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Espaço Espírita

 

    A luxuosa mansão era realmente de excepcional beleza.                            

Brancas e altas colunas adornavam-lhe a entrada suntuosa.                                   

Jardins bem cuidados exibiam flores e grama verdejante.                                      

Repuxos e estatuetas erguiam-se em pontos diversos, enfeitando o gramado.

Mármores, em arranjos de bom gosto, forravam a escada principal.                      

No interior, a decoração revelava-se exuberante.                                       

Tapetes fofos e coloridos.                                                                            

Cortinas delicadas e estofados de veludo.                                                   

Porcelana e cristais, entremeados de baixelas de prata.                              

Entretanto, lá fora, ignorado por todos e escondido sob a terra, passava humilde cano d’água, alimentando toda a residência com o precioso líquido. 

* * *  Não menosprezemos as tarefas humildes, que a Providência Divina nos oferta por misericórdia.                                                                                         

Comumente, lamentamos serviço ou as situações em que nos encontramos, aspirando sempre às posições de relevo, enfeitadas de popularidade.                    

Contudo, saibamos compreender a Sabedoria de Deus, porque, se as flores, entre a brisa e o sol, são admiradas pelo perfume e colorido que ostentam, tudo isso se deve ao trabalho anônimo das raízes.

VALÉRIUM

Extraído do livro “Histórias da Vida” – Psicografia: Antônio Baduy Filho – Editor                                                                                                              

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As POM, Pontifícias Obras Missionárias, encarregadas de Articular, motivar e mobilizar o Povo de Deus para outubro, o mês missionário, nos propõe, neste ano, através da Campanha Missionária, a reflexão e oração em torno do tema: A Igreja é Missão. O tema faz parte de uma tríade que começou em 2020, com o tema: “A vida é missão” e, 2021, “Jesus Cristo é Missão”.

O Programa Missionário Nacional, oportunamente lançado em 2019 para o quadriênio 2019 a 2023, traz algumas reflexões muito oportunas que eu quero compartilhar.

A natureza missionária da Igreja

“Peregrinando, a Igreja é missionária por própria natureza, já que, segundo o desígnio de Deus Pai, origina-se da missão do Filho e da missão do Espírito Santo” (AG, n. 2). Com essa afirmação, o Concilio Vaticano II recuperou a concepção teológica da natureza missionária da Igreja. Deus é missão; seu amor fontal misericordioso quer comunicar-se ao mundo. Esse amor é o movimento da própria Trindade. O Filho é o revelador do amor misericordioso do Pai ao mundo e quer levar tudo ao Pai. O Espírito Santo, na sua missão trinitária, plenifica a obra do Pai e do Filho e movimenta a história para que tudo seja um com o Pai.

A Igreja surge do Filho, por obra do Espírito Santo, para participar dessa missão como “sacramento universal ou sinal e instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o gênero humano” (LG, n. 1). “A intimidade da Igreja com Jesus é uma intimidade itinerante, e a comunhão ‘reveste essencialmente a forma de comunhão missionária” (EG, n. 23). A missão assim compreendida não é algo optativo, uma atividade da Igreja entre outras, mas a sua própria natureza. A Igreja é missão! “A ação missionária é o paradigma de toda a obra da Igreja” (EG, n. 15).

A missão é maior do que qualquer metodologia pastoral, movimento ou atividade. Ela revela a própria essência de Deus que tem uma Igreja vocacionada a ser testemunha de Cristo na história “A missão chama a Igreja para servir ao propósito de Deus no mundo, A Igreja não possui uma missão, mas a missão possui uma Igreja”,” Os discípulos missionários, enviados por uma Igreja local ou por uma instituição, devem estar em comunhão com quem os enviou e com a Igreja que acolhe.

“Embora exija a participação e a responsabilidade pessoal, a missão é sempre tarefa eclesial, de cunho comunitário. Não é propriedade particular restrita a alguém ou a um grupo. (…) Uma Igreja Sinodal valoriza os diversos níveis, favorecendo a participação de to dos e promovendo uma ‘salutar descentralização”. “Uma centralização excessiva, em vez de ajudar, complica a vida da Igreja e sua dinâmica missionária” (EG, n. 32).

