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Diocese de Assis

 

Em cada um de nós existe sempre uma inquietação em relação às coisas, às pessoas, aos acontecimentos, ao futuro, às decisões, às escolhas… em relação a tudo. Essa inquietude seria boa se não fosse a ‘bendita’ ansiedade que transforma tudo em insegurança, medo, inconstância e, por vezes, desespero.

A inquietude seria um dom se não fosse a culpa.

A inquietude seria uma motivação se não fossem as cobranças.

A inquietude seria um poder se não fosse o imediatismo.

A inquietude seria uma luz se não fosse o pessimismo.

A inquietude humana está adoecida de um mal chamado impaciência. Assim, ao invés de inquietas, as pessoas estão irrequietas (irrequieto significa: que nunca está sossegado; que não pára nunca; buliçoso; turbulento).

Dias atrás, ao fazer minhas orações com a liturgia das horas, encontrei um artigo que gostaria de compartilhar com você, amigo leitor. Espero que traga luzes para você, como trouxe para mim.

 

ESPERAMOS O QUE NÃO VEMOS

(Do Tratado sobre o bem da paciência, de São Cipriano, bispo e mártir)

 

“É este o preceito salvífico de nosso Senhor e Mestre: ‘Quem perseverar até o fim, será salvo’ (Mt 10,22). E ainda: ‘Se permanecerdes na minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos, e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará’ (Jo 8,31-32).

É preciso ter paciência e perseverar, irmãos caríssimos, para que, tendo sido introduzidos na esperança da verdade e da liberdade, possamos chegar à verdade e à liberdade. O fato de sermos cristãos exige que tenhamos fé e esperança, mas a paciência é necessária para que elas possam dar seus frutos.

Nós não buscamos a glória presente, mas a futura, como também ensina o Apóstolo Paulo: ‘Já fomos salvos, mas na esperança. Ora, o objeto da esperança não é aquilo que se vê, como pode alguém esperar o que já vê? Mas se esperamos o que não vemos, é porque o estamos aguardando mediante a perseverança’ (Rm 8,24-25). A esperança e a paciência são necessárias para levarmos a bom termo o que começamos a ser e para conseguirmos aquilo que, tendo-nos sido apresentado por Deus, esperamos e acreditamos.

Noutro lugar, o mesmo Apóstolo ensina os justos, os que praticam o bem e os que acumulam para si tesouros no céu, na esperança da felicidade eterna, a serem também pacientes, dizendo: ‘Portanto, enquanto temos tempo, façamos o bem a todos, principalmente aos irmãos na fé. Não desanimemos de fazer o bem, pois no tempo devido haveremos de colher, sem desânimo’ (G1 6,9-10).

Ele recomenda a todos que não deixem de fazer o bem por falta de paciência; que ninguém, vencido ou desanimado pelas tentações, desista no meio do caminho do mérito e da glória, e venha a perder as boas obras já feitas, por não ter levado até o fim o que começou.

Finalmente, o Apóstolo, ao falar da caridade, une a ela a tolerância e a paciência. ‘A caridade’, diz ele, ‘é paciente, é benigna, não é invejosa, não se ensoberbece, não se encoleriza, não suspeita mal, tudo ama, tudo crê, tudo espera, tudo suporta’ (lCor 13,4-5). Ensina-nos, portanto, que só a caridade pode permanecer, porque é capaz de tudo suportar.

E noutra passagem diz: ‘Suportai-vos uns aos outros com amor, aplicai-vos a guardar a unidade do espírito pelo vínculo da paz’ (Ef  4,2-3). Provou deste modo que só é possível conservar a união e a paz quando os irmãos se suportam mutuamente e guardam, mediante a paciência, o vínculo da concórdia”.

