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          Diante de mais uma conferência internacional sobre o clima, desta feita no Egito, região desértica por onde passa o maior rio do mundo, estamos chegamos ao final de mais um ano litúrgico, quando a Igreja nos apresenta o mais enigmático dos Evangelhos de Cristo. Enigmática a mensagem ou as circunstâncias? Não à toa, nosso Brasil também vive seu histórico momento de mudanças e cenário de guerra, destruições antagônicas. Dono da maior floresta do mundo e observado como o grande pulmão desse planeta com ares de terra arrasada, dividido em um caos político-social sem precedentes em sua história, eis que também aqui se presencia uma espécie de destruição de nossa Jerusalém terrena.

          O fato histórico é que nos anos setenta depois de Cristo a cidade de Jerusalém tornou-se uma terra arrasada, com a invasão do exército romano para conter uma revolta judaica. Não ficou pedra sobre pedra, como predissera Jesus: “Quando ouvirdes falar de guerras e revoluções, não fiqueis apavorados. É preciso que essas coisas aconteçam primeiro, mas não será logo o fim” (Lc 21,9). De fato, a profecia se cumpriu e, ironicamente, do belo e portentoso templo restou apenas uma parede, um muro, hoje denominado o Muro das Lamentações! Sintomático esse desastre histórico-religioso. “Essa será a ocasião em que testemunhareis a vossa fé”. Essa ainda hoje é a grande herança da fé judaico-cristã, que desde então tem no espólio de uma era de glórias terrenas a grande referência de sua predileção divina. Restou-lhes tão somente lamentar uma soberania perdida!

          Nada diferente dos dias atuais. Ainda somos donos de riquezas infindas, de templos simbólicos de graças naturais e ou cívicas capazes de fazer inveja a muitos. Ainda possuímos raízes de uma fé inquebrantável e transformadora, capaz de ressurgir das cinzas e dos assustadores túmulos que a humanidade constrói para si própria, à medida que ações devastadoras de morte e destruição se sobrepõem à fé e esperança dos que buscam novo sentido para a vida ou simplesmente lutam pela sobrevivência. Essa fé está posta contra os muros do egoísmo e do hedonismo que toma conta. “Sereis entregues até mesmo pelos próprios pais, irmãos, parentes e amigos”, já previa o Cristo. E concluía: “É permanecendo firmes que ireis ganhar a vida!” E ponto.

          Então não há motivo para temer eventual destruição de uma Jerusalém terrena. Sobra-nos a Jerusalém-celeste, a cidade do alto onde impera a harmonia e a plenitude das graças e glórias celestiais. Nisso acreditamos como povo eleito de Deus. No entanto, nem por isso vamos cruzar os braços e permitir que a mão destrutiva das ambições humanas recaia sobre o paraíso terreno que aqui temos. O exército de Tito foi capaz de saquear e arrasar apenas um símbolo transitório da fé humana, o Templo, mas nenhum exército das forças que nos governam hoje será capaz de destruir o Templo de Deus que ainda somos. Atentem para essa verdade os filhos diletos da fé cristã, que ainda temem eventuais saques ou destruições hipotéticas contra sua Igreja ou família. Nosso Inimigo é forte, mas nosso Deus é maior! A terra arrasada que hoje contemplamos ainda possui o brilho de um Sol radiante e um céu azul donde fluem as chuvas de graças e bênçãos que nos revitalizam constantemente. “Destruam esse templo e eu o reconstruirei em três dias”, disse Jesus.

          WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]

 

 




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Este artigo do Creio que professamos na missa, expressa a profundidade de fé na Igreja como Obra de Deus. Podemos dizer, com os escritores da antiguidade que, na face da Igreja resplandece a Luz do Cristo! Ainda mais, a Igreja é o lugar onde floresce o Espírito. Crer que a Igreja é santa e católica, e que ela é una e apostólica é inseparável da fé em Deus Pai, Filho e Espírito Santo.

Significado de Igreja. A palavra ‘Igreja’ significa ‘convocação’. Designa a assembléia daqueles que a Palavra de Deus convoca para formarem o Povo de Deus e que, alimentados pelo Corpo de Cristo, se tornam Corpo de Cristo. A Igreja é, ao mesmo tempo, visível e espiritual, sociedade hierárquica e Corpo Místico de Cristo. Ela é una, formada de um elemento humano e um elemento divino. Somente a fé pode acolher este mistério. A Igreja é no mundo presente o sacramento da salvação, o sinal e o instrumento da Comunhão de Deus e dos homens.

Todos os homens são chamados a fazer parte do Povo de Deus, a fim de que, em Cristo, os homens constituam uma só família e um só Povo de Deus. É pela fé e pelo Batismo que se ingressa no Povo de Deus.

