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Espaço Espírita

“Mulher, eis aí o teu filho.” JESUS (João, 19:26)

“Pensai que a cada pai e a cada mãe Deus perguntará: “Que fizestes do filho confiado à vossa guarda?” O Evangelho segundo o Espiritismo – Allan Kardec – Cap XIV, item 9

            Muito embora o dever de orientar os filhos pertença a pai e mãe, não podemos desprezar o papel essencial e de maior proximidade que têm as mães nesse processo.            

Vínculos biológicos de monta e laços psicológicos específicos fazem com que os filhos estejam estreitamente ligados às suas genitoras, sem que entremos no mérito das qualidades dessas ligações. 

Amigos ou inimigos de outras existências, o fato é que não se pode negar o valor e o poder das ações maternas sobre as vidas dos filhos. Dessa maneira, um cuidado todo especial devem ter as mães terrestres: além das atenções com a alimentação, o vestuário, o repouso, o conforto e com a saúde dos seus rebentos, faz-se necessária a dedicação em pôr na alma dos seus filhinhos a luz da fé em Deus.            

Como vestal do templo sagrado da maternidade, a você que é mãe cabe manter acesa a chama inapagável do amor ao Pai do Céu na intimidade dos seus pequenos.            

O dever de ensinar aos filhos o respeito à própria vida quanto às vidas alheias; a reverência à natureza por meio do bom trato à flora, à fauna, aos mananciais e ao ar que se respira; a necessidade de falar com Deus, usando para isso a oração, e o valioso costume de fazer o bem aos semelhantes, ainda quando não recebam considerações e agradecimentos, é divino currículo que todas as mães devem cursar, para que, junto com seus descendentes, sigam no rumo da felicidade verdadeira, mantendo erguida a fronte estrelada com a tiara da paz.

BENEDITA MARIA

               Extraído do livro “Ações corajosas para viver em paz”                              Psicografia: J. Raul Teixeira – Editora Fráter

USE  INTERMUNICIPAL  DE  ASSIS

ÓRGÃO DA UNIÃO  DAS  SOCIEDADES  ESPÍRITAS  DO  ESTADO  DE  SÃO  PAULO




Diocese de Assis

 

 

          Diante de mais uma conferência internacional sobre o clima, desta feita no Egito, região desértica por onde passa o maior rio do mundo, estamos chegamos ao final de mais um ano litúrgico, quando a Igreja nos apresenta o mais enigmático dos Evangelhos de Cristo. Enigmática a mensagem ou as circunstâncias? Não à toa, nosso Brasil também vive seu histórico momento de mudanças e cenário de guerra, destruições antagônicas. Dono da maior floresta do mundo e observado como o grande pulmão desse planeta com ares de terra arrasada, dividido em um caos político-social sem precedentes em sua história, eis que também aqui se presencia uma espécie de destruição de nossa Jerusalém terrena.

          O fato histórico é que nos anos setenta depois de Cristo a cidade de Jerusalém tornou-se uma terra arrasada, com a invasão do exército romano para conter uma revolta judaica. Não ficou pedra sobre pedra, como predissera Jesus: “Quando ouvirdes falar de guerras e revoluções, não fiqueis apavorados. É preciso que essas coisas aconteçam primeiro, mas não será logo o fim” (Lc 21,9). De fato, a profecia se cumpriu e, ironicamente, do belo e portentoso templo restou apenas uma parede, um muro, hoje denominado o Muro das Lamentações! Sintomático esse desastre histórico-religioso. “Essa será a ocasião em que testemunhareis a vossa fé”. Essa ainda hoje é a grande herança da fé judaico-cristã, que desde então tem no espólio de uma era de glórias terrenas a grande referência de sua predileção divina. Restou-lhes tão somente lamentar uma soberania perdida!