Pelo Batismo e demais Sacramentos de iniciação à vida cristã, somos inseridos no corpo de Cristo para sermos os seus discípulos missionários, testemunhas de Jesus Cristo na vida eclesial e nos diferentes setores da sociedade. O Papa Francisco tem falado da dimensão existencial da missão: “Eu sou uma missão nesta terra, e para isso estou neste mundo” (EG, n. 273). A vida se torna uma missão. Ser discípulo missionário está além de cumprir tarefas ou fazer coisas. Está na ordem do ser. É existencial, identidade, essência e não se reduz a algumas horas do dia: “A missão no coração do uma parte da minha vida, ou ornamento que posso pôr de lado; não povo não é um apêndice ou um momento entre tantos outros da minha vida. É algo que não posso arrancar do meu ser, se não me quero destruir” (EG, n. 273). Na Exortação Apostólica Gaudete et Exsultate (GeE), o Papa, usando as palavras de Xavier Zubiri, chega a afirmar: “Não é que a vida tenha uma missão, mas a vida é uma missão” (GeE, n. 27). É uma realidade de vida em que os batizados se deixam envolver pela presença de Deus e a transmitem para o mundo.

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS




Espaço Espírita

   A sabedoria divina estabeleceu leis que impulsionam a vida naturalmente para a harmonia.                                                                                                                                      

Hoje, talvez, haja sombra. Amanhã, porém, a luz voltará.  

Agora, é possível que a tempestade ocorra. Depois, porém, a bonança retornará.                         

Por ora, é provável que a dor te visite; mais além, todavia, a paz te sustentará.                         

Neste momento, é possível que a enfermidade te faça companhia. Logo mais, porém, o equilíbrio retornará.                                                

Lembra-te de que és um espírito imortal, e que a saúde é o teu estado natural.                       

Tudo o mais que se te apresente com ameaças perturbadoras terá caráter transitório, porque é da lei de Deus que todas as criaturas se libertem do ego e cresçam para a consciência cósmica, plenas de paz.             

SCHEILLA

Do livro “A Mensagem do Dia” – Psicografia: Clayton LevyEditora Allan Kardec

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          A aviação ainda é uma façanha emergente: pouco mais de cem anos de existência. O dia 23 de outubro de 1906 foi um marco. Nesta data, Santos Dumont fez o voo inaugural do primeiro aparelho mais pesado do que o ar. Uma odisseia de sessenta metros, ao redor do maior símbolo da prepotência humana da época, a torre Eiffel. De lá para cá, muitas nuvens singraram nossos céus, muitos voos alçaram a genialidade humana, a intrepidez de seus sonhos e ambições. Pouco mais de cem anos sem que nossos voos e descobertas, a conquista da Lua e a sondagem das estrelas ainda não nos tenha revelado outras vidas nesse Universo. Os alegres e efusivos anos das grandes invenções, no início do século passado, voaram céleres com a sucessão de novos inventos que transformaram o mundo.

          Assustado com o rápido aprimoramento de sua obra, em função da primeira grande Guerra (1914/18), Santos Dumont aposentou seu gênero criativo. Transferiu-se para Petrópolis, onde realizou seu último grande investimento, uma casa super futurista para a época, à qual deu um nome próximo à realidade das fábulas – a Encantada – e ali se isolou do mundo. Escreveu então seu segundo livro, “O que eu vi, o que nós veremos”. Nele fazia diversas sugestões para o bom uso de seus inventos, mas não ocultava sua mágoa e decepção pelo uso militar que faziam do avião.

          Pobre alma! Numa última tentativa de recompor seus projetos, correu mundos e fundos divulgando apelos contra a “força aérea” que destruía vidas. Nessa luta, sentia-se uma “Águia Solitária” (nome do primeiro avião a atravessar o Atlântico), mas intensificava suas viagens usando seu prestígio para demover a alma humana de suas insanidades contra si própria. Nada obteve. Ao contrário, viu desenvolver-se com voraz intensidade o aparelho que sonhara para diminuir distâncias entre os homens. Não diminuía; aumentava em função da guerra, do morticínio que proporcionava.

