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Diocese de Assis

 

          Caminhando à margem de uma ferrovia semiabandonada, deparei-me com uma pichação num muro caiado: “Escrevo no coração uma besteira, que não usa chuteira. O canto vivo de uma nação com a mente vazia: vou viciar seu filho um dia”. Parei aterrado diante daquela tentativa poética, sem métrica, mas de rimas forçadas com silente, mas fatal ameaça. Até os versos – cantilena dos corações sensíveis – adquirem o timbre gutural e cavernoso da perdição humana! Até poetas ostentam insensibilidade!

Fiquei a imaginar como seria o rosto desse poeta dos nossos tempos. Jovem, com certeza. Mas cuja vida não rima com o coração, nem com a pátria, nem família, nem sociedade, nem humanidade… Jovem como tantos que diariamente cruzam nossas estradas, nos espreitam, nos analisam, nos invejam… Jovens para os quais a estrutura social não faz sentido, a harmonia familiar inexiste, o mundo certinho é careta, convenção armada e alimentada só pelos que se deram bem, nasceram privilegiados, estão no topo de uma pirâmide que eles contestam, seja esta da estrutura social, moral ou mesmo religiosa. Sociedade, para estes é o conluio de interesses de poucos. Família, utopia. Religião, sonho dos tolos.

No silêncio daquelas palavras à minha frente havia uma mensagem ensurdecedora. Mas que muitos não querem ou teimam em não ouvir. Havia uma verdade, não tão pura, mas real. Um recado claro e objetivo para aqueles que insistem em ignorar o mundo cão que as drogas estão deixando como herança para nossos filhos e netos. “Ainda vou viciar seu filho”. Nem o rosnar de um animal selvagem, nem o ladrar dos cães, nem o sibilar das serpentes causam tamanho espanto e temor. Pior ainda quando muitos desviam o olhar, se fazem de surdos e cegos, passam adiante como se dissessem: isso não é comigo!

“O canto vivo de uma nação com a mente vazia”. É isso. Enquanto aqueles que, direta ou indiretamente, teimam em ignorar esse câncer silencioso que corrói toda uma nação; enquanto muitos se isolam, se abstêm das responsabilidades coletivas, o mal avança e contamina até a poesia da existência humana. Mais que guerras, doenças, cataclismos ou fome, a ameaça das drogas age no silêncio da indolência social – essa que anestesia a realidade dos sepulcros caiados – que só vê a superficialidade do problema. Triste será se um dia encontrarmos nesses sepulcros um filho, uma filha, alguém que amamos, mas para quem não devotamos uma atenção ou orientação maior. Nação com a mente vazia…

Besteira não usa chuteira. Enquanto o circo das grandes torcidas dá vivas ao gol de alguns, ao sucesso das ilusões, das aparências, o cravo da chuteira dos traficantes faz seus pontos no silêncio das nossas madrugadas, na apatia de nossa sonolência sem ação, sem sonhos, sem perspectivas. Estamos em guerra. Mas, pelo visto, só os inimigos possuem armas! Só o mundo cão, daqueles que desejam o circo em chamas, que riem da nossa madorra e indiferença, é que canta vitórias.

É preciso restaurar os valores, a poesia da vida. Não se pode estacionar nessa trilha, nessa estrada que nos conduz para um mundo de insanos, de famílias destruídas, lares arruinados. O trem apita na curva. “Refleti no que fazeis! Subi a montanha, trazei a madeira e reconstruí a minha Casa” (Ag  1,8). A Casa de Deus que somos, o templo sagrado da dignidade humana, dos princípios pétreos da vida, hoje tão banalizados e longe da realidade que nos cerca. “Porque minha casa está em ruínas, enquanto que cada um de vós só tem cuidado da sua” (Ag 1,9). Por isso o poeta já não escreve com o coração, mas com a razão que domina seu mundo, os caminhos da marginalidade.

20 anos de Palavras de Esperança. Publicado em 21 de janeiro de 2009

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]




BRILHE A SUA LUZ DIANTE DOS HOMENS!

 

A escuridão, sinônimo de trevas, gera, sempre, muito medo, desconfiança, apreensão e preocupações diversas. E não é para menos porque, na escuridão tudo fica escondido aos olhos, disfarçado à percepção e perigoso a toda forma de cuidado.

A luz, ao contrário das trevas, gera, sempre, segurança, coragem, confiança, esperança e alegria. Diante da luz tudo aparece e se revela!

Ora, a luz é necessária o tempo todo e em todas as circunstâncias e situações. A vida pede luz porque, sem luz é impossível ver e fazer qualquer coisa.

A luz que é tão necessária fora de nós, para manter tudo claro e a descoberto das trevas, é, também, necessária dentro de nós! Por isso, assim como a vida, a fé também pede luz porque, sem a luz dentro de nós, é impossível ser.

Sendo assim, para viver e para crer precisamos da luz. Portanto, a luz deve ser uma prioridade para nós; querer e buscar a luz deve ser a nossa principal atividade e preferência

A fé nos ensina que Deus, preferindo a luz, criou a luz: “No princípio, Deus criou o céu e a terra. A terra estava sem forma e vazia; as trevas cobriam o abismo e um vento impetuoso soprava sobre as águas. Deus disse: ‘Que exista a luz!’ E a luz começou a existir. Deus viu que a luz era boa. E Deus separou a luz das trevas: à luz Deus chamou ‘dia’, e às trevas chamou ‘noite’. Houve uma tarde e uma manhã: foi o primeiro dia” (Gn 1,1-5).

Segundo a Sagrada Escritura, uma vida sob a luz exige 4 grandes posturas:

  1. Uma religião com práticas de justiça (Isaías 58,6-10)

“O jejum que eu quero é este: acabar com as prisões injustas, desfazer as correntes do jugo, pôr em liberdade os oprimidos e despedaçar qualquer jugo; repartir a comida com quem passa fome, hospedar em sua casa os pobres sem abrigo, vestir aquele que se encontra nu, e não se fechar à sua própria gente. Se você fizer isso, a sua luz brilhará como a aurora, suas feridas vão sarar rapidamente, a justiça que você pratica irá à sua frente e a glória de Javé virá acompanhando você. Então você clamará, e Javé responderá; você chamará por socorro, e Javé responderá: ‘Estou aqui!’ Isso, se você tirar do seu meio o jugo, o gesto que ameaça e a linguagem injuriosa; se você der o seu pão ao faminto e matar a fome do oprimido. Então a sua luz brilhará nas trevas e a escuridão será para você como a claridade do meio-dia”

  1. Ter a luz como fundamento de vida e de fé (João 1,1-9)

“No começo a Palavra já existia: a Palavra estava voltada para Deus, e a Palavra era Deus. No começo ela estava voltada para Deus. Tudo foi feito por meio dela,e, de tudo o que existe, nada foi feito sem ela. Nela estava a vida, e a vida era a luz dos homens. Essa luz brilha nas trevas,e as trevas não conseguiram apagá-la. Apareceu um homem enviado por Deus, que se chamava João. Ele veio como testemunha, para dar testemunho da luz, a fim de que todos acreditassem por meio dele. Ele não era a luz, mas apenas a testemunha da luz. A luz verdadeira, aquela que ilumina todo homem, estava chegando ao mundo”

  1. Acreditar na Palavra e pregação de Jesus (João 8,12)

“Jesus continuou dizendo: ‘Eu sou a luz do mundo. Quem me segue não andará nas trevas, mas possuirá a luz da vida’.”

  1. Ser testemunha da Luz (Mateus 5,14-16)

“Vocês são a luz do mundo. Não pode ficar escondida uma cidade construída sobre um monte. Ninguém acende uma lâmpada para colocá-la debaixo de uma vasilha, e sim para colocá-la no candeeiro, onde ela brilha para todos os que estão em casa. Assim também: que a luz de vocês brilhe diante dos homens, para que eles vejam as boas obras que vocês fazem, e louvem o Pai de vocês que está no céu.”

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS




Diocese de Assis

 

Um camelo se perdeu no deserto. Seus proprietários o procuravam, quando cruzaram o caminho de um religioso. “Vistes um camelo por aí”? – lhe perguntaram. O interpelado foi logo descrevendo o animal: “Era cego da vista esquerda, manco da perna direita, sem um dente incisivo e ia carregado de mel em uma banda e trigo em outra”? Perfeito, esse era o animal! Ao que o religioso, para surpresa dos proprietários, respondeu: “Não, não o vi”. Irados, os homens prenderam aquele viajante e o levaram aos tribunais, acusando-o de roubo. Antes de condená-lo, o juiz quis saber como aquele réu descrevera tão bem o animal em questão. A resposta foi desconcertante: “Ora, ele comia a erva apenas de um lado da estrada, as pegadas da direita eram mais apagadas do que as da esquerda, deixava sempre um molho de ervas no meio de um bocado e as formigas de um lado e a abelhas do outro me contaram o que levava o camelo”…

Esse conto de Erasmo Braga (1877-1932) vem a propósito dos falsos julgamentos que corriqueiramente a vida nos impele a fazer. Nem sempre o óbvio é real. Nem sempre as evidências são cabais numa situação de suspeita. Julgar pelas aparências, no entanto, é atitude mais que corriqueira na sociedade. Um vendedor de automóveis me contou que, por pouco, não perdeu grandes vendas, porque o comprador se apresentou mal trajado e com barba por fazer.  Era um rico fazendeiro. Já por outro lado, há casos pitorescos de assaltos bem-sucedidos com malandros de paletó e gravata. Recentemente, um falso pastor, com a Bíblia debaixo do braço, reuniu uma comunidade rural e, após simular orações, sacou sua arma e efetuou um assalto coletivo. O reluzente ouro pode ser um cobre de segunda.