          Nada diferente dos dias atuais. Ainda somos donos de riquezas infindas, de templos simbólicos de graças naturais e ou cívicas capazes de fazer inveja a muitos. Ainda possuímos raízes de uma fé inquebrantável e transformadora, capaz de ressurgir das cinzas e dos assustadores túmulos que a humanidade constrói para si própria, à medida que ações devastadoras de morte e destruição se sobrepõem à fé e esperança dos que buscam novo sentido para a vida ou simplesmente lutam pela sobrevivência. Essa fé está posta contra os muros do egoísmo e do hedonismo que toma conta. “Sereis entregues até mesmo pelos próprios pais, irmãos, parentes e amigos”, já previa o Cristo. E concluía: “É permanecendo firmes que ireis ganhar a vida!” E ponto.

          Então não há motivo para temer eventual destruição de uma Jerusalém terrena. Sobra-nos a Jerusalém-celeste, a cidade do alto onde impera a harmonia e a plenitude das graças e glórias celestiais. Nisso acreditamos como povo eleito de Deus. No entanto, nem por isso vamos cruzar os braços e permitir que a mão destrutiva das ambições humanas recaia sobre o paraíso terreno que aqui temos. O exército de Tito foi capaz de saquear e arrasar apenas um símbolo transitório da fé humana, o Templo, mas nenhum exército das forças que nos governam hoje será capaz de destruir o Templo de Deus que ainda somos. Atentem para essa verdade os filhos diletos da fé cristã, que ainda temem eventuais saques ou destruições hipotéticas contra sua Igreja ou família. Nosso Inimigo é forte, mas nosso Deus é maior! A terra arrasada que hoje contemplamos ainda possui o brilho de um Sol radiante e um céu azul donde fluem as chuvas de graças e bênçãos que nos revitalizam constantemente. “Destruam esse templo e eu o reconstruirei em três dias”, disse Jesus.

          WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]

 

 




Diocese de Assis

Este artigo do Creio que professamos na missa, expressa a profundidade de fé na Igreja como Obra de Deus. Podemos dizer, com os escritores da antiguidade que, na face da Igreja resplandece a Luz do Cristo! Ainda mais, a Igreja é o lugar onde floresce o Espírito. Crer que a Igreja é santa e católica, e que ela é una e apostólica é inseparável da fé em Deus Pai, Filho e Espírito Santo.

Significado de Igreja. A palavra ‘Igreja’ significa ‘convocação’. Designa a assembléia daqueles que a Palavra de Deus convoca para formarem o Povo de Deus e que, alimentados pelo Corpo de Cristo, se tornam Corpo de Cristo. A Igreja é, ao mesmo tempo, visível e espiritual, sociedade hierárquica e Corpo Místico de Cristo. Ela é una, formada de um elemento humano e um elemento divino. Somente a fé pode acolher este mistério. A Igreja é no mundo presente o sacramento da salvação, o sinal e o instrumento da Comunhão de Deus e dos homens.

Todos os homens são chamados a fazer parte do Povo de Deus, a fim de que, em Cristo, os homens constituam uma só família e um só Povo de Deus. É pela fé e pelo Batismo que se ingressa no Povo de Deus.

Os atributos da Igreja. A Igreja é UNA: tem um só Senhor, confessa uma só fé, nasce de um só Batismo, forma um só Corpo, vivificado por um só Espírito, em vista de uma única esperança.

A Igreja é SANTA: o Deus Santíssimo é seu autor; Cristo, seu Esposo, se entregou por ela para santificá-la; o Espírito de santidade a vivifica. Embora congregue pecadores, ela é imaculada.

A Igreja é CATÓLICA: anuncia a totalidade da fé; traz em si e administra a plenitude dos meios de salvação; é enviada a todos os povos; dirige-se a todos os homens; abarca todos os tempos; é missionária.

A Igreja é APOSTÓLICA: está construída sobre fundamentos duradouros: os doze Apóstolos do Cordeiro (Ap 21,14); ela é indestrutível; é infalivelmente mantida na verdade: Cristo a governa através de Pedro e dos demais apóstolos, presentes nos seus sucessores, o Papa e o colégio dos Bispos (fonte: Catecismo da Igreja Católica, nos 777-780; 802-820; 866-870).

