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Diocese de Assis

 

          Se ainda não avaliamos, ao menos compreendemos a misteriosa força de uma semente. Seja esta um grão de mostarda pequenino ou a vistosa e resistente semente de um coqueiro tropical, anão ou não, será sempre forte e resistente em sua capsula protetora. Grande ou pequena, a semente tem em si o mistério reprodutivo do reino vegetal, ou mesmo animal quando consideramos óvulos fecundados como sementes de vida. Aqui abortistas franzem os cenhos. Mas não é esse nosso assunto, ao menos hoje. O fato é que o mistério da vida tem sempre por princípio uma simples semente, um invólucro muitas vezes lançado ao léu, em terrenos diversos, preparados ou não, produtivos ou estéreis, propícios ao desabrochar de uma vida ou adversos à fragilidade de seus rebentos.

Foi o que aconteceu com uma semente jogada ao léu por alguém que se refugiou em uma fortaleza há dois mil anos, onde certamente saboreou uma deliciosa tâmara. Enquanto isso, seu povo se defendia do jugo romano e da perseguição que Roma exercia sobre a fé judaica. Ali, na fortaleza de Massada, milhares de judeus resistiram ao cerco romano enquanto puderam. Quebrada a heroica resistência, os rebelados cometeram suicídio coletivo para não se renderem ao jugo opressor. O exército romano transpôs as muralhas da famosa fortaleza, mas lá só encontrou cadáveres, nada mais! Oculta entre as pedras que testemunharam tão radical gesto, uma pequenina semente de tâmara também mostrou sua extraordinária resistência. Isso depois de dois mil anos. Encontrada recentemente, foi lhe aplicado um teste de radiocarbono com os fragmentos dessa semente e de outras achadas no local, que provou sua idade bimilenar.

Então outro milagre acontece. Semeada com cuidados, a pequena semente germinou em 2005 e hoje é uma planta sadia e perfeita, conhecida como filha da mais antiga semente a gerar uma árvore. Recebeu o significativo nome de Matusalém, apesar de seus pesquisadores ainda não determinarem com exatidão ser ela uma árvore masculina ou feminina. Dizem que quem semeia tâmara, não colhe tâmara. Sua produtividade se dará quase uma centena de anos depois de germinada. Enquanto isso, resta aos diretores do Centro de Pesquisa Hadassah, de Jerusalém, contemplar mais esse milagre contido numa pequenina semente, capaz de gerar a vida em circunstâncias tão adversas, mas que nos provam o quão  extraordinária é sua força interior. Faz-nos entender a beleza da parábola que Jesus nos contou um dia: “O semeador saiu a semear”.

O pior dessa história não é a infelicidade das sementes lançadas ao léu, sem um solo bem preparado. Coitadas dessas! Nem a fortaleza de Massada, onde o sangue derramado de muitos tementes a Deus fecundou e irrigou sementes de fé, serviu-lhes como exemplo. Dizem que o sangue dos mártires é semente de novos cristãos. Pois bem! A semente daquela tâmara, oculta entre pedras e espinhos, foi mais forte do que se imaginava, pois encontrou a mão santa de alguém que a semeasse em outro solo, em terreno preparado ao longo de dois mil anos, como o terreno de nossos corações nos dias atuais. “Ouvi, portanto, a parábola do semeador: todo aquele que ouve a Palavra do Reino e não compreende, vem o maligno e rouba o que foi semeado em seu coração” (Mt 13,18).

Somos também semeadores de um novo tempo, nova seara que há mais de dois mil anos vem sendo plantada em meio ao árido terreno de muitos corações indiferentes ao milagre da vida. A parábola que nos contou Jesus diz respeito não só ao semeador por excelência, que nos quer ver frutificando “cem, sessenta ou trinta” por um, mas também semeadores de um novo tempo, nova safra de esperança entre nós. Há uma semente de amor  e fé adormecida há dois mil anos em nossos corações. Semear é preciso!

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]

 

 




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            O mundo agnóstico nos olha com cautela e respeito. Para quem declaradamente se diz cristão ou pelo menos se porta como tal, há reservas no meio em que passa ou atua. Percebe-se claramente um clima de estranheza e ou admiração por parte de muitos. Como assim, manter-se crédulo ou mesmo fiel a ensinamentos e crenças que não mais fazem sentido neste mundo prático, real, objetivo? É possível uma vida de fé, de oração com o desconhecido, de obediência a uma doutrina milenar, com raízes num passado pobre, inseguro, sem os conhecimentos e a visão realista que hoje pensamos ter?  É possível acreditar num Deus que se fez homem e num homem que se diz (ou se dizia) Filho de Deus? “Eu te louvo, ó Pai… porque escondeste estas coisas aos sábios e as revelaste aos pequeninos” (Mt 11, 25). Eis nosso segredo, o mistério que mantem a fé cristã viva e atuante em meio à incredulidade do mundo moderno. Eis a nossa fé!

A resposta que o mundo busca não está na lógica ou na sequência prática das teorias que a ciência desvenda com objetividade, racionalidade, pingo nos is… Todo mistério exige respeito. Todo segredo tem um portador capaz de o desvendar ou torna-lo público um dia. Foi essa a missão do Cristo no mundo: revelar aos homens os segredos de Deus. “Ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar”. Esse privilégio da revelação está relacionado ao privilégio da escolha. Ou seja, os mistérios da fé não se manifestam a qualquer um, mas somente àqueles que foram eleitos na predileção de Deus, aqueles amados e escolhidos por Ele para manifestarem no mundo essa experiência de amor pleno e perfeito. Mesmo sob o jugo da incompreensão, da intolerância, das críticas e ironias contra uma prática de fé, “os pesos dos vossos fardos”, a pessoa que acredita não se deixa abater diante das provações. Aliás, exatamente nesses momentos é que a fortaleza se torna seu dom maior, capaz de superar barreiras, vencer as montanhas do ceticismo, testemunhar com alegria a força interior que move a vida dos que acreditam. Essa é a energia dos santos e mártires, aqueles que foram além da lógica de suas existências e deram a vida em defesa da própria fé. A mansidão, a humildade, a simplicidade, a serenidade, a pureza de seus corações e a alegria de suas almas foram os valores primários que melhor exemplificaram e justificaram suas vidas.

“Não há maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos”, diria a respeito o próprio Mestre.  Se a doutrina deixada por Ele foi fiel até no aspecto de sua paixão e morte, a aparente porta estreita da fé cristã é uma ilusão de ótica do comodismo e bem-estar que a vida sem regras faz crescer no coração dos acomodados. E dos incomodados também. Antes de se imaginar o que seja uma prática coerente dessa fé que desaloja, que pede renúncias e sacrifícios, que exige solidariedade, que busca a fraternidade a todo custo, que prega a igualdade de deveres e direitos; antes mesmo de aceita-la como prática benfazeja e perfeita, necessário se faz “renunciar-se a si mesmo e tomar sua cruz”. Ou seja, assumir que nesta vida nada somos, nada temos de permanente senão as promessas de uma vida nova, um novo mundo não agora, não aqui, mas do outro lado dessa história. O seguimento de Cristo vai além dessa realidade contrária à sua pregação de paz e amor perenes. O um mundo é sarcástico, irônico. Mostra-nos exatamente o contrário daquilo que a fé cristã nos prometeu (Um jugo suave e um fardo leve), mas esquece de deixar claro a realidade de outro mundo à nossa espera. Tão real quanto. Tão sublime e perfeito que as dores, incompreensões, injustiças e todo e qualquer tipo de mazela contra a fé cristã nada significam, em nada diminui a força do nosso testemunho.

“Vem e segue-me” ou “vinde a mim” é nosso chamamento constante. Cristo é quem chama. E o mundo nos espera, para melhor explicação do nosso segredo. Não há o que temer diante dos desafios contra nossa fé. Ao contrário: quando estes cruzam nosso caminho é que nos tornamos fortes, capazes de provar a nós mesmos que a fé que nos move vence realmente qualquer montanha. “Porque quando estou fraco é que me torno forte”, diria um dia o apóstolo perseguido. Esse é nosso segredo!

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]




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Entre todas as coisas que julgamos necessárias para a vida e, que, por vezes, movemos o mundo ou fazemos guerra por elas, poderíamos incluir, também, uma outra lista de necessidades espirituais, para um completo desenvolvimento humano. Sim! Porque necessidades espirituais são, muitas vezes, tratadas com forte implicação terapêutica. E as coisas da fé não são como os remédios, passíveis de receita e de uso limitado a um tempo ou situação. As coisas da fé são para a vida toda e, como tal, curativas. Não, exatamente, porque são aplicáveis a situações e circunstâncias ocasionais, mas, porque, enquanto são levadas em consideração, alimentadas e buscadas desenvolvem, na pessoa o potencial de cura, crescimento, amadurecimento e salvação. Nisso é que se encontra o verdadeiro motivo de se praticar a fé: porque vale para a vida!

Pedro, em um dos trechos mais lindos de sua carta nos ajuda a enxergar a necessidade da fé para a vida e da vida para a fé, olhando para Jesus.

Este primeiro trecho nos chama à uma revisão profunda de nossa esperança e da urgente necessidade de reconfiguração dos nossos ideais a partir das certezas firmadas em Cristo.

1Pedro 3,15-17. “Reconheçam de coração o Cristo como Senhor, estando sempre prontos a dar a razão de sua esperança a todo aquele que a pede a vocês, mas com bons modos, com respeito e mantendo a consciência limpa. Assim, quando vocês forem difamados em alguma coisa, aqueles que criticam o bom comportamento que vocês têm em Cristo ficarão confundidos. Pois, se é da vontade de Deus que vocês sofram, é melhor que seja por praticarem o bem, e não o mal.”

A oportunidade da fé nos permite, também, ressignificar a vida segundo o Espírito, as implicações éticas nas atitudes humanas, as práticas religiosas e a escolha por Cristo.

1Pedro 3,18-21. “De fato, o próprio Cristo morreu uma vez por todas pelos pecados, o justo pelos injustos, a fim de os conduzir a Deus. Ele sofreu a morte em seu corpo, mas recebeu vida pelo Espírito. Foi então que ele proclamou a vitória, inclusive para os espíritos aprisionados; falo das pessoas que foram rebeldes outrora, nos tempos de Noé, quando Deus demorava para castigar o mundo. Enquanto isso, Noé construía a arca, na qual somente oito pessoas foram salvas por meio da água. Aquela água representava o batismo que agora salva vocês; não se trata de limpeza da sujeira corporal, mas do compromisso solene de uma boa consciência diante de Deus, mediante a ressurreição de Jesus Cristo.

São João apresenta um Jesus com uma revelação surpreendente: sua obra será continuada no e pelo Espírito Santo. Quem quiser viver o Cristo, precisará não só viver os mandamentos, em todas as suas conseqüências, mas, precisará dar permissão à atuação do Espírito Santo como o Defensor para sempre.

João 14,15-21. “Se vocês me amam, obedecerão aos meus mandamentos. Então, eu pedirei ao Pai, e ele dará a vocês outro Advogado, para que permaneça com vocês para sempre. Ele é o Espírito da Verdade, que o mundo não pode acolher, porque não o vê, nem o conhece. Vocês o conhecem, porque ele mora com vocês, e estará com vocês. Eu não deixarei vocês órfãos, mas voltarei para vocês. Mais um pouco, e o mundo não me verá, mas vocês me verão, porque eu vivo, e também vocês viverão. Nesse dia, vocês conhecerão que eu estou em meu Pai, vocês em mim, e eu em vocês. Quem aceita os meus mandamentos e a eles obedece, esse é que me ama. E quem me ama, será amado por meu Pai. Eu também o amarei e me manifestarei a ele.”

Que venha, sobre nós, o Espírito de Deus!

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS




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Ocupados que estamos em administrar posses, investimentos, nossos confusos relacionamentos pessoais, a saúde de nossos pets, os comprovantes dos pixs recebidos, os horários no salão ou na academia, eventualmente para poucos a mensalidade escolar do filho ou da filha, bem como as referências do asilo para nossos idosos, deixamos de lado as questões religiosas, a prática e o aprofundamento nestas. Cristo, no mundo de hoje, tornou-se um ilustre desconhecido para grande maioria. Um mito, um personagem do passado, que só a história relembra e cuja vida foi tão bela quando a de muitas fadas, duendes, papai-noel ou saci-pererê. Foi. Não mais faz sentido. Quando muito, serve para disciplinar crianças endiabradas, metendo-lhes a ideia de céu e inferno. Esse é o Cristo dos tempos modernos.

Felizmente há exceções. Quando o próprio Jesus resolveu fazer uma enquete entre aqueles que o seguiam, para avaliar a ideia que faziam a respeito dele, obteve respostas confusas e sem sentido. Disseram ser ele o espectro de precursor degolado, o Batista de volta às suas atividades , ou até mesmo Elias que a história diz ter sumido desse mundo montado em uma carruagem de fogo, ou Jeremias, o profeta ferido e abandonado qual vaso de argila inservível na mão do oleiro, mas que provou ser útil nas mãos de Deus, ou mesmo qualquer outro profeta dos quais a Palavra e as promessas da Salvação estavam repletas. Tudo, menos Ele próprio, o Messias! E essa verdade só foi ser ouvida da boca do mais rude e velho pescador ali presente: “Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo!” Quem soprou nos ouvidos do velho Simão Pedro essa verdade tão profunda e enigmática? Em poucas palavras, aqui está a revelação do mistério cristão, para o qual o mundo de hoje faz vista grossa, não entende, não quer compreender, mergulhar nessa verdade reveladora, consoladora. Um Cristo que na língua grega significava “o ungido”, o redentor escolhido, o salvador e no hebraico era simplesmente o Messias, aquele que haveria de vir para libertar seu povo dos grilhões da escravidão. O Filho de Deus soava quase a uma blasfêmia – e para muitos exegetas contrários aos mistérios da fé cristã continua sendo a mais vil das blasfêmias contra a grandeza de Deus. Mas Pedro acrescenta a essa definição uma palavra reveladora: vivo! Sim, um Cristo Vivo, presente no meio de nós, caminhando, desvendando os mistérios do caminho, se revelando, abrindo trilhas e orientando seu povo… Esse era o Cristo de Pedro, ali, em carne e osso, a encantar e arrebanhar um povo desesperançado.