A chave, o segredo para se evitar certas ciladas é interpretar corretamente as pegadas que deixam. Falo de fatos atuais. Um ditador, por exemplo, nasce da ingenuidade de um povo, que ignora a pata manca, a preferência pelo feno da esquerda (ou mesmo da direita), a mordida em falso… Pelas pegadas se conhece o animal. Transformar, da noite para o dia, um movimento guerrilheiro – que sequestra, mata, estupra (matar não pode, estuprar pode?) rouba e até trafica – em “exército de insurgentes” é matar um camelo e tentar escondê-lo na ponta de uma agulha. Não dá. Só mesmo apagando certas pegadas de sangue e intolerância, o que a história já não permite.

Aliás, a apoteótica libertação de duas pobres reféns, midiaticamente explorada, não é tudo nesta história. Esse camelo – o fato em si -, aparentemente perdido num deserto de muitos interesses, esconde algo mais precioso que suas sacas furadas de mel e trigo. O povo, religioso e sábio que é, nada roubou do latifundiário, o senhor dos anéis, o que se julga dono do mundo com seu petróleo e poder. Ao contrário, o povo… (caracas, não vive esse povo uma vida de camelo?). Pois então, este sabe onde pisa! E como pisa! Muitos que se imaginam reis em suas posses, soberanos acima do povo, me devolvem a pergunta: “Por que não te calas”?

Deixo a conclusão para Heitor Cony, da Folha. De pegadas ele entende. Seu artigo “Chávez e a mídia” assim termina: “O maior fato midiático da humanidade foi num tempo em que nem havia mídia. Um dissidente do judaísmo foi crucificado num morro ao lado de dois ladrões. Nos 2000 anos seguintes, esse fato, que poderia ter passado despercebido, dividiu a história em antes de depois, fez toneladas de textos e imagens invadirem o mundo e gerou detratores e mártires”. No entanto, muitos dizem seguir seus passos, mas não entenderam as mensagens ocultas em suas pegadas…

20 anos de Palavras de Esperança. Publicado em 16 de janeiro de 2008.

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]




CARTAS NA MESA

 

 

O ciclo da vida é um eterno recomeço. Anos, meses, dias, horas. Há sempre nova expectativa pelo que virá depois, pelas surpresas que nos reservam as esquinas do futuro. Impacientes e ambiciosos, muitos até se esforçam para adivinhar “o que virá amanhã, como será o amanhã”…

Crianças ingênuas! Nenhuma ciência é tão infantil e prepotente quanto aquela que se propõe a desvendar o futuro. Previsões, prognósticos, os nomes são claros. Um antecipa a visão, outro se põe ao lado da fé. Prefiro a verdade popular: “o futuro a Deus pertence”.

Partindo desses princípios, nada mais hilária do que a leitura de certas “previsões” que se encontram com facilidade em veículos de comunicação, especialmente em época de mudança de ano. A grande maioria faz chover no molhado, isto é, joga com evidências e decurso natural dos fatos, que se sucedem dentro da lei das probabilidades. Por ex: época apropriada para fazer novas amizades. Existem épocas impróprias? Ou: cuide de sua saúde!

Por que não? Ou: período instável com aumento da violência e insegurança sociais. Sem comentários! Horóscopos, então… Esses são campeões na arte de revelar o óbvio! De positivo, somente o estremado positivismo de suas entrelinhas. Pelo menos isso!

Essa atração humana pelo obscurantismo, pelos mistérios, segredos… Quantas desilusões, decepções!  A mais clássica e tétrica faz parte do Cenário do Gólgota. Logo após o assassinato do portador de toda verdade, a Verdade em pessoa, seus algozes resolveram lançar cartas sobre sua túnica. Quem teria a sorte, o privilégio de colocar sobre os ombros o manto do príncipe da Paz, o herdeiro universal do Pai de todos os mistérios? Quem apossar-se-ia dos mistérios e segredos que aquela túnica carregou, grudada à pele, ao suor ou como único agasalho contra longas e insones noites de inverno, que por certo marcaram a peregrinação do Messias entre nós? “Era uma túnica sem costura, feita de uma peça única, de cima até embaixo” (Jo 19,23). O véu do templo, do verdadeiro templo de Deus. Isso nenhum soldado percebeu…

Depois, em missão pela Samaria, o apóstolo André consegue a conversão de um mágico, um certo Simão. Conversão emocional, pois que diante dos milagres que testemunhou, o velho mago oferece dinheiro a André para também ampliar seus poderes. Queria unir magia aos mistérios espirituais. “Arrependa-se dessa maldade e suplique que o Senhor perdoe essa má intenção que você teve”, foi o conselho do apóstolo (At 8,22).

Eis, pois a única via da esperança cristã. Deus é a fonte de todos os mistérios, luz de todos os becos, face de todas as fases de nossa existência. Ontem, hoje e sempre! “Não se enganem, meus queridos irmãos: qualquer dom precioso e qualquer dádiva perfeita vêm do alto, desce do Pai das luzes, no qual não há fases ou períodos de mudança” (Tg 1, 16-17).

Sejamos claros: cartas na mesa da realidade. Nenhuma ciência humana é capaz de desvendar o tempo futuro. Quando muito, arrisca palpites sobre o tempo da ciência meteorológica. E olha lá! Nossa esperança é que o futuro nos reserve, ao menos, a salvação que a fé nos oferece. “Na esperança, nos já fomos salvos. Ver o que se espera, já não é esperar: como se pode esperar o que já se vê? Mas, se esperamos o que não vemos, é na esperança que o aguardamos” (Rom 8, 24-25). Essa fé é luz e não se esconde, como cartas marcadas no jogo da vida.

20 anos de Palavras de Esperança – Publicado em 11 de janeiro de 2006

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]




Diocese de Assis

 

“Isto vos servirá de sinal: encontrareis um recém-nascido envolvido em faixas e deitado numa manjedoura” (Lc 2,12)

“Jesus Cristo é o rosto da misericórdia do Pai”. Frase de abertura da Bula “Misericordiae Vultus”, onde o Papa Francisco motiva toda a Igreja a celebrar o Jubileu da Misericórdia. E a festa natalina é uma ocasião privilegiada para o encontro com a Misericórdia de Deus que se tornou viva, visível e atingiu sua máxima revelação no rosto de uma Criança.

Neste Natal o convite é claro: abrir as portas da misericórdia para acolher uma Criança inocente, mansa e misericordiosa. É ela que ativará a faísca da misericórdia presente no interior de cada um de nós. Natal é Misericórdia que se expande, envolve toda a Criação e nos move a sermos mais ternos e humanos.

Ao aproximarmos de Belém para olhar e contemplar o rosto do Menino-Deus, acessaremos, ao mesmo tempo, o mais profundo do coração humano, carregado de misericórdia e bondade.

A misericórdia humana é uma faísca divina que pode se atrofiar, jamais se apagar. São necessários alguns momentos densos para que esta chama seja ativada. A vivência do Natal é um deles.

Em Belém somos pacificados de nossas ansiedades e pressas de fazer mais e de conseguir mais, de nossa sede de poder e de vaidade; e se permanecemos em silêncio ali, diante da manjedoura, brotará em nós um desejo profundo de sermos mais humanos, de sermos aquilo que já somos, refletido no rosto aberto daquele Menino; ao mesmo tempo, brotará um desejo de venerar cada ser humano, de contemplá-lo em seu interior, esse lugar ainda não profanado em cada pessoa, o lugar de sua infância e de sua paz.

No momento em que o Verbo de Deus assume um rosto, todo ser humano chega à plenitude de sua realização: entra em comunhão com o Infinito e recebe uma dignidade infinita.

“Deus se humanizou”: tal expressão revela que a Misericórdia de Deus significa também ternura.

Apareceu um Menino: apareceu a ternura e a doçura do Deus que salva. No rosto de uma criança se faz visível a Misericórdia que desce sempre mais abaixo, que nasce no ventre da terra e se faz terra fértil.

A verdadeira Misericórdia sabe desta ternura e desta reverência diante do outro; não é unicamente uma qualidade do modo de ser de Deus, senão o Ser mesmo que Ele é. É o que se entrega, amorosa e delicadamente, e que para isso desce sempre mais abaixo, nos extremos da condição humana.

Misericórdia carregada de humanidade: possibilitadora de tudo o que existe, discreta presença expansiva que ilumina todas as expressões de vida, Rosto que desvela todos os rostos e a todos dignifica.

Abrir-se à dinâmica da ternura parece ser a grande aspiração de nosso tempo, marcado pela frieza nos relacionamentos, pelo preconceito que cria barreiras, pela prepotência que alimenta violências.

Somos ternos quando nos abrimos à linguagem da sensibilidade, entrando em sintonia com as alegrias e dores do outro; somos ternos quando reconhecemos nossa fragilidade e entendemos que a força nasce da partilha do alimento afetivo com os outros; somos ternos quando acolhemos a diferença que nos enriquece; somos ternos quando abandonamos a lógica da violência, protegendo os nichos afetivos e vitais (grutas) para que não sejam contaminados pelas exigências da competição e produtividade.

