1

Diocese de Assis

 

          Pobre do homem que acumula só para si. Verdade nua e crua. Frase curta e dura. A cegueira e a surdez de muitos ainda não atinaram para essa triste realidade humana, que muitos preferem ignorar: daqui nada se leva. Pois das muitas lições que a pregação de Jesus abordou com clareza e objetividade, a questão da avareza foi sempre retomada com primor. Senão, veja ao menos essa: “Tomai cuidado contra todo tipo de ganância, porque, mesmo que alguém tenha muitas coisas, a vida de um homem não consiste na abundância de bens” (Lc 12,15). Consiste em que, então?

          A pergunta é fatal e curiosa. Todos um dia a fazem a si mesmos. Afinal, porque tanto suor, esforços, sacrifícios, quando daqui sairemos com as mãos abanando? Ricos e pobres, grandes empreendedores ou pequenos investidores, um dia hão de topar com essa questão em suas vidas. Alguns desaceleram suas buscas, outros agem como o avestruz que, quando ameaçados, escondem a cabeça numa grota qualquer, outros ainda amealham com mais avidez, como se suas conquistas e bens terrenos fossem as únicas garantias de uma segurança pessoal. Enfim, cada qual à sua maneira, fazem dos bens terrenos um escudo invisível para algo que desconhecem, mas temem, a própria morte.

          Jesus dá o xeque mate: “Louco! Ainda nesta noite, pedirão de volta a tua vida. E para quem ficará o que tu acumulaste?”

          Mesmo assim, não é bom abordar esse tema sem uma visão mais positiva. A questão não é o acumulo pessoal, a riqueza adquirida sem os critérios do bom uso que dela se possa extrair, da função social bem administrada e partilhada, da divisão justa e criteriosa dos bons empreendimentos que geram riquezas e bem estar, renda e segurança alimentar a incontáveis trabalhadores. Essas riquezas têm outro nome: prosperidade. Feliz o homem próspero, que constrói não para si, mas para muitos, que faz de seus bens uma fonte de vida e garantia de sobrevivência para todos que dele se acerquem. Esse não reserva para seus dias finais, mas para sua eternidade.

          Nesse aspecto, a visão da Igreja não é contraditória em sua defesa a favor do pobre, o injustiçado na cadeia alimentar e social, mas com ele faz coro ao pregar justiça na distribuição de rendas e condições de trabalho mais coerentes com a dignidade humana. Muitos gritam: isso é comunismo! Mas antes dessas ideologias tolas e contraditórias que inventamos, o que seria? No tempo de Jesus o regime totalitário e dominador do Império visava apenas domínios territoriais. O povo era uma massa de manobra circunstancial, útil somente na construção de poder e glória de seus dominadores. Jesus era somente uma voz a clamar. Diferente de nossos dias? Não, claro que não!

          Então ouçamos sua voz, a voz de sua Igreja. Se hoje suavizamos a fala com pedido de perdão das muitas injustiças culturais e históricas que Igreja e Estado um dia cometeram (Papa Francisco pediu perdão pelo genocídio cultural cometido contra povos indígenas, em especial no Canadá) na América Latina a opção preferencial pelos pobres também criou situações de exclusão. Sabemos hoje que “pobreza espiritual” também merece nossos cuidados. Sabemos hoje que há muitos pobres necessitados de atenção e orientação espiritual, pois que não sabem o que fazer com suas riquezas de ordem material. E muitos ricos de ordem espiritual que não partilham seus bens espirituais com aqueles que só acumulam riquezas temporais. Pobres ricos e ricos pobres… Ou pobres pobres e ricos ricos…

          WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]

 

 




Diocese de Assis

 

          Quando uma criação ou invenção que seja cai no domínio público, é usada e dominada por todos, dizemos que esta não tem dono, o seu uso e abuso é direito de todos. Assim também a vida. Pelo uso que dela fazemos, pelo domínio ou não que dela temos, podemos dizer que nos pertence, que somos senhores e diretores dos eventuais rumos que esta possa seguir. Mas, quem a criou pensaria assim? Seria esse seu projeto para conosco, deixando-nos ao Deus dará, jogados à sorte de um futuro às cegas, sem rumo certo, sem domínio sobre nós?

          Será que o Criador abandonou sua obra, abriu mão de sua paternidade? A história diz que não. Tantas e tantas  vezes nosso Pai criador reivindicou seus direitos sobre nós, se fez um conosco, mostrando-nos o caminho certo, dando-nos pistas para solucionar nossos dilemas, acertando nossos passos com sua vontade, que seu sobrenome nos soa como Misericórdia, Redentor, Providente, Generoso ou simplesmente Amor. Eis o Pai que temos. O Pai de todos, Pai Nosso!