Nada mudou, desde então! Ao contrário, cresceu em solidez e resistência às oposições mundanas. Levantou novas paredes sobre novo alicerce e se tornou o maior dos Tabernáculos que um dia o povo israelita possa ter construído, desde aquele que edificaram no deserto. Tornou-se Igreja, pedra viva, templo santo que hoje renova as esperanças dos seus seguidores, mesmo que esse templo se reduza ao simples sacrário de um coração humano aberto aos mistérios de Deus. Sobre essa pedra está seu povo, sua Igreja no mundo! Contra ela atentam as borrascas do secularismo, a ironia dos materialistas, a indiferença dos incrédulos, mas perdura sempre a Verdade de uma Revelação: “as portas do Inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16,18). Se você sentiu um arrepio de frio e desolação perpassando suas vertebras neste momento, não se assuste. Ainda há tempo de procurar abrigo à sombra daquele que revestiu de autoridade o pastor-chefe de sua Igreja. E lhe deu a chave do Reino!

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]




O mundo precisa da palavra certa, na hora certa! Infelizmente, há um esvaziamento do conteúdo da verdade das coisas e, por isso, facilmente se cai no esvaziamento do ser.

Onde, ainda, existe a disputa pelo poder, a ganância econômica, a competição política e a rivalidade social é preciso retomar a Diaconia como expressão e fonte de novas relações humanas e de fé. De volta às origens, encontramos um testemunho belíssimo nas primeiras comunidades cristãs…

“Naqueles dias, o número dos discípulos tinha aumentado, e os fiéis de origem grega começaram a queixar-se contra os fiéis de origem hebraica. Os de origem grega diziam que suas viúvas eram deixadas de lado no atendimento diário. Então os Doze convocaram uma assembleia geral dos discípulos, e disseram: ‘Não está certo que nós deixemos a pregação da palavra de Deus para servir às mesas. Irmãos, é melhor que escolham entre vocês sete homens de boa fama, repletos do Espírito e de sabedoria, e nós os encarregaremos dessa tarefa. Desse modo, nós poderemos dedicar-nos inteiramente à oração e ao serviço da Palavra.’ A proposta agradou a toda a assembleia. Então escolheram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo; e também Filipe, Prócoro, Nicanor, Timon, Pármenas, e Nicolau de Antioquia, um pagão que seguia a religião dos judeus. Todos estes foram apresentados aos apóstolos, que oraram e impuseram as mãos sobre eles. Entretanto, a Palavra do Senhor se espalhava. O número dos discípulos crescia muito em Jerusalém, e um grande número de sacerdotes judeus obedecia à fé cristã” (At 6,1-7)

Conhecer a Jesus faz toda a diferença na vida de uma pessoa. Mas, viver pela fé em Jesus, faz com que este diferencial, na vida da pessoa, ecoe na vida da comunidade, ajudando a construir o mundo novo possível, feito de irmãos e irmãs. A carta de São Pedro é repleta de exortações, nesse sentido, ao Povo de Deus em marcha:

“Aproximem-se do Senhor, a pedra viva rejeitada pelos homens, mas escolhida e preciosa aos olhos de Deus. Do mesmo modo, vocês também, como pedras vivas, vão entrando na construção do templo espiritual, e formando um sacerdócio santo, destinado a oferecer sacrifícios espirituais que Deus aceita por meio de Jesus Cristo. De fato, nas Escrituras se lê: ‘Eis que ponho em Sião uma pedra angular, escolhida e preciosa. Quem nela acreditar não ficará confundido.’ Isto é: para vocês que acreditam, ela será tesouro precioso; mas, para os que não acreditam, a pedra que os edificadores rejeitaram tornou-se a pedra angular, uma pedra de tropeço e uma rocha que faz cair. Eles tropeçam porque não acreditam na Palavra, pois foram para isso destinados” (1 Pd 2,4-9).

Dentre as inúmeras revelações de Jesus, algumas são para nos fazer voltar ao sentido da grandiosidade do seu projeto de salvação em nossa história e nos devolver ao caminho:

“Jesus continuou dizendo: (…) Se vocês me conhecem, conhecerão também o meu Pai. Desde agora vocês o conhecem e já o viram.’ Filipe disse a Jesus: ‘Senhor, mostra-nos o Pai e isso basta para nós.’ Jesus respondeu: ‘Faz tanto tempo que estou no meio de vocês, e você ainda não me conhece, Filipe? Quem me viu, viu o Pai. Como é que você diz: «Mostra-nos o Pai»? Você não acredita que eu estou no Pai, e que o Pai está em mim? As palavras que digo a vocês, não as digo por mim mesmo, mas o Pai que permanece em mim, ele é que realiza suas obras. Acreditem em mim: eu estou no Pai e o Pai está em mim. Acreditem nisso, ao menos por causa destas obras. Eu garanto a vocês: quem acredita em mim, fará as obras que eu faço, e fará maiores do que estas, porque eu vou para o Pai” (Jo 14,1-12)

 

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS 




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A aventura da vida nos leva, muitas vezes, a menosprezar perigos e desdenhar valores que Deus depositou em nós. Conduzimos nossas existências com a adrenalina em constante alta, como se aqui estivéssemos tão somente para mostrar nossa coragem e desafiar nossos limites. Fazemos de nossas vidas uma eterna competição com os semelhantes e uma constante queda de braços com os desafios que a natureza nos coloca. De repente nos surpreendemos com perguntas sem respostas. O que aqueles cinco aventureiros foram bisbilhotar no fundo do oceano, ao lado dos destroços do maior desastre náutico que nossa história já testemunhou? Não é o Titanic, o até então maior navio do mundo, cuja tripulação ironizou o poder divino (Nem Deus afunda esse navio!), símbolo inconteste da prepotência humana? Desafiar o perigo é pôr à prova o ilusório poder humano em confronto com as leis divinas. Nenhum passarinho “cai por terra sem a vontade do nosso Pai”, está escrito. E registrado: “Bem mais que os pássaros valeis vós” (Mt 10,31).

Nesta questão de valores inventamos uma bolsa, uma maneira de pesar e medir os recursos que temos, sem, no entanto, considerar o lastro da vontade de Deus. Essa, sim, impõe limites, traça regras, freia a audácia humana de se achar senhor e diretor da vida e dos desafios que ela nos apresenta. Quem é capaz de recriar uma existência diante da fatalidade da morte? Quem, senão o Criador, conhece a capsula que nos envolve neste mundo e nos fornece condições para bem explorar a profundidade e os limites do espaço que aqui ocupamos? O bom senso e o instinto de sobrevivência falam mais alto do que nossos ideais de conquistas e aventuras desafiadoras. É preciso redimensionar nossos sonhos e projetos de grandeza, se quisermos manter nossos pés no chão da realidade que nos cerca. O episódio acima é apenas um pequeno exemplo daquilo que a humanidade está atraindo para si quando longe do bom senso e da cautela que a fé e esperança em Deus nos ensina a valorizar.  A vida tem limites. Só a fé é capaz de superá-los. Mas essa exige o lastro do testemunho diante dos homens: acreditar; nunca desafiar!

Não é o que constatamos em muitas das circunstâncias que envolvem nossas vidas. A pessoa de fé sabe das capacidades infinitas que tem para vencer desafios, superar os eventuais problemas, buscar soluções positivas baseadas na proteção “dos céus”, nunca na contemplação inerte dos “desastres” que cercam nossa história e nossa prepotência tipicamente humana. A pessoa de fé acredita na proteção divina, mas nem por isso irá desafiar os limites da lógica e do bom senso. Muito menos desafiar Deus. Não é uma questão de poderes ou imposição de limites para a capacidade sempre desafiadora que temos ao explorar nosso mundo, nosso universo. Deus não impede essa qualidade operante das ações humanas. Exatamente nela é que reside o progresso, o crescimento, o aprimoramento da nossa evolução. O que não podemos é negar a força criativa que nos trouxe até aqui e nos mostra sempre o caminho do respeito e da coerência que só a fé é capaz de respeitar. Quem nega isso, rejeita Deus e sua proteção.

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]

 

 




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Praticar a fé não é, apenas, cumprir ritos, observar preceitos, obedecer normas, conhecer as regras, saber as doutrinas, memorizar a Bíblia, manter em dia as devoções, ir ao templo… Tudo isso ajuda mas, o princípio da fé é o amor a Deus e ao próximo que se desdobra em várias atitudes, comportamentos, ações e serviços coerentes com o amor. Se somos fortes no amor, somos fortes em tudo; se somos fracos no amor somos fracos em tudo porque, o amor não só dá força… o amor é força. Nesse sentido, nas fontes do amor, estão firmados o começo e o fim de todas as coisas. Já dizia Santo Agostinho: “Ama e faze o que quiseres. Se calares, calarás com amor; se gritares, gritarás com amor; se corrigires, corrigirás com amor; se perdoares, perdoarás com amor. Se tiveres o amor enraizado em ti, nenhuma coisa, senão o amor, serão os teus frutos”.