Organização institucional da Igreja. A Igreja precisa e tem uma organização temporal, como instituição, que lhe permite realizar os trabalhos e alcançar as pessoas nos lugares mais distantes e nas situações mais peculiares de suas vidas. Desta organização nascem as figuras jurídico-canônicas que mantêm toda a sua estrutura estável e em funcionamento.

Encontramos, portanto, a Igreja organizada em arquidiocese, diocese e paróquia. Em cada uma destas instâncias de organização existe uma instância de governo. Para a arquidiocese existe o arcebispo. Para a diocese existe o bispo e, em situações próprias, o bispo auxiliar, o bispo coadjutor e o vigário geral. Finalmente, para a paróquia existe o pároco e, também em situações próprias, o vigário paroquial e o administrador paroquial.

Organização hierárquica da Igreja. Hierarquia significa a ordem de serviço estabelecida segundo algumas funções e encargos. Só é possível entender o que é hierarquia na Igreja, dentro na noção de ministério.

O próprio Cristo é a fonte do ministério na Igreja. Instituiu-a, deu-lhe autoridade e missão, orientação e finalidade. Para apascentar e aumentar sempre o Povo de Deus, o Cristo Senhor instituiu, na sua Igreja, uma variedade de ministérios que tendem ao bem de todo o Corpo.

São revestidos pelo Sacramento da Ordem, todos aqueles que devem servir a Igreja como um ‘Outro Cristo’. Desde os Doze Apóstolos até o momento presente, a Hierarquia Católica se forma dentro do mesmo princípio-poder de ligar e desligar, que foi dado a Pedro. Em outras palavras, cumpre-lhes a missão de ensinar, santificar e governar.

A Hierarquia Católica é formada em três graus: Diácono, Presbítero e Bispo. Todo o restante são títulos: monsenhor, cardeal, cônego…

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS




ESPAÇO  ESPÍRITA

 

  “Porque são muitos os chamados e poucos os escolhidos.”  JESUS (Mateus, 22:14)

Que cada momento de tua vida, meu irmão, seja aproveitado em construções que realmente edifiquem a tua alma.                                                                                              

Abençoa cada luta, cada dor que te atinge, cada prova por que tiveres de passar e faze hoje, o que ontem não conseguiste fazer.                                                     

Trabalha sempre na construção do teu “eu” sublimado, através do amor com que souberes envolver o teu próximo.                                                                           

Silencia quando se fizer necessário, para que a tua palavra não se converta em instrumento de agressão. Abranda o coração perante as incompreensões alheias que vierem a te alcançar.                                                                                                            

Medita quanto às responsabilidades que a ti foram confiadas e procura executá-las no melhor ao teu alcance. 

Estende sempre a mão em auxílio aos que sofrem, seca quantas lágrimas puderes, leva alegria, leva paz, mas leva também o pão para o estômago vazio, porque a penúria pode levar ao desespero e à intemperança.                                                                     

Levanta-te a cada dia com vontade crescente de auxiliar, a fim de fazeres sempre mais e melhor em benefício do teu próximo.                                                          

Conquistarás, assim, a gloriosa bênção de poderes ser mais um dos servidores do Cristo, pela abnegação, pela coragem de dares continuidade à tarefa de redenção por Ele iniciada.

IRMà MARIA  DO  ROSÁRIO

Extraído do livro “Na cura da alma” – Psicografia: Lúcia Cominatto – Editora EME                                                                                                                  

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Diocese de Assis

 

            É de todos conhecida a divisão norte e sul que polariza nosso mundo. Ao norte os países ricos, que ditam regras, impõem seu poderio econômico e bélico. Ao sul os pobres. O Brasil conseguiu inverter essa tese, mostrando um país dividido entre ricos e pobres, porém inversamente contrário à tese globalizada: ao sul os Estados ricos, ao norte os pobres. Nenhum preconceito nesta constatação, mas o resultado político de uma polarização federativa e tradicionalmente unida na sua definição patriótica é, no mínimo, algo que traz preocupações. Como governar uma nação nitidamente dividida?