          Mesmo assim, diante da petulância de nos dizermos donos do nosso nariz, Ele nos deixa livres. Tal qual brinquedo predileto em suas mãos, recarrega nossas pilhas de quando em quando e nos devolve ao mundo. Foi o que fez pessoalmente ao nos enviar seu Filho, ao escrever a mais bela e contundente história de Redenção durante os 33 anos de “tentativa de conserto” mais radical da história humana. Reivindicou para si sua paternidade universal. Chamou-nos de filhos, filhinhos, amados, queridos, irmãos… E nos ensinou a rezar: “Pai-Nosso”…  Não mais “meu” ou “seu”, mas “nosso”, de todos, independentemente de sua raça, credo, cor ou o que seja… Deus é Pai de todos!

          Esse detalhe da oração que “O Senhor nos ensinou” é o grande trunfo da harmonia e da paz universal. Um detalhe que nos foge em momentos de crise, guerra ou conflitos universais, quando nossa irmandade deveria ser posta acima de tudo e de todos, para gaudio e proteção do Pai que temos em comum. “Portanto, eu vos digo, pedi e recebereis; procurai e encontrareis; batei e vos será aberto” (Lc 11, 9). Ora, se essa é a promessa, se a solução para tantos conflitos e dilemas que nossa história repetidamente escreve está aqui, porque vacilamos? Ora que melhora, muitos dizem. Mas poucos, pouquíssimos praticam. Não é apenas uma questão de credo, de atenção à realidade espiritual que vivemos, mas desleixo, preguiça, incompetência mesmo. O mundo vai mal porque nós, cristãos, estamos péssimos. Deixamos de lado a força que temos para transformar o mundo com nossa presença, nossa ação e oração. É isso.

          Então, se você é daqueles que dizem: “Quanto mais rezo, mais o Diabo aparece”, parabéns! Sua oração está fazendo efeito. Continue, pois é função do ato de orar também provocar uma reação do Inimigo. Sinal de que nosso diálogo com Deus causa inveja. Sorria o sorriso da graça alcançada, segure firme nas mãos de Deus e vá em frente! O Pai está te ouvindo…

Mais que simples instrumento de reivindicações, das constantes solicitações que temos a fazer, a oração é também uma conversa franca, um diálogo permanente que nos mantêm unidos a Deus. É o abandono certeiro e confiante de quem ama e se deixa amar pela força protetora Daquele que nos deu tudo o que temos e somos. Por isso, digamos: “Aba, Pai!”.

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]




Diocese de Assis

 

 

Evangelizar é preciso. Mas, como evangelizar sem perder o essencial do evangelho? Para resolver essa dúvida devemos voltar ao evangelho. Assim não perderemos o caminho, a direção e a meta da Evangelização.

O Evangelista Mateus em 28,16-20 apresenta a evangelização vinculada a um mandato de Jesus. Quer dizer, a evangelização é uma obra que acontece se perpetua na vida de fé e não conhece limites uma vez que não se esgota nas atividades, nos planos, nos projetos e sonhos de quem quer que seja. A evangelização não obedece padrões do gênio humano, pelo contrário, os ultrapassa porque, é algo que nasce no coração do próprio Deus e, por isso mesmo, é antes de tudo, obra de Deus em nós. Primeiro porque Cristo é o Evangelho que se dá por si mesmo e, segundo, porque é a sua Vontade que deve prevalecer aos discursos, práticas.

Retomando a Exortação Apostólica “Alegria do Evangelho”, do Papa Francisco, podemos entender melhor as razões que nos permitem rever e refazer o caminho da evangelização como coisa de Deus em nós, na Igreja e no mundo.

No parágrafo 19, diz o papa: “A evangelização obedece ao mandato missionário de Jesus: “vão e façam com que todos os povos se tornem meus discípulos, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo o que ordenei a vocês” (Mt 28, 19-20). Nestes versículos, aparece o momento em que o Ressuscitado envia os seus a pregar o Evangelho em todos os tempos e lugares, para que a fé n’Ele se estenda a todos os cantos da terra.”

O papa Francisco aprofunda a reflexão indicando a via de afirmação da Evangelização: a saída missionária.

Vejamos os indicativos desta via de afirmação:

Parágrafo 20: “Na Palavra de Deus, aparece constantemente este dinamismo de ‘saída’, que Deus quer provocar nos crentes. Abraão aceitou a chamada para partir rumo a uma nova terra (cf. Gn 12, 1-3). Moisés ouviu a chamada de Deus: ‘Vai; Eu te envio’ (Ex 3, 10), e fez sair o povo para a terra prometida (cf. Ex 3, 17). A Jeremias disse: ‘Irás aonde Eu te enviar’ (Jr 1, 7). Naquele ‘ide’ de Jesus, estão presentes os cenários e os desafios sempre novos da missão evangelizadora da Igreja, e hoje todos somos chamados a esta nova ‘saída’ missionária. Cada cristão e cada comunidade deve discernir qual é o caminho que o Senhor lhe pede, mas todos somos convidados a aceitar esta chamada: sair da própria comodidade e ter a coragem de alcançar todas as periferias que precisam da luz do Evangelho.

Parágrafo 21: “A alegria do Evangelho, que enche a vida da comunidade dos discípulos, é uma alegria missionária. Experimentam-na os setenta e dois discípulos, que voltam da missão cheios de alegria (cf. Lc 10, 17). Vive-a Jesus, que exulta de alegria no Espírito Santo e louva o Pai, porque a sua revelação chega aos pobres e aos pequeninos  (cf. Lc 10, 21). Sentem-na, cheios de admiração, os primeiros que se convertem no Pentecostes, ao ouvir ‘cada um na sua própria língua’ (At 2, 6) a pregação dos Apóstolos. Esta alegria é um sinal de que o Evangelho foi anunciado e está a frutificar. Mas contém sempre a dinâmica do êxodo e do dom, de sair de si mesmo, de caminhar e de semear sempre de novo, sempre mais além. O Senhor diz: ‘Vamos para outra parte, para as aldeias vizinhas, a fim de pregar aí, pois foi para isso que Eu vim’ (Mc 1, 38). Ele, depois de lançar a semente num lugar, não se demora lá a explicar melhor ou a cumprir novos sinais, mas o Espírito leva-O a partir para outras aldeias.

Parágrafo 22: “A Palavra possui, em si mesma, uma tal potencialidade, que não a podemos prever. O Evangelho fala da semente que, uma vez lançada à terra, cresce por si mesma, inclusive quando o agricultor dorme (cf. Mc 4, 26-29). A Igreja deve aceitar esta liberdade incontrolável da Palavra, que é eficaz a seu modo e sob formas tão variadas que muitas vezes nos escapam, superando as nossas previsões e quebrando os nossos esquemas.”

 

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS 




Diocese de Assis

 

          O segundo foco da Carta Apostólica “Desiderio Desideravi” (Desejei Ardentemente) do Papa Francisco, frisa o aspecto da arte de celebrar como questão fundamental ao bom termo de nossas celebrações litúrgicas. Não é, nunca foi e nunca será um simples ato, um acontecimento social… “A ars celebranti não pode ser reduzida a apenas um mecanismo rubrical, muito menos deve ser pensada como imaginativa – às vezes selvagem – criatividade sem regras” (48). Dizendo o que não é, Francisco foca no desejo de Cristo ao instituir seu rito sacramental, apresentando-se como centro vivo e razão do encontro eucarístico. Ele é o “artista” desse acontecimento. E, como tal, “o verdadeiro artista não possui uma arte, mas é possuído por ela. Não se aprende a arte de celebrar frequentando um curso de oratória ou técnicas de comunicação persuasivas” (50).

          Silêncio e respeito devem marcar grande parte dos momentos litúrgicos. “Entre os atos rituais que pertencem a toda assembleia, o silêncio ocupa um lugar de absoluta importância… Toda a celebração eucarística está imersa no silêncio que precede o seu início e que marca cada momento do seu desenrolar ritual” (52). Não celebramos uma festa, um bacanal mundano, mas “algo muito mais grandioso” que só o silêncio é capaz de traduzir para nossas vidas a grandiosidade do milagre que aqui contemplamos. “Também ajoelhar-se deve ser feito com arte, ou seja, com plena consciência do seu sentido simbólico e da necessidade que temos deste gesto para expressar o nosso modo de estar na presença do Senhor” (53).

          Ademais, o celebrante da liturgia eucarística nunca é nem será um homem qualquer, a quem o sacramento da ordem outorgou um ministério especial, mas sim o próprio Cristo, ali presente. Não contemplamos a simples humanidade de um Deus representado na imagem de um homem de carne e osso, como qualquer um de nós. Ao contrário, o que presenciamos é a divindade de um Homem que se fez um igual àqueles que tanto amou, que se deu e continua se doando para que tenhamos nossa fé alimentada pelo pão da vida. “O ministro ordenado é ele próprio um dos tipos de presença do Senhor que torna a assembleia cristã única, diferente de qualquer outra assembleia” (cf. Sacrossanctum Concilium n. 7), cita Francisco, que ainda nos lembra: “Então, o Senhor ressuscitado está no papel principal e não nossas próprias imaturidades” (57), referindo-se à nossa fé infantil.

