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Diocese de Assis

Numa cultura de machistas e destemidos, a vida é tratada como um grande ringue para a propaganda e a exibição e de falsos lutadores, de falsas lutas e de falsas vitórias. O que se pretende na “vida-ringue” é ocultar o medo.

Medo? Sim! Medo! O medo é a única razão pela qual as pessoas vivem como estão vivendo: mergulhadas no absurdo, tristes, mal amadas, amarguradas, violentas, indiferentes, insensíveis, inconseqüentes…

Todos vivemos com medo de tudo e de todos. Desenvolvemos relações de medo. E, por causa das relações de medo, nos situamos na auto-defesa, na auto-preservação, na auto-proteção… como se estivéssemos em estado de guerra permanente. O medo é uma doença atroz.

Você tem medo? Medo do que? Por que o medo? O que se pode esperar de alguém que vive no medo e do medo? Alguém com medo transforma a sua própria vida e a dos outros num verdadeiro inferno. No que diz respeito a si mesmo, vive retraído, reprimido, infeliz, deprimido, inseguro, insatisfeito, sem iniciativas… No que diz respeito aos outros, sente-se sempre perseguido, agride, mente, desconfia, dissimula, calunia, difama…

De onde vem o medo? O medo pode vir de experiências pessoais traumáticas, de foro íntimo, como perdas e de foro externo como uma violência. O medo sempre faz entrever uma situação de intimidação. Isso significa que, invariavelmente, o medo se mantém porque há uma ‘força’ que subjuga o indivíduo. As vezes é um sentimento de culpa; outras vezes uma lembrança, um acontecimento, uma situação, uma pessoa, uma estrutura, uma crença, uma ideologia.  Mas, nem sempre, as pessoas admitem que vivem no medo e do medo.

O grande mal do medo é que instala, na pessoa, uma sensação constante de desintegração, de tal forma que, mediante qualquer possibilidade de mudança se sente ameaçada, por isso retraída e isolada.

O medo tem cura? Como é uma “doença existencial” a cura do medo implica mudança de critérios, atitudes e mentalidade. Uma necessária rearticulação da própria existência sobre outras bases e visão. Inicia-se com a identificação dos “intimidadores” que instalaram a situação de medo e age para o enfraquecimento do seu poder sobre si, até chegar à aceitação da vida e de si mesmo. Da vida como uma luta permanente, sem ringues, mas de muitas batalhas. De si mesmo como um lutador sem substitutos que, tem como arma suas convicções, seus valores, seus princípios, sua fé, seu amor, sua esperança e, ao seu favor, tantos quantos lhe querem bem, mesmo quando, para ajudar na luta precisam “puxar-lhe as orelhas” ou indicar outros caminhos e métodos.

O medo só tem espaço porque, falta o temor e sobra o destemor. Neste sentido, proponho a vocês, algumas leituras bíblicas que podem ajudar a repensar o modo como temos vivido: se no temor ou no destemor. No temor, quando agimos com amor e respeito a Deus e aos outros; descobrimos e aceitamos o que nos rege e, ao mesmo tempo, nosso próprio lugar, ação e missão. No destemor, quando perdemos a noção de limites: tempo e espaço; agimos como se fôssemos os únicos no mundo, de modo individualista; não respeitamos, não amamos e não reconhecemos o outro.

Eis o que diz a Palavra: Gn 3,10: “O homem respondeu: ‘ouvi teus passos no jardim: tive medo, porque estou nu, e me escondi’”. Eclo 34,14: “Quem teme ao Senhor não tem medo de nada e não se assusta, porque o Senhor é a sua esperança”. Lc 12,4: “Pois bem, eu digo a vocês, meus amigos: não tenham medo daqueles que matam o corpo, e depois disso nada mais têm a fazer”. 2Tm 1,7: “De fato, Deus não nos deu um espírito de medo, mas um espírito de força, de amor e de sabedoria”. 1Jo 4,18: “No amor não existe medo; pelo contrário, o amor perfeito lança fora o medo, porque o medo supõe castigo. Por conseguinte, quem sente medo ainda não está realizado no amor”.

 




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Domingo, dia 12 de junho a Igreja celebra a Santíssima Trindade, por isso convém dedicar algumas palavras para tratar este mistério da fé.

Num tempo em que se fala tanto de Deus, há um grave perigo de se banalizar e até mesmo esvaziar a verdade sobre Deus, o conhecimento de Deus, a busca de Deus, a força do nome de Deus e a essência de Deus.

Deus não está fora do nosso alcance. Ele não é inacessível à nossa razão. Deus é EMANUEL, que quer dizer: “Deus está conosco” (Is 7,14).

É possível, conhecer a Deus? É possível o conhecimento verdadeiro de Deus?