            De antemão, a leitura que se faz é que o novo mandato presidencial tem pela frente o desafio de reconstruir a unidade. Uma tarefa que exigirá tato e sensibilidade, deixando de lado ideologias e quimeras partidárias, se o que interessa ao país é a manutenção da ordem democrática e a coesão de um povo que sempre se mostrou amante de sua unidade na diversidade. É fato que a questão social pesou sobremaneira no resultado das urnas. É fato que algo novo deve surgir nos meios políticos para restabelecer o que temos de preciosidade como nação, ou seja, o sentimento patriótico de um povo que sempre primou pelo amor à bandeira, às riquezas naturais, ao jeito de ser de sua gente, heterogênea na raça, mas homogênea na eterna esperança de um país de futuro. As urnas nos dividiram, mas a esperança ainda é a mesma.

            O que assusta é a possibilidade dessa divisão ganhar proporções além do que ela possa ter representado politicamente. Não queremos uma nação dividida. Nem entre classes sociais, nem entre conceitos partidários, nem mesmo por questões raciais ou religiosas que sejam. Nossa maior riqueza sempre foi e sempre será o amor à pátria. Se hoje o que se nos afigura é um racha político, disso temos que nos orgulhar, pois prova ao mundo uma democracia amadurecida e exemplar, um sistema político que respeita a voz do povo, mesmo que essa voz se fracione quase que igualitariamente, dentro da famosa margem do empate técnico. A verdade é que ambos os lados saem vitoriosos desse embate, numa manifestação cívica sem precedentes na nossa história. Importa agora buscar o consenso e manter nossos ideais de uma sociedade mais justa e fraterna.

            Como povo de fé, vamos continuar dando “a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”. A continuidade de um sistema político oferece poucas mudanças. Mas uma nação “cujo Deus é o Senhor” há de continuar exercitando sua fé e alimentando sua esperança de construção de um mundo melhor, sem divisões norte-sul, pobres e ricos, crentes e ateus, mas filhos de uma mesma família, portadores de um ideal comum. A divisão humana é sempre uma chaga social. Jesus, ao penetrar o pensamento sectário que dividia seus discípulos, cunhou um conselho bem a propósito: “Todo reino dividido contra si mesmo será destruído. Toda cidade, toda casa dividida contra si mesma não pode subsistir. Se Satanás expele Satanás, está dividido contra si mesmo. Como, pois, subsistirá o seu reino?” (Mt 12,25). Paulo, zeloso com a questão da unidade, foi sucinto em seu conselho; “Rogo-vos, irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que todos estejais de pleno acordo e que não haja entre vós divisões. Vivei em boa harmonia, no mesmo espírito, e no mesmo sentimento” (1Cor 1,10). Em Ezequiel encontramos a promessa de unificação do Povo de Deus, como princípio de bênçãos celestiais: “Farei que, em sua terra… não formem mais que uma nação, que não possuam mais que um rei. Não mais existirá a divisão em dois povos e em dois reinos” (Ez 37, 22).

            Pra frente, Brasil! Se é verdade que cada povo tem o governo que merece, também é verdade que cada governo conhece o povo que tem. Nossas necessidades e nossos méritos, sonhos e esperanças, alegrias e decepções não tem cores, nem bandeiras. São nosso bem comum, cuja realização depende de nós, não de um grupo político, de uma classe social ou pensamento religioso. Depende de você.

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]

           




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          Eis que Papa Francisco descobriu o mais estranho subtítulo para se definir uma nova característica política: o amor. É possível esse sentimento no mundo político, em meio a tantos disparates e oportunismo, a tamanhas distorções e jogos de interesse, às mais torpes manipulações e guerras grupais, pessoais, sociais? Será possível falar de amor no meio político? O Papa diz que sim. A partir da metade do quinto capítulo da encíclica Fratelli Tutti, Francisco vira o jogo das muitas definições e conceitos da vida política partidária, para nos falar de amor… Amor político, vejam só!