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS




Diocese de Assis

 

Cristão alheio a seu mundo, aos fatos que rodeiam seu dia a dia, aos acontecimentos que permeiam a história, aos sonhos e ambições presentes na vida de todos, não pode se dizer cristão. A vida de fé, antes de tudo, é compromisso com a verdade. E esta emerge dos fatos e acontecimentos, dos sonhos e ambições que constituem a história de todos nós. Por isso a necessidade de vigilância também pede renovação, reposição de energias. Por isso a sintonia com a realidade também nos pede sintonia com Deus, oração. Daí o apelo de Jesus para se respeitar e tentar compreender os sinais dos tempos: vigiai e orai!

O tempo litúrgico nos conduz a uma nova expectativa de vida, através do milagre que se realiza em Belém. Não só aquele de dois mil anos passados, mas igualmente agora, no tempo presente, quando o advento cristão nos propõe renovação, vida nova, esperança redobrada no simbolismo de uma criança que nasce. É hora de refazer os propósitos, retomar projetos e intenções que o cansaço e as desilusões acumuladas deixaram no caminho até aqui. É hora da reformulação dos nossos itinerários de vida. “Tomai cuidado para que vossos corações não fiquem insensíveis por causa da gula, da embriaguez e das preocupações da vida e esse dia não caia de repente sobre vós” (Lc 28,34). Belos conselhos do médico de nossas almas, o evangelista Lucas que tão bem nos reportou a mensagem desse novo tempo. Advento, novos dias, novo ano que há de vir.

Portanto, esse novo ciclo que iniciamos não é e não pode ser somente uma etapa no calendário. A vida é cíclica, mas o propósito do espírito visa a eternidade. Está atento a tudo, aos sinais positivos e negativos que rodeiam nosso dia a dia, às desilusões que marcam o comportamento humano, mas igualmente às suas conquistas mais belas e repletas de humanismo e solidariedade, as duas maiores virtudes presentes no indivíduo desse ser feito “à imagem e semelhança” dum Deus criador. Não importa os erros passados. O que vale são as correções do presente e os acertos futuros. O passado já passou. O futuro? Ah, esse sim, importa!

Então se chega ao desafio final, ao conselho quase apelo que o Mestre nos faz; “Portanto, ficai atentos e orai a todo momento, a fim de terdes força para escapar de tudo o que deve acontecer e para ficardes em pé diante do Filho do Homem” (Lc 28, 36). Melhor traduzindo para os ouvidos moucos: Se você deseja se apresentar de cabeça erguida diante de Deus, precisa estar atento a tudo que vai contra aquilo que acreditamos. É preciso vigilância. É preciso oração. Isso tudo é o mínimo que se espera de quem deposita suas esperanças nas promessas de um novo tempo, uma nova era advinda da estrebaria onde nasceu e se revelou a luz do mundo, o Messias sonhado e esperando por tantas gerações. Para não sermos surpreendidos com falsos profetas e falsas promessas, somos convidados à vigilância. Não faz sentido um soldado relapso, sonolento, desatento em sua função de defesa. Não faz sentido um cristão incapaz de exercer sua profissão de fé, aquilo que jura defender e testemunhar com sua própria vida, se preciso. Esse é nosso Credo. Essa é nossa missão! Portanto… Bate um sino, pequenino, sino de Belém! Uma criança vem aí.

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]

 




Diocese de Assis

Na vida e na fé para lidar com as situações, com os acontecimentos, com as pessoas, consigo mesmo e com Deus, nenhuma atitude é mais acertada, mais autêntica e mais verdadeira do que a gratidão. Dizer muito obrigado; fazer as coisas de graça; ir de graça; dar de graça; receber de graça… tudo isso expressa gratidão.

A gratidão é a sensibilidade de quem vê, pensa, sente, contempla, escolhe, decide e age com o coração. Por isso, quem é grato, faz a gratuidade perpassar todas as relações interpessoais, como ensina Jesus em Lucas 6,27-45:

“Mas, eu digo a vocês que me escutam: amem os seus inimigos, e façam o bem aos que odeiam vocês. Desejem o bem aos que os amaldiçoam, e rezem por aqueles que caluniam vocês. Se alguém lhe dá um tapa numa face, ofereça também a outra; se alguém lhe toma o manto, deixe que leve também a túnica. Dê a quem lhe pede e, se alguém tira o que é de você, não peça que devolva.