Na verdade, de Deus, falamos sempre por analogia. Usamos de comparação para entender a sua magnitude, seu poder e majestade. Nós conhecemos a Deus por suas obras. A Natureza fala de Deus. Os seres vivos falam de Deus. O ser humano fala de Deus. O ser de Deus, no entanto, a razão não consegue penetrar; nós não temos acesso a não ser pela Revelação que o próprio Deus faz a nós, pela fé. É pela fé que conhecemos o mistério de Deus que se revela como Pai, Filho e Espírito Santo.

“A Trindade é um mistério de fé no sentido estrito, um dos ‘mistérios escondidos em Deus, que não podem ser conhecidos se não forem revelados do alto’. Sem dúvida Deus deixou vestígios do seu ser trinitário na sua obra de Criação e na sua Revelação ao longo do Antigo Testamento. Mas, a intimidade do seu Ser como Santíssima Trindade constitui um mistério inacessível à pura razão e até mesmo à fé de Israel, antes da Encarnação do Filho de Deus e da missão do Espírito Santo” (Novo Catecismo, 237).

Quando falamos da Santíssima Trindade não professamos três deuses; Deus é UM. A Trindade é UNA. Quer dizer, são três pessoas em um só Deus.  Isso não significa que Deus está repartido em três fatias ou que as pessoas divinas dividem entre si um pouquinho da divindade. Não é isso não! A verdade é que, cada uma delas é Deus por completo.

Em outras palavras “O Pai é aquilo que é o Filho, o Filho é aquilo que é o Pai e o Espírito é aquilo que são o Pai e o Filho, isto é, um só Deus quanto à Natureza”. Em definitivo, “cada uma das três pessoas é esta realidade: a substância, a essência ou a natureza divina” (Novo Catecismo, 253).

O que parece impensável e incompreensível é, na verdade, a mais profunda verdade da fé. “O mistério da Santíssima Trindade é o mistério central da fé e da vida cristã. É o mistério de Deus em si mesmo. É, portanto, a fonte de todos os outros mistério da fé, é a luz que os ilumina. É o ensinamento mais fundamental e essencial na ‘hierarquia das verdades da fé’.  Toda a história da salvação não é, senão, a história da via e dos meios pelos quais o Deus verdadeiro e único, Pai, Filho e Espírito Santo, se revela, reconcilia consigo e une a si os homens que se afastam do pecado” (Novo Catecismo 234).

Todos nós somos participantes da vida divina e do mistério trinitário. Fomos Batizados em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, cumprindo o mandato expresso de Jesus: “Toda a autoridade foi dada a mim no céu e sobre a terra. Portanto, vão e façam com que todos os povos se tornem meus discípulos, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo o que ordenei a vocês. Eis que eu estarei com vocês todos os dias, até o fim do mundo” (Mt 28,18-20).

A Igreja é fruto do mistério trinitário. A Trindade gera comunidade. Ela é a base sobre a qual a comunidade se constrói. Nela, toda autoridade provém do Pai, todo serviço provém do Filho e todos os dons (carismas) provém do Espírito Santo. Cada pessoa, na comunidade, recebe um dom para o bem de todos. Por isso, cada um, sendo o que é e fazendo o que pode, age para o bem da comunidade, colocando-se a serviço de todos, como dom gratuito. Desse modo, cada um e todos se tornam testemunho e sacramento da autoridade, do serviço e do dom do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS




É possível um mundo de paz e de unidade?

Há sempre em algum lugar ou em alguma pessoa uma tendência e tentação de se considerar a complexidade da vida humana como passível de explicações simplistas, unilaterais e deterministas.

No caso das relações interpessoais, não é óbvio que a situações de guerra, de conflito, de violência ou das diversas cisões que persistem entre nós, indiquem que a natureza humana é degenerada ou má. Ora, a natureza humana é boa em sua origem! Todos nós nascemos bons porque nossa origem é o SUMO BEM. Não nascemos corrompidos, mas, nos corrompemos nas relações sociais em seus diversos níveis de influência.

“De onde surgem os conflitos e competições que existem entre vocês? Não vêm exatamente dos prazeres que guerreiam nos seus membros? Vocês cobiçam, e não possuem; então matam. Vocês têm inveja, e não conseguem nada; então lutam e fazem guerra. Vocês não recebem, porque não pedem; e vocês pedem, mas não recebem, porque pedem mal, com intenção de gastarem em seus prazeres” (Tiago 4,1-3).

Por que não conseguimos ver a paz e a unidade tão sonhada? Porque a paz possível só se constrói com espírito de paz, assim como a unidade possível só se constrói com espírito de unidade.

