis, permanecendo junto dele, aos pés da cruz (Jo 19,25-27). E, finalmente, ela nos faz entender que, permanecendo na comunidade, somos iluminados e impulsionados com os dons do Espírito Santo para o amor, a conversão e a missão, num Pentecostes permanente (At 2,1-11).

Ninguém nasce pronto e acabado! É no seguimento a Jesus, que nossa vida vai crescendo até atingir a maturidade. Estamos falando de uma caminhada do dia a dia que mistura alegria e tristeza, saúde e doença, vida e morte. Que não nos falte perseverança para o caminho e a caminhada!

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS