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Diocese de Assis

 

Nem tudo, na vida, é permanente. Mas, aquilo que permanece, torna-se escola de formação do específico de cada um, quanto aos princípios, valores, conduta, visão, relacionamento, vocação e missão.

A família é, por si mesma, uma escola natural de formação para a vida; uma matriz de construção da existência; um referencial humano; um contexto vital. Nela, o individuo se realiza e, também, realiza sua vocação e missão.

Toda pessoa precisa de uma família. Este é um direito natural que não lhe pode ser negado. Sem família, a vida não flui. Sem família, a vida não acontece. Infelizmente, porém, não são poucos os que estão sem família, apesar de tê-la. As circunstâncias deste ‘despossuimento’ são múltiplas e não temos como relacioná-las, todas, aqui. Mas, não podemos perder de vista que, embora a família seja uma escola natural de formação para vida, ela não é exclusiva, mas, funciona em conexão com outras matrizes, como suporte.

A comunidade é outra matriz de construção para a vida, e, além do cabedal de formação correlato aos da família (princípios, valores…) integra elementos de fé, ampliando a relação interpessoal para a relação transcendental. Nesse sentido, comunidade é, não só um direito natural do indivíduo, mas, um dom de fé que, passa pela Igreja, e, precisa de adesão na corresponsabilidade.

A comunidade é o espaço humano-divino que garante a integralidade da vida, em formação permanente. O livro dos Apóstolos apresenta um modelo de comunidade que corresponde ao mistério humano, como encontro com Deus e o Outro: “Eram perseverantes em ouvir o ensinamento dos apóstolos, na comunhão fraterna, no partir do pão e nas orações…” (At 2,42-47).

No Documento 100, encontramos algumas expressões muito interessantes:

Nº 152: “A comunidade-Igreja encontra seu fundamento e origem no Mistério Trinitário (…) recebe o dom da unidade que permite a comunhão das pessoas com Cristo e entre si.”

Nº 172: “A expressão comunidade de fiéis indica a união, a partir da fé, daqueles que são batizados e estão em plena comunhão com a Igreja…”

Nº 177: A comunidade cristã é a experiência de Igreja que acontece ao redor da casa (domus ecclesiae).

Nº 178: A ideia de comunidade como casa fornece o conceito de lar, ambiente de vida, referência e aconchego de todos que transitam pelas estradas da vida. Recuperar a ideia de casa significa garantir o referencial para o cristão peregrino encontrar-se no lar.”

Portanto:

Nº 179: “A comunidade cristã é casa da Palavra, na qual o discípulo escuta, acolhe e pratica a Palavra.” Pela palavra se desenvolve o senso de Memória e Celebração (liturgia) que garante a manutenção da história, da pertença e da caminhada.

Nº 181: A comunidade cristã vive da Eucaristia (é casa do pão): “A fé da Igreja é essencialmente fé eucarística e alimenta- se, de modo particular, à mesa da Eucaristia.” A percepção da mesa põe a comunidade em estado de partilha, comunhão e perdão.

Nº 181: Na Palavra e na Eucaristia, o cristão vive numa nova dimensão, a relação com Deus e com o próximo: a dimensão do amor como ágape (torna-se a casa da caridade). A caridade amplia o compromisso com o outro para além dos vínculos religiosos porque caridade supõe o ideal de amor e justiça.

A comunidade cristã é chamada ao testemunho missionário. Sabendo que “missão supõe ‘testemunho de proximidade que entranha aproximação afetuosa, escuta, humildade, solidariedade, compaixão, diálogo, reconciliação, compromisso com a justiça social e capacidade de compartilhar, como Jesus o fez’.” (nº 186).

Sejamos comunidade, para o bem de nossa conversão missionária!

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS




Diocese de Assis

 

Neste mundo ele atrai a traça. No outro nos enche de graças. Assim definimos e diferenciamos os tesouros terrenos do grande tesouro prometido aos que acreditam em recompensas celestiais. “Bom mestre, que devo fazer para ganhar a vida eterna?” (Mc 10,17). A pergunta do seguidor dos mandamentos divinos está no ar. É a mesma que nos fazemos, diuturnamente, quando confrontamos a falácia da vida humana e as riquezas e benesses que nos são oferecidas através da fé em Cristo Jesus. Alcançaremos tamanhas recompensas? Mereceremos a posse de um tesouro no céu?

Na dúvida, um desafio nos é feito. Já que somos fiéis cumpridores das leis divinas, que observamos tim tim por tim tim todos os dez mandamentos, que vamos além na prática dos preceitos religiosos, que pagamos os dízimos “da hortelã, do endro e do cominho”, que nos esforçamos ao máximo para demonstrar nossa fé e nosso “temor a Deus”, só nos resta uma atitude: “vai, vende tudo o que tens e dá aos pobres”. Como assim? As posses que aqui amealhamos com tanto suor e sacrifícios, com tanta garra e… astúcia às vezes, com tanta galhardia e orgulho pelas conquistas diárias… esses troféus cotidianos que nosso trabalho mereceu, não, isso não! Afinal, são frutos de um trabalho honesto, conquistas justas e abençoadas. Dá-los aos pobres? Isso nunca.

E o fiel cumpridor das leis “ficou abatido e foi embora cheio de tristeza, porque era muito rico” (Mc 10, 22).

A diferenciação entre mérito e apego é o dilema aqui exposto. Não é a questão da riqueza em si, mas do uso que dela fazemos em função da vida comunitária. Dar aos pobres vai além da responsabilidade administrativa dos bens que nos foram confiados neste mundo. É fazer desses bens fonte de um bem maior, através da ação e função social que estes possam gerar. É administrá-los com responsabilidade coletiva, pois que estes também produzem uma corrente de riquezas que sustenta e beneficia a muitos. Isso é dar aos pobres. Fazer com que as riquezas que lhe foram creditadas sejam fonte de vida e de prosperidade a muitos que se aproximam delas e nelas encontrem sustento e oportunidade de crescimento e vida. Função social da riqueza!

Triste, por outro lado, é a riqueza enraizada no egoísmo e na ambição sem medidas. Nessa não há visão do Reino de Deus. O camelo passará facilmente pelo fundo da agulha (curral destinado a avaliar peso, medidas e saúde dos animais, como aqueles que os pecuaristas fazem para vacinar seu rebanho) conquanto o rico proprietário ficará restrito à visão do rebanho, sem a posse das pastagens verdejantes do outro lado do seu curral. Se não entenderam, paciência! O rebanho do mestre corre solto e saudável do outro lado, no “Reino que para todos preparastes!”

Aos que entenderam e aceitaram esse desafio de fé resta um alerta: não será fácil! O desapego inclui também o bem-estar na vida familiar, a convivência fraterna e social e muitos outros sacrifícios que a vida pessoal almeja, mas que lhe será tirada pela opção evangélica, pois “por causa de mim e do Evangelho, receberá cem vezes mais agora, durante esta vida – casa, irmãos, irmãs, mães filhos e campos, com perseguições – e, no mundo futuro, a vida eterna”. Com perseguições, críticas, incompreensões, etc, etc…

 

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]

 

 




Diocese de de Assis

 

Toda ação de Deus se realiza sobre pessoas concretas, numa realidade concreta e num tempo real. Nesse sentido, tudo o que Deus faz é para transformar a realidade sobre a qual a sua ação incide; é ação profética: denuncia um mal e anuncia um bem.

Quando as ações de Deus são demonstradas na Bíblia, o texto bíblico sempre apresenta a situação, o contexto da situação, e o seu propósito frente a situação. Para ficar bem claro, tomemos como exemplo dois textos do Êxodo:

Ex 2,23-25: “Os filhos de Israel gemiam sob o peso da escravidão, e clamaram; e do fundo da escravidão, o seu clamor chegou até Deus. Deus ouviu as queixas deles e lembrou-se da aliança que fizera com Abraão, Isaac e Jacó. Deus viu a condição dos filhos de Israel e a levou em consideração”.

Ex 3,1-10: “Moisés estava pastoreando o rebanho. O anjo de Senhor apareceu a Moisés numa chama de fogo do meio de uma sarça. O Senhor viu Moisés (…). E do meio da sarça o chamou: ‘Moisés, Moisés!’ Ele respondeu: ‘Aqui estou’. O Senhor disse: ‘Eu vi muito bem a miséria do meu povo que está no Egito. Ouvi o seu clamor contra seus opressores, e conheço os seus sofrimentos. Por isso, desci para libertá-lo do poder dos egípcios e para fazê-lo subir dessa terra para uma terra fértil e espaçosa, terra onde corre leite e mel’”

Lendo o texto descobrimos a situação, o contexto e o propósito de Deus. A escrita da Bíblia foi encerrada com a morte do último apóstolo. Apesar disso, a Palavra de Deus continua sendo escrita na vida com letras grandes. De tal forma que, os acontecimentos da fé são fruto da ação de Deus, mesmo quando não se encontram escritos na Bíblia.

Vejamos! O dia 12 de outubro tem sido guardado como dia santo porque se comemora a padroeira do Brasil, NOSSA SENHORA APARECIDA. Mas devemos nos perguntar: Por que se comemora Nossa Senhora e por que ela é a padroeira do Brasil? Nossa Senhora não é, apenas, um símbolo religioso, é a mãe de Jesus e, a nossa mãe. Suas aparições estão sempre contextualizadas em situações muito delicadas da vida pessoal ou nacional. O contexto sócio-econômico brasileiro para a aparição de Nossa Senhora Aparecida é bem determinado: o escravismo negro e a escandalosa situação político-econômica dela decorrente.

A história de Nossa Senhora tem seu início pelos meados de 1717, em meio a uma pesca, numa ação profética. Os pescadores Domingos Garcia, Filipe Pedroso e João Alves saíram a procura de peixes no Rio Paraíba. Tentaram e nada conseguiram, até chegar ao Porto Itaguaçu. João Alves lançou a rede nas águas e apanhou o corpo de uma imagem de Nossa Senhora da Conceição sem a cabeça. Lançou novamente a rede e apanhou a cabeça da mesma imagem. Daí em diante os peixes chegaram em abundância para os três humildes pescadores e a história seguiu seu curso.

No arco do tempo em 734, construiu-se a Capela no alto do Morro dos Coqueiros; em 1834 foi iniciada a construção de uma igreja maior (atual Basílica Velha); em 1894, padres e irmãos Redentoristas foram trabalhar com os romeiros; em

8 de setembro de 1904, a Imagem de N. Senhora foi coroada por D. José Camargo Barros; em 29 de Abril de 1908, a igreja recebeu o título de Basílica Menor; 17 de dezembro de 1928, a vila que se formara ao redor da igreja tornou-se Município; 1929, nossa Senhora foi proclamada Rainha do Brasil e padroeira oficial, pelo Papa Pio XI; em 11 de Novembro de 1955 iniciou-se a construção de uma outra igreja, a atual Basílica Nova; em 1980, ainda em construção, a igreja foi consagrada pelo Papa João Paulo II e recebeu o título de Basílica Menor; em 1984, CNBB declarou, oficialmente, a Basílica de Aparecida: Santuário Nacional; “maior Santuário Mariano do mundo”.

A aparição de Nossa Senhora, em Aparecida, é uma resposta de Deus ao povo brasileiro, como foi no Egito: Eu vi muito bem a miséria do meu povo… ouvi o seu clamor… conheço os seus sofrimentos… desci para libertá-lo… e para fazê-lo subir dessa terra para uma terra fértil e espaçosa… Por isso, vá. Eu envio você.

Viva a mãe de Deus e nossa!

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS 




Diocese de Assis

 

Culturalmente, missão, sempre, esteve ligada ao universo religioso e com implicações de fé. Esta linguagem é comum ao ambiente eclesial.

Missão deixou de figurar, tão somente, no universo religioso e como linguagem eclesial. O que parecia uma exclusividade, agora, é compartilhado por muitas organizações no domínio de seus negócios, seja em vista de melhores resultados econômicos e de produtividade; seja em função da caracterização e diferenciação de sua identidade, filosofia, produto e imagem.

Além da missão, as organizações ostentam mais duas ferramentas: Visão e Valores.

Com isso, poderíamos dizer que é tudo a mesma coisas?

É evidente que não! A aproximação da linguagem, não significa equiparação.

Quando falamos em missão dentro do universo religioso, continuam valendo os imperativos da fé que determinam o conteúdo e a forma da missão. A fé não é um produto de compra e venda e, a religião, não é uma organização empresarial. O específico Cristão não é um produto, mas, uma promessa: a salvação e a vida eterna.

Originalmente, no domínio da fé cristã, missão é servir. É próprio Jesus quem diz: “Quem quiser ser o primeiro, seja o servo de todos” (Mc 10,44).

Este ensinamento de Jesus nos obriga a desconstruir a imagem de missão que, infelizmente, foi sendo criada como cargo, prestígio e poder e, a imagem de serviço como tarefa, obrigação ou moeda de troca. De fato, a prática missionária, no seio da Igreja, sofreu, ao longo do tempo, muitas deturpações e esvaziamento.

Deve estar claro que a especificidade missionária da Igreja é necessária; por isso falamos em missão do papa, missão dos clérigos, missão dos consagrados, missão dos leigos, missão redentorista, missão popular, santas missões populares, missão jovem etc. Mas, antes disso, devemos falar em missão como algo relacionado à natureza, à essência, à vida da Igreja, em cada um de seus membros, a partir de Cristo, o Missionário do Pai. Nesse sentido, a missão é, não só aquilo que o sujeito da missão tem a dizer, a fazer ou a comunicar, mas, ele próprio é missão; sim! Uma vez que, se dispõe a missionar não o faz, prescindindo de si mesmo, de sua vida, de sua história, de sua existência. Pelo contrário, sua vida se faz missão; sua história se faz missão; sua existência se faz, missão. Por isso é que dizemos, a Igreja é missionária.

Missão é servir!

Tem a ver com amor, doação, entrega.

Diz o papa Francisco na Exortação Apostólica: A Alegria do Evangelho: “Na doação, a vida se fortalece; e se enfraquece no comodismo e no isolamento. De fato, os que mais desfrutam da vida são os que deixam a segurança da margem e se apaixonam pela missão de comunicar a vida aos demais (…) aqui descobrimos outra profunda lei da realidade: ‘a vida se alcança e amadurece à medida que é entregue para dar vida aos outros’. Isto é, definitivamente, a missão.”

Missão é servir!

Tem a ver com o próprio Cristo que “veio não para ser servido mas, para servir e dar a vida como resgate, em favor de muitos” (Cf. Mt 20,28).

A missão-serviço não cabe nos planos dos carreiristas; dos que pretendem os primeiros lugares; dos que brigam pelo poder; dos que perseguem a fama e o prestígio; dos que se vendem pelo sucesso.

A missão-serviço é uma cooperação com a missão de Deus. É Deus, sempre, quem toma a iniciativa e, nós, como servos, vamos seguindo seus passos.

A missão-serviço é ministério; administrador das coisas de Deus: “Cada um viva de acordo com a graça recebida e coloquem-se a serviço dos outros, como bons administradores das muitas formas da graça que Deus concedeu a vocês. Quem fala, seja porta-voz de Deus; quem se dedica ao serviço, faça com as forças que Deus lhe dá, a fim de que em tudo Deus seja glorificado por meio de Jesus Cristo, ao qual pertencem a glória e o poder para sempre” (1Pd 4,10-11). Parece estranho, mas “administrar” vem de “menos” (em latim, MINUS). Desta palavra se fez um superlativo, MINOR, “menor”. De MINOR se fez MINISTER, primeiramente “servo, criado, ajudante” em sentido amplo e depois “servo de Deus, sacerdote, ministro religioso”.

Missão é servir! Portanto, “Quem quiser ser o primeiro, seja o servo de todos (Mc 10,44).

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS




Diocese de Assis

 

Por causa da dureza do coração humano, Moisés tolerou que o divórcio conjugal fosse aceito pelos israelitas. Essa tolerância ia contra os mandamentos que ele próprio havia promulgado naquela travessia de longos anos. Jesus, o novo Moisés, aquele que não veio abolir a lei, “mas levá-la à perfeição”, ratifica: “Quem repudia sua mulher e se casa com outra, comete adultério contra a primeira” (Mc 10,11). E vice e versa. Antes, reafirmou: “já não são dois, mas uma só carne. Não separe, pois, o homem, o que Deus uniu”.

Estão aí as mais objetivas palavras a favor da indissolubilidade da vida conjugal. Para muitos – talvez grande maioria – são essas prerrogativas cristãs um grande empecilho para a adesão e o seguimento incondicional ao mestre nazareno. Diria até ser este o motivo maior que impede um crescimento exponencial do cristianismo no mundo, nos dias de hoje. A vida dissoluta e prazerosa de muitos não combina com um compromisso de fidelidade, em especial quando esse compromisso diz respeito à vida a dois, à instituição familiar. E fidelidade é questão de observância à lei, de respeito à sua sacralidade. E sagrado é o caminho da santidade, da fidelidade também a Deus.

Assusta-nos essa tomada de consciência, que aponta nossa infidelidade não apenas ao cônjuge traído ou repudiado, mas igualmente a Deus. Se houve total adesão à vontade divina, se a bênção nupcial recebida foi algo divino, fruto de seu plano de amor, projeto de vida familiar e conjugal, então não se corta ao meio aquilo que “Deus uniu”. Eis a questão. Houve ou não o dedo de Deus naquela vida a dois? Foi Deus ou a volúpia carnal que os fez “marido e mulher”? Como diferenciar o fato do ato, a união plena e real de uma atração e ilusão momentâneas? Para diagnosticar essa verdade existem os tribunais da Igreja, que atestam ou não uma validade sacramental. Mas o fato primeiro é que não nos cabe aqui qualquer julgamento. Essa questão só Deus pode julgar.

A lição maior desse posicionamento radical de Jesus está no peso da lei de Deus. Não à toa a denominamos Lei do Amor. Nela residem todos os elementos da autenticidade, da fidelidade, da tolerância e do diálogo que caracterizam uma união plena e perfeita aos olhos de Deus. Assim como na pureza e no amor infantil, que circundam os passos de Jesus com alegria e simplicidade, “porque o Reino de Deus é dos que são como elas” (Mc 10,14). Ou seja, ninguém conserva um relacionamento perfeito, de amor pleno e duradouro, se não possuir a autenticidade de uma criança diante de Deus. Porque ela confia na proteção divina. Porque ela se submete aos seus ensinamentos. Porque ela não se deixa levar pelos turbilhões da maldade e do desamor. Antes, procura estar sempre próxima e moldar-se à perfeição dos mandamentos que a fé, só a fé, as ensina a praticar.

Tornar-se uma só carne é o ápice da vida conjugal perfeita. É sentir o que o outro sente, sonhar o que o outro sonha, viver o que o outro vive. Para quem vive ou viveu uma paixão verdadeira, sabe perfeitamente quão real são essas afirmativas. Assumir, pois, o tecido da unidade plena e total numa vida a dois não é acreditar em contos de fadas ou ilusões adolescentes. É repetir diuturnamente para o amado ou a amada, o mesmo que Adão exclamou ao acordar de um sono profundo e contemplar a beleza de sua amada: “Desta vez, sim, é osso dos meus ossos e carne da minha carne”! (Gn 2,23).

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]




Diocese de Assis

 

Não era verde. Nem azul. Simplesmente, ao tocar do Mestre, não só o dedo do menino, mas todo seu corpo se iluminou. Assim entenderemos melhor esse momento de graça no colo do Senhor. Por extensão, também melhor entenderemos a poesia e a grande mensagem de Michelangelo no teto da Capela Sistina, onde bem representou a obra denominada A Criação de Adão. Tanto lá quanto cá, o gesto divino de estender a mão para acolher e dar vida à sua criatura estão presentes. O toque do dedo de Deus.  A vida sendo irradiada e transmitida como uma luz divina. O colo paterno acolhendo e embalando a sempre carente criança humana e sua alma ainda infantil.

Jesus tocou aquela criança e a colocou no colo, declarando seu amor por ela. “Quem acolher em meu nome uma dessas crianças é a mim que estará acolhendo” (Mc 9,37). Como não enxergar uma nova criação divina na ternura desse momento?

Temos aqui um belo exemplo da força que irradia do simples toque divino. Imagine então do colo… Imagine o milagre da vida nova que toma conta da pessoa que se deixa tocar, seja aqui uma criança ou não. Foi para esses “pequeninos” de alma e coração que Jesus foi enviado. O que conta não é a estatura humana, mas a pureza e simplicidade dos que se deixam por Ele serem acolhidos. Sem os truques da falsidade. Sem as mazelas dos interesses pessoais. Sem a maldade dos corações entorpecidos pelo egoísmo pessoal. Aproximar-se de Jesus como criança. Com o dedo verde de esperança, azul de saudades do infinito ou mesmo vermelho de vergonha pelos pecados. Aproximar-se de Jesus reconhecendo nossa pequenez diante dele. Nada mais. Então o toque do acolhimento torna-se um momento mágico, único, especial. Não a pessoa humana de Cristo, mas o próprio Deus entre nós é quem nos acaricia e embala em seu colo santo.

Penetrar na dinâmica desses gestos e contextos é algo revelador. Nos faz pensar. Não será a prepotência humana um instrumento de salvação. Nunca. Ao contrário, a soberba, o orgulho, a arrogância de muitos continuam como pedras de tropeço da fé cristã. Antes, é necessário um desarmar-se dos muitos conceitos e sentimentos negativos que dominam mentes e corações entulhados pela falsa sabedoria humana. O intelecto exacerbado pelo pensamento materialista será causa de condenação de grande maioria. A fé exige um desnudar-se das lógicas “dos homens”, que rejeita qualquer possibilidade de “ressurreição”. A morte é certa para todos. Mas, para muitos, não é utopia acreditar num sonho de eternidade, de vida além desta. “Os discípulos, porém, não compreendiam essas palavras… e tinham medo de perguntar”> (Mc 9,32). Criança que é criança desconhece esse medo. A pergunta é sua forma de aprendizado. Mesmo que se repitam essas perguntas ao longo de suas vidas. Perguntar, perguntar, perguntar. Um dia Deus responde com clareza.

Eis a razão do ceticismo de muitos. Medo de fazer perguntas. Só a criança aceita com naturalidade o colo de Deus, o conforto do Pai, o toque divino do Mestre que o acolhe com seu sorriso sempre cativante. Só a criança faz perguntas certeiras, objetivas. Só a simplicidade da alma ingênua, porém sedenta da verdade, afasta a insegurança, dá-nos o destemor de enfrentar a vida como crianças sonhadoras. Mas jamais ignorantes na fé que professam. Se você se sentir embalado por Jesus, neste momento, aproveite. Olhe fundo nos olhos misericordiosos do Mestre, afague seu rosto, toque também seus dedos, sua mão disposta sempre a abençoar; encoste sua cabeça em seus ombros. Então tudo será luz em sua vida!

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]

 

 




Diocese de Assis

 

Para tudo existe uma medida, referência ou parâmetro. Ninguém precisa viver às tontas, batendo cabeça, errando o rumo e a direção.

Sempre nos baseamos em algo para nos movimentarmos, nos decidirmos e enfrentar a vida. E isso é fundamental.

Quando a medida, referência ou parâmetro deixa a desejar, tudo o que vem pela frente, inclusive, nós mesmos, correm sério risco de desagregação.