Os atributos da Igreja. A Igreja é UNA: tem um só Senhor, confessa uma só fé, nasce de um só Batismo, forma um só Corpo, vivificado por um só Espírito, em vista de uma única esperança.

A Igreja é SANTA: o Deus Santíssimo é seu autor; Cristo, seu Esposo, se entregou por ela para santificá-la; o Espírito de santidade a vivifica. Embora congregue pecadores, ela é imaculada.

A Igreja é CATÓLICA: anuncia a totalidade da fé; traz em si e administra a plenitude dos meios de salvação; é enviada a todos os povos; dirige-se a todos os homens; abarca todos os tempos; é missionária.

A Igreja é APOSTÓLICA: está construída sobre fundamentos duradouros: os doze Apóstolos do Cordeiro (Ap 21,14); ela é indestrutível; é infalivelmente mantida na verdade: Cristo a governa através de Pedro e dos demais apóstolos, presentes nos seus sucessores, o Papa e o colégio dos Bispos (fonte: Catecismo da Igreja Católica, nos 777-780; 802-820; 866-870).

Organização institucional da Igreja. A Igreja precisa e tem uma organização temporal, como instituição, que lhe permite realizar os trabalhos e alcançar as pessoas nos lugares mais distantes e nas situações mais peculiares de suas vidas. Desta organização nascem as figuras jurídico-canônicas que mantêm toda a sua estrutura estável e em funcionamento.

Encontramos, portanto, a Igreja organizada em arquidiocese, diocese e paróquia. Em cada uma destas instâncias de organização existe uma instância de governo. Para a arquidiocese existe o arcebispo. Para a diocese existe o bispo e, em situações próprias, o bispo auxiliar, o bispo coadjutor e o vigário geral. Finalmente, para a paróquia existe o pároco e, também em situações próprias, o vigário paroquial e o administrador paroquial.

Organização hierárquica da Igreja. Hierarquia significa a ordem de serviço estabelecida segundo algumas funções e encargos. Só é possível entender o que é hierarquia na Igreja, dentro na noção de ministério.

O próprio Cristo é a fonte do ministério na Igreja. Instituiu-a, deu-lhe autoridade e missão, orientação e finalidade. Para apascentar e aumentar sempre o Povo de Deus, o Cristo Senhor instituiu, na sua Igreja, uma variedade de ministérios que tendem ao bem de todo o Corpo.

São revestidos pelo Sacramento da Ordem, todos aqueles que devem servir a Igreja como um ‘Outro Cristo’. Desde os Doze Apóstolos até o momento presente, a Hierarquia Católica se forma dentro do mesmo princípio-poder de ligar e desligar, que foi dado a Pedro. Em outras palavras, cumpre-lhes a missão de ensinar, santificar e governar.

A Hierarquia Católica é formada em três graus: Diácono, Presbítero e Bispo. Todo o restante são títulos: monsenhor, cardeal, cônego…

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS




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          Eis que Papa Francisco descobriu o mais estranho subtítulo para se definir uma nova característica política: o amor. É possível esse sentimento no mundo político, em meio a tantos disparates e oportunismo, a tamanhas distorções e jogos de interesse, às mais torpes manipulações e guerras grupais, pessoais, sociais? Será possível falar de amor no meio político? O Papa diz que sim. A partir da metade do quinto capítulo da encíclica Fratelli Tutti, Francisco vira o jogo das muitas definições e conceitos da vida política partidária, para nos falar de amor… Amor político, vejam só!

          Muitos já torcem o nariz, fazem micos, ironizam… Então o pescador teima em sua sagacidade, que bem conhece “águas mais profundas”. “Reconhecer todo o ser humano como um irmão ou uma irmã e procurar uma amizade social que integre a todos não são meras utopias. Exigem a decisão e a capacidade de encontrar os percursos eficazes, que assegurem a sua real possibilidade (180)”. Essa definição social parece longe do mundo político dos nossos dias. O governo do povo passa, por primeiro, pelo governo do indivíduo, da pessoa que faz parte dum meio. “Cada um é plenamente pessoa quando pertence a um povo e, vice-versa, não há um verdadeiro povo sem referência ao rosto de cada pessoa. Povo e pessoa são termos correlativos (182)”. Aqui entra o relacionamento humano, seus sonhos, suas lutas, conquistas e fracassos, sentimentos e ambições, tudo enfim que constrói uma vida alicerçada no mais puro dos embriões que vivifica a alma humana: o amor.

          Trata-se de uma força interior de permanente construção dos melhores sonhos humanos. Aqui entra a atividade do amor político, para modificar as estruturas de desigualdade e injustiça sociais. “Alguém ajuda um idoso a atravessar um rio, e isto é caridade primorosa; mas o político constrói-lhe uma ponte, e isto também é caridade. É caridade se alguém ajuda outra pessoa fornecendo-lhe comida, mas o político cria-lhe um emprego, exercendo uma forma sublime de caridade que enobrece a sua ação política (186)”.