Este é o convite insistente do Natal: marcados pela ternura de Deus, viver misericordiosamente…




Diocese de Assis

 

 

Uma boa notícia sempre provoca reações. Quem a recebe quer logo partilhá-la. Foi o que aconteceu com o anúncio do anjo Gabriel à Maria, futura progenitora do menino Deus. Não somente uma, mas duas grandes notícias: sua própria concepção e a gravidez de Isabel, sua prima, já no sexto mês, apesar da idade avançada. Para Deus, realmente, o impossível nada significava. Mas para um coração humano cerceado por tantas e tantas notícias ruins, as boas deveriam ser confirmadas e propagadas o mais rapidamente possível. Então Maria não teve dúvidas. Juntou o que era possível e necessário para a viagem e zarpou “para a região montanhosa, dirigindo-se apressadamente, a uma cidade da Judeia” (Lc 1,39). Foi visitar e ajudar sua prima Isabel. Levava consigo o anúncio da Salvação!

A igreja doméstica de Nazaré mal nascia e já se punha em saída, a caminho… Esse era o primeiro exemplo da atitude missionária que identifica toda e qualquer ação doutrinária coerente com a razão de ser da Igreja. Desde Maria até nossos dias. Desde sempre. Não há como ser portador de uma boa notícia e retê-la para si próprio. Não há como não se alegrar ou solidarizar-se com um semelhante sem partilhar dores e alegrias um do outro. No caso, Maria foi ao encontro de sua prima não só para sentir o milagre que se operava naquele ventre quase estéril, como também mostrar-lhe a fecundidade do próprio. O tempo de Deus não se media pela idade avançada ou precocidade de uma e de outra, mas pela graça que se operava em ambas. A elas coube apenas a aceitação dessa graça em suas vidas. Então a revelação acontece: “Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar?” Como acreditar na divina maternidade de Maria nos dias de hoje, nas “visitas” que ela continua a nos fazer com seu zelo maternal?

A visita de Maria a Isabel não foi uma mera cordialidade familiar. Antes, estava possuída de revelações e lições missionárias que dizem respeito à razão de ser da Igreja, mãe e mestra dos mistérios da redenção. Sem sua participação não haveria razão para se enfrentar os desafios da estrada, ir ao encontro de quem iria preparar o caminho do novo Reino, ser o sinal da alegria que os ventres de duas mulheres ofereceriam ao mundo, “Logo que a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança pulou de alegria no meu ventre”, comentou Isabel diante da graça daquelas visitas: Jesus e Maria! Eis no que resulta a abertura de alma para entender e aceitar o milagre da redenção, a presença filial e maternal desse milagre em nossa história. Sem Maria continuaríamos órfãos da graça de Deus. Sem Jesus nunca poderíamos nos dizer irmãos na fé. Sem Isabel, o caminho da salvação continuaria fechado, inacessível ao coração humano!

Por isso e pelos exemplos dessa ação mariana é que o papa Francisco nos exorta a fazer o mesmo, ir de encontro ao outro, caminhar em direção à realidade antagônica do mundo sem Deus. Isso é ser Igreja, hoje. Igreja missionária e em saída permanente. “Saindo a serviço e ao encontro do outro, como Maria, é que transformaremos o mundo com nossa presença e ação missionária”, nos lembra o papa. O anúncio já temos: eis que chegou para nós o Salvador! Agora só nos resta o serviço, a ação: preparar o caminho, endireitar suas veredas! Isso podemos fazer, desde agora. É a saída que temos!

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]




Diocese de Assis

 

O tempo da misericórdia chegou!

Chegou como um sopro revitalizador; como um novo alento; como fonte de água limpa; como bálsamo; como graça; como luz; como ponte…

A misericórdia não é um outro nome do perdão, embora ela o contenha. No campo das relações humanas e de fé, o perdão é o ato e a misericórdia a atitude. Como atitude, a misericórdia é, sempre, o pressuposto de todos os atos bem resolvidos. Sem uma atitude de misericórdia nada é bem sucedido: nem o perdão, nem a reconciliação, nem o amor, nem o convívio… nada na vida.

A misericórdia é uma atitude de quem tem amor, mesmo quando o amor não foi amado, querido, correspondido ou guardado, como a pérola produzida no interior de uma ostra.

O grão de areia, ao adentrar na ostra fere o seu interior, causando danos à estrutura interna da concha. Mas mesmo assim, a ostra necessita fazer esse movimento de abrir-se para captar nutrientes repetidas vezes, pois do contrário ela desfalece e morre. A ostra prefere viver e sofrer do que morrer. Acontece que, na parte interna da concha é encontrada uma substância lustrosa chamada Nácar. Quando um grão de areia a penetra, as células do Nácar começam a trabalhar e cobrem o grão de areia com camadas e mais camadas, para proteger o corpo indefeso da ostra. Uma Ostra que não foi ferida de algum modo, não produz pérolas, pois as pérolas são feridas cicatrizadas.