O livro do Eclesiástico, no capítulo 4, nos ajuda a repensar nossa posição diante da vida e nossas atitudes frente às situações, sejam elas cotidianas ou circunstanciais.

A autoreferencialidade não é uma boa medida para agir; pelo contrário, conduz ao esgotamento das fontes e das possibilidades porque ninguém se basta a si mesmo.

Como é um livro sapiencial, o Eclesiástico nos permite fazer ponderações importantes quanto ao nosso modo de ser e agir.

Advertências importantes (vv. 1-10)

Meu filho, não recuse ajudar o pobre, e não seja insensível ao olhar dos necessitados. Não faça sofrer aquele que tem fome, e não piore a situação de quem está em dificuldade. Não perturbe mais ainda a quem já está desesperado, e não se negue a dar alguma coisa ao necessitado. Não rejeite a súplica de um pobre, e não desvie do indigente o seu olhar. Não desvie o olhar daquele que pede alguma coisa para você, e não dê ocasião para que alguém o amaldiçoe, porque se uma pessoa amaldiçoa você com amargura, o Criador atenderá ao pedido dela. Seja simpático para a comunidade, e diante de um grande abaixe a cabeça. Incline o ouvido ao pobre e responda com delicadeza à saudação dele. Arranque o oprimido do poder do opressor, e não seja covarde em fazer justiça. Seja como um pai para os órfãos e como um marido para a mãe deles. Desse modo, você será como um filho do Altíssimo, e o Altíssimo amará você mais do que a sua própria mãe.

A sabedoria educa o homem (vv. 11-19)

A sabedoria educa os seus filhos e cuida daqueles que a procuram. Quem tem amor a ela, ama a vida, e os que madrugam para procurá-la, ficarão cheios de alegria. Quem a possui, terá como herança a honra, e aonde quer que vá, o Senhor o abençoará. Aqueles que servem a ela prestam culto ao Santo, e o Senhor ama aqueles que a amam. Quem a escuta, julga com justiça, e quem lhe dá atenção viverá tranqüilo. Quem nela confia, a receberá como herança, e seus descendentes a conservarão como propriedade. Primeiro, ela o conduzirá por caminhos tortuosos, causando-lhe medo e tremor, e o atormentará com sua disciplina, até que o homem confie nela e até que ela o tenha provado com suas exigências. Depois, ela o reconduzirá pelo caminho reto, o alegrará e lhe manifestará os seus segredos. Se ele se desviar, ela o abandonará e o entregará ao sabor do próprio destino.

Autenticidade e coerência (vv. 20-31)

Observe as circunstâncias, mas guarde-se do mal e não se envergonhe de si mesmo. Existe uma vergonha que conduz ao pecado, e existe uma vergonha que traz honra e graça. Não seja muito severo consigo mesmo, e não se envergonhe do seu erro. Não deixe de falar no momento oportuno, e não esconda a sua sabedoria, porque é pelo falar que se reconhece a sabedoria, e é pela palavra que se percebe a instrução. Não contradiga a verdade, mas envergonhe-se de sua própria ignorância. Não se envergonhe de confessar os próprios pecados, e não se oponha à correnteza de um rio. Não se submeta a um insensato, e não seja parcial em favor de um poderoso. Lute até à morte pela verdade, e o Senhor Deus combaterá por você. Não seja arrogante no falar, nem preguiçoso e covarde no agir. Não seja um leão para a sua família, nem suspeite de seus dependentes. Não tenha a mão aberta para receber e fechada na hora de dar.

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS




Diocese de Assis

 

          Todo seguimento tem um custo. E um benefício. Até nas ideologias ditas mundanas, nas divisões político-sociais, no campo da produção versus consumo, em todos os setores onde o ser humano atua e constrói sua história exige-se a defesa de um ideal a seguir. Seu custo-benefício.

Também na prática da fé cristã. Aliás, exatamente nesta encontramos o mais alto preço a se pagar por seu seguimento. Seguir Jesus não é nada fácil, sequer agradável, pois exige renúncias e sacrifícios. Não pense você que uma vida de fé possa lhe render lucros e dividendos, quando o próprio mestre foi bem claro e suscinto ao dizer a que veio. Antes de cumprir sua missão, deveria sofrer muito, ser rejeitado por todos os poderes religiosos e políticos, ser acusado injustamente, humilhado publicamente, condenado e morto da forma mais vil e dolorosa e sepultado às pressas para não estragar a festa dos que comemoravam a libertação terrena de um povo que se dizia escolhido, privilegiado. Ele não. Ele seria tão somente um rejeitado do próprio povo!

Só depois viria a ressurreição, a vitória final. “Então chamou a multidão com seus discípulos e disse: ‘Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga’, pois esse era o seu preço… (Mc 8, 34). Seu benefício? A salvação eterna!