          “As maiores preocupações dum político não deveriam ser as causadas por uma descida nas sondagens, mas por não encontrar uma solução eficaz para ‘o número da exclusão social e econômica, com suas tristes consequências de tráfico de seres humanos, tráfico de órgãos e tecidos humanos, exploração sexual de meninos e meninas, trabalho escravo, incluindo a prostituição, tráfico de drogas e de armas, terrorismo e criminalidade internacional organizada’ (188)”. Não se trata de simples discussão teológica-social, que desperta em muitos críticas e acusações de estar a Igreja se ocupando com assuntos que não lhe dizem respeito. Seria a degradação humana um tema fora dos contextos evangélicos? Um bom político sabe que não e por isso busca também nos princípios do amor e da caridade cristãs uma fonte de inspiração para suas ações. “Ao mesmo tempo que realiza esta atividade incansável, cada político permanece um ser humano, chamado a viver o amor nas suas relações interpessoais diárias (193)”.

          Nada aqui foge dos princípios de um bom administrador. Aquele que exerce seu mandato com a coerência de ações voltadas para o bem comum – e nunca para si próprio – demonstra amor pelo povo que representa. “Na política há lugar também para amar com ternura (194)”. Bem como em todos os setores da comunidade humana, porque amar é a vocação primeira do ser político que somos. “Por outro lado, é grande nobreza ser capaz de desencadear processos cujos frutos serão colhidos por outros, com a esperança colocada na força secreta do bem que semeia (196)”. O que se pergunta um político? O Papa responde: Ao refletir sobre o próprio passado, a pergunta será: ‘Quantos me aprovaram, quantos votaram em mim, quantos tiveram uma imagem positiva de mim’ As perguntas, talvez dolorosas, serão: ‘Quanto amor coloquei no meu trabalho? Em que fiz progredir o povo? Que marcas deixei na vida da sociedade? Que laços construí? Que forças positivas desencadeei? Quanta paz social semeei? Que produzi no lugar que me foi confiado?’ (199)”.

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]

Republicação oportuna




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Dentro, ainda, do Programa Missionário Nacional, oportunamente lançado em 2019 para o quadriênio 2019 a 2023, destacamos alguns elementos da missão que incidem em nossa identidade Cristã.

Diz o documento:

No Batismo, somos enviados como cooperadores da missão de Deus no mundo, de acordo com os carismas recebidos do Espírito Santo e confirmados pela Igreja. Somos missionários, por tanto, somos missão. Sendo assim, “não podemos ficar tranqüilos em espera passiva em nossos templos, mas é urgente ir em todas as direções para proclamar que o mal e a morte não têm a última pala vra, que o amor é mais forte, que fomos libertos e salvos pela vitória pascal do Senhor da história, que Ele nos convoca em Igreja, e quer multiplicar o número de seus discípulos na construção do seu Reino em nosso Continente!” (DAp, n. 548).

Acreditamos na força da Páscoa de Jesus e “desejamos assumir, a cada dia, as alegrias e esperanças, as angústias e tristezas do povo brasileiro, especialmente das populações das periferias urbanas e das zonas rurais – sem terra, sem teto, sem pão, sem saúde lesadas em seus direitos”. Tais direitos já foram garantidos na Constituição Brasileira.

A Igreja é sempre chamada a estar em saída, mesmo quando dificuldades e desafios tentam impedi-la. “A Igreja ‘em saída é a comunidade de discípulos missionários que ‘primeireiam’, que se envolvem, que acompanham, que frutificam e festejam. Primeireiam – desculpai o neologismo, tomam a iniciativa! A comunidade missionária experimenta que o Senhor tomou a iniciativa, prece deu-a no amor (1Jo 4,10), e, por isso, ela sabe ir à frente, sabe to mar a iniciativa sem medo, ir ao encontro, procurar os afastados e chegar às encruzilhadas dos caminhos para convidar os excluídos” (EG, n. 24).

Conforme a reflexão no Sínodo dos Bispos, em 2012, que teve como tema: A “Nova Evangelização para a transmissão da fé crista (EG, n. 14), foram destacados três âmbitos da missão evangelizadora:

  1. a) Incendiar o coração dos fiéis que já participam da comunidade para que cresçam na fé e no discipulado missionário (pastoral ordinária);
  2. b) Cuidar das pessoas batizadas que não participam da vida da comunidade para que redescubram a pessoa e a missão de Jesus, tendo como caminho o processo de iniciação à vida cristã;
  3. c) Cuidar daqueles que não conhecem Jesus Cristo, mas que trazem no coração o desejo de se encontrar com Ele. Isso se traduz no envio de discípulos missionários ad gentes, para além-fronteiras.

