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Diocese de Assis

 

          A pedagogia cristã se choca contra a lógica humana. Por certo, criaria asco e repugnância alguém cuspir na própria mão e com ela tocar seu rosto como ritual de cura ou simples gesto de benção. Foi exatamente isso que aconteceu com um pobre homem surdo e gago. “Jesus afastou-se com o homem para fora da multidão; em seguida, colocou os dedos nos seus ouvidos, cuspiu e, com a saliva, tocou a língua dele” (Mc 7, 33). Muitos iriam revidar com violência ou aversão a essa atitude no mínimo estranha. Não é o cuspe diante de alguém um ato vexatório de desprezo ou humilhação?

Para tentarmos compreender esse gesto, primeiramente se destaca a preocupação do mestre de afastar-se do público ali presente. Não queria plateia, pois não iria realizar um espetáculo. A graça do milagre seria algo muito pessoal, entre Ele e o pobre homem. Deveriam estar em plena sintonia, um ansioso pela cura e o outro disposto a ajudar. Os meios necessários viriam da energia estabelecida entre ambos, que bem poderiam fluir do magnetismo entre as forças celestiais e as energias naturais da realidade humana, como também da própria insignificância e profunda dependência da criatura com seu Criador. Não era a primeira vez que Jesus usava desses recursos para salientar nossa pequenez. No caso da mulher com hemorragia, sentiu que uma energia positiva saiu da fímbria de suas vestes. Algum contato físico provou a fé daquela mulher, que obteve a cura. Também no caso da ressurreição da filha de Jairo vemos essa preocupação de afastar-se do público e impedir a comoção das multidões. Igualmente quando usou do barro para a cura de um cego. E em tantos outros milagres, o gestual ou o rito sempre ligaram a realidade humana à sua origem e predileção divina. “Tu és pó”, mas também “Tua fé te salvou!”.

O uso da saliva, bem como da lama, era um gesto quase medicinal entre os povos daquela época. Também tinha uma conotação mágica. Jesus recomendou segredo, porque o que interessava no caso era a fé, aquela que se manifestava no homem doente, mas que também fluía do próprio Jesus. O encontro dessas duas forças geraria o milagre. O ritual era uma lição pedagógica, para salientar que mesmo usando dos recursos e da medicina humana (no caso a saliva, tida como excelente remédio para os olhos), nada seria eficaz sem a força divina da ação e do consentimento de Jesus. Por isso a graça deveria ser uma concessão bem intimista, pessoal, segredo de fé. Por isso Jesus “olhando para o céu, suspirou e disse: “Efatá”, que quer dizer “abre-te” (Mc 7, 34). A unidade céu e terra, Deus e os homens, matéria e espírito se tornavam evidentes nesse simples olhar de intercessão. A recíproca seria a consequência da cura, abrir não só os olhos da visão física, mas igualmente da visão espiritual. Reconhecer o milagre e, somente então, o proclamar com gratidão, sem alardes, mas aceitando a força e ação do Messias entre nós: “Ele tem feito bem todas as coisas”.

Agora, se sua fé ainda titubeia entre rituais de magia e sinais quase macabros de forças desconhecidas, suspeitas, melhor mesmo uma cusparada em sua cara. Esse desaforo merecem os caçadores de milagres que infestam muitas das comunidades de fé. Não buscam a cura da graça, mas espetáculos mirabolantes, intervenções sem a unção da pureza e humildade que só a fé genuína é capaz de possuir. Por isso, cuidado! Porque o espírito demoníaco também faz milagres. Melhor um corpo cego e mudo, ou mesmo paralítico e atrofiado, do que uma alma condenada.

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]

 

 

 

 

 




Espaço Espírita

A USE Intermunicipal de Assis, órgão da União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo, realizará a sua tradicional Jornada de Confraternização, que acontece anualmente, agora em sua 47ª edição, com palestras em todos os sábados de setembro, às 20 horas, na sede da Associação Filantrópica “A Caminho da Luz”, à Rua Santos Dumont, 1477, Vila Tênis Clube.

A abertura ocorrerá no dia 7 com Bruno Nowicki, de Itaí/SP, que abordará o assunto “Suicídio inconsciente e alcoolismo”.

No dia 14 o palestrante será Sidney Fernandes, de Bauru/SP, desenvolvendo o tema “A irresistível força do amor”.

O dia 21 contará com a presença de Elaine Aldrovandi, de Tupã/SP, falando sobre o assunto “Seja feliz, diga não à depressão”.

O encerramento acontecerá no dia 28 com o Encontro de Arte Espírita “Jessé Pereira de Carvalho”.

Haverá apresentações musicais em todos os sábados.

Os organizadores convidam a todos para participarem.

A entrada é franca.

USE  INTERMUNICIPAL  DE  ASSIS

ÓRGÃO  DA  UNIÃO  DAS  SOCIEDADES  ESPÍRITAS  DO  ESTADO  DE  SÃO  PAULO




Diocese de Assis

 

De ritos, costumes e leis o mundo está cheio. Povos e nações entulham suas populações com tradições arcaicas, preservando-as como costumes e dando-lhes valores há muito superados pela evolução, tecnologia ou mesmo novos conhecimentos. Muitos dos preceitos ainda respeitados por certas culturas ou heranças religiosas são hoje conceitos contrários a uma sociedade que evolui, que descobre novos caminhos e valores comportamentais. Mesmo assim, há valores imutáveis na história humana. Senão, vejamos…

Quando o povo de Deus iniciou sua caminhada libertadora, fugindo dos grilhões egípcios, foi preciso dar-lhes uma diretriz com normas e leis a serem seguidas. Moisés, depois de muita oração, desce o monte portando os dez mandamentos, dez leis suscintas e objetivas que lhes serviriam de estatutos disciplinares naquela longa caminhada. Do amor a Deus à fidelidade conjugal, do respeito à vida ao respeito às coisas alheias, aquele povo recebeu uma constituição cujo seguimento lhes daria liberdade e soberania em terras onde jorravam “leite e mel”. No entanto, quarenta longos anos foram necessários. Muitos ficaram pelo caminho e uma nova geração, nascida naquela caminhada, alcançou a Terra Prometida.

O povo eleito cresceu e se multiplicou. Tinham em mãos as tábuas da lei, acrescidas agora de muitas normas e adendos que a organização do povo exigiu ao longo dos anos. Extrapolaram. O zelo de seus governantes pecou pelo exagero, ao ponto de acrescentarem às dez leis divinas quase setecentas outras leis confusas e estapafúrdias. Algumas delas eram as normas comportamentais questionadas por Jesus, como “a maneira certa de lavar copos, jarras e vasilhas de cobre” ou o desrespeito à tradição judaica de não fazerem as purificações necessárias antes de qualquer refeição. Como exigir de um povo habitante de regiões desérticas ritos de higiene com água, quando a fome e a sede eram maiores? “De nada adianta o culto que me prestam, pois as doutrinas que ensinam são preceitos humanos. Vós abandonais o mandamento de Deus para seguir a tradição dos homens” – respondeu-lhes Jesus (Mc 7, 7-8).

Esse era o ponto. Uma questão de pureza ou impureza. Não só no asseio pessoal, mas igualmente na pureza da alma. De nada adiantava o cumprimento à risca de tantas normas e leis, se não houvesse um mínimo de pureza interior, aquela que respeita e faz valer a dignidade humana em sua plenitude, de corpo e de alma. Nesse ponto, Jesus é magnânimo: “Escutai, todos, e compreendei: o que torna impuro o homem não é o que entra nele vindo de fora, mas o que sai do seu interior” (Mc155,15). Pois os ritos e comportamentos farisaicos ainda são típicos de nossa sociedade de aparência e lisura comportamentais, não autenticamente fraternais. Estamos por demais apegados às aparências, ao supérfluo, quando a fé nos pede muito mais, além dos ritos, da tradição, dos preceitos comportamentais que rege uma sociedade de conduta dita civilizada. Se quisermos fazer valer a lei da fraternidade universal, o mandamento único e essencial que garante nossa posse na Terra Prometida, a civilização do Amor, basta um olhar mais atento para dentro de nós mesmos. No pulsar de um coração que renova nossas energias diárias está a fonte de todas as leis que nos regem, o amor.

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]

 




Diocese de Assis

 

Estamos às portas do mês de setembro!

E, você poderia me perguntar: “o que isso tem de novidade”?