O que vocês desejam que os outros lhes façam, também vocês devem fazer a eles. Se vocês amam somente aqueles que os amam, que gratuidade é essa? Até mesmo os pecadores amam aqueles que os amam. Se vocês fazem o bem somente aos que lhes fazem o bem, que gratuidade é essa? Até mesmo os pecadores fazem assim. E se vocês emprestam somente para aqueles de quem esperam receber, que gratuidade é essa? Até mesmo os pecadores emprestam aos pecadores, para receber de volta a mesma quantia. Ao contrário, amem os inimigos, façam o bem e emprestem, sem esperar coisa alguma em troca. Então, a recompensa de vocês será grande, e vocês serão filhos do Altíssimo, porque Deus é bondoso também para com os ingratos e maus. Sejam misericordiosos, como também o Pai de vocês é misericordioso.”

Não existe árvore boa que dê frutos ruins, nem árvore ruim que dê frutos bons; porque toda árvore é conhecida pelos seus frutos. Não se colhem figos de espinheiros, nem se apanham uvas de plantas espinhosas. O homem bom tira coisas boas do bom tesouro do seu coração, mas o homem mau tira do seu mal coisas más, porque a boca fala daquilo de que o coração está cheio.”

A gratidão é um componente de fé para quem descobriu a grandeza do coração de coração de Deus e, por isso, conserva puro o coração, mesmo diante da ingratidão. Por que descer ao nível do ingrato? O ingrato é, sempre, uma pessoa ignorante, cega, descontente, insatisfeita, infeliz. Só é possível ser feliz e fazer os outros felizes em permanente atitude de ação de graças.

Eis o que diz, ainda, a palavra de Deus a este respeito:

Jeremias 33,11: “‘Agradeçam a Javé dos exércitos, porque ele é bom, porque o seu amor é para sempre’. Pois eu mudarei a sorte deste país, farei voltar ao que era antes, diz Javé.

Daniel 3,89:Dêem graças ao Senhor, porque ele é bom, porque a sua misericórdia é para sempre.

2 Coríntios 2,14: “Graças sejam dadas a Deus, que nos faz participar do seu triunfo em Cristo e que, através de nós, espalha o perfume do seu conhecimento no mundo inteiro.”

Colossenses 1,12:Com alegria, dêem graças ao pai, que permitiu a vocês participarem da herança dos cristãos, na luz.

1 Tessalonicesnses 5,18: “Dêem graças em todas as circunstâncias, porque esta é a vontade de Deus a respeito de vocês em Jesus Cristo.

Apocalipse 7,12: “E diziam: ‘Amém! O louvor, a glória, a sabedoria, a ação de graças, a honra, o poder e a força pertencem ao nosso Deus, para sempre. Amém!’”

Dia 26 de novembro foi o dia universal de ação de graças. Sejamos agradecidos, sempre, para tudo realizarmos na gratuidade.

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS 




Diocese de Assis

 

A arte cinematográfica estava apenas começando, quando, em 1927, se produziu o primeiro filme bíblico com o título de Rei dos Reis. Era uma versão com cenários bem-produzidos, mas ainda mudo. Só em 1961 é que o diretor Nicholas Ray usou o carisma do ator Jeffrey Hunter para representar Jesus Cristo no mais sofisticado longa metragem sob o mesmo título, em quase três horas de ação e emoção. Esse segundo filme conquistou um público universal, tornando-se a película épica de maior audiência na história cinematográfica. Até hoje é visto como obra prima inigualável não só pela beleza do enredo, como também pela fidelidade de sua trama aos Evangelhos.

Passados quase cem anos desde a primeira versão, o título original continua assunto polêmico e universal. Afinal, existe ou não um Rei dos reis capaz de governar o mundo com seu cetro de poder e glória? O próprio Cristo tentou acalmar os ânimos daqueles que o perseguiam, dizendo: “O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus guardas lutariam para que eu não fosse entregue…” (Jo 18, 36). Mesmo assim o condenaram e crucificaram, temendo alguma subversão aos poderes constituídos no reino dos homens. Nesse assunto, nunca é bom arriscar, pagar um custo desconhecido. Poder é poder, sempre foi!