As palavras de Jesus: “Ide, pois, e fazei discípulos todos os povos” (Mt 28,19), definem o que deve ser a missão ad gentes no contexto sociocultural desses povos, pela presença e testemunho do serviço, do diálogo acolhedor e respeitoso e do anúncio da fé em Jesus Cristo. Para a sua concretização, não pode faltar o envio além -fronteiras de discípulos missionários devidamente preparados. A Conferência de Puebla reforça esse aspecto da missão ad gentes destacando: “A Evangelização há de estender-se a todos os povos; por isso, a sua dinâmica procura a universalidade do gênero humano” (DPb, n. 362).

A espiritualidade que deve nos alimentar é a do seguimento à pessoa de Jesus Cristo. Por espiritualidade, entende-se uma vida animada pelo Espírito. O encontro com Jesus é decisivo: “Ao início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, dessa forma, o rumo decisivo” (DCE, n. 1).

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS




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As POM, Pontifícias Obras Missionárias, encarregadas de Articular, motivar e mobilizar o Povo de Deus para outubro, o mês missionário, nos propõe, neste ano, através da Campanha Missionária, a reflexão e oração em torno do tema: A Igreja é Missão. O tema faz parte de uma tríade que começou em 2020, com o tema: “A vida é missão” e, 2021, “Jesus Cristo é Missão”.

O Programa Missionário Nacional, oportunamente lançado em 2019 para o quadriênio 2019 a 2023, traz algumas reflexões muito oportunas que eu quero compartilhar.

A natureza missionária da Igreja

“Peregrinando, a Igreja é missionária por própria natureza, já que, segundo o desígnio de Deus Pai, origina-se da missão do Filho e da missão do Espírito Santo” (AG, n. 2). Com essa afirmação, o Concilio Vaticano II recuperou a concepção teológica da natureza missionária da Igreja. Deus é missão; seu amor fontal misericordioso quer comunicar-se ao mundo. Esse amor é o movimento da própria Trindade. O Filho é o revelador do amor misericordioso do Pai ao mundo e quer levar tudo ao Pai. O Espírito Santo, na sua missão trinitária, plenifica a obra do Pai e do Filho e movimenta a história para que tudo seja um com o Pai.

A Igreja surge do Filho, por obra do Espírito Santo, para participar dessa missão como “sacramento universal ou sinal e instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o gênero humano” (LG, n. 1). “A intimidade da Igreja com Jesus é uma intimidade itinerante, e a comunhão ‘reveste essencialmente a forma de comunhão missionária” (EG, n. 23). A missão assim compreendida não é algo optativo, uma atividade da Igreja entre outras, mas a sua própria natureza. A Igreja é missão! “A ação missionária é o paradigma de toda a obra da Igreja” (EG, n. 15).

A missão é maior do que qualquer metodologia pastoral, movimento ou atividade. Ela revela a própria essência de Deus que tem uma Igreja vocacionada a ser testemunha de Cristo na história “A missão chama a Igreja para servir ao propósito de Deus no mundo, A Igreja não possui uma missão, mas a missão possui uma Igreja”,” Os discípulos missionários, enviados por uma Igreja local ou por uma instituição, devem estar em comunhão com quem os enviou e com a Igreja que acolhe.

“Embora exija a participação e a responsabilidade pessoal, a missão é sempre tarefa eclesial, de cunho comunitário. Não é propriedade particular restrita a alguém ou a um grupo. (…) Uma Igreja Sinodal valoriza os diversos níveis, favorecendo a participação de to dos e promovendo uma ‘salutar descentralização”. “Uma centralização excessiva, em vez de ajudar, complica a vida da Igreja e sua dinâmica missionária” (EG, n. 32).

Pelo Batismo e demais Sacramentos de iniciação à vida cristã, somos inseridos no corpo de Cristo para sermos os seus discípulos missionários, testemunhas de Jesus Cristo na vida eclesial e nos diferentes setores da sociedade. O Papa Francisco tem falado da dimensão existencial da missão: “Eu sou uma missão nesta terra, e para isso estou neste mundo” (EG, n. 273). A vida se torna uma missão. Ser discípulo missionário está além de cumprir tarefas ou fazer coisas. Está na ordem do ser. É existencial, identidade, essência e não se reduz a algumas horas do dia: “A missão no coração do uma parte da minha vida, ou ornamento que posso pôr de lado; não povo não é um apêndice ou um momento entre tantos outros da minha vida. É algo que não posso arrancar do meu ser, se não me quero destruir” (EG, n. 273). Na Exortação Apostólica Gaudete et Exsultate (GeE), o Papa, usando as palavras de Xavier Zubiri, chega a afirmar: “Não é que a vida tenha uma missão, mas a vida é uma missão” (GeE, n. 27). É uma realidade de vida em que os batizados se deixam envolver pela presença de Deus e a transmitem para o mundo.

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS




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          A aviação ainda é uma façanha emergente: pouco mais de cem anos de existência. O dia 23 de outubro de 1906 foi um marco. Nesta data, Santos Dumont fez o voo inaugural do primeiro aparelho mais pesado do que o ar. Uma odisseia de sessenta metros, ao redor do maior símbolo da prepotência humana da época, a torre Eiffel. De lá para cá, muitas nuvens singraram nossos céus, muitos voos alçaram a genialidade humana, a intrepidez de seus sonhos e ambições. Pouco mais de cem anos sem que nossos voos e descobertas, a conquista da Lua e a sondagem das estrelas ainda não nos tenha revelado outras vidas nesse Universo. Os alegres e efusivos anos das grandes invenções, no início do século passado, voaram céleres com a sucessão de novos inventos que transformaram o mundo.

          Assustado com o rápido aprimoramento de sua obra, em função da primeira grande Guerra (1914/18), Santos Dumont aposentou seu gênero criativo. Transferiu-se para Petrópolis, onde realizou seu último grande investimento, uma casa super futurista para a época, à qual deu um nome próximo à realidade das fábulas – a Encantada – e ali se isolou do mundo. Escreveu então seu segundo livro, “O que eu vi, o que nós veremos”. Nele fazia diversas sugestões para o bom uso de seus inventos, mas não ocultava sua mágoa e decepção pelo uso militar que faziam do avião.

          Pobre alma! Numa última tentativa de recompor seus projetos, correu mundos e fundos divulgando apelos contra a “força aérea” que destruía vidas. Nessa luta, sentia-se uma “Águia Solitária” (nome do primeiro avião a atravessar o Atlântico), mas intensificava suas viagens usando seu prestígio para demover a alma humana de suas insanidades contra si própria. Nada obteve. Ao contrário, viu desenvolver-se com voraz intensidade o aparelho que sonhara para diminuir distâncias entre os homens. Não diminuía; aumentava em função da guerra, do morticínio que proporcionava.

          Inconformado, o “Pai da Aviação” volta em definitivo para o Brasil. Prestam-lhe uma nova homenagem, com o voo inaugural do hidroplano Santos Dumont, tripulado por seis pessoas. Diante de seus olhos comovidos, o pequeno aparelho sobe vertiginosamente e desce em parafuso, sepultando-se em definitivo nas estranhas do mar. Profundamente deprimido, o grande inventor aceita como sua a culpa por essas e outras mortes que viriam com o uso do seu invento.

          Isso tudo não encerra a biografia desse grande brasileiro. Extremamente debilitado, o já velho construtor “de sonhos” isola-se numa praia paulista donde “ouve falar” da revolução que ameaça a integridade brasileira (1932). Não se conforma com tamanha insanidade entre compatriotas. No dia 23 de julho daquele ano vê aviões militares cruzar o céu anil de sua pátria em direção a um navio ocupado por brasileiros paulistas. Era o alvo de bombardeio daqueles aviões! Desesperado, Santos Dumont se suicida.

          Paixão, vida e morte desse herói aqui estão. O que ele viu, já o sabemos. O que veremos nós? Toda e qualquer invenção humana tem sempre a mão e ação divina, pois que dele provem nossa sabedoria. De nada nos serve toda ciência, quando dela fazemos mal uso. Mecânica ou imaginariamente, Santos Dumont nos ensinou: podemos voar, podemos sonhar. Mesmo com tantas divergências entre nós, com tantos desarranjos dentro da nossa casa comum, podemos sonhar, podemos voar…

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]




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          O significado de um testemunho é algo um tanto quanto machista, discriminatório, quase pornográfico. Vem de testículo, já que exigia um gesto, quase um juramento, com a declaração pública de um fato acompanhada do ritual de “segurar” o testículo do juiz ou oponente e assim proclamar a verdade ou o fato posto em dúvidas. Só mais tarde é que se passou a usar a mão sobre a Bíblia e jurar dizer a verdade em questão. Ainda bem. Caso contrário, teríamos hoje muitas omissões e falsos testemunhos, apesar de sequer a barba ou bigode dos canastrões de outrora terem sido de alguma valia. A mentira continuou imperando, distorcendo a história e muitas de nossas campanhas eleitoreiras. Está em curso nos dias atuais.

          Mas a campanha que aqui pretendo abordar não tem nada dessas aberrações históricas. Surgiu há exatos 50 anos, quando o catolicismo universal renascia das catacumbas romanas, após um Concílio renovador a lançar novas luzes e ânimo sobre a tarefa evangelizadora da Igreja. Nesse ano jubilar, por sugestão do Papa Francisco, além da objetividade pura e simples de sua temática, a presente Campanha Missionária reafirma: “A Igreja é missão”, mas segue o lema: “Sereis minhas testemunhas” (At 1,8). Simples e claro. A missão é tarefa única e exclusiva da Igreja que somos e, como tal, nosso testemunho é fundamento da fé que professamos. Sem este não existe aquela. Sem Igreja, nossa eclesialidade de nada valeria. Seria como o sino a badalar no vazio, sem retumbar seus sons e acordes maravilhosos. Uma guitarra sem energia, um clarim sem melodia, uma trombeta, uma tuba com gato dentro… A missão da Igreja é, sim, fazer barulho dentro e fora do homem adormecido, introspectivo em seu vazio, que olha para dentro de si mas só enxerga a si mesmo. Não encontra Deus em seu coração!

          Nesses 50 anos, tenho o orgulho de também celebrar um ano Jubilar, como membro de um grupo de leigos que um dia ousaram assumir essa identidade missionária dentro do catolicismo. O Meac, Missionários para Evangelização e Animação de Comunidades, nasceu com esse movimento renovador da Igreja e, desde então, vem construindo sua história aos trancos e barrancos, tentando mostrar aos cristãos leigos sua necessidade de testemunhar o Cristo sem “puxar” nada de ninguém, a não ser trazer para si a responsabilidade que nosso batismo e inserção cristã nos obriga a praticar. (Veja o site www.meac.com.br).  Nosso testemunho está em livro digital, onde o que se encontra é a simplicidade de vida de vários companheiros que viveram e vivem essa experiência missionária. Se você sentir esse chamado, entre em contacto, pois estamos necessitando, urgentemente, de sangue novo nessa tarefa evangelizadora, desafiadora, de ser Igreja realmente missionária.

          Não pense você que esta seja uma missão puramente clerical, religiosa. Já foi o tempo em que somente padres e freiras recebiam o mandato missionário como autoridade legitimamente constituída pelo múnus evangelizador da Igreja. Hoje, todos somos enviados. Mais do que nunca, o mundo necessita do testemunho e da presença eclesial como fonte de vida e esperança para todos. A omissão tem preço. Se o mundo se distancia das verdades de Cristo é porque nosso juramento batismal, nossa imersão nas águas da nossa fé, não provocou a purificação oferecida; ao contrário, contribuiu ainda mais para uma eventual condenação. Você, batizado, está em processo de cura das eventuais lepras que a vida sem Deus provoca no ser humano. Dez foram curados, um só voltou e agradeceu. E, detalhe, era um estrangeiro, alguém distante da comunidade que cercava a origem cristã. Será que aguardamos um missionário de outras terras para “dar glórias a Deus”?

          WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]




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Todo ser humano é um ser social e precisa do outro. A necessidade de andarmos juntos se mostra no fato de que os homens se associam em empresas, clubes, movimentos, família etc. Dizemos, com razão: a união faz a força. Isto se aplica também à dimensão religiosa da nossa vida. Também aqui devemos viver juntos e unir as forças. Você participa de algum movimento ou associação? Quais os motivos disto?

Durante a vida de Jesus, muitos o seguiram, atraídos por sua Palavra e por seu modo de viver. Diante de sua morte muitos fugiram, mas, depois da experiência da ressurreição, aqueles que permaneceram aqueles viveram e permaneceram, nele, saíram para anuncia-lo. A pregação era tão incisiva que, muitos aderiram a Cristo e pediram o Batismo.  Queriam seguir os passos de Cristo, mas não o faziam individualmente. Formavam comunidades de cristãos que, impulsionados pelo Espírito Santo, procuravam viver em união e fraternidade, em fé e oração. Estas comunidades se chamavam IGREJA. 

A palavra IGREJA vem do grego e significa ASSEMBLÉIA. Portanto, quando falamos aqui em IGREJA, não estamos nos referindo ao prédio onde os cristãos se reúnem, mas à comunidade das pessoas que querem seguir a Jesus Cristo.

Toda a primeira parte do livro dos Atos dos Apóstolos nos mostra como o Espírito Santo transformou em Igreja viva o pequeno grupo de apóstolos e discípulos que Jesus reunira a seu redor e deixara, na Terra, com uma grande missão. São Lucas nos fala sobre a vida comunitária, a vida de união fraterna que se notava na Igreja nascente.

É próprio da ação do Espírito Santo: UNIR, FAZER COMUNIDADE.

Indício disto, no Antigo Testamento, nós encontramos na conhecida narração da Torre de Babel, Gn 11,1-9. O texto mostra que, em toda Terra, havia uma só língua. Diante do pecado do orgulho dos homens, Deus confundiu-lhes a comunicação. Ninguém se entendia mais. Trata-se de uma narrativa simbólica. Ela quer nos ensinar que o pecado: orgulho, egoísmo… é a causa dos desentendimentos entre os homens. Pensando somente em si mesmos, não se comunicam uns com os outros.