          Inconformado, o “Pai da Aviação” volta em definitivo para o Brasil. Prestam-lhe uma nova homenagem, com o voo inaugural do hidroplano Santos Dumont, tripulado por seis pessoas. Diante de seus olhos comovidos, o pequeno aparelho sobe vertiginosamente e desce em parafuso, sepultando-se em definitivo nas estranhas do mar. Profundamente deprimido, o grande inventor aceita como sua a culpa por essas e outras mortes que viriam com o uso do seu invento.

          Isso tudo não encerra a biografia desse grande brasileiro. Extremamente debilitado, o já velho construtor “de sonhos” isola-se numa praia paulista donde “ouve falar” da revolução que ameaça a integridade brasileira (1932). Não se conforma com tamanha insanidade entre compatriotas. No dia 23 de julho daquele ano vê aviões militares cruzar o céu anil de sua pátria em direção a um navio ocupado por brasileiros paulistas. Era o alvo de bombardeio daqueles aviões! Desesperado, Santos Dumont se suicida.

          Paixão, vida e morte desse herói aqui estão. O que ele viu, já o sabemos. O que veremos nós? Toda e qualquer invenção humana tem sempre a mão e ação divina, pois que dele provem nossa sabedoria. De nada nos serve toda ciência, quando dela fazemos mal uso. Mecânica ou imaginariamente, Santos Dumont nos ensinou: podemos voar, podemos sonhar. Mesmo com tantas divergências entre nós, com tantos desarranjos dentro da nossa casa comum, podemos sonhar, podemos voar…

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]




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Quando olhamos os Atos dos Apóstolos 2,22-27 e 4,32-35 encontramos o perfil do tipo de Igreja que é necessário ser edificada entre nós: 1). Perseverar na doutrina dos apóstolos – Comunidade de fé 2). Unir-nos para rezar e para celebrar a Eucaristia – Comunidade de oração 3). Os cristãos devem viver unidos, em solidariedade – Comunidade de amor 4). Dar testemunho, ser uma Igreja missionária – Comunidade de vida.

Visto desta maneira somos chamados a enxergar que a Igreja não é apenas uma instituição, mas um organismo vivo. Sendo a Igreja um organismo vivo, precisamos repensar a nossa relação com ela e refazer a nossa mentalidade. Vejamos!

  1. A Teologia de São Paulo sobre a Igreja.

Na Primeira Carta aos Coríntios 12,12-31, São Paulo compara a Igreja a um corpo. Diz que há muitos membros e uma cabeça. Cada membro tem sua função própria. Todos estamos unidos a Cristo, a cabeça, sem o qual o corpo não pode existir. Nós somos os membros. Temos funções diferentes. O Corpo de Cristo poderia funcionar melhor se todos os membros fossem membros conscientes e cumpridores de sua missão.

  1. A Teologia de São João sobre a Igreja.

No Evangelho de João 15,1-17, parecida com a imagem do corpo é a comparação da videira e os ramos. O ramo somente pode dar fruto quando fica ligado ao tronco que é Jesus Cristo. Isto quer dizer que somente quando ficamos unidos a Cristo, tendo a mesma mentalidade, podemos dar verdadeiros frutos.

  1. A Teologia do Vaticano II sobre a Igreja.

Uma comparação muito usada depois do Concílio Vaticano II é a do POVO EM MARCHA. Assim como o Povo de Israel caminhava para a Terra Prometida, assim o “Novo Povo de Deus está caminhando para a Terra Prometida.

Nós não andamos sozinhos, mas juntos, como povo. Não podemos parar. Sempre enxergaremos novos panoramas, novas situações que nos pedem mudanças e adaptações. Estamos indo para um fim. Não marchamos sem destino. Nossa Terra Prometida é o Reino de Deus. Nós estamos construindo este Reino desde já, através da nossa atuação como cristãos no mundo. Este mundo deve ser melhor, deve ser um mundo de paz, de justiça, de amor. Devemos construí-lo sem descansar, unindo as forças, impregnando este mundo de valores evangélicos, de um espírito cristão.

  1. A Teologia de Mateus sobre a Igreja.

No Evangelho de Mateus 5,13-16, Cristo diz que sua Igreja é o sal da terra e a luz do mundo Os cristãos devem ser o sal da terra. Quando os cristãos viverem conforme o espírito de Cristo, o mundo será melhor, mais habitável, mais feliz. Os cristãos devem ser a luz para o mundo: indicar O caminho da felicidade e da verdadeira libertação, o caminho da justiça e do amor. Se a Igreja for verdadeiramente LUZ, como Cristo, nosso mundo sairá das trevas e saberá encontrar o caminho que leva à verdadeira paz.