Eis aqui os parâmetros que qualquer cristão deveria ter sempre presentes em sua prática de fé. Injustiça, perseguição e incompreensão é o mínimo que o mundo nos oferece pelo simples fato de nos dizermos seguidores de Jesus de Nazaré. Tentar fazer discípulos e levar adiante a necessária difusão dos Evangelhos é quase um crime, atualmente. O mundo não nos vê com bons olhos. O cristianismo não combina com a vida dissoluta e sem compromissos da grande maioria. A perversão, o liberalismo, a devassidão, a imoralidade sem freios tornaram-se sinônimos de modernidade. Contra isso tudo a fé cristã não deve, não pode se posicionar, pois vai contra direitos adquiridos ou conquistas sociais do dito livre arbítrio humano. Ah, triste liberdade! Quem retomará as rédeas desse trotear para a perdição geral? “Quem perder a sua vida por causa de mim e do Evangelho”, nos responde Jesus.

Portanto, fé e razão não se dissociam da realidade que vivemos. Se o caos parece nos amedrontar, nos destruir, por outro lado a razão da fé cristã ainda é o lastro de luz, o único, capaz de apontar outro caminho. Não há por que sepultar a esperança de salvação, quando a vida dissoluta sempre dá sinais de cansaço e decepção. Muitos já não toleram tantos desvios de conduta e perversão. A grande maioria busca mudanças, palavras de um conforto maior, uma luz, uma esperança renovada. Só Jesus tem essas palavras. Só Ele para devolver ao mundo as promessas de eternidade que a falácia dos homens enterrou nas desilusões de uma vida passageira. Só o cristão que vive sua fé ao preço da cruz que carrega é capaz de devolver ao mundo essa esperança perdida! Coragem, pequenino rebanho… “porque não fostes vós que me escolheste, mas fui eu, para irdes fazer discípulos todos os povos”, até que tudo aqui se acabe. E se renove a face da Terra. Façam-se novas criaturas de Deus! Porque a salvação do mundo está em nossas mãos, depende de nós.

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]




Diocese de Assis

 

Hoje, enquanto eu rezava, me deparei, de novo, com o capítulo primeiro do livro do Eclesiástico. Já li outras vezes! Mas, hoje, recebi esta Palavra com um sentido novo e renovador. Abriu-me os olhos! Fez-me viajar no tempo e nos acontecimentos. Lançou-me para frente… para além das minhas demoras e reducionismos. Convocou-me à fidelidade-aliança do batismo! Iluminou-me quanto à missão do Espírito em mim! Deu novo impulso à convicção de abandonar-me nas mãos no Pai.

Nada é tão iluminador do que a retomada orante das coisas que lemos, principalmente do que lemos na bíblia. O coração precisa tomar conhecimento daquilo que a nossa mente recebe para trabalhar os conteúdos numa dimensão de fé e, não só de razão. Porque, um novo olhar começa no coração.

Convido você a rezar comigo, retomando este belíssimo texto e suas proposições, assumindo a convicção de que a Sabedoria é caminho para a vida.

Ponto 1: A sabedoria é Dom de Deus

“Toda sabedoria vem do Senhor e está com ele para sempre. Quem poderá contar a areia das praias, as gotas da chuva e os dias do mundo? 3 Quem poderá explorar a altura do céu, a extensão da terra e a profundeza do abismo? A sabedoria foi criada antes de todas as coisas, e a inteligência prudente foi criada antes dos séculos. A quem foi revelada a raiz da sabedoria? Quem conhece os seus projetos? Somente um é sábio, e é por demais terrível quando se assenta em seu trono: é o Senhor, ele que criou a sabedoria, a conheceu, a enumerou e a derramou sobre todas as suas obras. Ele a repartiu entre os seres vivos, conforme a sua generosidade, e a concedeu a todos aqueles que o amam” (Eclo 1,1-8).

Ponto 2: O Temor a Deus é a raiz da sabedoria

“O temor do Senhor é glória e honra, alegria e coroa de júbilo. O temor do Senhor alegra o coração, dá contentamento, gozo e vida longa. Quem teme ao Senhor acabará bem, e será abençoado no dia da morte. O princípio da sabedoria é temer ao Senhor, e os fiéis a recebem já no seio materno. Ela se firma entre os homens com alicerce perene, e permanece junto com os descendentes deles. A plenitude da sabedoria é temer ao Senhor e, com seus frutos, ela embriaga os homens. Ela enche a casa deles com tesouros, e os celeiros com seus produtos. A coroa da sabedoria é temer ao Senhor, e ela faz florescer a paz e a saúde. Deus viu e enumerou a sabedoria, fazendo chover a ciência e a inteligência, e exaltando a honra daqueles que a possuem. A raiz da sabedoria é temer ao Senhor, e seus ramos são vida longa” (Eclo 9-18).