Olhando para o Novo Testamento, Atos 2,5-11, vemos algo totalmente diferente daquilo que é plantado pelo egoísmo humano. Lucas mostra o efeito da ação do Espírito Santo. Quando Ele é dado à jovem Igreja, todos ouvem a sua própria língua. Isto quer dizer que o Espírito une e faz que todos se entendam, porque o Espírito é amor.

No Antigo Testamento há, ainda, outra narrativa interessante. O profeta Ezequiel narra uma visão que teve e na qual se vê que o Espírito de Deus quer dar vida a seu povo e construir essa vida em unidade e liberdade. Nesta passagem (Ez 37,1-14), vemos também que o Espírito do Senhor quer unir e dar vida.

Deus prometeu o Espírito ao povo do Antigo Testamento. Ele o deu ao povo da Nova Aliança, a Igreja. A ação do Espírito Santo tem efeitos profundos e duradouros como diz o livro dos Atos dos Apóstolos 2,22-27 e 4,32-35 e que podem ser resumidos em 4 pontos importantes: a) Estavam unidos na mesma fé, perseveravam na doutrina dos apóstolos; b) Eram solidários, vendiam o que tinham; não havia necessitados entre eles; c) Eles se uniam para a fração do pão – Eucaristia – e para rezar; d) Assim davam testemunho e atraíam muitos.

A grande lição que esta reflexão nos oferece é que: para ser Igreja é preciso que aprendamos a viver em comunidade. Eis a razão pela qual o Senhor nos chamou e fomos batizados. Sozinho, isolado ninguém é capaz de nada; a Igreja não é nada! 

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS




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“A Igreja vive continuamente do sacrifício redentor, e tem acesso a ele não só através duma lembrança cheia de fé, mas também com um contacto atual, porque este sacrifício volta a estar presente, perpetuando-se, sacramentalmente, em cada comunidade que o oferece pela mão do ministro consagrado.

Ao entregar à Igreja o seu sacrifício, Cristo quis também assumir o sacrifício espiritual da Igreja, chamada por sua vez a oferecer-se a si própria juntamente com o sacrifício de Cristo. Assim no-lo ensina o Concílio Vaticano II: « Pela participação no sacrifício eucarístico de Cristo, fonte e centro de toda a vida cristã, [os fiéis] oferecem a Deus a vítima divina e a si mesmos juntamente com ela” (Carta Encíclica Ecllesia de Eucharistia, nº 12 e 13, p. 17 e 19).

 

“Sem efusão de sangue não há remissão” (Hb 9,22b).

Dom Oscar Arnulfo Romero, assassinato a 24 de março de 1980, com um tiro no peito, por um “esquadrão da morte”, aos 63 anos quando celebrava a missa na capela de um hospital de San Salvador, El Salvador. A guerra civil salvadorenha foi nesse período, de 1980 a 1992.

Seu último sermão, gravado na maior clareza possível, naquele instante da Morte, foi um apelo de justiça e paz. E quando terminou a gravação, ouviram-se também na fita os tiros, que lhe arrebataram a vida terrena.

Ele mesmo, no entanto, profetizara: “Ressuscitarei em meio ao meu povo. Vivo dentro do povo”. Foi um exemplo na luta em defesa dos direitos humanos.

Em seus sermões dominicais, retransmitidos pelo radio, Dom Oscar Romero defendia os pobres, denunciava assassinatos, desmascarava os governantes corruptos e mentirosos. Romero foi indicado pelo parlamento britânico para o Prêmio Nobel da Paz de 1979. Perdeu o prêmio de Estocolmo para Madre Teresa de Calcutá.

Em todos os lugares, as comunidades recordarão as palavras que, poucos dias antes de ser morto, dissera Dom Romero: “Freqüentemente, tenho sido ameaçado. Como cristão, não creio em morte sem ressurreição. Se me matam, ressuscitarei no povo salvadorenho. (…) Como pastor, estou obrigado a dar a vida por aqueles que amo que são todos os salvadorenhos, até pelos que vão me assassinar. Ofereço a Deus o meu sangue pela redenção e pela ressurreição de El Salvador. O martírio é uma graça que não creio merecer. Mas, se Deus aceita o sacrifício da minha vida, que meu sangue seja semente de liberdade e o sinal de que, em breve, a esperança se tornará realidade…”

De fato, o seu sangue, derramado pelas balas assassinas, misturou-se, literalmente, ao vinho do cálice que ele sustentava para celebrar o memorial da morte e ressurreição de Jesus Cristo. Ele não queria morrer, nem vivia uma espiritualidade baseada no sacrifício e na dor. Acreditava que o caminho para a intimidade com Deus passa pela solidariedade efetiva aos irmãos e irmãs, especialmente às pessoas mais carentes e oprimidas. Dizia que sem a prática da justiça e o compromisso pelos direitos humanos vividos por todos, a adoração a Deus é fantasia narcisista. Ora, El Salvador, menor país da América Central. tem 50% dos habitantes vivendo com menos de 10 dólares por mês. Desde 1932, militares, preparados pelo governo americano, dominam o país com mão de ferro.