A misericórdia abre seus braços para encher de calor o corpo e o espírito daquele que se encontra abatido ou prostrado no chão. A misericórdia abre os caminhos do encontro e fecha as portas dos muitos desencontros; vigia a língua e prepara a palavra; cala o maldizente e dá voz ao grato; guarda o silêncio e motiva o interior, faz a escalada ao amor e veda o abismo do ódio; mostra a profundidade do ser humano e a grandeza de Deus. A misericórdia lança seus raios e toca todas as realidades humanas e do universo.

Deus é misericórdia e nos convida a entrar em seu domínio.

  1. “A misericórdia do homem é para o seu próximo, porém a misericórdia do Senhor é para todos os seres vivos” (Eclo 18,12).
  2. “É por isso que o Senhor tem paciência com os homens, e derrama sobre eles a sua misericórdia” (Eclo 18,10).
  3. “Felizes os que são misericordiosos, porque encontrarão misericórdia” (Mt 5,7).
  4. “Nós consideramos felizes os que foram perseverantes. Vocês ouviram falar da constância de Jó e conhecem o fim que o Senhor reservou para ele, porque o Senhor é rico em compaixão e misericórdia” (Tg 5,11)
  5. “Falem e ajam como pessoas que vão ser julgadas pela lei da liberdade, porque o julgamento será sem misericórdia para quem não tiver agido com misericórdia. Os misericordiosos não têm motivo de temer o julgamento” (Tg 2,11-13).
  6. “Portanto, aproximemo-nos do trono da graça com plena confiança, a fim de alcançarmos misericórdia, encontrarmos graça e sermos ajudados no momento oportuno” (Hb 4,16).
  7. “Mantenham-se no amor de Deus, esperando que a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo lhes dê a vida eterna” (Jd 1,21).

A quem Deus revelou a sua misericórdia, também entregou o seu serviço.

“Meu filho, se você se apresenta para servir ao Senhor, prepare-se para a provação. Tenha coração reto, seja constante e não se desvie no tempo da adversidade. Una-se ao Senhor e não se separe, para que você no último dia seja exaltado. Aceite tudo o que lhe acontecer, e seja paciente nas situações dolorosas, porque o ouro é provado no fogo e as pessoas escolhidas, no forno da humilhação. Confie no Senhor, e ele o ajudará; seja reto o seu caminho, e espere no Senhor. Vocês que temem ao Senhor, confiem na misericórdia dele, e não se desviem, para não caírem. Vocês que temem ao Senhor, confiem nele, que não lhes negará a recompensa de vocês. Vocês que temem ao Senhor, esperem dele os benefícios, a felicidade eterna e a misericórdia Os que temem ao Senhor preparam seus corações, e diante dele se humilham. Cada um de nós se coloque nas mãos do Senhor, e não nas mãos dos homens, pois a misericórdia dele é como a sua grandeza” (Eclesiástico 2,1-9.17-18).

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS 




Diocese de Assis

 

Antigamente, quando alguém estreava numa atividade profissional ou esportiva, ou iniciava uma mudança de vida, dizia-se que estava recebendo seu batismo de fogo naquela área ou simples iniciação. Receber um batismo de fogo era quase uma festa, merecedora de aplausos e congratulações. Momento de muita euforia para aquele que atingia um clímax na realização de um sonho ou de muita expectativa para quem desejasse vida nova, mudança de rumos.

Mais ou menos essa era a definição que Joao Batista fez de sua atividade profética às margens do rio Jordão. Dizia ser aquele tempo um momento de transformação, a hora das mudanças. A conduta social daquele povo exigia nova mentalidade para se criar os vínculos da fraternidade e solidariedade entre eles. “Quem tiver duas túnicas dê uma…” Era preciso respeitar as leis, mas igualmente fazer por merecer aquilo que se conquistava com o próprio suor. Os impostos devidos só seriam justos se não ultrapassagem os critérios estabelecidos. Respeitar o direito do outro, suas posses e bens honestamente conquistados. “Não tomeis à força dinheiro de ninguém…” Nunca se deveria levantar falso testemunho, pois era esse o grande pivô da discórdia e instabilidade nas relações comunitárias. Continua sendo.