“Quem é sábio e inteligente entre vocês? Pois então, mostre com a boa conduta que suas ações são de uma sabedoria humilde. Mas, se vocês têm no coração ciúme amargo e espírito de rivalidade, não fiquem se gabando e não mintam contra a verdade. Esse tipo de sabedoria não vem do alto; é sabedoria terrena, animal, demoníaca. De fato, onde há ciúme e espírito de rivalidade, existe também desordem e todo tipo de ações más. Ao contrário, a sabedoria que vem do alto é, antes de tudo, pura, pacífica, humilde, compreensiva, cheia de misericórdia e bons frutos, sem discriminações e sem hipocrisia. Na verdade, um fruto de justiça é semeado na paz para aqueles que trabalham pela paz” (Tiago 3,13-18).

A pergunta é: “que Lugar temos dado ao necessário espírito de paz e de unidade?”

Precisamos estabelecer, para nós, metas de paz e de unidade que levem em conta não as razões ultimadas pelas ideologias políticas, econômicas, religiosas… que, no extremismo, justificam armas, guerra, violência, violação dos direitos humanos, genocídios, tiranias…

“A meta é que todos juntos nos encontremos unidos na mesma fé e no conhecimento do Filho de Deus, para chegarmos a ser o homem perfeito que, na maturidade do seu desenvolvimento, é a plenitude de Cristo. Então, já não seremos crianças, jogados pelas ondas e levados para cá e para lá por qualquer vento de doutrina, presos pela artimanha dos homens e pela astúcia com que eles nos induzem ao erro. Ao contrário, vivendo amor autêntico, cresceremos sob todos os aspectos em direção a Cristo, que é a Cabeça. Ele organiza e dá coesão ao corpo inteiro, através de uma rede de articulações, que são os membros, cada um com sua atividade própria, para que o corpo cresça e construa a si próprio no amor.

É preciso que vocês se renovem pela transformação espiritual da inteligência, e se revistam do homem novo, criado segundo Deus na justiça e na santidade que vem da verdade. Por isso, abandonem a mentira: cada um diga a verdade ao seu próximo, pois somos membros uns dos outros. Vocês estão com raiva? Não pequem; o sol não se ponha sobre o ressentimento de vocês. Não dêem ocasião ao diabo.

Não entristeçam o Espírito Santo, com que Deus marcou vocês para o dia da libertação.  Afastem de vocês qualquer aspereza, desdém, raiva, gritaria, insulto, e todo tipo de maldade. Sejam bons e compreensivos uns com os outros, perdoando-se mutuamente, assim como Deus perdoou a vocês em Cristo” (Efésios 4,13-16.23-32).

Pentecostes é dia 5 de junho e em cada hoje, fomentando o espírito de unidade.

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS 




Diocese de Assis

 

          Ficar parado na expectativa de uma miragem, algo assombroso, inexplicável para os olhos, realmente, nunca seria uma atitude de fé. “Homens da Galileia, por que ficais aqui parados, olhando para o céu”? Essa atitude não combina com os ensinamentos cristãos. A fé vai além da contemplação, da adoração pura e simples. Exige ação. Exige disponibilidade e coragem para ir adiante, enfrentar o mundo, percorrer nossas Galileias e Samarias, sair da Jerusalém de pedras, dos templos que acalentam nossas almas, para encarar a realidade do mundo.

          Evangelizar, antes de mais nada, é sinônimo de doação plena, de martírio, testemunho que se dá a custo de sangue, da vida. Após sua paixão, morte e ressurreição, Jesus quis permanecer mais quarenta dias entre seus discípulos, apenas e tão somente para lhes reafirmar esse aspecto fundamental da missão que iria lhes confiar, tão logo lhes concedesse a unção do Espírito. Antes de sua Ascensão, sua entronização no Reino Definitivo, ministrou-lhes a catequese da revelação pentecostal. O clímax do mistério Pascal exigia o testemunho, a compreensão e aceitação plena da verdadeira teofania, aquela que revelava aos seus a divindade de Jesus em sua ascensão aos Céus, tal qual a manifestação divina de Deus no Egito, que se manifestava ao povo reinando sobre as nuvens. Jesus, em sua Ascensão, não supera um espaço acima do nosso, não atinge os limites da estratosfera terrena, nem ocupa um trono fora da nossa realidade, mas simplesmente volta para o plano existencial de Deus, o terceiro céu como diria São Paulo, um local invisível onde Deus habita, mas também um local visível para sua realidade divina. Ocupa o trono que sempre foi seu.

          Num primeiro momento, os apóstolos viam nesses mistérios a ação de forças fantasmagóricas. Temerosos, ocultavam-se entre as quatro paredes daquela sala num segundo andar de uma residência qualquer. A mesma sala onde Jesus penetrou estando portas e janelas fechadas. A mesma sala onde línguas de fogo iriam clarear suas mentes e corações para o desafio da evangelização sem temores. E Maria ali estava. O Cristo que conheceram tornou-se imagem real do Servo Sofredor do qual bem falou o profeta Isaias e cuja morte todos os demais profetas anunciaram. Também de Jonas, aquele que por três dias ficou prisioneiro no ventre de uma baleia e ressurgiu para anunciar um novo tempo, proclamar a liberdade de seu povo, como bem o fizera Jesus em seus últimos dias. Agora, ressurgia dos mortos e retomava seu discurso. Mas exigia mais: “Vós sereis testemunhas de tudo isso. Eu enviarei sobre vocês aquele que meu Pai prometeu. Por isso, permanecei na cidade, até que sejais revestidos da força do alto” (Lc 24,48-9).

          Fica bem claro nessa promessa: Não existe evangelização sem unção pentecostal. Não existe vida eclesial sem envio da força do alto. Não existe fé sem testemunho do Espírito. Não existe Igreja sem perseguição. Todos os fatos que culminaram e ou coroaram a Ascensão de Jesus ainda hoje são sinais concretos e bem visíveis da autenticidade da fé cristã, essa que atravessa milênios contrariando o submundo das portas infernais. O céu é nosso limite, alvo das almas sedentas de plenitude e verdadeira comunhão com Deus. Morada definitiva daqueles que contemplam as riquezas celestiais com os pés no chão de uma realidade assustadora. O mundo é cruel, mas nossa Jerusalém Celeste compensará tudo isso. Jesus subiu aos céus. “Eles o adoraram. Em seguida, voltaram para Jerusalém com grande alegria”. Nunca perderam a esperança de dias melhores!

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]

 

 

 

 




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Você conhece a Iniciação à Vida Cristã?

Quero refletir com você alguns elementos da opção de fé, que se faz dentro da Iniciação à Vida Cristã, no dia a dia de uma comunidade de discípulos e discípulas do Senhor.

  1. Toda a nossa vida acontece dentro de um tempo e de um espaço. Temos dentro de nós e, ao nosso redor, pessoas, acontecimentos, situações, histórias, alegrias, tristezas, conquistas, fracassos, aprendizados, ensinamentos… Não vivemos soltos no ar. Tudo está interligado, por isso, nossa vida não acontece fora de um contexto de convivência e de relacionamento. Tudo está interligado como se fosse uma só coisa.
  2. Nada acontece de repente e nem por acaso. Tudo acontece dentro de um processo que envolve muitas forças: o tempo, as pessoas, os acontecimentos, as palavras, as situações, as dores, as alegrias, as tristezas, as conquistas, os fracassos etc. Nós somos um acontecimento do dia a dia.
  3. Fé e vida não são duas coisas separadas em nós. São dimensões; são faces da nossa existência que, uma vez interligadas, dão unidade ao nosso ser e ao nosso viver. Quem separa a fé da vida tende a viver em desequilíbrio e perde a oportunidade de crescer e amadurecer de verdade.
  4. A iniciação à vida Cristã não é uma escola da Igreja: é uma caminhada cotidiana, de irmãos e irmãs que se ajudam e se apoiam, como Igreja, para viver o evangelho. Nesse sentido, os pais e os padrinhos são chamados a acompanhar os passos, o caminho e a caminhada de quem está nesse processo bonito, não só no final, no dia da celebração do sacramento, mas no dia a dia, em todas as situações e necessidades.

O Encontro com Jesus e o seguimento dos seus passos é a coisa mais importante. Nesse processo, temos um longo caminho a seguir e, esse caminho é o próprio Jesus que nos leva ao Pai.

  1. Cada pessoa é única, portanto, deve ser valorizada nas suas conquistas e respeitada nas suas limitações e dificuldades. Cada um é muito importante na vida do outro porque, é um presente de Deus para melhorar a nova vida.
  2. Os sacramentos não acontecem mais no fim da catequese, quando acaba a parte de estudo. Dentro da Iniciação à Vida Cristã, diferente de como a gente sempre fez, os sacramentos acontecem no meio do processo, antes do fim. Todo mundo está acostumado a receber os sacramentos e irem embora. Não é assim que funciona mais. Porque o que a gente aprende na fé é pra levar para vida. Por isso, a parte final na IVC é o serviço a Cristo e à Igreja. É a vivência missionária de quem está fazendo o caminho e a caminhada. Portanto, o processo da IVC termina com o envio missionário de todos, para continuar com Cristo, amando e servindo
  3. Fazer a IVC é colocar-se num caminho de busca e encontro permanente do Senhor que envolve toda a nossa vida, que mexe com a nossa existência e proporciona o que a gente chama de conversões diária.
  4. A vida em comunidade é uma verdade e uma necessidade que vamos descobrindo, valorizando e vivendo, na medida que caminhamos juntos. Ninguém vive bem sozinho. Nossa vida só tem sentido no relacionamento com as pessoas. Mas, é bom ficar claro que, a vida em comunidade é uma opção de fé que uma pessoa faz; é um ato de liberdade; não acontece por imposição. Por isso é um processo de conversão.
  5. A esperança da Salvação que é uma promessa de Deus e um desejo do nosso coração, não acontece, somente, depois da morte. A salvação é uma graça de Deus que vai acontecendo dia a dia, como experiência do Reino de Deus que, a gente vai ajudando construir. O céu começa na terra e, todos nós somos responsáveis.

Permitir a instrução da fé é criar uma dinâmica de amor-compromisso com Cristo e sua Igreja. Valorizemos a formação da fé para a maturidade humano-cristã!

PE. EDVALDO PEREIRA DOS SANTOS




Diocese de Assis

 

          Depois do susto sempre vem o alívio. Uma semana entre a vida e a morte, transferido de um hospital a outro, passando por várias UTIs, é sempre algo temeroso e assustador, para quem ainda se acha no direito de viver. Mas quem estabelece esse direito, senão aquele que nos traçou metas e destino, planos e obrigações, deveres a cumprir? “Não se perturbe nem se intimide o vosso coração” (Jo 14, 27) – era esse o diagnóstico que contrariava a tecnologia dos gráficos radiológicos e me devolvia a esperança de voltar pros braços dos meus entes queridos. Então voltei.

          Mais uma vez renovado nos propósitos de continuar nessa missão, eis que a fragilidade e fugacidade dessa vida ganha nova dimensão. Não me importa o tempo que me resta, mas o quanto ainda me é possível realizar em vida. Não há limites para aqueles que se deixam guiar pelas palavras e promessas que hoje ecoam em nossos corações conturbados, feridos pela nossa prepotência e limitações físicas, com insuficiências que as lesões do tempo possam lhes ocasionar. “Não se perturbe o vosso coração”. Eis o segredo da saúde que nos falta. Saúde do corpo e da alma, que supera tudo, que esquece as próprias limitações, acreditando apenas nas promessas de um amor ilimitado: “Quem me ama guardará a minha Palavra e o meu Pai o amará, e nós viremos e faremos nele a nossa morada”.

          De quando em vez é bom confrontarmos nossas próprias limitações. Nenhum poder, status, posição privilegiada ou condição econômica nos diferencia quando o assunto é ameaça de morte. Dessa ninguém escapará, dia mais, dia menos. A pendenga maior é ignorarmos essa realidade e acharmos que esta só virá quando nos cansarmos dos prazeres, das volúpias, dos confortos e benesses que aqui pensamos possuir. Pura e ingênua falácia daqueles que ainda não compreenderam o sentido da própria existência. Nosso corpo quer conforto, prazeres, mas nossa alma anseia apenas pela Paz, plenitude do espírito. Aqui ficarão os sentidos que nos prendem à vida terrena, mas além desta encontraremos a plenitude da Paz, aquela da qual nos fala Jesus: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; mas não a dou como o mundo” (Jo 14, 27). Isso nos basta e nos dá forças para encarar os desafios de nossas limitações físicas. Essa é a saúde que interessa ao cristão. O resto é resto…

          Seria ingrato se não me referisse aqui às inúmeras manifestações de carinho e solidariedade recebidas nesta semana. Provas de que a fraternidade e unidade cristã ainda são forças propulsoras do bem que nos une. Citar nomes é desnecessário. Mas citar a atualidade da Palavra, sim, pois esta é o mais precioso lenitivo nas nossas tribulações. Tudo o que o Filho diz vem do Pai e o Defensor, o Paráclito, o Consolador, nosso Conselheiro, Advogado e Mestre continua sua ação entre nós “na alegria e na dor”, na vida e na morte. Não tem porque desvalorizar o aconchego desse nosso lar terreno, mas também não podemos ignorar as alegrias perenes da casa do Pai. “Ouvistes que eu vos disse: ‘Vou, mas voltarei a vós’. Se me amásseis, ficaríeis alegres porque vou para o Pai, pois o Pai é maior do que eu.” (Jo 14,28). Se realmente acreditamos nisso tudo, valorizamos o mistério da nossa Fé, em especial aqueles que saltam aos olhos dos ensinamentos da Páscoa do Senhor, pois é através da cruz (paixão e morte), que o Espírito Consolador nos dá forças para vencer essas pequenas adversidades da vida terrena. Assim, mais uma vez, estou de volta.

          WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]




Diocese de Assis

Algumas pessoas, como diz o ditado, são “pau pra toda obra”: são arrojadas, têm iniciativas, colaboram, são prestativas, têm disposição, são dinâmicas, têm coragem, são zelosas, amáveis, sensíveis etc, etc, etc e tal. Giram a mil por hora e, ainda, “fazem uns bicos”.

Pessoas “pau pra toda obra” são poucas, mas, a maioria delas são mulheres. Justiça seja feita: ah, se não fossem as mulheres! O que seria dos homens, dos negócios, das casas, dos sonhos, dos insights, do amor, da intuição, da Igreja e, por que não, do mundo?

Mulher é “pau pra toda obra”. Em casa: lava, cozinha, passa, limpa, costura, faxina, cuida dos filhos e do marido, administra, compra, é despertador, é memória, etc. Fora de Casa: trabalha, trabalha, trabalha, trabalha, trabalha, trabalha, trabalha, trabalha, trabalha, trabalha, trabalha. E, ainda, deve dispor de tempo para ser pai, professora, psicóloga, médica, eletricista, mecânica… e amiga,

Mulher: com quantos nomes se deveria chamá-la? Com que adjetivos se poderia qualificá-la? Com que diademas se poderia coroá-la? Com que adornos se deveria enfeitá-la?

Todos os trabalhadores são fundamentais para fazer funcionar todas as engrenagens da sociedade mundial. Sem o trabalho não existe vida. Alguns trabalhos são nobres e outros nem tão nobres assim; alguns rendem bons salários e outros, apenas uns trocos. Nem sempre o valor do trabalho coincide com a valorização do trabalhador.

Recentemente passamos pelo dia da Empregada doméstica: dia 27 de abril mas, não vi nenhuma menção a este dia. Ainda é tempo de lembrar!

São muitas as empregadas domésticas que ocupam postos de trabalho em muitas casas do Brasil.

O nome de empregada doméstica parece impor um estigma. A questão é que, tal designativo traz o peso da condição escravocrata, na qual estiveram subjugadas muitas mulheres negras, na casa de seus senhores e senhoras.

A condição das mulheres que trabalham em casa de família é, por vezes, muito ambígua: algumas tratadas como filhas e, outras, como verdadeiras escravas.

Secretária do Lar é, quem sabe, uma atenuante terminológica para minimizar o peso histórico de tal condição de trabalho.

Seja como for, sem o trabalho exaustivo de mulheres, jovens ou adultas, solteiras ou casadas a vida de muitos estaria mais conturbada, inclusive a minha, porque preciso dos préstimos de uma para pôr ordem em casa, enquanto estou cuidando das coisas do Senhor.

Por isso, é o Senhor quem diz a essas mulheres: “Tudo o que vocês fizerem façam de coração, como quem obedece o Senhor, e não aos homens. Fiquem certos de que receberão do Senhor a herança como recompensa. O Senhor, a quem vocês servem, é Cristo” (Cl 3,23-24).

ORAÇÃO: Nós vos louvamos, Senhor, e vos bendizemos porque destes ao homem e à mulher a inteligência e a força do trabalho, a criatividade e a vontade de realizar coisas sempre novas. Que o trabalho realizado pelas trabalhadoras do lar seja sempre reconhecido, valorizado e bem remunerado, uma vez que é de grande valor para as famílias. Que este trabalho, tão necessário, aperfeiçoe a vida humana e torne mais fraternos os seus relacionamentos. Que todos na casa, empregada e patrões, saibam se respeitar sempre, em espírito de colaboração, sem nunca distorcer ou destruir os vossos planos, ó Deus dos povos todos do universo. Assim Seja!

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS




Diocese de Assis

Se tem uma coisa que fazemos sempre, é procurar! Procurar é uma de nossas maiores atividades porque, somos incompletos. Mas, as vezes, falta-nos clareza sobre como agregar valores de conversão, à nossa vida espiritual, enquanto procuramos. Não devemos almejar, apenas, a satisfação momentânea e circunstancial.

Eis o que nos diz São Jerônimo, século V, no comentário sobre o Eclesiastes.

Todo homem que recebe de Deus riquezas e bens para que possa sustentar-se, ter a sua porção e desfrutar do seu trabalho, considere isso dom de Deus. Desse modo, o homem não se preocupa demais com sua vida fugaz, porque Deus o mantém ocupado na alegria do coração” (Eclesiastes 5,18-19).

Em comparação com aquele que se sacia de suas posses nas trevas das preocupações e, com grande tédio da vida, acumula as coisas perecíveis, declara ser preferível aquele que desfruta coisas presentes. Este, pelo menos, sente-se feliz em usá-las; para aquele, porém, apenas o peso das inquietações. E diz porque é um dom de Deus poder gozar das riquezas. É porque não terá muito que pensar nos dias de sua vida.

Com efeito, Deus o ocupa com a alegria de seu coração: não terá tristeza, não se afligirá com pensamentos, levado pela alegria e o prazer das coisas diante de si. Contudo, melhor ainda é entender, com o Apóstolo, o alimento e a bebida espirituais, dados por Deus, e ver a bondade de todo seu esforço, porque com enorme trabalho e desejo vamos poder contemplar os bens verdadeiros.

É esta a nossa porção: alegrarmo-nos em nosso desejo e fadiga. Este é um bem, sem dúvida, mas até que Cristo, nossa vida, se manifeste, ainda não é a plenitude do bem.