O amor não será, apenas, sentimento mesmo que seja, essa, uma de suas mais fortes expressões. O amor não será, apenas, emoção… não será, apenas, desejo… não será, apenas, afeto… não será, apenas, vontade… o amor será muito mais. O amor será tudo. E, somente por isso, será suficiente, necessário e forte. O amor será a fonte. O amor será a origem e o fim. O amor será Deus. Diz-nos, a Palavra de Deus: “Amados, amemo-nos uns aos outros, pois o amor vem de Deus. E todo aquele que ama, nasceu de Deus e conhece a Deus. Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor. Nisto se tornou visível o amor de Deus entre nós: Deus enviou o seu Filho único a este mundo, para dar-nos a vida por meio dele. E o amor consiste no seguinte: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi ele que nos amou, e nos enviou o seu Filho como vítima expiatória por nossos pecados. Amados, se Deus nos amou a tal ponto, também nós devemos amar-nos uns aos outros. Ninguém jamais viu Deus. Se nos amamos uns aos outros, Deus está conosco, e o seu amor se realiza completamente entre nós. Nisto reconhecemos que permanecemos com Deus, e ele conosco: ele nos deu o seu Espírito. E nós vimos e testemunhamos que o Pai enviou o seu Filho como Salvador do mundo. E nós reconhecemos o amor que Deus tem por nós e acreditamos nesse amor. Deus é amor: quem permanece no amor permanece em Deus, e Deus permanece nele” (1João 4,7-16).

A grande Boa Nova do amor é que, em Jesus, no altar, ele se tornou alimento. O amor se tornou alimento para nutrir tanto o corpo, quanto a alma. Sem amor, corremos o risco de desfalecer, tombar, enfraquecer, adoecer e morrer. Sem amor não existimos… não podemos nada… não somos nada.

O amor será tudo em nós porque, como alimento diário, nos manterá sadios de corpo e de alma:  em forma, em equilíbrio, em harmonia, em totalidade… em Deus. O Amor, que nos alimenta, também, nos transformará em alimento, isto é, em testemunhas. E, esta será a nossa verdade, nossa esperança, nossa força, nossa fé, nossa razão de ser. Seremos o amor!

Santa Teresinha do Menino Jesus assim entende a sua vocação: Serei o Amor! Em meu Amor pela Igreja e ardor missionário eu quisera ser Apóstolo, Profeta e Mártir, também Sacerdote, tudo escolher! No Corpo do Senhor, porém, os membros nunca são iguais: do todo procurando o bem, nenhum é mais. Corpo do Senhor, a Igreja, deve ter um Coração: pra que Santa ela seja, eis o Amor – minha Vocação! Dom melhor, o mais perfeito, tudo abrange, tudo alcança… Pulsa o Coração da Igreja em meu peito: Serei o Amor! Quisera percorrer a Terra e anunciar o Cristo a todos os Irmãos; plantar a Cruz em todo canto, dar a minha Vida pela Salvação. Mas a resposta eu encontrei a este apaixonado Amor: é a Caridade – eis a lei, o Dom Maior! O Amor alcança todo tempo, está em toda parte, é eterno o Amor! E toda Vocação abrange, nada se sustenta sem o Dom maior. Eu sei, enfim, minha Missão, na Mãe Igreja, o meu lugar: ser tudo, ser seu Coração, somente amar!”

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS




Diocese de Assis

 

            A sabedoria oriental possui muitas pérolas. E preciosas pedras. Uma pequena pedra é fonte de belas lições filosóficas. Basta observá-las com os olhos do coração.

Conheci um jovem cujo passatempo preferido era colecionar pedras. Tinha-as das mais variadas formas, matizes e consistência. Algumas preciosas, mas a maioria não. Contudo, aos seus olhos, todas possuíam uma preciosidade mística, uma história, uma procedência. Ao longo dos anos, constituíram sua própria razão de viver, cada qual encerrando um mistério, um ato de conquista, uma lenda pessoal.

Aquele estranho hobby encerrava quase um ideal de vida: colecionar, catalogar, juntar as pedras de seu caminho. Não compreendia aquela obstinação e aparente perda de tempo desse meu amigo. Mas filosofei: o que fazemos neste mundo é nada mais, nada menos um contínuo ato de juntar pedras, catar os cacos do caminho que trilhamos. Afinal, o que o homem foi buscar na Lua senão um punhado de pedras para satisfazer seu próprio ego? E agora, uma de suas engenhocas não vasculha o solo de Marte para catalogar suas pedras?

Parece-nos que a Idade das Pedras não tem fim. Mas, segundo nossa vã sabedoria, que por anos buscou os mistérios e benefícios da pedra filosofal – e nunca a encontrou de fato – existiu na Índia um jovem ansioso por encontrar uma pedra que transformasse tudo em ouro. Saiu por aí. Catava todas as pedras que encontrava. Batia-as na fivela de seu cinto, na esperança de vê-lo reluzir, fazer-se ouro puro. Assim passou a vida. Já velho e cansado, procurou a sombra de frondosa árvore. Sua busca só lhe proporcionara decepções. Melhor descansar, desistir do sonho, cair na real. Foi quando, olhando para a fivela do cinto, percebeu o inconfundível brilho aurífero, que quase lhe cegava a vista. Sim, era ouro, ouro puro! Havia encontrado a pedra mágica. Mas quando, onde, em que circunstancias? Sua obstinação pelo bem que sempre perseguiu e seus quase mecânicos gestos para atingir seu ideal, fizeram-no descuidar-se por um momento. Cochilou. Tivera em mãos a oportunidade de mudar sua vida e não percebera.