E eu lhe responderia: “Nada! A não ser que este é o único setembro do ano de 2024, o que é óbvio; que nunca vamos ter um outro setembro de 2024, o que é outra obviedade; que o final de ano está próximo, que é mais óbvio ainda. Mas, não é tão obvio assim, que o seu 13º antes de chegar já está comprometido; que no próximo pleito podemos encontrar eleitores mais maduros; que a situação de crise ético-moral brasileira pode despertar os cristãos a serem menos omissos; que as prisões poderão ser, também, para os políticos e intocáveis do país; que os salários astronômicos no futebol inspirem uma revisão salarial responsável dos verdadeiros trabalhadores do Brasil; que o crime seja detido; que a honra do trabalho não se dobre ao dinheiro fácil…

Setembro, hoje, é, no mínimo, uma inquietação para todos nós!

Não dá para olhar para trás e, simplesmente, dizer: “não me lembro o que se passou” ou “o que passou não importa” ou, ainda “eu recupero nos próximos meses”.

O ano 2024 está, praticamente, no fim. Setembro é prova cabal disso.  E não adianta dizermos que o tempo está passando rápido demais. O tempo está correndo com a mesma velocidade de sempre. O tempo tem sua ordem e se movimenta no ritmo. O tempo não faz concessões de horas, nem de minutos, nem de segundos e muito menos de centésimos ou milésimos de segundos. Nós sim, estamos demasiado vagarosos.

É hora de reagirmos frente às exigências de um novo tempo!

“Desperte, você que está dormindo. Levante-se dentre os mortos, e Cristo o iluminará. Estejam atentos para a maneira como vocês vivem: não vivam como tolos, mas como homens sensatos, aproveitando o tempo presente, porque os dias são maus. Não sejam insensatos; ao contrário, procurem compreender a vontade do Senhor. Não se embriaguem com vinho, que leva para a libertinagem, mas busquem a plenitude do Espírito” (Efésios 5,14-18).

“Debaixo do céu há momento para tudo, e tempo certo para cada coisa: Tempo para nascer e tempo para morrer. Tempo para plantar e tempo para arrancar a planta. Tempo para matar e tempo para curar. Tempo para destruir e tempo para construir. Tempo para chorar e tempo para rir. Tempo para gemer e tempo para bailar. Tempo para atirar pedras e tempo para recolher pedras. Tempo para abraçar e tempo para se separar. Tempo para procurar e tempo para perder. Tempo para guardar e tempo para jogar fora. Tempo para rasgar e tempo para costurar. Tempo para calar e tempo para falar. Tempo para amar e tempo para odiar. Tempo para a guerra e tempo para a paz”. (Eclesiastes 3,1-8).

“Portanto, aquele que julga estar em pé, tome cuidado para não cair. Vocês não foram tentados além do que podiam suportar, porque Deus é fiel e não permitirá que sejam tentados acima das forças que vocês têm. Mas, junto com a tentação, ele dará a vocês os meios de sair dela e a força para suportá-la” (1Coríntios 10,12-13).

“…busquem o Reino de Deus e a sua justiça, e Deus dará a vocês, em acréscimo, todas essas coisas. Portanto, não se preocupem com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã terá suas preocupações. Basta a cada dia a própria dificuldade” (Mateus 6,33-34).

Não precisamos deixar o tempo passar e nem o amanhã chegar para tomarmos iniciativas de mudança, seja ela qual for.

O fundamental é que nos tornemos protagonistas, sujeitos, atores principais… e não meros coadjuvantes atrás de nossa própria sombra.

Devemos olhar cada dia como se fosse o primeiro, o último e, o único. Afinal somos nós que fazemos a nossa história!

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS 




Espaço Espírita

Senhor!

Fortalece-nos a fé para que a paciência esteja conosco.

Por Tua paciência, vivemos.

Por Tua paciência, caminhamos.

Auxilia-nos, por misericórdia, a aprender tolerância, a fim de que estejamos em Tua paz.

É por Tua paciência que a esperança nos ilumina e a compreensão se nos levanta no íntimo da alma.

Agradecemos todos os dons de que nos enriqueces a vida, mas te rogamos nos resguarde a paciência de uns para com os outros, para que estejamos contigo, tanto quanto estás conosco, hoje e sempre.

EMMANUEL

Do livro “Tesouro de Alegria” 

Psicografia: Francisco Cândido Xavier – Editora IDE

USE  INTERMUNICIPAL  DE  ASSIS

ÓRGÃO  DA  UNIÃO  DAS  SOCIEDADES  ESPÍRITAS  DO  ESTADO  DE  SÃO  PAULO




Diocese de Assis

Terminamos o mês vocacional chamando a atenção sobre a fidelidade vocacional.

Toda história vocacional acontece dentro de um contexto social, político, econômico, cultural e religioso muito concreto e interpelador. Não é somente a pessoa e Deus. É a pessoa, Deus e a realidade. A sensibilidade humana, tocada pela “voz” de Deus que chama, e, inflamada pelo “clamor” da realidade, põe a descoberto o poder transformador da Vocação. Tanto sobre a realidade quanto sobre o vocacionado.

Na verdade, para ser realização da vontade de Deus, toda vocação precisa ser cultivada num ambiente de escuta permanente. A experiência do chamado, em sua forma original, persiste no vocacionado por toda a vida. Só há um chamado! O que muda, portanto, é forma de concretizar a vontade de Deus, em cada tempo e lugar, através do serviço daquele que OUVIU e RESPONDEU a Deus. O tempo muda; a realidade muda; Deus permanece! O Chamado permanece. A vocação permance. A fidelidade vocacional, portanto, deve estar voltada a Deus. Ser fiel à vocação é ser obediente a Deus.

Vejamos como isso pode ser entendido na história vocacional de Gedeão (Jz 6).

Contexto da vocação de Gedeão (Jz 6,1-6)

Os israelitas fizeram o que Javé reprova. E Javé os entregou aos madianitas por sete anos. O regime de Madiã foi tirânico sobre Israel. Para escapar de Madiã, os israelitas tiveram que usar as grutas nas montanhas, as cavernas e os esconderijos. Quando os israelitas semeavam, os madianitas, amalecitas e orientais os atacavam: acampavam na terra dos israelitas e destruíam todos os produtos semeados até perto de Gaza. Não deixavam para Israel nenhum meio de sobrevivência, nenhum cordeiro, nenhum boi e nenhum jumento. Chegavam com seus rebanhos e tendas, numerosos como gafanhotos, homens e camelos sem conta, invadindo e arrasando a terra. Desse modo, os madianitas reduziram Israel à miséria. Então os israelitas clamaram a Javé.

Interpretação da situação (Jz 6,7-10)

Quando os israelitas clamaram a Javé por causa dos madianitas, Javé enviou para eles um profeta, que lhes falou: “Assim diz Javé, o Deus de Israel: Eu fiz vocês saírem do Egito e os tirei da casa da escravidão. Eu livrei vocês do poder egípcio e do poder daqueles que os oprimiam. Eu os expulsei diante de vocês, e a vocês eu entreguei a terra deles.  Eu disse a vocês: ‘Eu sou Javé seu Deus. Não tenham medo dos deuses dos amorreus, em cuja terra vão morar’. Mas vocês não me ouviram”.

Vocação de Gedeão (Jz 6,11-18)

O anjo de Javé chegou e se assentou debaixo do carvalho que está em Efra, na propriedade de Joás, filho de Abiezer. Foi quando Gedeão, filho de Joás, estava debulhando o trigo no tanque de pisar uvas, para escondê-lo dos madianitas. O anjo de Javé apareceu a Gedeão e lhe disse: “Javé está com você, valente guerreiro!” Gedeão respondeu: “Meu Senhor, se Javé está conosco, por que nos aconteceu tudo isso? Onde estão as maravilhas de que nossos antepassados falavam: ‘Javé nos tirou do Egito…’? O fato é que agora Javé nos abandonou e nos entregou na mão dos madianitas”. Então Javé se voltou para Gedeão e disse: “Vá. Com suas próprias forças, salve Israel dos madianitas. Sou eu que envio você”.  Gedeão replicou: “Meu Senhor, como posso salvar Israel? Meu clã é o mais fraco da tribo de Manassés, e eu sou o caçula da casa de meu pai!”  Javé lhe disse: “Eu estarei com você, e você derrotará os madianitas como se fossem um só homem”. Gedeão insistiu: “Se alcancei teu favor, dá-me um sinal de que és tu quem fala comigo. Não vás embora antes que eu volte e te faça uma oferta”. Javé respondeu: “Ficarei aqui até você voltar”.

Se Deus espera, como não permanecer fiel?

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS




Espaço Espírita

 

Você pode realizar muito na seara do Bem.

Todos nós somos naturalmente convidados a colaborar com Deus na Obra de redenção do mundo.