“Mas o meu reino não é daqui”. Porventura, existiriam domínios desconhecidos, longínquos, que os tentáculos de Roma ainda não tivessem alcançado? Se não é daqui, donde será? Eis a questão que a lógica dos poderes terrenos não conseguiu e nunca consegue penetrar. A realidade dum reino além daquilo que vemos, tocamos, conferimos com nossos olhos e sentidos carnais não combina com a utopia de um reino invisível.

Mesmo assim, Jesus ainda responde: “Tu o dizes: eu sou rei. Eu nasci e vim ao mundo para isto…” De nada adiantou a preocupação dos reis desse mundo, para se preservar seus reinados. A verdade continua límpida e bem evidente: os poderes que a humanidade julga possuir em nada altera o poder de Deus sobre tudo que Ele criou. Até mesmo sobre os maiores impérios e dominações conquistadas pelos poderes humanos. Aqui nada nos pertence. Daqui nada levaremos. Só mesmo a certeza de que nossas conquistas serão filtradas sob o peso da verdade de Cristo, o único Rei dos reis com autoridade de avaliar, ponderar, julgar tudo o que amealhamos neste mundo. Separar o joio do trigo, o que poderemos ou não levar para o outro lado, o Reino Definitivo. Lá, sim, teremos oportunidade de nos sentirmos soberanos, senhores e diretores das verdadeiras riquezas aqui conquistadas, aquelas que nos farão herdeiros universais, filhos do Rei.

Então um novo ciclo terá início. Então as muralhas desse reino ilusório e passageiro cairão como cascatas borbulhantes e nos apontarão um novo horizonte, uma nova realidade. Um novo tempo na liturgia da vida! Virá então não o príncipe desse mundo, mas o verdadeiro Rei, o Herdeiro Universal, entronizado em sua cátedra de poder e glória, com seu cetro de amor e paz: “Este é meu Filho amado, ouçam-no”! E, sorrindo, o Rei dos reis nos dirá: “Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz” (Jo 18, 37).  Essa é a Verdade!

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]




Contratação de novos delegados alivia, mas não estanca evasão na Polícia Civil de SP, alerta Sindicato

A contratação, nesta semana, de 305 novos delegados de Polícia por parte do governo paulista, para o trabalho em diversas regiões do estado, alivia, mas ainda não é o suficiente para recompor o déficit da instituição e, principalmente, “estagnar” a perda de profissionais que deixam a função em razão dos baixos salários e da falta de plano de progressão atrativo para a carreira. O alerta é do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp).
Apesar das recentes admissões, no mês de setembro deste ano, para se ter ideia, 767 vagas para delegado estavam em aberto no estado, segundo dados do Sindpesp. A presidente do Sindicato, delegada Jacqueline Valadares, teme que as desistências, nas mais diversas funções da Polícia Civil, ao longo dos próximos meses, se acentuem:
“As contratações, em número expressivo, são mais do que bem-vindas para a Polícia Civil. Dos 353 novos delegados nomeados, 305 concluíram o curso e foram designados para Delegacias de todo o estado, que, aliás, há tempos estavam desfalcadas. Outros, embora nomeados, desistiram da formação para seguir diferentes caminhos, carreiras ou, até mesmo, atuar em estados que oferecem melhores condições de trabalho e remuneração”, destaca.
Diversos são os fatores que concorrem para esta situação, de acordo com Jacqueline. Por exemplo: não de hoje, São Paulo, campeão de arrecadação de tributos, estado mais rico do País e, também, com o maior custo de vida, é o 22º no ranking dos subsídios pagos aos seus delegados:
“Pesa, ainda, para a evasão constante do quadro de Recursos Humanos da Polícia Civil, o péssimo plano de progressão na carreira. A maioria dos delegados se aposenta sem conseguir chegar à classe especial, ou seja, ao topo, após uma vida inteira dedicada à Segurança Pública”.
Para a presidente do Sindpesp, chegou a hora de o governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), apresentar um plano de reestruturação salarial e de progressão na carreira, a fim de estimular a admissão de novos delegados e a permanência dos efetivos:
“Sem isso, novas nomeações, como as dos 305 novos delegados, que ocorreram há poucos dias, serão apenas paliativas”, alerta.
Jacqueline lembra, ainda, que a perda constante de profissionais impacta diretamente na eficiência das investigações e incentiva a sensação de impunidade:
“A valorização dos profissionais da Polícia Civil é fundamental para atrair mais talentos, reduzir a sobrecarga dos agentes em atividade e garantir uma resposta rápida e eficaz à sociedade”, frisa a delegada.
Defasômetro
Dos 41.912 cargos em funções diversas da Polícia Civil bandeirante, apenas 27.323 estavam ocupados em setembro deste ano, resultando em 14.589 vagas em aberto. Os números são do Defasômetro, do Sindpesp.
Mesmo com a nomeação de 4.017 novos agentes em maio de 2024, a instituição segue enfrentando constante debandada de profissionais. Dois meses atrás, 132 policiais pediram baixa, o que, para a presidente do Sindicato é preocupante:
“Se as saídas continuarem neste ritmo, até o final de 2026 poderemos ter quase 4 mil policiais civis a menos, anulando, assim, a eficiência dos recentes concursos, treinamentos e nomeações”, enfatiza.