Esse é um dos mistérios do ideal que buscamos em vida. Às vezes gastamos toda nossa existência nesta busca. Às vezes o temos ao alcance, mas passamos despercebidos por ele. Ou o atiramos pelo caminho, sem nos dar conta de sua preciosidade, do milagre que ele pode operar – ou já operou – em nossas vidas. Lançamos fora nosso ideal.

De uma forma ou de outra, agimos como os jovens dessa história. Colecionamos pedras em nossa existência. Tropeçamos nelas. Buscamos uma que nos seja preciosa, senão a filosofal – aquela que norteia nossas vidas – ao menos a pepita miraculosa que realiza nossos sonhos, nossas ambições. Mas as escrituras nos advertem: “Não te embrenhes num caminho de perdição e não tropeces nas pedras. Não te metas num caminho escabroso, para não pores diante de ti uma pedra de tropeço” (Ecle 32,25).

A mensagem da fé cristã também busca o caminho das pedras. Jesus se dizia a pedra angular, aquela que os construtores rejeitaram. Os que conhecem a história da arquitetura greco-romana sabem avaliar o peso dessa afirmativa. Suas construções desconheciam os milagres do concreto armado e tinham como estruturas principais seus belos e portentosos arcos de pedra. Toda sustentação desses arcos só era possível se houvesse uma pedra angular, resistente e bem moldada. Uma cunha, que suportava e travava todo peso de qualquer edificação. Jesus se dizia tal pedra.

Mas não parou por aí. Sobre outra pedra fundou sua Igreja. E nos colocou no seu átrio. Introduziu-nos neste mistério como rochas miraculosas, capazes de oferecer ao mundo, não riquezas, nem a mágica de transformar tudo em vil metal, mas em água-viva, fonte prodigiosa donde nasce a vida eterna. Rochedo donde brota água para o coração sedento do mundo, eis o que devemos buscar como ideal de fé.

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]

 




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Nós temos boca é para falar! Como é bom falar! Mas, precisamos saber controlar o poder da língua. A língua é capaz de tudo: construir e destruir, bendizer e amaldiçoar, elogiar e criticar, fazer e desfazer, crescer e minguar…

A Sagrada Escritura, nas suas primeiras páginas, constata que Babel, a confusão das línguas é uma estrutura perniciosa da auto-suficiência humana que deturpa valores e relações (cf. Gn 11,1-9).

A língua é sempre muito controversa porque, “salta”, com a maior rapidez e facilidade, do louvor a Deus à injustiça brutal.

São muitas as vozes que clamam em nós, mas, nem sempre deixamos ecoar o som que reverbera as nossas verdades mais profundas. Reverberamos sim: piadas, anedotas, indecências, escárnios.  Por que não falamos mais coisas que edificam? “Que nenhuma palavra inconveniente saia da boca de vocês; ao contrário, se for necessário, digam boa palavra, que seja capaz de edificar e fazer o bem aos que ouvem” (Efésios 4,29).

“Todo mundo logra o seu próximo, e ninguém fala a verdade; treinam a língua para falar mentiras, e praticam a injustiça até se cansar. A língua deles é uma flecha envenenada: tudo o que falam é pura tapeação. Cada um fala de paz com o próximo, mas, no íntimo, está preparando armadilhas” (Jr 9,4.7).

“As vezes, a pessoa escorrega sem querer. Quem nunca pecou com a língua?” (Eclo 19,16). “Os políticos emudeciam, e a língua deles ficava colada ao céu da boca” (Jó 29,10).

“Há quem use a língua como espada, mas a língua dos sábios produz cura. A língua sincera permanece para sempre, mas a língua mentirosa dura apenas um instante” (Pr 12,18.19). “Quem vigia a própria boca conserva a vida; quem solta a língua caminha para a ruína” (Pr 13,3).

“Morte e vida dependem da língua; quem sabe usá-la, comerá do seu fruto” (Pr 18,21). “Quem guarda a boca e a língua evitará muitos apertos” (Pr 21,23). “Os imbecis têm a mente na língua; os sábios têm a língua na mente” (Eclo 21,26). “A chicotada deixa marca, mas o golpe da língua quebra os ossos. Muitos já caíram pelo fio da espada, mas não foram tantos como as vítimas da língua” (Eclo 28,17.18).