          Muitos já torcem o nariz, fazem micos, ironizam… Então o pescador teima em sua sagacidade, que bem conhece “águas mais profundas”. “Reconhecer todo o ser humano como um irmão ou uma irmã e procurar uma amizade social que integre a todos não são meras utopias. Exigem a decisão e a capacidade de encontrar os percursos eficazes, que assegurem a sua real possibilidade (180)”. Essa definição social parece longe do mundo político dos nossos dias. O governo do povo passa, por primeiro, pelo governo do indivíduo, da pessoa que faz parte dum meio. “Cada um é plenamente pessoa quando pertence a um povo e, vice-versa, não há um verdadeiro povo sem referência ao rosto de cada pessoa. Povo e pessoa são termos correlativos (182)”. Aqui entra o relacionamento humano, seus sonhos, suas lutas, conquistas e fracassos, sentimentos e ambições, tudo enfim que constrói uma vida alicerçada no mais puro dos embriões que vivifica a alma humana: o amor.

          Trata-se de uma força interior de permanente construção dos melhores sonhos humanos. Aqui entra a atividade do amor político, para modificar as estruturas de desigualdade e injustiça sociais. “Alguém ajuda um idoso a atravessar um rio, e isto é caridade primorosa; mas o político constrói-lhe uma ponte, e isto também é caridade. É caridade se alguém ajuda outra pessoa fornecendo-lhe comida, mas o político cria-lhe um emprego, exercendo uma forma sublime de caridade que enobrece a sua ação política (186)”.

          “As maiores preocupações dum político não deveriam ser as causadas por uma descida nas sondagens, mas por não encontrar uma solução eficaz para ‘o número da exclusão social e econômica, com suas tristes consequências de tráfico de seres humanos, tráfico de órgãos e tecidos humanos, exploração sexual de meninos e meninas, trabalho escravo, incluindo a prostituição, tráfico de drogas e de armas, terrorismo e criminalidade internacional organizada’ (188)”. Não se trata de simples discussão teológica-social, que desperta em muitos críticas e acusações de estar a Igreja se ocupando com assuntos que não lhe dizem respeito. Seria a degradação humana um tema fora dos contextos evangélicos? Um bom político sabe que não e por isso busca também nos princípios do amor e da caridade cristãs uma fonte de inspiração para suas ações. “Ao mesmo tempo que realiza esta atividade incansável, cada político permanece um ser humano, chamado a viver o amor nas suas relações interpessoais diárias (193)”.

          Nada aqui foge dos princípios de um bom administrador. Aquele que exerce seu mandato com a coerência de ações voltadas para o bem comum – e nunca para si próprio – demonstra amor pelo povo que representa. “Na política há lugar também para amar com ternura (194)”. Bem como em todos os setores da comunidade humana, porque amar é a vocação primeira do ser político que somos. “Por outro lado, é grande nobreza ser capaz de desencadear processos cujos frutos serão colhidos por outros, com a esperança colocada na força secreta do bem que semeia (196)”. O que se pergunta um político? O Papa responde: Ao refletir sobre o próprio passado, a pergunta será: ‘Quantos me aprovaram, quantos votaram em mim, quantos tiveram uma imagem positiva de mim’ As perguntas, talvez dolorosas, serão: ‘Quanto amor coloquei no meu trabalho? Em que fiz progredir o povo? Que marcas deixei na vida da sociedade? Que laços construí? Que forças positivas desencadeei? Quanta paz social semeei? Que produzi no lugar que me foi confiado?’ (199)”.

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]

Republicação oportuna




Diocese de Assis

 

Dentro, ainda, do Programa Missionário Nacional, oportunamente lançado em 2019 para o quadriênio 2019 a 2023, destacamos alguns elementos da missão que incidem em nossa identidade Cristã.

Diz o documento:

No Batismo, somos enviados como cooperadores da missão de Deus no mundo, de acordo com os carismas recebidos do Espírito Santo e confirmados pela Igreja. Somos missionários, por tanto, somos missão. Sendo assim, “não podemos ficar tranqüilos em espera passiva em nossos templos, mas é urgente ir em todas as direções para proclamar que o mal e a morte não têm a última pala vra, que o amor é mais forte, que fomos libertos e salvos pela vitória pascal do Senhor da história, que Ele nos convoca em Igreja, e quer multiplicar o número de seus discípulos na construção do seu Reino em nosso Continente!” (DAp, n. 548).