Polícia prende casal contrabandeando vinho

 

A Polícia Rodoviária prendeu na manhã desta quinta-feira (21) no quilômetro 451 da rodovia Raposo tavares, município de Assis, um casal acusado de contrabandear vinho de fabricação argentina.

O rapaz, de 23 anos e sua acompanhante, de 21, ocupavam uma pick-up Fiat Strada, placas de Maringá (PR), em cuja caçamba transportavam a carga da bebida sem documentação fiscal.

Ambos foram encaminhados à Delegacia da Polícia Federal, em Marília.

 




Diocese de Assis

Não tem medida os avanços e as inumeráveis conquistas biotecnológicas, médicas, tecno-científicas, genéticas, espaciais… feitas pela humanidade. Contraditoriamente, não tem medida, também, a concentração de renda e de poder, a miséria, a fome, a pobreza, a discriminação, o preconceito, a segregação… Será que o desenvolvimento sócio-econômico só serve para ampliar as desigualdades? Não seria possível usarmos tudo isso para promovermos a justiça?

O Brasil é o país da diversidade, da pluralidade, da multiplicidade e da miscigenação. Não obstante, ostenta a contradição; convive passivamente com os extremos gritantes e carece de iniciativas conseqüentes para mudanças estruturais significativas.

Em nossa pátria amada e idolatrada, nem todos os filhos são tratados com amor, dignidade e respeito; o berço esplêndido é privilégio; a igualdade é utopia; a paz no futuro é minguada e a glória do passado foi sepultada com seus verdadeiros heróis.

Não podemos continuar vivendo com a consciência morta. É preciso acordar! Em nosso país muitos dormem o sono alheio.

Estamos no mês de novembro e, precisamente, na semana nacional da consciência negra.  Acontece que, todo dia 20 de novembro é o dia de Zumbi dos Palmares, uma das figuras históricas mais importantes da resistência negra contra a escravidão e o racismo.

A consciência negra não é um reduto, nem um gueto racial, mas uma convocação geral para recriarmos relações verdadeiramente humanas. A consciência negra é o caminho para restaurar os valores, a força, a identidade, a beleza, a dignidade, os direitos… do povo brasileiro e revitalizar as raízes culturais que lhes são mais profundas e próprias.

Somente através da luta conquista-se espaço e direito. A maior parte das conquistas do nosso povo, foram fruto do heroísmo e da resistência, desde os quilombos; desde “os Zumbis”. Outras tantas conquistas só chegaram por força de lei e, permanentemente combatidas. A lei das cotas e da obrigatoriedade do ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira são exemplos disso.