As comunidades e o povo de El Salvador continuam resistindo. A ressurreição da qual falava Dom Romero já se manifesta no próprio milagre de sobreviver. Ele afirmava: “A glória de Deus é a vida dos pobres”.

Quase vinte anos depois, a memória deste profeta, carinhosamente conhecido pelas comunidades como “São Romero das Américas”, torna-se mais importante. 

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS 




Diocese de Assis

 

          Interessante observar na parábola do rico e o pobre, contada em Lucas, 16,10-31, que somente o pobre tem seu nome revelado, enquanto o rico permanece um ilustre desconhecido. É a única parábola em que Jesus cita um nome. Interessante também é a coincidência do nome, o mesmo do amigo ressuscitado por Jesus, Lázaro, que etimologicamente também significa aquele que sofre de lepras, morfético…Mesmo assim, Jesus o dignifica, colocando-o num patamar capaz de fazer inveja aos mais afortunados dessa vida. Olhando para os dias atuais, a parábola tem muito a nos ensinar.

          O conflito social é latente. Não exclui regime político, nem religioso. Sequer nações poderosas ou mesmo subdesenvolvidas. As diferenças de classes estão em qualquer sociedade humana. Mesmo assim, a fé cristã ainda prega a igualdade e a fraternidade como pilares de sustentação do mundo novo que sonhamos. Não se vá esperar a morte, o julgamento final, para se concluir que as desigualdades entre nós são fatores dos muitos conflitos que desestabilizam nossas relações pessoais. O rico da parábola percebeu tardiamente a desgraça que seu egoísmo lhe proporcionou na eternidade. Nosso problema é exatamente esse. Demoramos a enxergar a realidade do outro lado e, quando nos damos conta, clamamos por misericórdia, suplicando até mesmo a caridade dos lazarentos que um dia ignoramos ao redor de nossos pretensos palácios, nossa arrogância existencial. Os pedestais que construímos em vida tornar-se-ão os abismos a nos separar na realidade das graças celestiais. O que aqui plantamos, lá colheremos.

          São muitos os Lázaros ao nosso redor. Pagam o preço da nossa possível salvação, pois são eles os instrumentos que Deus enviou para nos ajudar na redenção humana e no nosso aprimoramento espiritual. Não podemos ignorá-los. Nem os condenar. Lázaros hoje caminham conosco numa mesma calçada, adentram nossas igrejas, prédios públicos ou áreas de lazer, à cata de nossas sobras. Integram movimentos sociais na esperança de mudanças. Gritam por igualdade em muitas de nossas ruas ou praças. Agitam suas bandeiras em passeatas ou entregam suas esperanças no uso de drogas e vícios que anestesiam suas dores e decepções. Lázaros também ocupam cargos políticos e religiosos, na tentativa de nos despertar. Lázaros estão nas trincheiras dos muitos conflitos entre povos e nações… sentem o cheiro mórbido da pólvora nos canhões e visualizam o clarão insano de nossas armas nucleares. Lázaro pode ser eu ou você, um dia…

          O perigo das riquezas é o pecado por omissão. Ou seja: não é o fator riqueza que condena, mas a negligência do rico com relação à pobreza que grassa ao redor de sua mesa, sua casa, suas posses… O rico da parábola, tardiamente, se deu conta dessa sua omissão. Desejou avisar aos seus, alertá-los quanto a esse perigo, mas já era tarde. Cada qual deveria prestar contas segundo o alerta que lhes fora dado em vida, pela lei, pelos profetas, pela palavra que lhes fora proclamada… A consciência dos deveres estava embutida em suas vidas pelo conhecimento da Palavra. E isto lhes era suficiente, se quisessem realmente agradar a Deus. Simplesmente cumprir seus desejos de solidariedade, fraternidade, responsabilidade social. Eis aqui o único e fatal perigo que o mau uso das riquezas é capaz de proporcionar. Quem faz de seus bens instrumentos de opressão e humilhação aos menos favorecidos despreza um privilégio que poucos conseguem: ser útil no processo de crescimento de muitos que rodeiam nossa vida, nosso trabalho, nossa profissão neste mundo.

          O crescimento das virtudes é a multiplicação das verdadeiras riquezas. Essas, necessariamente, não exaltam o nome do rico, mas dá-lhe dignidade na medida que dignifica os Lázaros que o cercam. Serão eles que exaltarão e revelarão esse nome na presença de Deus. Que o nosso seja um destes.

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]