Todo o trabalho do homem é para sua boca e, no entanto, seu espírito não se sacia. Qual é a vantagem do sábio sobre o insensato? Qual a do pobre, se não de saber como caminhar em face da vida? O fruto de todo trabalho dos homens neste mundo é consumido pela boca, mastigado e desce ao estômago para ser digerido. E por muito pouco tempo deleita o paladar, pois dá prazer somente enquanto está na boca.

Além disto, não se sacia a alma de quem comeu com o alimento. Primeiro, porque ele deseja comer de novo. Pois, quer o sábio, quer o tolo, não pode viver sem alimento, e a preocupação do pobre é sustentar seu mirrado corpo para não morrer à míngua. Segundo, porque a alma não encontra utilidade alguma na refeição do corpo, o alimento é comum ao sábio e ao ignorante, e o pobre vai aonde percebe haver recursos.

Apesar de tudo é preferível entender a expressão do autor do Eclesiastes que, instruído nas Escrituras celestes, concentra todo o trabalho em sua boca, e sua alma não se sacia por desejar sempre aprender. Nisso tem mais o sábio do que o insensato; porque, embora se sinta pobre (aquele pobre que o Evangelho declara feliz), caminha para alcançar a vida, seguindo pela estrada apertada e difícil que a ela conduz. É pobre de obras porém, sabe onde mora Cristo, a vida.

Finalmente, é preciso que o homem saiba que o futuro a Deus pertence, como diz o Eclesiastes 7,8-14: “Mais vale o fim de uma coisa do que o seu começo, e a paciência é melhor do que a pretensão. Não fique tão depressa com o espírito irritado, porque a irritação se abriga no peito dos insensatos. Não diga: ‘Por que os tempos passados eram melhores que os de hoje?’ Não é a sabedoria que faz você levantar essa questão. A sabedoria é boa como uma herança, e útil para aqueles que vêem o sol, pois à sombra da sabedoria se vive como se vive à sombra do dinheiro. Mas a sabedoria é mais vantajosa, porque faz viver quem a possui. Procure compreender a obra de Deus, porque ninguém endireita o que ele encurvou. Esteja alegre no dia feliz, e no dia da desgraça procure refletir, porque um e outro foram feitos por Deus, para que o homem nunca possa descobrir nada do seu próprio futuro.

 

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS




Diocese de Assis

A vida em comunidade é uma necessidade humana e de fé.  Pessoas maduras, equilibradas e felizes são formadas na “escola da comunidade”, em meio às alegrias, tristezas, perdas, ganhos, conflitos, desafios, dificuldades, vida e morte. É na vivência e convivência com o outro que nós encontramos o nosso próprio eixo porque, sozinho e isolado ninguém é capaz de nada!

Na contra-corrente da vida em comunidade está uma tendência diabólica ao individualismo que, enfraquece e, até mesmo, destrói as relações comunitárias. O individualismo é a perda de consciência e sensibilidade em relação ao outro. Para o individualista, o outro não existe, só ele existe. Por isso, radicaliza tudo com a medida do “eu”, do particular, do egoísmo…

A individualidade, ao contrário do individualismo, é um bem a ser sustentado porque, a valorização do indivíduo, de suas potencialidades, de suas qualidades, de seus talentos, de seu jeito de ser… é o ponto de partida fundamental, para que cada um seja feliz e ocupe o seu lugar no mundo, fazendo-o melhor.

Na bíblia, o livro dos Atos dos Apóstolos apresenta o ideal de vida comunitária baseado na individualidade inspirada pelo Espírito Santo e o individualismo. A individualidade inspirada pelo Espírito Santo faz a comunidade crescer em dons e carismas, em pregação e testemunho, em partilha e martírio, em diálogo e serviço. O individualismo, entretanto, gera intrigas, divisões, perseguições, cobiça, inveja, competição e todo tipo de mal.

A comunidade é constituída por indivíduos abertos e formados pelo Espírito Santo de Deus. Dentro desta visão podemos falar de pluralismo e de unidade na diversidade. O que cada um é não deve ser afirmado contra o outro mas, em relação ao outro. Porque o que eu sou se completa naquilo que o outro é. Eu preciso do outro da mesma forma que o outro precisa de mim. O outro e eu formamos um “nós”; somamos; formamos uma comunidade. A imagem paulina do Corpo Místico de Cristo (1 Cor 12 ou Rm 12) é a melhor ilustração do que estamos dizendo.

Cada pessoa vive numa comunidade concreta e com pessoas concretas, num tempo bastante específico. Cada um, por aquilo que é, está apto para construir a unidade na diversidade, para formar a comunidade; para instaurar o Reino de Deus.

É sempre muito difícil a obra da fé. É sempre muito custoso o trabalho comunitário: leva tempo; exige renúncias, troca de idéias, partilha e reuniões; aparecem dificuldades, conflitos, desentendimentos, brigas… Mas, é o trabalho comunitário, o que mais realiza uma pessoa porque, na comunidade, tudo o que acontece é fruto autêntico da nossa humanidade, sem maquiagem e sem véus. Os imaturos desistem e fogem porque não suportam enfrentar os outros e nem a si mesmos.