Os negros trazidos para América ficaram submetidos ao sistema de produção econômico; primeiro como escravos, no trabalho, e, depois, como escravos do passado. Dentro disso é que nasceram e se reproduziram as condições de marginalização e empobrecimento.

Entre tantas situações que pesam sobre o povo negro e são como um clamor de oprimidos, destacamos: 1) a exclusão de negros e negras dos altos postos nas diferentes esferas, governamentais, militar, universitária, eclesiástica, etc; 2) o peso da cultura dominante que arrisca a sufocar “o negro”, manipulando-se os censos ou estatísticas e tornando-se invisível o povo negro de cada país; 3) a marginalização geográfica com a imposição das favelas e das periferias, o que equivale à exclusão dos centros de produção; 4) a luta pela sobrevivência, em nível pessoal e comunitário, dificulta os processos de organização do Povo Negro; 5) as dificuldades no mercado de trabalho agravam a situação dos negros e as negras; 6) a negação da história específica do Povo Negro e o desconhecimento da contribuição dos seus líderes à história nacional impede a existência de um programa multirracial de educação; 7) a falta de compromisso serio da sociedade civil que impede a possibilidade de políticas afirmativas.

A desigualdade de condições políticas, econômicas, sociais e culturais reproduz racismo, discriminação racial, xenofobia e formas intolerantes de relacionamentos, que constituem a negação dos propósitos e princípios fundamentais dos direitos humanos.

É fundamental a criação de meios para uma sociedade mais livre e justa.

É preciso ampliar as ações proféticas em nosso meio para que a riqueza do pluralismo cultural não seja debilitada pela cultura dominante. Pelo contrário, seja expressão da “fraternidade” e do “ecumenismo” radicado da utopia cristã.

Queremos um mundo de irmãos!

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS

 




Diocese de Assis

Diante dos desafios que a vida sempre nos apresenta, seja no desagradável histórico da perversão dos costumes ou na progressiva descrença do homem em si próprio, ou na inversão dos valores morais e religiosos do povo, o fato é que ainda nos resta uma esperança de melhoras. O mundo vai mal? Vai. A humanidade está perdida? Nem tanto. Há sinais de esperança para todos.
Um deles vem da parusia cristã. Termo quase desconhecido e nem sempre presente nos dicionários contemporâneos, parusia pode significar o auge da evolução espiritual da humanidade, posto que se refere ao clímax do sonhado Reino Definitivo do qual nos falou Jesus. Sua segunda vinda. “Então vereis o Filho do Homem vindo nas nuvens com grande poder e glória” (Mc 13, 26). Esse clímax não pode ser entendido apenas e simplesmente como o final dos tempos. Diria que a linguagem enigmática aqui presente é muito mais ampla do que nossa sabedoria possa alcançar, pois se trata de um novo e definitivo recomeço… Como assim? Ora, se há uma promessa embutida que caracteriza a fé cristã em sua pureza doutrinária, essa promessa é de um novo tempo, uma nova vida e possível eternidade. Então não há espaço para se falar em fim dos tempos, mas em Reino Definitivo sim.
Viva essa esperança de imortalidade! “Aprendei, pois, da figueira esta parábola: quando seus ramos ficam verdes e as folhas começam a brotar, sabeis que o verão está perto” (Mc 13,28). Quando os sinais da ansiedade humana se voltam para as “coisas do alto”, busca-se com maior intensidade a compreensão dos mistérios que nos cercam, volta-se mais criteriosamente ao estudo das revelações divinas, através do respeito e da prática aos ensinamentos religiosos, é porque ainda nos resta uma esperança de dias melhores. Com certeza, estamos vivendo esse momento. A humanidade se cansou das falsas ilusões que sempre ameaçaram sua integridade. Há uma volta, uma retomada de caminho mais focada no sentido da vida e não na vida sem sentido do materialismo, do hedonismo, da sensualidade pura e simples. Vejam o crescimento das práticas religiosas. Das igrejas retomando seus ofícios com pujança. Da juventude lotando estádios e templos religiosos para manifestar sua fé. Da audiência crescente da mídia religiosa. Dos recordes que muitos líderes religiosos registram dentre seus seguidores. “Assim também, quando virdes acontecer essas coisas, ficai sabendo que o Filho do Homem está próximo”. A esperança está no ar.
Não há o que temer para aqueles que depositam suas vidas na expectativa de uma esperança maior. Sabemos das nossas incertezas mundanas e delas já estamos fartos. O derrotismo puro e simples não combina com a fé do povo de Deus. É falácia dos infelizes, daqueles que ainda não enxergam o quão grandioso é o dom da vida, da vida em plenitude, capaz de vencer qualquer situação de morte, de pecado, de insegurança física… Somos maiores do que pensamos ser, quando descobrimos a força interior que temos através da fé que nos move. Esse é o escudo contra o Inimigo. Ele não nos quer vencedores. Mas já o somos, se nossa esperança estiver depositada aos pés das Palavras de Salvação. Nelas estão nossas esperanças e certeza de um novo tempo que chega, através de Jesus. “Não lhe resta mais senão esperar até que seus inimigos sejam postos debaixo de seus pés” (Hb 10,13).
WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]




Diocese de Assis

 

Na perspectiva humana, valores monetários são inflados pela cotação diária de uma bolsa ilusória. Há um lastro a ser seguido, de acordo com os humores e oscilações do mercado. Seu peso e medida nunca são os mesmos, dependendo da ótica daqueles que regem ou administram os interesses financeiros dum mundo globalizado. São os donos da bolsa, os que ditam as regras! Um cofre com fundo falso…

Mas na perspectiva divina a realidade é outra. Nesta não existe ostentação, nem ilusões passageiras, nem moedas virtuais. Os valores são outros. Imaginem então a cena que se segue. “Jesus estava sentado no templo, diante do cofre de esmolas, e observava como a multidão depositava suas moedas no cofre” (Mc 12,41). Penso no quão triste era para Ele essa observação. Quanta decepção! Ali acontecia um desfile de exibicionistas diante de uma multidão que se dizia cumpridora das leis. Grandes quantias eram as provas cabais de uma proteção dos céus, que envaideciam os mais ricos, exatamente aqueles que gostavam “das primeiras cadeiras nas sinagogas e dos melhores lugares nos banquetes”. Vaidade, pura vaidade!

Então, timidamente, eis que se aproxima uma pobre viúva. Envergonhada e cabisbaixa, deposita “duas pequenas moedas, que não valiam quase nada”, e se afasta com rapidez, temendo ser interpelada por alguém ou coisa assim.

De imediato, Jesus chama a si seus discípulos, apontando a mulher. “Estão vendo essa pobre coitada! Nesse templo, hoje, ela fez a maior de todas as ofertas, pois depositou de sua miséria, deu tudo o que tinha para sobreviver”!

Esse é o real valor de uma oferta. Dar não o que nos sobra, mas o que nos pode fazer falta, aquilo que julgamos essencial para nos manter vivos! Essa é a perspectiva com que Deus avalia nossos gestos de oferta diante de seus altares, a coragem de apresentar uma oferta maior do que nossos tesouros materiais, nossas ilusórias riquezas corroídas pela traça e ferrugem. O que temos não importa a Deus, mas o que somos, sim. Porque na integridade de uma alma sensível e disposta a agradar a Deus é que residem os maiores valores da essência humana. Esse é o dom maior, a verdadeira riqueza donde podemos tirar a maior das ofertas que os olhos misericordiosos de Jesus esperam de nós: dar da nossa pobreza, oferecer da nossa insignificância. Um gesto de amor capaz de agradar muito mais do que nossa prepotência de nos julgarmos donos do mundo, senhores do universo. Nada disso somos, nada disso temos. Ao contrário, se não nos abandonarmos plenamente nas mãos do Criador, para que Ele realize em nós seus projetos, em vão serão nossas conquistas terrenas. Insignificantes as nossas ofertas. Mais do que ofertar das “sobras”, precisamos ofertar nossas “misérias”.