          Por fim, Francisco se preocupa com a coerência de muitos sacerdotes, que, mesmo revestidos da graça de uma unção sacerdotal, ainda titubeiam no dom que receberam. Há muitos indecisos e incrédulos ao redor da mesa da comunhão, dentre estes também sacerdotes, presidentes e propiciadores do milagre que emana do altar. Nessa linha escrevi “Pedra dos Milagres” (Editora A partilha), que aqui cito para aqueles que desejem aprofundar esse assunto. Mas quem sou eu diante da preciosidade das reflexões de um Papa? Eis uma de suas preocupações, que não isenta ninguém das negligências presentes numa celebração de fé: “Os sacerdotes devem permitir que o Espírito Santo aja sobre eles, para completar o trabalho que ele começou neles em sua ordenação” (59). Por mais indigno que seja o celebrante, por mais contraditória que seja sua vida de fé – como muitas vezes constatamos – o padre nunca fala às paredes. “As palavras que a Liturgia coloca em seus lábios têm conteúdos diversos que requerem tonalidades específicas” (60). São palavras divinas, não humanas. Concluindo: “De domingo a domingo a energia do Pão partido nos sustenta no anúncio do Evangelho no qual se manifesta a autenticidade da nossa celebração” (65) Então, Ide em Paz!

          WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]




Diocese de Assis

Toda a vida cristã está baseada no modelo de vida do Cristo: suas ações, suas palavras, seus sentimentos, seus pensamentos, seus gestos, sua postura, sua mentalidade, sua sabedoria, seu amor, sua compaixão, sua misericórdia, seu perdão, sua ternura, sua percepção, sua sensibilidade, seu zelo, sua atenção, sua verdade, sua sinceridade…

O cristianismo, portanto, não é, simplesmente, uma ideologia, mas, um ideal; não é uma doutrina, mas, um itinerário de vida; não é uma convenção, mas, uma convicção; não é crença, mas, é fé.

Neste sentido, cristão é aquele que, identificado com o Cristo, se con-figura a ele. Isto é, torna-se um outro Cristo; sem deixar de ser o que é, assume, como sendo seu as ações, as palavras, os sentimentos, os pensamentos, os gestos, a postura, a mentalidade, a sabedoria, o amor, compaixão, a misericórdia, o perdão, a ternura, a percepção, a sensibilidade, o zelo, a atenção, a verdade, a sinceridade… do Cristo. A esse respeito, Tomas Kempis, no passado (1441), falava em Imitação de Cristo. O Evangelho fala de ser santo como o Senhor é Santo. Não são duas verdades que se excluem, mas que se completam. A prática da fé, pela imitação do Cristo, faz chegar à santidade. E santidade deve ser o escopo (meta) da vida.

Ora, quando muita gente pensa que a busca de santidade anula a natureza humana, como fazer da santidade uma meta sem se tornar desumano consigo e com os outros?

É preciso ter claro que, a santidade não desumaniza a pessoa, pelo contrário, totaliza, completa, plenifica. Porque o ideal de santidade pressupõe a realização da pessoa total e não de uma parte dela.

O grave problema de quem considera a busca da santidade como um risco à humanidade de uma pessoa é a visão compartimentada e fragmentária de tudo. Ora, quem fragmenta tudo, enxerga tudo através da limitada condição dos fragmentos. De tal forma que a referência de valor, de sentido, de verdade… será sempre pequena.  Por exemplo: quem não vê o tempo para além de um só dia, vai querer tirar proveito de tudo só naquele dia; quem não vê a fome para além da comida, não vai passar de um comilão; quem não vê o trabalho para além do dinheiro, vai continuar sendo um escravo remunerado; quem não enxerga o dinheiro para além do possuir, não vai deixar nunca de ser materialista; quem não enxerga o sexo para além do prazer, nunca resolve as suas obsessões e desvios.

O ideal cristão de santidade pressupõe a natureza humana: suas fraquezas e forças; suas limitações e grandezas, suas contingências e necessidades; seu nada e seu tudo…

Na fé, a visão de homem total (santo) é a de homem Feliz. E isso só é possível fazendo coincidir felicidade com santidade, santidade com realização e realização com prazer.

O grande desastre da vida humana é que, uma inversão, arbitrada pela fragmentarismo, coloca o prazer como princípio de tudo. Nisto está a derrocada do homem porque o hedonismo faz ponte com o individualismo, com o materialismo, com o egoísmo e com muitos outros “ismos” que esvaziam e escravizam.

As bem-aventuranças de Jesus, em Mateus 5,1-12, oferecem um programa de vida, onde o ideal de felicidade é a realização da pessoa em sua totalidade. Tomando como ponto de partida as realidades não negadas (mas assumidas) da vida, mostra como é possível ser feliz. A proposta, presente ali, é de felicidade e, não simplesmente de alegria.  Porque alegria é sempre algo passageiro; vem e vai rápido. A Felicidade, ao contrário, é algo mais duradouro e precisa de mais tempo para se consolidar para se tornar realização. Porque ela pode chegar não só através de uma alegria, mas também de uma tristeza.

 

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS




Dioicese de Assis

 

          “Desejei muito comer com vocês esta ceia pascal, antes de sofrer” (Lc 22, 15). A partir da formulação desse desejo de Cristo, Papa Francisco inicia sua nova Carta Apostólica “Desiderio Desideravi”, (Desejei Ardentemente) sobre a formação litúrgica do Povo de Deus. Publicada no dia 29 de junho de 2022, dia de São Pedro e São Paulo, a nova encíclica chega num oportuno momento onde questões litúrgicas têm proporcionado discussões e posições antagônicas entre muitos segmentos do clero, dado a polarização de ideias e modismos que se observam dentro da Igreja. Uns muito adiante, outros retrocedendo ao passado. Uns excessivamente condicionados ao rito, outros negligentes na forma e conteúdo ou vazios da espiritualidade que o ato litúrgico requer. Então, que se restaure a essência desse banquete.

          Francisco reage ao indiferentismo sacramental, lembrando serem eles (os sacramentos) um dom de Deus, “porque todo dom, para ser dom, dever ter alguém disposto a recebe-lo” (3). Lembra-nos que a Ultima Ceia foi o ápice de todos os ritos sacramentais. “Ninguém ganhou um lugar naquela Ceia. Todos foram convidados. Ou melhor dito: todos foram atraídos para lá pelo desejo ardente que Jesus tinha de comer aquela páscoa com eles” (4). Portanto, quando vamos à Missa é porque o Senhor nos quer unidos ao redor de sua Palavra e nos alimenta com seu amor, com seu corpo e sangue transubstanciados. Nada ali é encenado, exibido simbolicamente, pronunciado para paredes indiferentes, mas “tudo dEle passou para a celebração dos sacramentos” (9). Porque “na Eucaristia e em todos os sacramentos é-nos garantida a possibilidade de encontrar o Senhor Jesus e de fazer chegar até nós a força do seu mistério pascal” (11).

          A Igreja, como tal, é presença viva do Corpo de Cristo no mundo. Lembra-nos Francisco: “O paralelo entre o primeiro Adão e o novo Adão é notável: assim como do lado do primeiro Adão, depois de tê-lo lançado em sono profundo, Deus fez surgir Eva, assim também do lado do novo Adão, adormecido o sono da morte na cruz, nasce a nova Eva, a Igreja” (14). E conclui: “O sujeito que atua na Liturgia é sempre e somente Cristo-Igreja, o Corpo místico de Cristo” (15).

          Não realizamos uma mera cerimônia decorativa, mas uma verdadeira ceia com a presença real do Senhor da Festa, o dono da casa, aquele que nos reuniu na sua graça, no seu amor. “O início de cada celebração me lembra quem eu sou, pedindo-me para confessar meu pecado e convidando-me a implorar a Maria sempre virgem, os anjos e santos e todos os meus irmãos e irmãs que rezem por mim ao Senhor nosso Deus” (20). Nosso Ato Penitencial nos lembra nossa indignidade. Esse “encontro com Deus não é fruto de uma busca interior individual por Ele, mas é um acontecimento dado” (24), não um ato simbólico, mas “a maravilha de quem experimenta o poder do símbolo” (26). Quem penetrar nesse mistério entenderá a razão de Deus sempre ocupar o primeiro lugar em nossas vidas. “A liturgia é a primeira fonte de comunhão divina, na qual Deus compartilha sua própria vida conosco” (30).

          O Papa reitera: “Recordemos sempre que é a Igreja, o Corpo de Cristo, que é o sujeito celebrante e não apenas o sacerdote” (36) “Não é autêntica uma celebração que não evangeliza, assim como não é autêntica uma proclamação que não conduz ao encontro com o Ressuscitado’ (37). Uma Eucaristia bem vivenciada é aquela que transforma nosso pão em “pão vivo descido dos céus”, mas também, segundo palavras de Leão Magno, deve “tornar-nos aquilo que comemos”. E bebemos…

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]

 

 

 




Diocese de Assis

 

Neste mundo, ninguém é mais e ninguém é menos: todos somos humanos. Nossas forças e nossas fraquezas se assemelham, assim como se assemelham nossa dignidade. O que nos diferencia é muito menor do que o que nos assemelha. Por isso, seja qual for a nação, o time de futebol, o partido político, o gênero, a vertente ideológica.. à qual cada um pertença, isso deveria importar menos, do que o que cada um é, em si: humanos. É a humana vida que deveria servir como referência do respeito, da valorização, do reconhecimento de cada um. Mas, a gente escolhe o que é menos para nos referirmos a alguém que, é muito maior e melhor e que não cabe em referências quantitativas. Porque, na verdade nossos valores fogem à quantificação.