É preciso ter muita fé, paciência e perseverança para continuar na comunidade.

Em sua paróquia, certamente, existe uma longa caminhada de comunidade. Existe uma história de fé realizada por muitas pessoas, as vezes anônimas, mas reais; talvez já falecidas mas, imortais; quem sabe afastadas, por algum motivo, mas próxima o bastante para, quem sabe, voltar. São muitos os sujeitos da fé. Se você não conhece a sua paróquia pelas pessoas que nela vivem, não conhece nada. Muitas conquistas importantes foram feitas em nível pessoal e estrutural, mas, ainda há, muito por fazer, um longo caminho a percorrer e muito que aprender em termos de vida comunitária.

Quem acredita na comunidade não desiste nunca porque “Deus não nos deu um espírito de medo, mas um espírito de força, de amor e de sabedoria” (2Tm 1,7).

 

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS




Diocese de Assis

Não só milagrosa, mas também impetuosa. Milagrosa pela intervenção do Senhor Ressuscitado, “de pé na margem”, enquanto um cansado e desiludido grupo de pescadores depunha suas redes depois de uma noite inteira sem nada pescar. A simples sugestão de se lançar a rede mais à direita da barca e o milagre imediato provoca o reconhecimento do mestre. “É o Senhor!” Então Pedro se veste rapidamente e se joga ao mar em direção ao mestre. Aqui a pesca se torna impetuosa, seguindo as ações do velho Simão. Senão, vejamos…

Para Cristo, a naturalidade do milagre – já previsto por Ele ao se aproximar daquele grupo de pescadores frustrados – estava não no fato de fazer surgir tão grande número de peixes em frágeis redes que não se romperam (153 é o número exato), mas nas ações que se seguiram. “Logo que pisaram na terra viram brasas acesas…” (Jo 21,9). Não era uma simples casualidade, mas uma referência bem clara ao desejo de Cristo em seu ministério: “Vim trazer fogo e como gostaria que este já estivesse aceso”. Simbolicamente, Jesus realizava ali o rito da consagração ministerial, fazendo brotar no coração daqueles discípulos o fogo do amor à tarefa que estendia a eles. Não mais simples pescadores de peixes, mas de almas!

Então Pedro, o impetuoso de sempre, vai ao barco e arrasta a rede para a praia, trazendo os peixes para mais próximo das brasas. É hora de se alimentar, se banquetear com Jesus. Este se aproximou, tomou o pão, partiu-o e serviu a todos. O mesmo fez com o peixe, símbolo de si próprio através dos séculos e símbolo do próprio cristianismo em seu início, que salvou muitos dos cristãos perseguidos. Para se identificarem entre si, usavam de um risco em meia lua numa superfície qualquer. Se alguém o completasse em sentido côncavo ter-se-ia a imagem de um peixe e assim se davam a conhecer secretamente. Porém, o episódio mais significativo dessa pesca vem a seguir.

“Depois de comerem”, depois de estarem bem alimentados e saciados da presença miraculosa de Cristo, este surpreende a Pedro com três incisivas perguntas: “Simão, Filho de João, tu me amas?”. Três vezes, por que? Porque, da tríplice negação de Pedro durante o processo de condenação de seu mestre, Jesus agora quer ouvir uma tríplice declaração de amor. A resposta foi sempre a mesma: “Apascenta as minhas ovelhas”. O primado de Pedro nasce aqui, aos pés do ressuscitado, purificado pelo arrependimento de um líder humano e frágil, mas que recebia agora o oficio do pastoreio, o ministério da continuidade de uma missão renovada à luz da ressurreição. “Ainda que todos te abandonem, eu nunca te abandonarei”, havia dito o velho Pedro pouco antes da condenação de seu mestre. Agora, purificado de suas fraquezas, confessa: “Senhor tu sabes tudo, tu sabes que eu te amo”. Mesmo ciente de suas fraquezas, Pedro conhecia a força do Amor que tinha dentro de si. A ponte entre a fraqueza humana e o amor incondicional revestido pela misericórdia divina, é a força do pontificado da Igreja, aqui representado pela liderança de Pedro, o pescador impetuoso, o pescador dos sete mares.

O milagre dessa pesca não é seu resultado assombroso, numérico apenas. Quem ainda mede o sucesso da vida eclesial pelo número de seguidores na Igreja, nada entendeu até aqui. Jesus continua a nos dizer: “Vinde comer”. Vinde se alimentar aos pés daquele que não só oferece os peixes, mas também indica as águas mais profundas, sugere novas tentativas, dá funções, coordena ações, para que sua Igreja, sob o primado dos sucessores daquele pescador turrão, impetuoso, continue glorificando a Deus. “Segue-me” foi a última ordem de Cristo a Pedro. E a seus sucessores também!

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]