Não se trata de uma simples inversão de valores num ato de oferta que fazemos diante de Deus. Se recebemos mais, se temos melhores condições para gestos concretos de doações, não podemos fugir dessa responsabilidade maior. Quem tem mais, deve sim ser mais generoso. Mas não está dando mais do que aquele que recebeu menos. Pois, na medida de Deus, o que conta não é o valor depositado, mas a generosidade do coração que doa. E, para este, não existe dinheiro que pague um gesto de amor. Quem recebeu mais não estará dando mais do que aquele que recebeu menos. A medida de Deus é a medida do coração que ama.

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]




Diocese de Assis

 

A humildade cristã nos ensina a reconhecer nossos pecados, mas também ambicionar as virtudes dos santos. Porque ser santo é – ou deveria ser – a primeira grande vocação do povo de Deus. Porém, esse mesmo povo é conhecido historicamente pelos momentos de infidelidade ao próprio Deus e pelos grandes contra testemunhos de desamor e injustiça com seus semelhantes, irmãos da estrada nessa caminhada terrena. Onde, pois, está a santidade do povo de Deus?

Acontece que santos existem. E são muitos. Acontece que a todo instante esbarramos neles e sequer damos conta desse privilégio nos dias de hoje. Outros tantos são reconhecidos publicamente e levados aos altares como exemplos a serem seguidos ou imitados. Outros pela própria humildade e simplicidade de vida evitam a publicidade em torno do que fazem como mera obrigação de fé, simples prática da perfeição que experimentam em vida. Quem não conhece um santo ou uma santa desse naipe em seu círculo de amigos, de colegas, de familiares, de irmãos? Quem nunca desejou ser como um destes? “Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos Céus”. Já na primeira bem-aventurança Cristo nos apresenta o primeiro passo para se alcançar a graça da santidade: pobreza de espírito! Mas todo o evangelho de Mateus, em seu quinto capítulo (5,1-12s). nos dá  pistas para alcançarmos a santidade.

Ei-las, então: além da necessária pobreza de espírito, é preciso reconhecer que a aflição contra os desvios que o maligno constrói terá o consolo do bem maior; que a mansidão em oposição às tribulações é que nos dá legitimidade de domínio sobre os males dessa terra; que nossa fome e sede por justiça sacia essa busca por perfeição; que só os misericordiosos terão a misericórdia do Pai, só os puros de coração contemplarão o rosto divino, mas só os promotores da paz, os construtores de um mundo em harmonia total com Deus e entre nós é que merecerão a herança dos filhos diletos, o maior título que um humano possa merecer, “porque deles é o Reino dos Céus”.

Então as consequências dessa opção se tornam a bem-aventurança crucial. Serão perseguidos, injuriados, injustiçados. Serão aqueles aos quais se dirigem falsas acusações, mentiras, difamações, “todo tipo de mal contra vós por causa de mim”. A estes, somente a estes, estará reservada a maior das consolações: “Alegrai-vos e exultai, porque será grande vossa recompensa nos céus”. Santos esses que descobriram em vida o privilégio do sofrimento por causa da fé que professam. Santos de todos os tempos, de todos os rincões, de todas as raças e classes sociais, mas que têm em comum somente a alegria de ser um “com Cristo, por Cristo e em Cristo” no tempo que lhes foi dado neste mundo. O privilégio da santidade não é um mundo à parte da realidade deste mundo, mas começa aqui!  Somos pecadores, sim, bem o sabemos. Mas também somos santos e merecemos esse título pela graça da redenção que nos devolveu a certidão de um novo nascimento: filhos de Deus hoje somos. Acorde, povo Santo! O céu nos aguarda de portas abertas. Ser santo é um direito nosso, pois a primogenitura, a herança celeste, nos custou o sangue de um Justo. Então nada mais justo que assumirmos essa nossa identidade de filhos diletos de Deus. Povo santo por escolha… e por mérito da graça sobre nós.

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]