Mas, devemos entender, entretanto, que o fato de sermos semelhantes em dignidade humana, ninguém é igual a ninguém; cada um é único. E o que torna alguém único e, com razão, irrepetível é qualidade que não se sobrepõe ao que nos assemelha, mas, especifica porque não somos produtos de uma forma e, nem tão pouco, uma linha de produção em série.

O que cada um traz de diferente, em si, o aproxima, ainda mais, de todos os outros diferentes. Por isso é injusta, desnecessária e desprovida de sentido toda forma de competição, rivalidade e disputa. O que cada um é, de diferente, o será para sempre e com tudo o que lhe é próprio. O que todos nós somos, de semelhante, o será para sempre e nos manterá unidos no misterioso laço, através daquele que é, por natureza, semelhante em essência, porque a semelhança que compartilhamos vem dele.

Que haja ternura entre nós!

Assim diz o profeta Oséias, em nome do Senhor: “Eu me casarei com você para sempre, me casarei com você na justiça e no direito, no amor e na ternura. Eu me casarei com você na fidelidade e você conhecerá Javé” (Os 2,21-22).

A ternura é a virtude da atração por semelhança; é o bem querer sem esforço que brota de nossas entranhas e nos mantém em sintonia com ou sem palavras; é o laço invisível que nos prende de maneira simples e na liberdade.

Que haja ternura entre nós!

Paulo que, descobriu a força e a necessidade da ternura em Cristo, nos mostra e ensina como isso deve acontecer em sua carta aos Filipenses.

Cristo, modelo da ternura (Fl 2,1-11)

“Portanto, se há um conforto em Cristo, uma consolação no amor, se existe uma comunhão de espírito, se existe ternura e compaixão, completem a minha alegria: tenham uma só aspiração, um só amor, uma só alma e um só pensamento. Não façam nada por competição e por desejo de receber elogios, mas por humildade, cada um considerando os outros superiores a si mesmo. Que cada um procure, não o próprio interesse, mas o interesse dos outros. Tenham em vocês os mesmos sentimentos que havia em Jesus Cristo: Ele tinha a condição divina,mas não se apegou a sua igualdade com Deus. Pelo contrário, esvaziou-se a si mesmo,assumindo a condição de servo e tornando-se semelhante aos homens.Assim, apresentando-se como simples homem, humilhou-se a si mesmo,tornando-se obediente até a morte,e morte de cruz! Por isso, Deus o exaltou grandemente,e lhe deu o Nome que está acima de qualquer outro nome; para que, ao nome de Jesus,se dobre todo joelho no céu, na terra e sob a terra; e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai.”

Conversão à ternura (Fl 2,13-17)

“De fato, é Deus que desperta em vocês a vontade e a ação, conforme a sua benevolência. Façam tudo sem murmurações e sem críticas, para serem inocentes e íntegros, como perfeitos filhos de Deus que vivem no meio de gente pecadora e corrompida, onde vocês brilham como astros no mundo, apegando-se firmemente à Palavra da vida. Desse modo, no Dia de Cristo, eu me orgulharei de não ter corrido ou me esforçado em vão.”

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS




Diocese de Assis

A cultura do simulacro invadiu de vez as igrejas nas mais diversas denominações cooptando-lhes signos, símbolos, sinais, ritos, liturgias, linguagem, palavra, discurso e teologia.

Para piorar a situação, no meio de tantas falsificações e distorções existentes no mundo, não é difícil descobrir falsificações e distorções no conjunto das práticas religiosas, uma vez que a religião que, sempre foi alvo das pretensões e justificativas do poder, continua servindo aos caprichos da hipocrisia de muitos profissionais da política não política e seus horrores.

Desavergonhadamente, muitas instituições religiosas com seus líderes e lideranças vendem-se e barganham o universo do sagrado, prostituindo suas legítimas epifanias, mediações e serviços, como se fossem produtos e mercadorias.

Jesus sempre questionou os horrores e promiscuidade religiosa dos que cooptam e corrompem a religião. Não poupou palavras, discursos, anúncios e denúncias contra o servilismo do templo.

A Justiça do Reino aparece, na pregação de Jesus, como a via reparadora de toda deturpação, hipocrisia e falsificação da religião do seu tempo e, em bom tempo, para o nosso hoje.

No sermão da montanha, em Mateus 5,1-20, Jesus apresenta um verdadeiro programa de conversão religiosa:

As bem aventuranças, como anseio por um mundo melhor (Mt 5,1-12)

“Jesus viu as multidões, subiu à montanha e sentou-se. Os discípulos se aproximaram, e Jesus começou a ensiná-los: ‘Felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino do Céu. Felizes os aflitos, porque serão consolados. Felizes os mansos, porque possuirão a terra. Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. Felizes os que são misericordiosos, porque encontrarão misericórdia. Felizes os puros de coração, porque verão a Deus. Felizes os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus. Felizes os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino do Céu. Felizes vocês, se forem insultados e perseguidos, e se disserem todo tipo de calúnia contra vocês, por causa de mim. Fiquem alegres e contentes, porque será grande para vocês a recompensa no céu. Do mesmo modo perseguiram os profetas que vieram antes de vocês’.”

