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Diocese de Assis

 

Alimentar um povo não é só lhe oferecer o pão, o básico para sua sobrevivência. Isso é relativamente fácil, basta vontade e compaixão. Há porém uma outra forma de alimento, também essencial, que fortalece o espírito humano com a solidariedade necessária para uma convivência harmoniosa: é o alimento da verdade, aquele que nutre corpo e alma e dá à vida um novo sentido. Aqui nos deparamos com os mistérios e as necessidades vitais que todo ser humano tenta compreender e alimentar no seu dia-a-dia. Alimentar-se com o pão da terra e também o pão do céu, aquele que a graça de Deus derramou no deserto… “Os discípulos de Jesus são formados para a confiança na graça de Deus, que alimenta uma multidão mesmo quando os recursos à disposição sejam aparentemente insuficientes” (CF 142).

Eucaristia é o nome do milagre! “Não só de pão vive o homem – disse Jesus – mas de toda a palavra..” E no banquete eucarístico Ele foi enfático ao proclamar: “Isto é o meu corpo”. Não usou palavras dúbias para associar a fome humana às necessidades espirituais e ao mistério presente naquela mesa. “Jesus, assim, acresce ao compromisso de repartir e distribuir a Eucaristia a responsabilidade pela fome dos irmãos, o comprometimento sobre as necessidades mútuas” (144). Magistralmente, hoje Ele nos diz: “O meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra” (Jo 5,34). Outra não é esta obra senão a construção da fraternidade universal. Alimentar esse povo é nossa responsabilidade social. Então nossos bispos enfatizam: “Hoje, a Igreja precisa relembrar às comunidades contemporâneas que a celebração da Eucaristia não nos faz uma comunidade de eleitos, separados do restante do mundo, premiados com uma realidade sublime, mas nos transforma em pessoas incumbidas da missão dada por Jesus” (146).

Sem compaixão não pode haver cristianismo. Sem essa visão que emana da mesa eucarística, nossa comunhão com Cristo é incompleta. “Na Eucaristia recebemos Cristo que tem fome no mundo” (153). Essa relação está intimamente ligada à ação da Igreja, pois dela derivam atos e atitudes que diferenciam um gesto cristão de qualquer gesto político. Bem nos disse Papa Francisco em uma de suas exortações: “é nocivo e ideológico também o erro das pessoas que vivem suspeitando do compromisso social dos outros, considerando-o algo de superficial, mundano, secularizado, imanentista, comunista, populista; ou então relativizam-no como se houvesse outras coisas mais importantes” (G.E.) A vida eucarística do povo de Deus é o rótulo que nos identifica como irmãos, sem as divisões toscas e oportunistas que hoje nos impingem. Só se sacia o faminto com o pão da Verdade, quando por primeiro lhe oferecemos o pão de cada dia. Não há outro caminho. “Não podes comer este Pão, se não deres o pão aos famintos” (154).

Assim chegamos ao final das reflexões de mais uma oportuna Campanha da Fraternidade a coroar nosso período quaresmal. Nossos bispos foram mais uma vez zelosos guardiões de sua missão apostólica. Sobra-nos a ação “para transformar a realidade da fome”. O maná do deserto renovou as forças do povo de Deus para alcançar a Terra Prometida. Jesus se apresentou como novo maná, o pão-vivo também descido do céu. Eis o caminho da libertação, as pistas necessárias que a doutrina cristã oferece ao mundo, conclamando todos à responsabilidade social. “Dai-lhes vós mesmos de comer”. E pontifica: “O motor do nosso agir não é outro senão a mística do Seguimento de Jesus” (158). Outro nome não há. Senhor, tenha compaixão!

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]




Espaço Espírita

Certo dia o monge Liu-Pei estava muito reflexivo, andando de um lado a outro no mosteiro.

Aproximou-se do sábio Kwan-Kun e perguntou?

– Como posso ver se minha fé está crescendo?

O mestre meditou um pouco e disse:

– A fé é como uma semente em que você ara a terra, planta, mas não pode ficar escavando, para ver se a semente está crescendo. Para você saber se sua fé está crescendo, é só olhar o que está praticando de amor e caridade para com seu semelhante. Quanto mais assim você age, mais sua autoestima aumenta e sua fé na Providência Divina se concretiza. Pelos resultados, que vão aparecendo, sua fé no Senhor se amplia.

ARISTEU

Extraído do livro “Gotas de Paz” – Psicografia: Nelson Teixeira

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Diocese de Assis

 

          ‘’Diante do tema escolhido para a Campanha da Fraternidade de 2023, a Igreja do Brasil também se coloca a serviço do Evangelho” (114). Não é um tema político e oportunista como já ouvi por aí, como se o catolicismo brasileiro estive usando o momento histórico de uma transição de poderes para colocar lenha na fogueira (disse-me um interlocutor). Ao contrário, “é uma expressão de coragem deixar que o Evangelho nos interpele uma vez mais com o mandato tão claro e desafiador de Jesus: “Dai-lhes vós mesmos de comer!” (Mt 14,16). Não é fácil ouvir o chamado à responsabilidade” (113).

          Não vamos fazer vista grossa a um problema que nos diz respeito. A fome está aí e só não a sente quem tem o estômago saciado e a mesa farta. O que a Igreja faz, em sua missão profética, é apenas iluminar a realidade, mostrando a ferida aberta, a chaga que uma sociedade não solidária só faz crescer. “A retenção egoísta por parte de poucos leva ao perecimento, assim como no deserto: não o perecimento do alimento, mas daqueles que não o têm” (117). Alimento retido egoisticamente apodrece junto com aqueles que o retem. Nenhum proveito terá. Oferecer alimento é, portanto, gesto de acolhimento à pessoa de Cristo. “Não se pode deixar de perceber que o próprio Jesus utiliza da imagem do pão para referir-se ao significado da própria pessoa” (121).

          A dinâmica do acolhimento e da solidariedade é própria do cristianismo autêntico. Ser cristão é isso. “Ele se esvazia do próprio sofrimento para dar lugar, em seu próprio coração, ao sofrimento do outro” (128). O acolhimento é marca registrada do cristianismo amadurecido. “As multidões se sentam na relva e comem com fartura, porque se sentem protegidas e amparadas, encontram em Jesus o lugar onde podem depositar aquilo que trazem sobre os ombros: não bolsas e alforjes, mas as preocupações e o peso da luta diária, que mais tarde o próprio Jesus carregará sobre os próprios ombros no pesado madeiro da cruz” (129). Querem maiores razões para a razão de ser da Igreja no mundo? Para exercitar aquilo que os identifica na caminhada da fé; agir como Jesus agiu? “Mas quem age com passividade diante da fome constatada une sua voz à de Caim” (134).

          O que não se pode admitir num contexto de igreja é a divisão por questões teológicas e ou políticas. Vergonhosamente, há muitos padres e paróquias, como igualmente muitos fiéis, contrários à atual campanha. Nada se constrói com espíritos divergentes. Buscamos, por primeiro a unidade, para nela encontrarmos o bem comum, o espírito de fraternidade que desde sempre nos identificou como povo eleito. Construir caminhos opostos é voltar para a peregrinação do deserto, onde padecemos a incerteza de se alcançar a terra prometida, as graças da vida plena. “A questão é: estamos dispostos a progredir nesse deserto, alcançando um primeiro estágio de percepção das necessidades do outro, mas também nos dispondo ao segundo estágio, que é assumir nossa responsabilidade sobre as necessidades do outro?” (138). Não há aqui nenhuma questão política, mas genuinamente solidária, fraterna.

          Aos que divergem dessa linha de raciocínio, meus sentimentos. Fugir da realidade por questões meramente transitórias, que se contrapõem ao testemunho da vida cristã, que expõem diferenças e divergências dentro de uma comunidade outrora sinônimo de fraternidade, de unidade, ora, ora… isso apenas nos envergonha. “Com frequência, os profetas manifestaram sua indignação diante da injustiça. Jesus também o fez, especialmente quando essas estruturas se aliaram ao Templo, para oprimir as pessoas sob a máscara de uma observância religiosa vazia” (141). Então? Você faz parte dessa religiosidade sem ação?

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]




Padre Wagner Ferreira é eleito novo presidente da Comunidade Canção Nova 

Membros da Comunidade Canção Nova, Associação Internacional Privada de Fiéis, estiveram reunidos nesta segunda-feira (27) e terça-feira (28) em assembleia geral e elegeram o missionário padre Wagner Ferreira novo presidente da Comunidade.

Padre Wagner tem 51 anos, é doutor em Teologia Moral, presidente deliberativo da Fundação João Paulo II e vice-coordenador do Serviço Brasileiro de Comunhão do Serviço Internacional para a Renovação Carismática Católica (Charis). A eleição do novo presidente para o mandato até 2026 é um procedimento do estatuto social da Instituição, após o falecimento do seu presidente vitalício, Monsenhor Jonas Abib, ocorrido em 12 de dezembro de 2022. Quarta-feira (1/3), às 7 h, último dia da assembleia, uma missa presidida por Dom Joaquim Wladimir Lopes Dias, bispo da diocese de Lorena (SP), marcou a posse do novo presidente. (Foto Paula Disaró).

 




Diocese de Assis

Exercícios físicos são ótimos e recomendáveis para a saúde mas, é preciso observar algumas recomendações porque, em certos casos, exercícios servem para perder (por exemplo peso) e outros servem para ganhar (por exemplo massa magra). Não aconteça que, sem nenhuma noção de benefícios uma pessoa se envolva em atividade física que prejudique a si mesmo por excesso ou por falta de cuidado.

Caso semelhante acontece com a fé: muitos são os exercício que nos ajudam no crescimento espiritual e, as vezes, nem sabemos e nem nos damos conta. É muito importante que, tendo clareza sobre a realidade espiritual de nossa existência, saibamos exercitar a fé, com exercícios de piedade que, em certas ocasiões, nos ajudam a perder (com as renúncias…) ou nos façam ganhar (como a caridade…).

O jejum é um excelente exercício da piedade cristã que coopera para a nossa conversão e nos permite crescer e amadurecer. Mas é importante lembrar que o jejum como qualquer exercício de piedade está relacionado com a experiência do amor a Deus e ao próximo. O jejum é bem feito quando tem por base e referência as exigências do Reino: amor, justiça, verdade e misericórdia.

O profeta Isaías nos aponta alguns elementos de coerência para um bom Jejum:

“Grite a plenos pulmões, sem parar; solte como trombeta o som da sua voz; mostre ao meu povo os seus crimes e faça a casa de Jacó conhecer os seus pecados. Dia após dia, eles parecem me procurar, mostram desejo de conhecer os meus caminhos; parecem povo que pratica a justiça e que nunca se esquece do direito do seu Deus. Eles vêm me pedir as regras da justiça, eles querem estar perto de Deus. E dizem: ‘Por que jejuamos, e tu não viste? Por que nos humilhamos totalmente, e nem tomaste conhecimento?’

Acontece que, mesmo quando estão jejuando, vocês só cuidam dos próprios interesses e continuam explorando quem trabalha para vocês.

Vejam! Vocês jejuam entre rixas e discussões, dando socos sem piedade. Não é jejuando dessa forma que farão chegar lá em cima a voz de vocês. Vejam! O jejum que eu aprecio, o dia em que uma pessoa procura se humilhar, não deve ser desta maneira: curvar a cabeça como se fosse uma vara, deitar de luto na cinza…

É isso que vocês chamam de jejum, um dia para agradar a Javé?

O jejum que eu quero é este: acabar com as prisões injustas, desfazer as correntes do jugo, pôr em liberdade os oprimidos e despedaçar qualquer jugo; repartir a comida com quem passa fome, hospedar em sua casa os pobres sem abrigo, vestir aquele que se encontra nu, e não se fechar à sua própria gente.

Se você fizer isso, a sua luz brilhará como a aurora, suas feridas vão sarar rapidamente, a justiça que você pratica irá à sua frente e a glória de Javé virá acompanhando você. Então você clamará, e Javé responderá; você chamará por socorro, e Javé responderá: ‘Estou aqui!’ Isso, se você tirar do seu meio o jugo, o gesto que ameaça e a linguagem injuriosa; se você der o seu pão ao faminto e matar a fome do oprimido. Então a sua luz brilhará nas trevas e a escuridão será para você como a claridade do meio-dia;

Javé será sempre o seu guia e lhe dará fartura até mesmo em terra deserta; ele fortificará seus ossos e você será como jardim irrigado, qual mina borbulhante, onde nunca falta água; as suas ruínas antigas serão reconstruídas, você levantará paredes em cima dos alicerces de tempos passados. Vão chamá-lo reparador de brechas e restaurador de ruínas, onde se possa morar” (Isaías 58,1-12).

Sem espírito de conversão, nenhum exercício de piedade tem efeito benéfico, vira brasa na cabeça de quem o pratica.

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS 




Espaço Espírita

“Honra a teu pai e tua mãe, e ama o teu próximo como a ti mesmo.” JESUS (Mateus, 19:19)

Já observaste, meu irmão, se ao teu redor não se encontram familiares que mendigam um pouco de carinho, de amor e de atenção para que possam continuar vivendo?                                                                                                                              

Atenta, pois, para o que ao teu lado se passa; não te enclausures no egoísmo, pensando somente nos próprios problemas, nas tuas aflições ou nas tuas conquistas de luz. Essa luz conquistarás um dia, por certo, se levantares um pouco mais o teu olhar para observar os que estão à tua volta, para enxergar no teu próximo bem próximo, a oportunidade que buscas de praticar o bem.                     

Quantas vezes, na ânsia de crescimento, tu buscas a satisfação das próprias necessidades, esquecendo-te das necessidades morais e afetivas daqueles que te são caros. 

Crescimento não se faz sem caridade e caridade começa dentro do lar. No reduto doméstico é que se encontra a grande oficina da vida, é aí que são buriladas as tuas imperfeições. Na convivência diária com os teus familiares, aprende a conquistar para estender algumas virtudes: a paciência, a compreensão, o amor…                                     

Não te esqueças assim, de que aqueles a quem dizes amar, poderão estar carentes da tua manifestação de carinho.                                 

Ama, se quiseres ser amado!

IRMà MARIA  DO  ROSÁRIO

Extraído do livro “Na cura da alma” – Psicografia: Lúcia Cominatto – Editora EME                                                                                                         

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     O pobre é um concorrente que incomoda. Mas não admitimos essa verdade. Na realidade, preferimos ignorar a admitir. Nesse quadro de insana e extrema ignorância social, a fome é fato inadmissível. “Uma carência grave e prolongada da alimentação provoca a debilidade do organismo, a apatia, a perda do sentido social, a indiferença e, por vezes, a hostilidade em relação aos mais frágeis: em particular as crianças e os idosos“ (TB 67). É preferível, pois, fechar os olhos para essa realidade social do que enfrenta-la como parte dos muitos problemas que já temos, tais quais a violência doméstica, social e a perda do sentido da vida. E nunca admitirmos ser tudo isso uma consequência da fome.

          Como provação, a fome ainda é uma experiência desconhecida para muitos de nós, brasileiros privilegiados. “Jesus jejuou durante quarenta dias e quarenta noites e, depois disso, teve fome” (Mt 4,2) E você, já passou fome alguma vez? Sabe o quanto dói, o quanto revolta? É dessa experiência de dor e abandono que, voluntária ou involuntariamente, necessitamos provar para reavaliar a dignidade perdida também voluntária ou involuntariamente. Uma experiência de fome nos leva a rejeitar situações de injustiça. “Uma consequência quase ignorada é o aumento da criminalidade” (76). Não há como negar essa relação, como também a falta de vontade política e social para se encarar de frente essa questão. Já dizia Betinho, grande ativista e sociólogo brasileiro, “quando havia 32 milhões de famintos no Brasil” (anos 90), que “a alma da fome é política” (78).

          Não podemos negar que “a responsabilidade maior por enfrentar e solucionar os problemas da miséria e da fome pertence ao poder público” (83). Mas igualmente não podemos negar que “aquilo que descartamos ou desperdiçamos é, precisamente, o que falta à mesa dos famintos e miseráveis” (89). Somos responsáveis comunitariamente. “Nessa educação para vencer a fome, como se tenta vencer a doença ou a ignorância, é importante que todos sejam sensibilizados” (93). Muitos são os projetos, instituições e movimentos sociais voltados para essa área, mas a indiferença social ainda se constitui um obstáculo vergonhoso. “Sente-se, contudo, a ausência no cenário brasileiro, dos Bancos Éticos, aqueles que conectam poupadores e investidores que querem transformar o mundo (100)”. A economia solidária é um sonho bonito. Mas não sai do papel. A economia de comunhão, nascida no seio do catolicismo, ainda engatinha. A economia de Francisco e Clara, projeto recente do Papa Francisco, está em fase de gestação, buscando envolver jovens de diferentes crenças ou nacionalidades. Muitos outros grupos se somam a essa tomada de consciência de que “quem tem fome, tem pressa”; de que só se constrói uma sociedade justa e humana a partir dos nossos conceitos de justiça e humanidade. O mundo que nos rodeia tem a nossa cara, é retrato do que somos.

          Mas os ensinamentos cristãos continuam válidos. “Onde todos são irmãos não há lugar para a fome”, diz um subtítulo do texto-base dessa CF. Causa e consequência da ação de Cristo em nosso mundo. Razão de sua vida! De nosso existir como nação, como povo escolhido e abençoado por Deus. Moramos numa pátria amada. “Brasil, terra rica, bela e abundante, cheia de um povo bom e solidário, não se parece como Reino desejado por Deus, e apresentado por Jesus. Aqui, nem todos têm vida em plenitude! Ainda não somos verdadeiramente irmãos e irmãs! Nosso País não é ainda nossa Casa Comum! Não formamos uma só família, dos filhos e filhas de Deus. Se assim fosse, a ganância, o individualismo, o domínio dos interesses individuais e, sobretudo, a fome não existiriam entre nós, ceifando vidas” (112). Todavia, ainda somos um povo de fé. Como bem disse, um dia, Dom Helder em sua voz profética: “Se eu tenho fome, o problema é meu, Se meu irmão tem fome, o problema é nosso”.

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]

 

         




Espaço Espírita

 

                        O jovem estudante prestaria exames na manhã seguinte.

                        Contudo, naquele dia elaborou longo programa de diversões.

                        Almoçou em casa de amigos.

                        Foi ao cinema na sessão vespertina.

                        E ao cair da tarde, dirigiu-se ao clube, gastando o restante de sol entre a natação e esportes diversos.

                        À noite, após o jantar, entrecortado por assobios e cantarolas, o jovem encaminhou-se a uma festa de aniversário, em companhia de vários colegas.  Usou generosamente de salgados e bebidas.

                        Contou e ouviu casos inúmeros.

                        E, por fim, dançou até altas horas da madrugada.

                        Quando retornou ao lar, resolveu preparar-se para o exame.                   

Tomou livros e apontamentos.

                        Fez uma pesquisa e assustou-se com o pouco de tempo disponível para absorver todas as lições.  Lançou-se afoitamente ao trabalho e embora passasse o restante da noite acordado, não conseguiu estudar devidamente.

                        No momento da prova, o rapaz, desesperado, teve violenta crise nervosa, clamando em gritos que era o mais infeliz de todos os seres.

                        Não descuidemos do trabalho em nossas vidas.

                        O Espiritismo nos faculta entender que cada um traz ao mundo tarefas intransferíveis.

                        Entretanto, quase sempre, o homem negligente repete as atitudes do estudante desprevenido.

                        Atravessa a existência entre diversões e prazeres, esquecido das responsabilidades.

                        Constrói sonhos e fantasias, embora cercado de realidades gritantes.

                        Quando, porém, se avizinha a hora do exame de consciência, pelas transformações da morte, procura o tempo perdido e porque não o encontra, passa a afligir-se e lamentar-se, exigindo para si a felicidade que não deu aos outros.

VALÉRIUM 

Extraído do livro “Histórias da Vida”

Psicografia: Antonio Baduy Filho – Editora IDE

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          “Quem inventou a fome são os que comem”. Assim a escritora Carolina Maria de Jesus um dia abordou esse tema. Assim a CNBB, pela terceira vez, recoloca o assunto em uma Campanha da Fraternidade a nível nacional, por entender que “é dever e também direito da Igreja lidar com essas questões”, que mais uma vez 58,1% da população brasileira vive em algum nível de Insegurança Alimentar e 15,5% (33 milhões) passam fome (Dados do II Inquérito  VIGISAN- 2022). “É como se todos os habitantes das sete maiores cidades do Brasil ou todos os peruanos passassem fome” (40).

          A desigualdade num país que se diz celeiro do mundo, além de contraditória, é vergonhosa, assustadora. “A progressiva crise econômica e o desmonte das políticas públicas explicam o recrudescimento da insegurança alimentar” (42), pondera o TB da CF, que dá um diagnóstico da causa: o não incentivo à agricultura familiar, que produziria mais alimentos para a mesa do brasileiro. “A presença do agronegócio, por um lado, gera receitas e aquece o mercado externo e a exportação dos produtos agrícolas… por outro lado, a presença das pequenas propriedades permite maior diversificação da produção agrícola… No Brasil, em geral, não se produz para comer. Produz-se para lucrar e exportar” (47).

          Feito o diagnóstico, vem o problema. Como inverter ou ao menos conciliar esse conceito produtivo com a necessidade dos que pouco ou nada produzem. “Exportamos o que não consumimos. Mas não consumismo porque o salário é miserável” (51). O disparate da nossa desigualdade é hoje o maior fator da divisão político-social que bem conhecemos. E amargamos como povo outrora unido. “É condenável que seres humanos sejam deixados morrendo de fome por causa da indiferença egoísta, com desperdícios alimentares e inúteis refinamentos gastronômicos; é moralmente condenável quem banqueteia enquanto o pobre espera inutilmente à porta” (58).

          Fome e sede andam juntas. A escassez dos recursos hídricos e seu mau uso pela prioridade dada à geração de energia, também condena nossos conceitos de progresso. Precisamos tratar essa questão com mais racionalidade. No Brasil não existe um dado confiável sobre a triste realidade dos moradores de rua, simplesmente porque não possuem domicílio e o censo não os contabiliza. Aqui a fome campeia livre e solta. Mas “a questão da fome e a questão da moradia andam sempre juntas” (64), porque “o processo da globalização da indiferença e a cultura do descarte se reinventam com novas formas de gerar a exclusão” (65), nos coloca o Texto-base. Aqui estão algumas pinceladas do que temos de precioso nessas reflexões. Bom mesmo seria sua leitura pessoal. Ela nos devolve o senso crítico.

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]




Diocese de Assis

A vida baseada na busca de resultados, invariavelmente, impõe a idéia de sucesso pela força, pela eficácia, pela competição, pela rivalidade, pela ostentação, pela exibição megalomaníaca e pelo nariz empinado.

Quem vive desta mentalidade não admite perder, nem fraquejar, nem sofrer e, nem tão pouco, fazer renúncias. Não cabe no seu vocabulário limitação, pequenez, sofrimento e finitude, próprio de quem é humano. Pelo contrário, como se vivesse um grande ‘faz de conta’, não fala de outra coisa senão de grandezas e, faz disso sua mania. Não se contenta com nada, com ninguém e, nem tão pouco, consigo mesmo. Murmura o tempo todo! Reclama de tudo! Está, sempre, insatisfeito.

Quem vive a vida, atrás de resultados, está sempre com pressa e não saboreia nada!

Nós não podemos viver com a pretensão de resultados, porque vida não é resultado! A vida não é como uma fórmula matemática! Não é algo mensurável com a exatidão de 2+2=4!

A vida é inexata, sem ser ilógica; é luta, sem ser uma guerra; é fogo, sem ser um inferno; é tarefa, sem ser obrigação; tem um fim, sem ser carta marcada; é imprevisível, sem ser anarquia; é uma caixa de surpresa, sem ser mágica.

A vida é um grande mistério que a gente descobre e vive pouco a pouco; passo a passo; momento a momento; tempo a tempo… Não se perde em ‘coisinhas’ e futilidades, mas se encontra em pequenas coisas e se alimenta de pequenos gestos.

Pode o orgulho garantir alguma coisa na vida? “Javé, o que é o homem para que o conheças, o filho de um mortal, para que o leves em conta? O homem é como sopro, e seus dias como sombra que passa” (Sl 144,3-4 e Sl 8,5-6).

Por melhor que seja esta vida, nada é eterno no mundo! “Como gota no mar e grão na areia, tais são os seus poucos anos frente a um dia da eternidade” (Eclo 18,9).    

O que pode alguém sozinho: sem ninguém e sem Deus? “O mundo inteiro diante de ti é como grão de areia na balança, como gota de orvalho matutino caindo sobre a terra” (Sb 11,22).

Pode alguém viver, a vida toda, de ‘salto alto’, sem cair? “Não deixem que os outros chamem vocês líderes, pois um só é o Líder de vocês: o Messias. Pelo contrário, o maior de vocês deve ser aquele que serve a vocês. Quem se eleva será humilhado, e quem se humilha será elevado” (Mt 23,10-12).

Quem é que pode gabar-se de alguma coisa na vida? Quem tem algo do que se gabar? “Visto que muitos se gabam de seus títulos humanos, também eu vou me gabar. São hebreus? Eu também. São israelitas? Eu também. São descendentes de Abraão? Eu também. São ministros de Cristo? Falo como louco: eu o sou muito mais. Muito mais pelas fadigas; muito mais pelas prisões; infinitamente mais pelos açoites; freqüentemente em perigo de morte; dos judeus recebi cinco vezes os quarenta golpes menos um.

(..) Sofri perigos nos rios, perigos por parte dos ladrões, perigos por parte dos meus irmãos de raça, perigos por parte dos pagãos, perigos na cidade, perigos no deserto, perigos no mar, perigos por parte dos falsos irmãos. Mais ainda: morto de cansaço, muitas noites sem dormir, fome e sede, muitos jejuns, com frio e sem agasalho. E isso para não contar o resto: a minha preocupação cotidiana, a atenção que tenho por todas as igrejas. Quem fraqueja, sem que eu também me sinta fraco? Quem cai, sem que eu me sinta com febre? Se é preciso gabar-se, é de minha fraqueza que vou me gabar.

É preciso gabar-se? Ele, porém, me respondeu: ‘Para você basta a minha graça, pois é na fraqueza que a força manifesta todo o seu poder.’ Portanto, com muito gosto, prefiro gabar-me de minhas fraquezas, para que a força de Cristo habite em mim. E é por isso que eu me alegro nas fraquezas, humilhações, necessidades, perseguições e angústias, por causa de Cristo. Pois quando sou fraco, então é que sou forte” (1Cor 11,18.22-30; 12,1.9-10).

Pequenos gestos são fundamentais para a vida em crescimento e em mudanças!