Acreditamos na força da Páscoa de Jesus e “desejamos assumir, a cada dia, as alegrias e esperanças, as angústias e tristezas do povo brasileiro, especialmente das populações das periferias urbanas e das zonas rurais – sem terra, sem teto, sem pão, sem saúde lesadas em seus direitos”. Tais direitos já foram garantidos na Constituição Brasileira.

A Igreja é sempre chamada a estar em saída, mesmo quando dificuldades e desafios tentam impedi-la. “A Igreja ‘em saída é a comunidade de discípulos missionários que ‘primeireiam’, que se envolvem, que acompanham, que frutificam e festejam. Primeireiam – desculpai o neologismo, tomam a iniciativa! A comunidade missionária experimenta que o Senhor tomou a iniciativa, prece deu-a no amor (1Jo 4,10), e, por isso, ela sabe ir à frente, sabe to mar a iniciativa sem medo, ir ao encontro, procurar os afastados e chegar às encruzilhadas dos caminhos para convidar os excluídos” (EG, n. 24).

Conforme a reflexão no Sínodo dos Bispos, em 2012, que teve como tema: A “Nova Evangelização para a transmissão da fé crista (EG, n. 14), foram destacados três âmbitos da missão evangelizadora:

  1. a) Incendiar o coração dos fiéis que já participam da comunidade para que cresçam na fé e no discipulado missionário (pastoral ordinária);
  2. b) Cuidar das pessoas batizadas que não participam da vida da comunidade para que redescubram a pessoa e a missão de Jesus, tendo como caminho o processo de iniciação à vida cristã;
  3. c) Cuidar daqueles que não conhecem Jesus Cristo, mas que trazem no coração o desejo de se encontrar com Ele. Isso se traduz no envio de discípulos missionários ad gentes, para além-fronteiras.

As palavras de Jesus: “Ide, pois, e fazei discípulos todos os povos” (Mt 28,19), definem o que deve ser a missão ad gentes no contexto sociocultural desses povos, pela presença e testemunho do serviço, do diálogo acolhedor e respeitoso e do anúncio da fé em Jesus Cristo. Para a sua concretização, não pode faltar o envio além -fronteiras de discípulos missionários devidamente preparados. A Conferência de Puebla reforça esse aspecto da missão ad gentes destacando: “A Evangelização há de estender-se a todos os povos; por isso, a sua dinâmica procura a universalidade do gênero humano” (DPb, n. 362).

A espiritualidade que deve nos alimentar é a do seguimento à pessoa de Jesus Cristo. Por espiritualidade, entende-se uma vida animada pelo Espírito. O encontro com Jesus é decisivo: “Ao início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, dessa forma, o rumo decisivo” (DCE, n. 1).

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS




Diocese de Assis

 

          Nunca antes o mundo sentiu tanta necessidade de Deus quanto nos dias atuais. Até na vida política, até nas causas tidas como efêmeras, circunstanciais ou alheias às questões de fé. O bordão repetitivo e oportunista de certas campanhas grita aos ouvidos moucos de muitos ouvintes indiferentes: queremos Deus, queremos Paz, queremos Justiça, queremos fraternidade!… Onde está Cristo e sua doutrina de amor e solidariedade? Onde está a fé do povo que se diz cristão? E Paulo, diante do caos que dominou Roma e domina todos os sistemas servientes aos poderes humanos, ousou proclamar em alto e bom som: “A fé vem da pregação” (Rom 10,17).