A força do testemunho, como desalienação pessoal (Mt 5,13-16)

“Vocês são o sal da terra. Ora, se o sal perde o gosto, com que poderemos salgá-lo? Não serve para mais nada; serve só para ser jogado fora e ser pisado pelos homens. Vocês são a luz do mundo. Não pode ficar escondida uma cidade construída sobre um monte. Ninguém acende uma lâmpada para colocá-la debaixo de uma vasilha, e sim para colocá-la no candeeiro, onde ela brilha para todos os que estão em casa. Assim também: que a luz de vocês brilhe diante dos homens, para que eles vejam as boas obras que vocês fazem, e louvem o Pai de vocês que está no céu.”

A Lei e a Justiça, como reparação institucional (Mt 5,17-20)

“Não pensem que eu vim abolir a Lei e os Profetas. Não vim abolir, mas dar-lhes pleno cumprimento. Eu garanto a vocês: antes que o céu e a terra deixem de existir, nem sequer uma letra ou vírgula serão tiradas da Lei, sem que tudo aconteça. Portanto, quem desobedecer a um só desses mandamentos, por menor que seja, e ensinar os outros a fazer o mesmo, será considerado o menor no Reino do Céu. Por outro lado, quem os praticar e ensinar, será considerado grande no Reino do Céu. Com efeito, eu lhes garanto: se a justiça de vocês não superar a dos doutores da Lei e dos fariseus, vocês não entrarão no Reino do Céu.”

Não nos falte o Espírito de Jesus na vivência da fé, nas afirmações religiosas e no testemunho do Evangelho.

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS 




Diocese de Assis

 

          A cena de um agricultor a arar um campo, nos dias de hoje, nos remete automaticamente à figura de um tratorista seguindo sua trilha de terra tombada, a olhar simultaneamente para o resultado de seu trabalho e para o que resta à sua frente. Sua tecnologia o obriga a olhar para a frente e para trás. Estaria em contradição com o ensinamento de Jesus? Os tempos modernos nos obrigam a uma visão mais ampla de nossas ações.

          Não olhar para trás é muito mais uma atitude de disposição do que ação, desempenho, disponibilidade! Significa que quem se dispõe a um serviço não pode estacionar nas dúvidas de seus desafios. Antes, é preciso ânimo e coragem para leva-los até o fim. Essa é a mensagem primeira de Cristo a seus operários. Não fiquem estacionados nas dificuldades e na incerteza de que serão capazes, mas levem adiante o desafio de uma tarefa aparentemente árdua. Confiem na própria capacidade.

          Passo a passo, hora a hora, o trabalho árduo vai se concluindo sem que nos demos conta de sua grandiosidade. Ao fim do dia teremos feito mais do que julgávamos possível. Não há porque duvidar, mas acreditar que somos capazes de muito. O desempenho de um desafio depende da coragem de leva-lo a termo. Na obra da evangelização deve ser assim. Olhar sempre à frente, pois o resultado lento, mas eficaz, virá ao final de tudo.

          “Quem põe a mão no arado” conta com a força motriz da própria fé, essa que nos ajuda a vencer qualquer desafio. A prioridade é a ação, a urgência da tarefa, que não deixa pra depois a missão que nos foi proposta. No caso, o seguimento ao Cristo, o aprendizado lento, mas eficaz, de nossas possibilidades no desempenho da nossa ação evangelizadora. Não há contornos, desvios, interferências mirabolantes (fogo do céu) quando o que se tem é uma obra grandiosa e perfeita, como essa que nos propõe Jesus em sua seara. “O Filho do homem não tem onde repousar a cabeça”. Não descansa na ação. Vai em frente sempre, pois sabe da urgência que a tarefa recebida do Pai lhe exige. Sem outras alternativas senão seu suor e sacrifício, seu sangue derramado. Assim também a missão dos que pretendem seguir seus passos, seus exemplos. Assim a missão da Igreja. Sem avaliações apressadas, sem passos hesitantes, sem paradas desnecessárias, mas determinação sempre. “Deixar os mortos”, os indecisos, os titubeantes e anunciar… Anunciar sempre, sem tréguas, sem intervalos, sem medo…

          Essa visão de um trabalho ininterrupto é a razão da vida missionária. Dia e noite, à luz da graça divina e sob as trevas das tentações mundanas. O Reino de Deus se constrói dentro da realidade desafiadora do mundo. Os desafios das raposas de tocaia, dos campos inférteis e pedregosos, dos terrenos insalubres, da aridez dos desertos, isso tudo se transforma com a persistência do agricultor, aquele que trabalha a terra incansavelmente. Não olhe para trás! Lance a semente sempre! Pois o milagre da colheita virá ao final dos tempos. Ao operário compete o trabalho, ao dono da vinha, a colheita!