Ponto 3: Esperar o momento oportuno é a chave da sabedoria

“A irritação injusta não se poderá justificar, porque o ímpeto da paixão provoca ruína. O homem paciente resiste até o momento oportuno, e será recompensado no final com a alegria. Até o momento certo, ele esconde o que pensa, e muitos elogiarão a sua inteligência” (Eclo 1,19-21).

Ponto 4: Sabedoria tem a ver com obediência

“Os provérbios instrutivos são o tesouro da sabedoria, mas o pecador detesta a religião. Se você deseja ter sabedoria, observe os mandamentos, e então o Senhor a concederá para você. O temor do Senhor é sabedoria e educação, e se compraz na fidelidade e na mansidão. Não seja desobediente ao temor do Senhor, e dele não se aproxime de coração fingido. Não seja hipócrita no trato com os homens, e saiba controlar suas palavras. Não se eleve, para não cair, atraindo a vergonha sobre você mesmo, porque o Senhor descobrirá o que você esconde e o humilhará no meio da assembleia. Isso porque você não procurou o temor do Senhor e manteve o coração cheio de falsidade” (Eclo 1,22-29).

Venha, sobre nós, as iluminações da sabedoria de Deus!

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS




Diocese de Assis

 

          A pedagogia cristã se choca contra a lógica humana. Por certo, criaria asco e repugnância alguém cuspir na própria mão e com ela tocar seu rosto como ritual de cura ou simples gesto de benção. Foi exatamente isso que aconteceu com um pobre homem surdo e gago. “Jesus afastou-se com o homem para fora da multidão; em seguida, colocou os dedos nos seus ouvidos, cuspiu e, com a saliva, tocou a língua dele” (Mc 7, 33). Muitos iriam revidar com violência ou aversão a essa atitude no mínimo estranha. Não é o cuspe diante de alguém um ato vexatório de desprezo ou humilhação?

Para tentarmos compreender esse gesto, primeiramente se destaca a preocupação do mestre de afastar-se do público ali presente. Não queria plateia, pois não iria realizar um espetáculo. A graça do milagre seria algo muito pessoal, entre Ele e o pobre homem. Deveriam estar em plena sintonia, um ansioso pela cura e o outro disposto a ajudar. Os meios necessários viriam da energia estabelecida entre ambos, que bem poderiam fluir do magnetismo entre as forças celestiais e as energias naturais da realidade humana, como também da própria insignificância e profunda dependência da criatura com seu Criador. Não era a primeira vez que Jesus usava desses recursos para salientar nossa pequenez. No caso da mulher com hemorragia, sentiu que uma energia positiva saiu da fímbria de suas vestes. Algum contato físico provou a fé daquela mulher, que obteve a cura. Também no caso da ressurreição da filha de Jairo vemos essa preocupação de afastar-se do público e impedir a comoção das multidões. Igualmente quando usou do barro para a cura de um cego. E em tantos outros milagres, o gestual ou o rito sempre ligaram a realidade humana à sua origem e predileção divina. “Tu és pó”, mas também “Tua fé te salvou!”.

O uso da saliva, bem como da lama, era um gesto quase medicinal entre os povos daquela época. Também tinha uma conotação mágica. Jesus recomendou segredo, porque o que interessava no caso era a fé, aquela que se manifestava no homem doente, mas que também fluía do próprio Jesus. O encontro dessas duas forças geraria o milagre. O ritual era uma lição pedagógica, para salientar que mesmo usando dos recursos e da medicina humana (no caso a saliva, tida como excelente remédio para os olhos), nada seria eficaz sem a força divina da ação e do consentimento de Jesus. Por isso a graça deveria ser uma concessão bem intimista, pessoal, segredo de fé. Por isso Jesus “olhando para o céu, suspirou e disse: “Efatá”, que quer dizer “abre-te” (Mc 7, 34). A unidade céu e terra, Deus e os homens, matéria e espírito se tornavam evidentes nesse simples olhar de intercessão. A recíproca seria a consequência da cura, abrir não só os olhos da visão física, mas igualmente da visão espiritual. Reconhecer o milagre e, somente então, o proclamar com gratidão, sem alardes, mas aceitando a força e ação do Messias entre nós: “Ele tem feito bem todas as coisas”.

Agora, se sua fé ainda titubeia entre rituais de magia e sinais quase macabros de forças desconhecidas, suspeitas, melhor mesmo uma cusparada em sua cara. Esse desaforo merecem os caçadores de milagres que infestam muitas das comunidades de fé. Não buscam a cura da graça, mas espetáculos mirabolantes, intervenções sem a unção da pureza e humildade que só a fé genuína é capaz de possuir. Por isso, cuidado! Porque o espírito demoníaco também faz milagres. Melhor um corpo cego e mudo, ou mesmo paralítico e atrofiado, do que uma alma condenada.

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]