          Exatamente essa é a questão levantada nesse mês missionário e Dia Mundial da Missão (23.10.2022) além do Ano Jubilar Missionário que estamos celebrando. Diz o lema desta Campanha que “A Igreja é missão” e nos convida a refletir sobre a grande responsabilidade missionária do cristão diante da realidade do mundo: “Sereis minhas testemunhas” (At 1,8). Nesse desafio reside a fé da Igreja. Papa Francisco, conhecedor da força e das fraquezas que permeiam as ações eclesiais, aponta-nos os pilares que sustentam a obra cristã. “Por isso, na evangelização, caminham juntos o exemplo de vida cristã e o anúncio de Cristo. Um serve ao outro. São os dois pulmões com que deve respirar cada comunidade para ser missionária. Esse testemunho completo, coerente e jubiloso de Cristo será seguramente a força de atração para o crescimento da Igreja” … escreve em sua mensagem para esse dia. Exorta-nos a retomar duas das virtudes dos primeiros evangelizadores: coragem e ousadia!

          Ao assumir com coragem os desafios que a fé exige, um só é nosso sentimento, a alegria. Da mesma forma a ousadia da fé coerente nos proporciona esse mesmo sentimento, alegria. Portanto, alegria e ousadia ou coragem e alegria tornam-se sinônimos da verdadeira vida de fé. De qualquer forma, a alegria estaria sempre presente. Diz o Papa: “Com efeito, segundo a narração de Atos, foi precisamente a seguir à descida do Espírito Santo sobre os discípulos de Jesus que teve lugar a primeira ação de testemunhar Cristo morto e ressuscitado, com um anúncio querigmático (de alegria) o chamado discurso missionário de São Pedro aos habitantes de Jerusalém. Assim começa a era da evangelização do mundo por parte dos discípulos de Jesus, que antes apareciam fracos, medrosos, fechados”.

          Mesmo em situações aparentemente caóticas e contraditórias com sua fé, ao cristão exige-se a transparência de uma esperança imorredoura. A incerteza bate à porta? Coragem! As contradições turvam o melhor caminho? Ousadia na escolha ainda é uma opção coerente! Não lhe sobram alternativas? Jesus assumiu sua cruz por livre e espontânea vontade; tinha poderes para afastá-la! Enfim, seja qual a encruzilhada que os caminhos da fé nos apresentem na vida, há sempre uma alternativa que a pregação cristã nos inspira a trilhar, desde que nos deixemos guiar pela ação do Espírito da Verdade. Nada disso foge dos ensinamentos de nossa fé, pois é ela a luz que não se esconde. Como diria Jesus: “O Advogado, que eu mandarei para vocês de junto do Pai, é o Espírito da Verdade que procede do Pai” (Jo 15,26). Ou, como nos escreve hoje nosso Papa: “O Espírito é o verdadeiro protagonista da missão: é Ele que dá a palavra certa no momento justo e sob a devida forma”. Portanto, Igreja não faz proselitismo, nem política…  Igreja missionária apenas prega, repete o que Cristo nos deixou como doutrina. Nada mais! “Quem tiver ouvidos para ouvir, ouça!”

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]

 

 




Espaço Espírita

 

    A luxuosa mansão era realmente de excepcional beleza.                            

Brancas e altas colunas adornavam-lhe a entrada suntuosa.                                   

Jardins bem cuidados exibiam flores e grama verdejante.                                      

Repuxos e estatuetas erguiam-se em pontos diversos, enfeitando o gramado.

Mármores, em arranjos de bom gosto, forravam a escada principal.                      

No interior, a decoração revelava-se exuberante.                                       

Tapetes fofos e coloridos.                                                                            

Cortinas delicadas e estofados de veludo.                                                   

Porcelana e cristais, entremeados de baixelas de prata.                              

Entretanto, lá fora, ignorado por todos e escondido sob a terra, passava humilde cano d’água, alimentando toda a residência com o precioso líquido. 

* * *  Não menosprezemos as tarefas humildes, que a Providência Divina nos oferta por misericórdia.                                                                                         

Comumente, lamentamos serviço ou as situações em que nos encontramos, aspirando sempre às posições de relevo, enfeitadas de popularidade.                    

Contudo, saibamos compreender a Sabedoria de Deus, porque, se as flores, entre a brisa e o sol, são admiradas pelo perfume e colorido que ostentam, tudo isso se deve ao trabalho anônimo das raízes.