Então João declarou a todos, em alto e bom som: “Eu vos batizo com água, mas virá aquele que é mais forte,,, Ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo” (Lc 3, 16). Estava estabelecida a diferença entre um batismo para iniciantes e a imersão maior e definitiva do Batismo que Jesus iria nos oferecer: o Fogo! Eis porque a Igreja denomina o gesto sacramental do batismo como rito de iniciação cristã. Início que culmina com o sacramento do Crisma, o rito da maioridade na fé. Somente após a unção sagrada do crisma é que podemos nos dizer adultos na caminhada cristã. Somente após a vinda do Espírito, em Pentecostes, é que os discípulos de Jesus assumiram com profissionalismo e destemor os desafios e as exigências da vida cristã. Tornaram-se destemidos defensores daquilo que acreditavam e testemunharam em vida. Receberam o verdadeiro Batismo de Fogo, a força necessária para perseverarem na fé e defesa dos valores cristãos. As luzes e bolas de fogo que pairavam sobre eles durante Pentecostes não eram mero simbolismo ou força de retórica evangélica, mas realização de uma promessa: “A palha, ele a queimará no fogo que não se apaga” Tudo aquilo que é supérfluo e insignificante para nossa vida de fé será posto de lado, destruído e abandonado à beira do caminho, pois o que nos interessa é maior que tudo o que aqui temos e vemos.

“A paz de Deus, que ultrapassa todo o entendimento, guardará os vossos corações e pensamento em Cristo Jesus” (Fl 4, 7) Isso sim, é fogo! O fogo de todas as nossas paixões purificadas e canalizadas para o verdadeiro Amor. Esse é o verdadeiro batismo anunciado às margens daquele rio no deserto. Virá então Cristo Jesus, Senhor e Diretor de nossas almas, nossas vidas em constante busca de seu significado e razão de ser e nos dará as respostas que buscamos. Para tanto, estejamos preparados. Com o coração puro e a alma aberta ao entendimento dos mistérios que cercam nossas vidas. Assim, atentos, mereceremos o diploma que sonhamos, a graça de sermos chamados filhos de Deus com a unção de seu Batismo de Fogo… o fogo do verdadeiro Amor.

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]




DIOCESE DE ASSIS

Em comunicação, não basta que a mensagem seja boa, é necessário que o meio seja bom para que a mensagem alcance o seu objetivo: ser comunicada. De um modo geral, a eficiência da comunicação passa pela eficiência dos meios.

Na fé, o bom não é somente o eficiente, mas o eficaz. Quer dizer, a mensagem, de alguma forma está presente no mensageiro e o mensageiro na mensagem. Jesus é, ao mesmo tempo, mensagem e mensageiro: “A palavra de Deus é viva, eficaz e mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes; ela penetra até o ponto onde a alma e o espírito se encontram, e até onde as juntas e medulas se tocam; ela sonda os sentimentos e pensamentos mais íntimos” (Hb 4,12). Em Jesus a comunicação é plena na forma e no conteúdo. Por isso, falamos em Boa Notícia!

Compartilho com todos um texto de Santo Agostinho que nos ajuda a pensar a mensagem e o mensageiro visto a partir de Jesus e João Batista.

JOÃO É A VOZ, CRISTO, A PALAVRA

Dos Sermões de Santo Agostinho, bispo (Séc. V)

“João era a voz, mas o Senhor, ‘no princípio, era a Palavra’ (Jo 1,1). João era a voz passageira, Cristo, a Palavra eterna desde o princípio.

Suprimi a palavra, o que se torna a voz? Esvaziada de sentido, é apenas um ruído. A voz sem palavras ressoa ao ouvido, mas não alimenta o coração.

Entretanto, mesmo quando se trata de alimentar nossos corações, vejamos a ordem das coisas. Se penso no que vou dizer, a palavra já está em meu coração. Se quero, porém, falar contigo, procuro o modo de fazer chegar ao teu coração o que já está no meu.

Procurando, então, como fazer chegar a ti e penetrar em teu coração o que já está no meu, recorro à voz e por ela falo contigo. O som da voz te faz entender a palavra; e quando te fez entendê-la, esse som desaparece, mas a palavra que ele te transmitiu permanece em teu coração, sem haver deixado o meu.

Não te parece que esse som, depois de haver transmitido minha palavra, está dizendo: ‘É necessário que ele cresça e eu diminua’? (Jo 3,30). A voz ressoou, cumprindo sua função, e desapareceu, como se dissesse: ‘Esta é a minha alegria, e ela é completa’ (Jo 3,29). Guardemos a palavra; não percamos a palavra concebida em nosso íntimo.

Queres ver como a voz passa e a palavra divina permanece? Que foi feito do batismo de João? Cumpriu sua missão e desapareceu; agora é o batismo de Cristo que está em vigor. Todos cremos em Cristo e esperamos dele a salvação: foi o que a voz anunciou.