          Essa aptidão quem nos dá é o Senhor da Vinha. Nada é mérito pessoal em se tratando de vida missionária. Não fomos nós que decidimos aceitar tão grandioso serviço, mas foi Deus quem nos escolheu e capacitou para sua obra. Então não temos porque duvidar dessa capacidade presente em nós, apesar de nossa insignificância, nossas fraquezas, nossa insegurança diante de tudo. “Antes do seu nascimento, eu já te havia escolhido e consagrado para a missão”, ouviu de Deus o profeta Jeremias, aquele que foi escolhido ainda dentro do ventre da própria mãe. Assim também nós, profetas dos dias atuais. Não olhe para trás, mas para os dias melhores que nos aguardam. Porque tempos melhores virão!

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]

 

 




Diocese de Assis

 

          Falando em audiência aos bispos e padres da Sicília (9.6.22), no Vaticano, Papa Francisco surpreendeu o mundo com um puxão de orelha com endereço certo, pois referia-se a um modismo recorrente, que se espalha pela Igreja. Trata-se do exagero de panos e vestes litúrgicas que domina grande parte do clero católico. “Falo claramente: caríssimos, ainda a sobrepeliz, o barrete…, mas onde estamos? Sessenta anos depois do Concílio! Um pouco de atualização inclusive na arte litúrgica, na ‘moda’ litúrgica…”

          Essa observação já era esperada, pois que há muito Papa Francisco vem demonstrando aversão aos excessos e ao requinte de muitas vestimentas sacerdotais, inclusive as que é obrigado a usar como sumo pontífice. Para ele, o velho sapato que usou em sua “posse” pontifical ainda deixa saudades. Para ele, tudo seria mais cômodo, simples e simpático sem os exageros que hoje se observa, pois “o hábito não faz o monge”, mas “a pompa veste um rei” e, na Igreja, só um é o verdadeiro sacerdote, profeta e rei. Esse múnus é próprio Daquele que governa a Igreja, Cristo, o Filho de Deus, conquanto à figura sacerdotal da tribo de Levi restou apenas e tão somente o oficio da servidão, o trabalho em favor do povo. Nada de principesco. Quando muito alguns panos e toalhas para lavar e secar os pés cansados desse povo sofredor. Mas longe estamos dessa realidade!

          Disse Francisco: “Eu não gostaria de terminar sem mencionar algo que me preocupa muito. Eu me pergunto: como vai a reforma começada no Concílio? Como vai entre vocês? A piedade popular é uma grande riqueza e devemos preservá-la, acompanha-la para que não se perca. Também devemos educa-la. Sim, tudo bem às vezes trazer um pouco da renda da avó. É para homenagear a avó, não é? Vocês entenderam tudo, não é mesmo? É bom homenagear a avó, mas é melhor celebrar a mãe, a santa mãe Igreja, e como a mãe Igreja quer ser celebrada…” Percebe-se claramente um tom de ironia e tristeza nessas palavras. Não é esse modismo reflexo da reforma conciliar. Ao contrário. “Que a insularidade não impeça a verdadeira reforma litúrgica que o Concílio propôs. E não permaneçam imóveis!”, quase gritou o papa.

          Nesse apelo à simplicidade, Francisco busca maior aproximação com o povo. Há de se repensar esse modismo que toma conta, que faz de muitos seminaristas atuais aspirantes ao luxo e à beleza de rituais cheios de pompas, mas vazios de conteúdo evangélico. O papa ainda foi além. “Prestem atenção ao pregar o evangelho, porque as pessoas querem substância. Um pensamento, um sentimento e uma linguagem e elas carregam isso durante toda a semana. Não sei como os padres sicilianos pregam, se pregam como sugerido na “Evangelii Gaudium” ou se pregam de tal forma que as pessoas saem para fumar um cigarro e depois voltam…” Triste constatação de uma realidade mais que comum!  Aqui a renda bem trabalhada das avós é apenas um detalhe de algo muito maior e sintomático. Se o hábito ainda faz realmente um monge, este é um detalhe ainda secundário. A visão e compreensão maior da figura sacerdotal, antes de sua exterioridade, está na vivência evangélica por excelência, na pobreza e humildade herdadas daquele que serviu a todos, sem qualquer vaidade pessoal, sem luxo, sem ostentação. E se deu ao direito de ainda perguntar: “Quem diz o povo que sou?” Um príncipe, um herdeiro real? Ou um Batista qualquer, um Elias da vida, um profeta a mais a clamar no meio do povo… Esse era o Cristo, o homem de uma única túnica.

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]