Diante destas questões todas: que crédito podemos dar à palavra de alguns jornais e jornalistas que, inescrupulosamente, forjam notícias?  Que crédito podemos dar à palavra de alguns políticos que, vergonhosamente, mentem e corrompem? Que crédito podemos dar à palavra de certos pregadores da Palavra de Deus que, mercenariamente, agem por dinheiro? Que crédito podemos dar à palavra dos agiotas que, oportunistamente, oferecem a mão para depois arrancar os corações? A quem dar crédito? Que crédito merecem aqueles que fabricam, usam e disseminam as infames fake news e outros estragos?

“Quem irá colocar um guarda na minha boca e um selo de prudência nos meus lábios, para eu não cair por culpa deles e a minha língua não me arruinar?” (Eclo 22,27). “Os meus lábios não dirão falsidades e a minha língua não pronunciará mentiras” (Jó 27,4). “Porque a sabedoria abriu a boca dos mudos e soltou a língua dos pequeninos” (Sb 10,21). “Como recompensa, o senhor me deu língua e, com ela, eu o louvarei” (Eclo 51,22).

Esconder a palavra para não dar ocasião à língua, não será, nunca, uma solução ou um caminho porque, ninguém vive sem a palavra. O que, naturalmente podemos e devemos fazer é cultivar a espiritualidade do silêncio que nos enche de sabedoria, além de nos preparar para a palavra certa, na hora certa.

Que Deus nos dê o dom do Silêncio!

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS




Diocese de Assis

 

 

Definir o amor tornou-se o maior desafio daqueles que procuram exaltá-lo ou justifica-lo. As loas, versos e canções que tangem nossos ouvidos, dia e noite, o definem grotescamente, não como um sentimento puro e profundamente belo, mas com a grosseria e voluptuosidade de um ato, um momento, uma ilusão. Esse é o amor humano, a grande atração não mais sentimental, mas sensorial, que faz das relações humanas um magnetismo simplista e circunstancial; não mais uma afeição profunda e estável como deveria ser. Perdemos o sentido mais intrínseco de nós mesmos, o amor que nos nutre e gera a vida, a vida em sua plenitude. Onde erramos?

É preciso retroceder na origem dos tempos, dos fatos, da nossa própria razão de ser. É preciso reencontrar aquilo que somos, que justifica nossa razão, nosso existir nessa história.  “Então Deus disse: ‘Façamos o homem à nossa imagem e semelhança’… Deus contemplou a sua obra, e viu que tudo era muito bom”. Era muito bom. Muito! Não há aqui meio termo. A visão do Criador era a de uma obra perfeita, muito boa, em especial aquela com a qual se identificou à primeira vista: a criatura humana, sua imagem e semelhança! E Deus se apaixonou por ela, sua criatura mais que perfeita!  Tanto que, para redimi-la da infidelidade praticada, lhe dá uma segunda chance e oferece parte de si mesmo em holocausto de dor e redenção. Cristo foi a maior prova de amor que Deus nos deu nessa história. Mesmo assim, continuamos negligenciando e deturpando esse Amor.

Não ouvimos o apelo do profeta: “Quero amor e não sacrifícios, conhecimento de Deus mais do que holocaustos” (Os 6,6). Continuamos surdos ao apelo de Jesus no deserto de nossas praias, no comodismo de nossas ações contrárias ao amor puro, ao respeito do que é justo, à construção de mais dignidade pessoal e coletiva, à sensatez de uma vida coerente com as bênçãos da criação divina: “Crescei e multiplicai-vos!” Onde está esse crescimento, essa multiplicação de dons, de vida plena? Onde nossa resposta aos apelos de Deus: “Não vim chamar os justos, mas os pecadores”. Ou será que banimos de nossa história o conceito de pecado, de fraqueza, dos limites que julgamos impostos de cima e por isso os renegamos? Não mais aceitamos ordens, nem disciplina, nem regras? Mandamentos? Nem pensar…

Quem ousou definir Deus como Amor, o Amor maiúsculo? Exatamente o discípulo mais jovem, “aquele que o Senhor amava”. Aquele do qual hoje a mente poluída e deturpada de alguns avançados “teóricos” justifica a homo afetividade, a permissividade, a libertinagem em excesso. Deus é Amor e o Amor é Deus. Sem manchas, sem desvios, sem deturpações! “Este é o meu mandamento: Amai-vos uns aos outros, como eu vos amo”. Aqui não há espaço para qualquer outra prática que não seja a do respeito mútuo, da pureza de sentimentos, da fidelidade “até o fim”, a morte propriamente dita. Aqui a reciprocidade é maior do que nossa desolação e eventuais desencantos, nossas provações e tentações mundanas. “Como o Pai me ama, assim também eu vos amo. Perseverai no meu amor” (Jo 15,9). Esse amor ainda está no ar. E hoje Ele nos chama: “Vem e segue-me”.

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]