Justamente porque é difícil não confundir a voz com a palavra, julgaram que João era o Cristo. Confundiram a voz com a palavra. Mas a voz reconheceu o que era para não prejudicar a palavra. ‘Eu não sou o Cristo’ (Jo 1,20), disse João, nem Elias nem o Profeta. Perguntaram-lhe então: ‘Quem és tu?’ Eu sou, respondeu ele, ‘a voz que grita no deserto: Aplainai o caminho do Senhor’ (Jo 1,19.23). É a voz do que grita no deserto, do que rompe o silêncio. ‘Aplainai o caminho do Senhor’, como se dissesse: ‘Sou a voz que se faz ouvir apenas para levar o Senhor aos vossos corações. Mas ele não se dignará vir aonde o quero levar, se não preparardes o caminho’.

O que significa: ‘Aplainai o caminho’, senão: Orai como se deve orar? O que significa ainda: ‘Aplainai o caminho’, senão: Tende pensamentos humildes? Imitai o exemplo de João. Julgam que é o Cristo e ele diz não ser aquele que julgam; não se aproveita do erro alheio para uma afirmação pessoal. Se tivesse dito: ‘Eu sou o Cristo’, facilmente teriam acreditado nele, pois já era considerado como tal antes que o dissesse. Mas não disse; pelo contrário, reconheceu o que era, disse o que não era, foi humilde. Viu de onde lhe vinha a salvação; compreendeu que era uma lâmpada e temeu que o vento do orgulho pudesse apagá-la.

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS




Diocese de Assis

 

O maior dos milagres e mistérios da fé cristã é sua própria origem: Deus se fez homem! Para tanto, uniu céus e terra. Um anjo celeste anunciou e uma virgem da terra aceitou… “Céus e terra proclamam vossa glória, hosana nas alturas; bendito o que vem em nome do Senhor, hosana nas alturas!”  Tinha razão o salmista. O grande milagre da criação agora se repetia unindo céus e terra, Deus e os homens, numa segunda criação capaz de aperfeiçoar a primeira numa remissão por amor, sem limites. Era bendito aquele que vinha. E que veio.

Num primeiro momento, o anúncio levantou temores. Diante do desconhecido, do inusitado, é natural o medo, a insegurança. Mas as forças angelicais são capazes de acalmar e serenar qualquer coração conturbado. “Não tenhas medo, Maria, porque encontraste graça diante de Deus” (Lc 1,30). O conforto angelical aplainou as veredas da incerteza. O sim mariano tornou-se o selo definitivo do grande pacto de amor que a concepção divina proporcionou à humanidade… Então um novo Adão ressurgiu, não mais do barro da terra, mas dos mistérios e das graças celestiais. Não mais um filho do homem, mas um “Santo, Filho de Deus”.

O anúncio evangélico foi o preâmbulo da Boa Notícia que muitas gerações sonharam ver e ouvir. Nascer, crescer e morrer era o limite estabelecido pela desobediência do Éden, o pecado que limitou a vida a um ciclo biológico sem outras expectativas além do fim e da condenação pura e simples. Agora não! Agora o sim de Maria abria um novo horizonte diante das contradições da vida sem sentido. Sim! Há uma porta de redenção a nos apontar outro caminho que não seja o das desilusões da vida e da morte. A mãe cheia de graça acolhe em seu ventre a redenção em pessoa, Aquele que venceria a morte e nos apontaria um túmulo vazio como a maior das vitórias possíveis a um humano. A ressurreição da carne e a vida eterna tornar-se-iam sua bandeira, sua nova e eterna aliança, seu pacto de amor para conosco.

O sim de Maria foi o primeiro passo nessa história. Não há como compreender o cristianismo sem respeitar e venerar esse momento sagrado. Para acontecer o milagre da redenção era preciso que os dois lados – criatura e Criador – estivessem dispostos a reescrever a história. Era preciso que Deus e os homens se reencontrassem na fertilidade da fé – tal qual a pureza da concepção sem manchas, sem interesses, sem maledicências, sem rancores, que se realizaria em Maria. “Faça-se em mim, segundo a tua palavra”! Esse foi o consentimento das graças, que os lábios de Maria proclamaram e aceitaram em nome da humanidade toda. Faça se em nós, poderíamos entender… Assim, a servidão mariana foi o primeiro passo para que Deus pudesse agir e interagir com a humanidade restaurada em sua graça. Assim, o fruto do ventre tornou-se bendito entre nós porque Maria permitiu, porque sua humildade compreendeu quão grandioso era o mistério daquele anúncio angelical. Por isso e por tudo mais é que damos a Maria o título de corredentora. Quem rejeita Maria, rejeita também seu Filho. A graça da salvação só foi possível depois que a mulher “cheia de graça” permitiu que Deus habitasse todo seu ser. E a transformasse em mãe de Deus e dos homens. Só então “o anjo retirou-se”. Ave, cheia de graça!

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]