Será que nós somos, de fato, sal e luz para nosso mundo, nosso ambiente, nossa família, nosso bairro, nossa paróquia?

Nós somos muitos, mas formamos um só corpo, que é o corpo do Senhor, a sua Igreja; pois todos nós participamos do mesmo pão da unidade, que é o corpo do Senhor, a comunhão.

 

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS




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          O significado de um testemunho é algo um tanto quanto machista, discriminatório, quase pornográfico. Vem de testículo, já que exigia um gesto, quase um juramento, com a declaração pública de um fato acompanhada do ritual de “segurar” o testículo do juiz ou oponente e assim proclamar a verdade ou o fato posto em dúvidas. Só mais tarde é que se passou a usar a mão sobre a Bíblia e jurar dizer a verdade em questão. Ainda bem. Caso contrário, teríamos hoje muitas omissões e falsos testemunhos, apesar de sequer a barba ou bigode dos canastrões de outrora terem sido de alguma valia. A mentira continuou imperando, distorcendo a história e muitas de nossas campanhas eleitoreiras. Está em curso nos dias atuais.

          Mas a campanha que aqui pretendo abordar não tem nada dessas aberrações históricas. Surgiu há exatos 50 anos, quando o catolicismo universal renascia das catacumbas romanas, após um Concílio renovador a lançar novas luzes e ânimo sobre a tarefa evangelizadora da Igreja. Nesse ano jubilar, por sugestão do Papa Francisco, além da objetividade pura e simples de sua temática, a presente Campanha Missionária reafirma: “A Igreja é missão”, mas segue o lema: “Sereis minhas testemunhas” (At 1,8). Simples e claro. A missão é tarefa única e exclusiva da Igreja que somos e, como tal, nosso testemunho é fundamento da fé que professamos. Sem este não existe aquela. Sem Igreja, nossa eclesialidade de nada valeria. Seria como o sino a badalar no vazio, sem retumbar seus sons e acordes maravilhosos. Uma guitarra sem energia, um clarim sem melodia, uma trombeta, uma tuba com gato dentro… A missão da Igreja é, sim, fazer barulho dentro e fora do homem adormecido, introspectivo em seu vazio, que olha para dentro de si mas só enxerga a si mesmo. Não encontra Deus em seu coração!

          Nesses 50 anos, tenho o orgulho de também celebrar um ano Jubilar, como membro de um grupo de leigos que um dia ousaram assumir essa identidade missionária dentro do catolicismo. O Meac, Missionários para Evangelização e Animação de Comunidades, nasceu com esse movimento renovador da Igreja e, desde então, vem construindo sua história aos trancos e barrancos, tentando mostrar aos cristãos leigos sua necessidade de testemunhar o Cristo sem “puxar” nada de ninguém, a não ser trazer para si a responsabilidade que nosso batismo e inserção cristã nos obriga a praticar. (Veja o site www.meac.com.br).  Nosso testemunho está em livro digital, onde o que se encontra é a simplicidade de vida de vários companheiros que viveram e vivem essa experiência missionária. Se você sentir esse chamado, entre em contacto, pois estamos necessitando, urgentemente, de sangue novo nessa tarefa evangelizadora, desafiadora, de ser Igreja realmente missionária.

          Não pense você que esta seja uma missão puramente clerical, religiosa. Já foi o tempo em que somente padres e freiras recebiam o mandato missionário como autoridade legitimamente constituída pelo múnus evangelizador da Igreja. Hoje, todos somos enviados. Mais do que nunca, o mundo necessita do testemunho e da presença eclesial como fonte de vida e esperança para todos. A omissão tem preço. Se o mundo se distancia das verdades de Cristo é porque nosso juramento batismal, nossa imersão nas águas da nossa fé, não provocou a purificação oferecida; ao contrário, contribuiu ainda mais para uma eventual condenação. Você, batizado, está em processo de cura das eventuais lepras que a vida sem Deus provoca no ser humano. Dez foram curados, um só voltou e agradeceu. E, detalhe, era um estrangeiro, alguém distante da comunidade que cercava a origem cristã. Será que aguardamos um missionário de outras terras para “dar glórias a Deus”?

          WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]




Espaço Espírita

“Dá a quem te pedir e não te desvies daquele que quiser que lhe emprestes.”

 JESUS (Mateus, 6:42)

“Não podendo amar a Deus sem praticar a caridade para com o próximo, todos os

deveres do próximo, todos os deveres do homem se resumem nesta máxima: Fora

da caridade não há salvação.”

O Evangelho segundo o Espiritismo – Allan Kardec – Cap XV, item 5

            Enquanto podes agir no corpo terrestre, medita, de quando em quando, naqueles que largaram, sob regime de compulsória, os talentos que o mundo lhes confiou.

Para isso, não é necessário recorrer ao arquivo dos milênios e nem consultar a pompa dos museus.

             Alinha na memória os que viste partir nos últimos vinte anos!

Líderes do povo, que detinham o poder de influenciar a multidão, abandonaram o leme das ideias que governavam, impelidos de chofre a varar a névoa do túmulo…

Magnatas da fortuna, que retinham valiosas delegações de competência para resolver as necessidades do próximo, viram-se, de momento para outro, privados das propriedades que ajuntaram, coagidos a entregá-las ao arbítrio dos descendentes…

Missionários de diferentes climas religiosos, que mantinham a possibilidade de consolar e instruir, desceram, precipitadamente, das galerias de autoridade, em que traçavam princípios para as estradas alheias…

Criadores do pensamento, que sustinham a prerrogativa de impressionar pessoas, através do verbo falado ou escrito, tiveram, de súbito, a palavra cassada pela desencarnação ou pela afasia, muitas vezes, no exato momento em que mais desejavam comandar a oratória ou o cérebro lúcido…

Pensa neles, os beneficiários das concessões divinas que te precederam na morte e faze hoje algo melhor que ontem, nos domínios do bem para que o bem te favoreça.

Não apenas os dons da inteligência, mas também o corpo físico, as vantagens diversas, os patrimônios afetivos e até mesmo as dores que te povoam as horas são recursos de que te aproprias na Terra, com permissão do Senhor, para investi-los na construção da própria felicidade.

As leis que vigem no plano físico são fundamentalmente as mesmas que orientam as criaturas no plano espiritual.

Um empréstimo fala sempre da generosidade do credor que o concede, mas revela igualmente, na contabilidade da vida, o bem ou o mal que se faz com ele.

EMMANUEL

Extraído do “Livro da Esperança” – Psicografia: Francisco Cândido Xavier – Editora CEC                                                                                                                

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Viver o Círio de Nazaré é uma graça!

 

 

Chegamos ao mês mais esperado para os paraenses. Outubro é Círio de Nazaré outra vez, o Natal se antecipa em Belém do Pará.

 

Conheço as festividades do Círio há mais de 18 anos e posso afirmar com toda certeza: é a maior manifestação de fé e amor à Virgem Maria que já vi em toda a minha vida. Tive a graça de, por muitos anos seguidos, viver o Círio, esta é a palavra: VIVER o Círio de Nazaré. Pois não se participa apenas, vive-se.

 

É um tempo muito fecundo para cada pessoa que experimenta essa GRAÇA. A cidade muda, as famílias abrem as portas de suas casas, suas refeições passam a ter um tempero diferente, a solidariedade e o amor se fazem presentes na convivência fraterna.

 

Em cada missa, em cada oração, elevam-se preces de maneira especial à Rainha da Amazônia, carinhosamente chamada Nazarezinha. Durante toda a festividade, a basílica de Nazaré passa a ter uma luz diferente. Ao entrarmos na Igreja e fazermos nossas preces, parece que os nossos pedidos chegam mais rápido ao céu.

 

Confesso que a maior experiência que vivi foi a da “Transladação” (procissão realizada na noite anterior ao dia do Círio), pois por mais de oito horas de procissão, vê-se o povo de Belém segurando a corda que puxa a Berlinda com a Virgem de Nazaré. Tempo de observar a fé de uma multidão de pessoas e olhar para os promesseiros pagando suas promessas pelos milagres alcançados.

 

Grande emoção, pelas ruas de Belém, é poder cantar esta canção:

“Quando a vida faz nascer o mês de outubro eu descubro uma graça bem maior

Que me faz voltar no tempo e ser menino

E ao som do sino ver a vida amanhecer

Ver o povo em procissão tomando as ruas

Anunciando que é Círio outra vez

Que a Rainha da Amazônia vem chegando

Vem navegando pelas ruas de Belém

Corda que avança, o corpo cansa só pra alma descansar

E o meu olhar chorando ao ver o teu olhar em mim

Tão pequenina na Berlinda segues a recolher

Flores e amores que o teu povo quer te dar

Ó Virgem Santa, teu povo canta

Senhora de Nazaré

Tu és rainha e tens no manto

As cores do açaí.” 

Assim se vive o Círio: com fé, amor e, como irmãos e irmãs, todos juntos cantando uma linda canção. Posso dizer que em outubro o Natal se antecipa em Belém do Pará.

Feliz Natal, feliz Círio de Nazaré!

 

Padre Bruno Costa é missionário da Comunidade Canção Nova e autor dos livros: “Frases que nos levam a Deus” e “Lutar sempre, desistir jamais”.




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Todo ser humano é um ser social e precisa do outro. A necessidade de andarmos juntos se mostra no fato de que os homens se associam em empresas, clubes, movimentos, família etc. Dizemos, com razão: a união faz a força. Isto se aplica também à dimensão religiosa da nossa vida. Também aqui devemos viver juntos e unir as forças. Você participa de algum movimento ou associação? Quais os motivos disto?

Durante a vida de Jesus, muitos o seguiram, atraídos por sua Palavra e por seu modo de viver. Diante de sua morte muitos fugiram, mas, depois da experiência da ressurreição, aqueles que permaneceram aqueles viveram e permaneceram, nele, saíram para anuncia-lo. A pregação era tão incisiva que, muitos aderiram a Cristo e pediram o Batismo.  Queriam seguir os passos de Cristo, mas não o faziam individualmente. Formavam comunidades de cristãos que, impulsionados pelo Espírito Santo, procuravam viver em união e fraternidade, em fé e oração. Estas comunidades se chamavam IGREJA. 

A palavra IGREJA vem do grego e significa ASSEMBLÉIA. Portanto, quando falamos aqui em IGREJA, não estamos nos referindo ao prédio onde os cristãos se reúnem, mas à comunidade das pessoas que querem seguir a Jesus Cristo.

Toda a primeira parte do livro dos Atos dos Apóstolos nos mostra como o Espírito Santo transformou em Igreja viva o pequeno grupo de apóstolos e discípulos que Jesus reunira a seu redor e deixara, na Terra, com uma grande missão. São Lucas nos fala sobre a vida comunitária, a vida de união fraterna que se notava na Igreja nascente.

É próprio da ação do Espírito Santo: UNIR, FAZER COMUNIDADE.

Indício disto, no Antigo Testamento, nós encontramos na conhecida narração da Torre de Babel, Gn 11,1-9. O texto mostra que, em toda Terra, havia uma só língua. Diante do pecado do orgulho dos homens, Deus confundiu-lhes a comunicação. Ninguém se entendia mais. Trata-se de uma narrativa simbólica. Ela quer nos ensinar que o pecado: orgulho, egoísmo… é a causa dos desentendimentos entre os homens. Pensando somente em si mesmos, não se comunicam uns com os outros.

Olhando para o Novo Testamento, Atos 2,5-11, vemos algo totalmente diferente daquilo que é plantado pelo egoísmo humano. Lucas mostra o efeito da ação do Espírito Santo. Quando Ele é dado à jovem Igreja, todos ouvem a sua própria língua. Isto quer dizer que o Espírito une e faz que todos se entendam, porque o Espírito é amor.

No Antigo Testamento há, ainda, outra narrativa interessante. O profeta Ezequiel narra uma visão que teve e na qual se vê que o Espírito de Deus quer dar vida a seu povo e construir essa vida em unidade e liberdade. Nesta passagem (Ez 37,1-14), vemos também que o Espírito do Senhor quer unir e dar vida.

Deus prometeu o Espírito ao povo do Antigo Testamento. Ele o deu ao povo da Nova Aliança, a Igreja. A ação do Espírito Santo tem efeitos profundos e duradouros como diz o livro dos Atos dos Apóstolos 2,22-27 e 4,32-35 e que podem ser resumidos em 4 pontos importantes: a) Estavam unidos na mesma fé, perseveravam na doutrina dos apóstolos; b) Eram solidários, vendiam o que tinham; não havia necessitados entre eles; c) Eles se uniam para a fração do pão – Eucaristia – e para rezar; d) Assim davam testemunho e atraíam muitos.

A grande lição que esta reflexão nos oferece é que: para ser Igreja é preciso que aprendamos a viver em comunidade. Eis a razão pela qual o Senhor nos chamou e fomos batizados. Sozinho, isolado ninguém é capaz de nada; a Igreja não é nada! 

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS




Diocese de Assis

 

          Nada do que fazemos acrescenta algo à glória de Deus. Mas tudo o que somos, sim. Até nossa servidão aparentemente inútil. Inútil diante de Deus, mas extremamente necessária para nosso histórico de vida, nossa própria glorificação. O jogo de palavras complica mais do que explica, mas logo adiante virá a compreensão. É que somos tentados a fazer de nossa existência uma contínua competição com o outro, achando sempre que o que somos ou fazemos é mais perfeito e útil do que a tarefa, profissão ou vida dos que concorrem conosco. Assim, na nossa avaliação pessoal, nunca seremos servos inúteis de Deus. Triste engano!

          Na escala social que ocupamos raramente daremos oportunidade a um empregado de sentar-se à mesa conosco. Entretanto, esse é o primeiro grande convite que Deus nos faz, no banquete do Reino. Esse mesmo banquete já pronto e carinhosamente preparado a nos esperar no definitivo encontro com nossa própria origem e para o qual só nos basta apresentar nossas obras, nosso serviço prestado junto aos semelhantes. Portanto, o que importa a Deus não são nossas conquistas materiais e sucessos empresariais, intelectuais ou alhures, mas somente a grandeza do serviço que prestamos aos nossos semelhantes. Tudo mais não conta pontos, nem nos dignifica. O progresso material, ao contrário, terá sempre um peso maior no processo de nosso julgamento. Assim também o sucesso ou não de um governante, um gestor público ou político.

          Nada do que faz um bom administrador terá méritos dignificantes, se não houver maiores serviços de promoção humana do que simples conchavos de interesses sociais ou político-partidários. Um homem público não trabalha para si, mas para o bem comum. Seu serviço não pode nunca alimentar interesses setoriais e deixar de lado as primárias necessidades do coletivo. Qualquer função político-social e religiosa que se preste ao povo tem que possuir, por primeiro, essa dimensão de serviço. Caso contrário, será sempre um serviço inútil, sem valor algum aos olhos de Deus. Lembrando sempre que toda e qualquer função pública ou autoridade constituída diante do povo, procede de Deus, foi-lhe concedida do alto, com as bênçãos e concessões do povo. Assim, podemos afirmar: o poder emana do povo, mas com o consentimento de Deus.

          Essa visão transcendente da autoridade humana é que dá legitimidade à ação democrática. Sem a aprovação popular e a unção divina, estaríamos sob a ação de um regime ilegal, uma usurpação de direito, um serviço ilegal, inútil aos olhos de Deus e do povo. Por isso a legitimidade democrática tem um quê de religiosidade e merece respeito. Por isso é que dizemos, sem sombra de dúvidas, que todo poder procede de Deus. Não é e não pode ser um serviço inútil diante do povo, que escolhe e acolhe aquele que vai lhe prestar um serviço comunitário legítimo e, oxalá! – abençoado. Por isso é que também dizemos que todo povo tem o governo que merece… Tomara!

          Também no campo pessoal e na administração de nossas próprias vidas devemos ter presente essa consciência da responsabilidade de nossos atos. Somos meros servidores no processo da criação de um mundo em contínua evolução. Nada do que somos ou temos acrescentará algo à grandeza e beleza de tudo que o Senhor criou. Ele não necessita de nossa insignificância, mas aceita nossa gratidão e louvor. No entanto, sem solidariedade e gestos de fraternidade entre nós, sem nosso serviço de promoção aos mais desvalidos na caminhada, seremos mais do que inúteis aos seus olhos, pois sequer o que “devíamos fazer”, o fizemos. Faça sua escolha com esses critérios.

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]