Existem trabalhos que aparecem aos olhos do povo pelas suas aparências; existem igualmente tarefas que, embora não apresentem fachadas, guardam grande significação perante as Leis do Infinito.

Obras tipicamente materiais podem representar muito pouco ou nada de positivo ante as necessidades evolutivas do Espírito, mas os esforços, por mais simples que sejam, visando ao bem comum, são sempre luzes a iluminarem nossos destinos.

Uma palavra, um gesto, um sorriso na doce atmosfera do Amor, são lampejos de paz, inestimável contribuição à Obra de Deus.

PASTORINO

Do livro “Minutos de Luz” – Psicografia: Ariston S. Teles – Editora LIVREE

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ÓRGÃO DA UNIÃO  DAS  SOCIEDADES  ESPÍRITAS  DO  ESTADO  DE  SÃO  PAULO




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MÃE DO MEU SENHOR

A cada celebração ou festa mariana dentro do catolicismo fico a pensar sobre a rejeição que muitos cristãos têm pela figura materna de Maria. Contradição de criança birrenta. Não há como amar um filho sem ao menos admirar o ventre que o gerou, sua procedência filial e familiar. Jesus, Maria e José constituem o tripé do cristianismo, sobre o qual toda doutrina cresceu e amadureceu de acordo com os planos divinos. Portanto, cristianismo sem Maria – a mãe sem manchas – e sem José – o protetor sem mágoas – é órfão de pai e de mãe. Não pode ir muito além das aparências que encobrem sua triste orfandade.

A visita de Maria a Isabel, contada em detalhes por Lucas (1, 39-56), é uma leitura que engrandece sobremaneira a figura de Maria no projeto da redenção. Lá está o Magnificat, o canto da alegria trazido à tona pela própria “mulher por excelência”, num processo de oração e gratidão a Deus pelas maravilhas que nela se realizavam. “Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar?”, exclamou Isabel ao sentir no próprio ventre o pulo de alegria do ainda embrião Batista, feliz pela ilustre visita que sua mãe recebia. Uma vida ainda fetal já reconhecia a presença de Jesus em sua casa! Profunda mensagem para os abortistas inveterados e inconsequentes! “Bendito o fruto do teu ventre”, reconheceu por primeiro Isabel, em cujo ventre o precursor de Jesus exultava de alegria pela missão que iria desempenhar logo mais: anunciar aos homens a chegada de um novo tempo, a vinda do Cordeiro de Deus.

Tudo aqui se compraz no júbilo da maternidade. Tanto de Maria quanto de Isabel. A importância de ambas no processo da vinda messiânica está revestida da alegria e da aceitação. A oração proferida por Maria prova ser ela uma jovem conhecedora da Palavra. Não é um canto de exaltação pessoal, como muitos possam pensar, mas de submissão total aos planos de Deus. “Porque olhou para a humildade de sua serva”, diria em oração submissa. Não uma submissão passiva, conformada com seu destino, alheia aos acontecimentos à sua volta, porém agradecida e irradiante com as revelações do dia. “Doravante todas as gerações me chamarão bem-aventurada”. A revelação do milagre em seu ventre era muito maior do que uma simples gravidez; nela crescia uma nova criação, um novo Adão iria restaurar o Paraíso Perdido pela infidelidade humana. Então, como não a aclamar como bem-aventurada entre todas as criaturas? “Porque o Todo-Poderoso fez grandes coisas em meu favor”. Nenhum outro ser humano mereceu as graças que Maria recebeu em vida. Quem somos nós para desmerecê-las?

O Magnificat continua em suas loas e revelações, a ponto de profetizar a queda de muitos tronos, potestades e força dos poderosos que se levantaram e se levantam contra a fé cristã. Inclusive as grandes guerras que turvam nossa história. Inclusive as batalhas demoníacas que se levantam diuturnamente sobre nossa Igreja. Através de Maria e do fruto do seu ventre não há o que temer. A vitória será nossa, “conforme prometera aos nossos pais, em favor de Abraão e de sua descendência para sempre” (Lc 1-55).

Quando, pois, alguém rejeitar o poder da Mãe do meu Senhor, não diga nada. Apenas reze, ore por essa criatura ainda órfã, que desconhece a força da mãe, a proteção, o afeto, o carinho, o zelo, a atenção, o amor sempre misericordioso e poderoso de que só as mães são capazes. Bendita és tu entre as mulheres! Bendito o fruto do teu ventre!

          WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]

 

 

 

 




Diocese de Assis

Dizem que, quem tem dúvidas deve perguntar porque, perguntar não ofende.

Então eu gostaria de saber: “O amor, ainda existe? É possível viver o amor?”

Nas últimas décadas constatamos um ressurgimento espiritual: mais bíblia nas mãos, mais denominações religiosas, mais pessoas nas igrejas, mais canais de TV e rádio de motivação religiosa, mais apregoadores do evangelho… mais conquistas tecnológicas… mais poder econômico… mais informação… mais liberdade… mais muitas outras coisas!

Nas mesmas últimas décadas, paradoxalmente, constatamos a dessacralização da fé, a banalização da violência, intolerância religiosa, ‘toxicosocialização’ (isto é um neologismo: sociedade entorpecida pela socialização das drogas, onde o consumo se tornou liberal e o seu comércio se converteu em trabalho), a impunidade, a corrupção política, o banditismo político e social, o empobrecimento…

O que está acontecendo conosco? Onde está o amor? Não deveríamos estar vivendo melhor com tantas conquistas? Parece que o problema está no ‘como’ e no ‘para que’ todas as coisas se realizam em nível pessoal ou coletivo.

É preciso dizer, em primeiro lugar, um grande mal que nos afeta é a perda do TEMOR DE DEUS e, ligado a isso, a perda do referencial de EXIGÊNGIA NO AMOR.

O Temor a Deus é o horizonte e fonte dos princípios e dos valores. Sem o Temor a Deus tudo fica liberal, as ações ficam permissivistas, o sagrado vai sendo profanado, a dignidade humana vai sendo desrespeitada, as pessoas se esvaziam, o individualismo cresce.

São Paulo, na primeira carta aos Coríntios 10,23-24, assim se expressa: “Tudo é permitido. Mas nem tudo convém. Tudo é permitido. Mas nem tudo edifica. Ninguém procure satisfazer aos seus próprios interesses, mas os do próximo”

O amor é a expressão mais profunda do Temor a Deus. O amor tem exigências e essa é a sua verdade maior! Porque, se não tem exigências, pode ser tudo, menos amor. Só no amor a vida se realiza: nasce, cresce e amadurece! Só no amor a vida é completa!

São Paulo, noutra parte da primeira carta aos Coríntios, 13,1-8 assim se manifesta: “Ainda que eu falasse línguas, as dos homens e dos anjos, se eu não tivesse o amor, seria como sino ruidoso ou como címbalo estridente. Ainda que eu tivesse o dom da profecia, o conhecimento de todos os mistérios e de toda a ciência; ainda que eu tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tivesse o amor, eu não seria nada. Ainda que eu distribuísse todos os meus bens aos famintos, ainda que entregasse o meu corpo às chamas, se não tivesse o amor, nada disso me adiantaria. O amor é paciente, o amor é prestativo; não é invejoso, não se ostenta, não se incha de orgulho. Nada faz de inconveniente, não procura seu próprio interesse, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se regozija com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais passará!”

Em Jesus o amor encontra sua plenitude. Nele o amor é muito mais do que sentimento. Em Jesus, o amor é doação, é entrega é renúncia. Em Jesus o amor é Cruz.

São Paulo, agora, aos Filipenses, assim diz a respeito de Jesus: “Ele tinha a condição divina, mas não se apegou a sua igualdade com Deus. Pelo contrário, esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de servo e tornando-se semelhante aos homens. Assim, apresentando-se como simples homem, humilhou-se a si mesmo, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz!” (Filpenses 2,6-8).

Você não deve terminar de ler esse artigo sem dizer: Eu creio no amor!

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS




Espaço Espírita

 

– Não suporto tantas atribulações!

– O que deseja?

– Que Deus me leve.

– Morrer não resolve.

– Ficarei livre de situações e pessoas que me fazem sofrer.

– Não poderá fugir de si mesmo.

– E o que tem isso a ver com o sofrimento?

– A vida lá reflete o que somos cá.

– Continuarei sofrendo?

– Sem dúvida.

– O que fazer para chegar ao Além?

– Esteja bem quando partir.

– Impossível! Vivo atribulado!

– Será possível se bem conviver com as atribulações.

RICHARD  SIMONETTI

Extraído do livro “Trinta Segundos” – CEAC Editora

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