VALÉRIUM

Extraído do livro “Histórias da Vida” – Psicografia: Antônio Baduy Filho – Editor                                                                                                              

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Diocese de Assis

As POM, Pontifícias Obras Missionárias, encarregadas de Articular, motivar e mobilizar o Povo de Deus para outubro, o mês missionário, nos propõe, neste ano, através da Campanha Missionária, a reflexão e oração em torno do tema: A Igreja é Missão. O tema faz parte de uma tríade que começou em 2020, com o tema: “A vida é missão” e, 2021, “Jesus Cristo é Missão”.

O Programa Missionário Nacional, oportunamente lançado em 2019 para o quadriênio 2019 a 2023, traz algumas reflexões muito oportunas que eu quero compartilhar.

A natureza missionária da Igreja

“Peregrinando, a Igreja é missionária por própria natureza, já que, segundo o desígnio de Deus Pai, origina-se da missão do Filho e da missão do Espírito Santo” (AG, n. 2). Com essa afirmação, o Concilio Vaticano II recuperou a concepção teológica da natureza missionária da Igreja. Deus é missão; seu amor fontal misericordioso quer comunicar-se ao mundo. Esse amor é o movimento da própria Trindade. O Filho é o revelador do amor misericordioso do Pai ao mundo e quer levar tudo ao Pai. O Espírito Santo, na sua missão trinitária, plenifica a obra do Pai e do Filho e movimenta a história para que tudo seja um com o Pai.

A Igreja surge do Filho, por obra do Espírito Santo, para participar dessa missão como “sacramento universal ou sinal e instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o gênero humano” (LG, n. 1). “A intimidade da Igreja com Jesus é uma intimidade itinerante, e a comunhão ‘reveste essencialmente a forma de comunhão missionária” (EG, n. 23). A missão assim compreendida não é algo optativo, uma atividade da Igreja entre outras, mas a sua própria natureza. A Igreja é missão! “A ação missionária é o paradigma de toda a obra da Igreja” (EG, n. 15).

A missão é maior do que qualquer metodologia pastoral, movimento ou atividade. Ela revela a própria essência de Deus que tem uma Igreja vocacionada a ser testemunha de Cristo na história “A missão chama a Igreja para servir ao propósito de Deus no mundo, A Igreja não possui uma missão, mas a missão possui uma Igreja”,” Os discípulos missionários, enviados por uma Igreja local ou por uma instituição, devem estar em comunhão com quem os enviou e com a Igreja que acolhe.

“Embora exija a participação e a responsabilidade pessoal, a missão é sempre tarefa eclesial, de cunho comunitário. Não é propriedade particular restrita a alguém ou a um grupo. (…) Uma Igreja Sinodal valoriza os diversos níveis, favorecendo a participação de to dos e promovendo uma ‘salutar descentralização”. “Uma centralização excessiva, em vez de ajudar, complica a vida da Igreja e sua dinâmica missionária” (EG, n. 32).

Pelo Batismo e demais Sacramentos de iniciação à vida cristã, somos inseridos no corpo de Cristo para sermos os seus discípulos missionários, testemunhas de Jesus Cristo na vida eclesial e nos diferentes setores da sociedade. O Papa Francisco tem falado da dimensão existencial da missão: “Eu sou uma missão nesta terra, e para isso estou neste mundo” (EG, n. 273). A vida se torna uma missão. Ser discípulo missionário está além de cumprir tarefas ou fazer coisas. Está na ordem do ser. É existencial, identidade, essência e não se reduz a algumas horas do dia: “A missão no coração do uma parte da minha vida, ou ornamento que posso pôr de lado; não povo não é um apêndice ou um momento entre tantos outros da minha vida. É algo que não posso arrancar do meu ser, se não me quero destruir” (EG, n. 273). Na Exortação Apostólica Gaudete et Exsultate (GeE), o Papa, usando as palavras de Xavier Zubiri, chega a afirmar: “Não é que a vida tenha uma missão, mas a vida é uma missão” (GeE, n. 27). É uma realidade de vida em que os batizados se deixam envolver pela presença de Deus e a transmitem para o mundo.

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS