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Diocese de Assis

 

          Nada é mais odioso e socialmente incômodo às relações humanas do que a presença de um coração empedernido, insensível, indiferente, petrificado. Quem o possui não merece respeito, mas temor. A pessoa assim descrita certamente tem em seu currículo um histórico de mando e desmando, posturas autoritárias, características ditatoriais. Imaginem esse coração pulsando num peito de um líder, um governante, um imperador! Imaginem essa pessoa pública conduzindo uma nação, tentando impor suas vontades, suas ideias e ideários políticos, seus tentáculos de ordem social completamente avessos aos interesses e necessidades populares. Um coração desse naipe jamais conduziria um povo à santa e sonhada liberdade.

          Pois imaginem que, ironicamente, para comemorar nossa bicentenária independência, trouxemos de Portugal o coração petrificado de D. Pedro, aquele que um dia fez ecoar entre nós seu brado de “Independência ou Morte”! Nada é mais sintomático e oportunamente sádico, tétrico, fúnebre que esse mórbido símbolo da nossa independência. Aquele coração que um dia pulsou de amor pelo seu povo, que rasgou seus laços familiares e pátrios com a terra-mãe, essa que nos governou por séculos e nos ensinou os primeiros passos como civilização douta e culta, que nos deixou a língua como identidade de um povo unido em seus ideais… aquele coração não merecia ser incomodado em seu silencio no exílio que sofreu! Não. Nem na violação de sua urna sepulcral! Nem no desrespeito por tudo que sonhou de bom para nosso país. Não tínhamos esse direito!

          Se hoje podemos contemplar os contornos daquele coração enrijecido pelo formol da história, lembremo-nos que estamos diante de um músculo que um dia foi carne e sangue, que ajudou a construir nossa história de liberdade e nos fez sonhar com ela ao romper seus laços com a tirania, a escravidão, a exploração injusta contra nossa soberania mais que merecida. Agora, decorridos duzentos anos, pouco temos a comemorar se considerarmos os passos ainda inseguros dessa república de contradições. Um país de contrastes não somente territorialmente, mas também social. Os sonhos de liberdade continuam sonhos. Nossa soberania campeia. “Desafia o nosso peito a própria morte”. Então esse coração petrificado, do peito de Pedro, o Imperador insubordinado, inquieto e rebelde à sua monarquia anárquica, torna-se símbolo de nossas comemorações cívicas. Não poderia ser mais irônico no momento!

          Esse é nosso reino! Uma nação não se constrói com símbolos, nem desenterra seu passado para aviltar uma soberania ainda imberbe e insegura. Ao contrário, o reino que buscamos é outro, bem diferente dos cenários mórbidos que hoje contemplamos. Deixemos de lado a imagem tétrica desse coração enrijecido no formol de muitos interesses escusos. Lembremo-nos de nossa origem, como Terra da Santa Cruz, da mesma cruz que melhor representa nossos anseios de liberdade! Um dia, como povo religioso e cristão que ainda somos, haveremos de contemplar esse símbolo com mais amor e respeito. É dessa cruz que fluem nossos sonhos de um novo Reino, pois ali sucumbiu um coração verdadeiramente amoroso, que derramou seu sangue pelo seu povo. O banquete desse novo Reino ainda nos aguarda. “Vinde, benditos do meu Pai”. Não é hora de velar o passado. Mas de convidar nosso povo a celebrar sua liberdade, com mais igualdade e respeito entre nós. “Então tu serás feliz! Porque eles não te podem retribuir” (Lc 14,14). Então poderemos cantar nosso Hino com o coração nas mãos…

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]




Diocese de Assis

Além da teologia da vocação, cabe também aqui uma referência à eclesiologia, uma vez que o serviço às vocações está intimamente relacionado com a vida da Igreja, com a experiência eclesial de cada diocese e com os conceitos eclesiológicos presentes na mente dos que fazem a animação vocacional.

Convém começar com um olhar sobre a Igreja dos nossos dias, uma vez que a análise do texto de Lucas, vista um pouco antes, se conclui com a apresentação dos vocacionados de Jesus, chamados a “pescar” em outra barca, a barca da comunidade cristã.

Toda animação vocacional feita a partir da experiência da Igreja “Povo de Deus” (cf. LG, 9-17), deve ter a audácia de propor um seguimento de Jesus que seja, de fato, permanente escola onde se aprende que toda vocação é sempre uma vida “diaconal”: “Eu estou no meio de vocês como quem está servindo” (Lc 22,27).

Do mesmo modo, não podemos esquecer que a preocupação com as vocações deve ser de toda a comunidade cristã (OT, 2). Por isso, com muita desenvoltura e coragem, precisamos insistir no princípio de “que todos somos animadores vocacionais”, ou seja, responsáveis uns pela vocação dos outros. Cada pessoa batizada tem a responsabilidade de viver bem o chamado, mas também de contribuir para que as demais tenham condições de responder ao chamamento divino para ser gente e para seguir Jesus.

Outro dado eclesiológico fundamental é o que mostra a comunidade eclesial, como “a mediadora da vocação e o lugar de sua manifestação”. A nossa resposta vocacional precisa colaborar para que tenhamos, de fato, uma Igreja que seja espaço de ação do Espírito que quer suscitar as vocações do Pai, no seguimento de Jesus. Isso quer dizer que não é suficiente qualquer jeito de Igreja. Existe um modelo, ou se quisermos, um cenário de Igreja, que é o lugar do apelo, do chamamento divino. Os subsídios vocacionais devem contemplar essas exigências, evitando as propostas tentadoras de certo marketing religioso.

Não podemos oferecer aos cristãos de hoje apenas uma experiência do sagrado. Precisamos propor uma autêntica espiritualidade, capaz de lhes dar ânimo e coragem para continuar firmes na missão, mesmo diante dos inúmeros desafios que aparecem. Não é possível seguir Jesus Cristo nos tempos atuais sem experimentarmos quotidianamente a graça de Deus e sem o esforço para permanecermos coerentes com as exigências do discipulado. No âmbito da animação vocacional isso é ainda mais evidente. Os animadores vocacionais serão capazes de comunicar o chamado divino na medida em que forem pessoas profundamente marcadas pelo amor da Trindade (cf. 1Jo 1,1-4) e pela compaixão para com a humanidade (1Jo 4,19-21). Por sua vez, os vocacionados e vocacionadas saberão responder com prontidão ao chamamento divino quando tiverem experimentado o “mistério de Deus” (2.º CIV, 7).

Estes aspectos da teologia e da eclesiologia, se bem trabalhados na animação vocacional, irão contribuir para deixar bem claro que o povo eleito de Deus é um só. Na Igreja, embora nem todos os cristãos caminhem pela mesma via, pela mesma vocação específica, todos temos a mesma e única dignidade e igualdade no que diz respeito à nossa identidade de discípulos e discípulas de Jesus e à nossa missão de evangelizar (cf. LG, 32). Essa mesma e igual dignidade nasce do mesmo e único chamado: a vocação à santidade, à plenitude da vida cristã que vem do batismo (cf. LG, 40).

Sem um serviço de animação vocacional na igreja, corremos o risco de perder o elo entre a vocação, o serviço missionário e o batismo que nos coloca, todos juntos, na mesma atitude de escuta e resposta.

Somos todos vocacionados fazendo da Igreja, no mundo, uma atenta seguidora dos passos daquele que chama e envia à missão que é dele.

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS




Diocese de Assis

A resposta ao chamado de Deus está ligado à escuta da sua Palavra. Responde bem ao chamado de Deus quem ouve bem! Ora, qual é o melhor lugar para se ouvir o chamado de Deus senão a comunidade? Qual é a melhor resposta ao chamado de Deus senão o serviço alegre e generoso?

A realização vocacional e o serviço às vocações está intimamente relacionado com a vida da Igreja. Convém olhar, então, para Igreja dos nossos dias. O que está acontecendo dentro da comunidade eclesial?

O Primeiro Congresso Vocacional do Brasil (Itaici – 1999), dentro de uma interpretação realista, fez a “fotografia” do interior da nossa Igreja e percebeu as mudanças profundas e rápidas pela qual passava a nossa Igreja naquele momento.

Com essa percepção, os animadores e animadoras vocacionais, presentes em Itaici, foram capazes de avaliar as diversas expressões de Igreja que se manifestavam naquela ocasião, concluindo que: estas diferentes formas de concretizar o SER Igreja têm influências significativas nas motivações que levam as pessoas “a assumir e viver a fé e a vocação”.

O grande desafio, diante disso é: colaborar eficazmente para a construção de “uma Igreja, onde todos os aspectos essenciais para a sua vida e para a sua missão, no meio da humanidade, sejam bem integrados”.

O modo como devemos motivar as pessoas para responderem positivamente ao chamado é faze-las enxergar a Igreja como um povo de servidores, dentro do pluralismo das vocações, ministérios e carismas”. Porém, tal perspectiva não é possível quando um único cenário de Igreja tende a se impor. A Igreja é diversidade!

No processo de discernimento, é necessário ajudar os vocacionados a olharem para “a decisão vocacional como um serviço aos irmãos e não como ascensão social ou busca de uma posição privilegiada na sociedade e na Igreja”.

            A radicalidade da resposta de um vocacionado, feita a partir da experiência da Igreja “Povo de Deus” (cf. LG, 9-17), é a de viver um seguimento de Jesus que seja, de fato, permanente escola onde se aprende que toda vocação é sempre uma vida “diaconal”: “Eu estou no meio de vocês como quem está servindo” (Lc 22,27).

A Igreja toda, a começar pelos consagrados, deve ser servidora do evangelho!

A preocupação com as vocações deve ser de toda a comunidade cristã. O princípio é este: “todos somos animadores vocacionais”; somos responsáveis uns pela vocação dos outros. Cada pessoa batizada tem a responsabilidade de viver bem o chamado e, também, de contribuir para que as demais tenham condições de responder ao chamamento divino para ser gente e para seguir Jesus.

            A comunidade eclesial é “mediadora da vocação e o lugar de sua manifestação”. A nossa resposta vocacional precisa colaborar para que tenhamos, de fato, uma Igreja que seja espaço de ação do Espírito que quer suscitar as vocações do Pai, no seguimento de Jesus. Isso quer dizer que não é suficiente qualquer jeito de Igreja. Existe um modelo, ou se quisermos, um cenário de Igreja, que é o lugar do apelo, do chamamento divino.

Não podemos oferecer aos cristãos de hoje apenas uma experiência do sagrado. Precisamos propor uma autêntica espiritualidade, capaz de lhes dar ânimo e coragem para continuar firmes na missão, mesmo diante dos inúmeros desafios que aparecem. Não é possível seguir Jesus Cristo nos tempos atuais sem experimentarmos quotidianamente a graça de Deus e sem o esforço para permanecermos coerentes com as exigências do discipulado.

É isso o que significa pensar a vocação como Igreja!

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS




Diocese de Assis

 

          Não pense você que tudo o que alcançou na vida seja mérito pessoal. Talvez tenha um pouco dos esforços que fez para alcança-los, mas sem a graça das concessões celestiais, a permissão das fontes divinas, você nada teria. Nem nada seria. Na realidade, tudo o que temos e somos procede do Pai. Nesta proporção é que seremos julgados e cobrados um dia, quando a prestação de contas inevitável, mas pessoal, cara a cara, olho no olho, nos será exigida tim-tim por tim-tim. “A quem muito foi dado, muito será pedido, a quem muito foi confiado, muito mais será exigido!” (Lc 12, 48).

          Assim sendo, penso no peso de carregar muitos dons e não os multiplicar. Um ícone da televisão brasileira, Jô Soares, nos deixou nessa semana. Homem multiverso, criador incansável e produtor sem limites, foi de fato um exemplo de pessoa multiplicadora dos dons recebidos. Tinha também sua fé. Nos anos setenta passou pelo MEAC – grupo missionário formado por leigos católicos do meio artístico – quando assumiu sua fé como ministro da Eucaristia. Era devoto de Santa Terezinha e tinha em sua casa uma capela dedicada à santa.  Um dia, perguntado sobre o que mais temia em vida, respondeu: “Tenho medo de parar de produzir”. Desse lado místico do grande artista poucos irão falar, mas seus dons e talentos não cansarão de exaltar. Então é isso; o que fica é o que produzimos em vida.

          O detalhe primeiro é de que esse peso da balança será igual para todos. Talvez nossa tecnologia tenha feito nos esquecer do valor desse peso, outrora denominado “fiel”, o fiel da balança. Era um peso proporcional à mercadoria que oferecíamos. Da mesma forma será proporcional ao produto que um dia ofereceremos ao Pai, lembrando que, quer queira ou não, diante dele seremos os fiéis, isto é, ser-nos-á exigida a fidelidade aos bens recebidos em vida. Crentes ou ateus, seguidores ou alheios aos ensinamentos do Mestre, a pergunta crucial será sempre a mesma: “Você foi um administrador fiel dos bens que recebeu”?

          Nessa hora não adianta improvisar. O espírito de vigilância e serviço está presente em todo ser humano, mas é a fé que irá dosar suas conquistas. “A fé é um modo de já possuir o que ainda se espera” (Hb 11,1), ensinava o apóstolo ao relembrar seus antepassados e as muitas conquistas que obtiveram em vida. É preciso estar atento a essa realidade. Concomitantemente, é preciso descruzar os braços, partir para a ação, buscar sem cessar. Fé exige obras; fé é serviço. De nada adianta termos em mãos os instrumentos de trabalho para grandes realizações na vida, se o comodismo, a inércia, a preguiça nos impedem maiores conquistas. Nada cai do céu gratuitamente. Vigiai, pois, e orai. Aqui a oração ganha o sentido da ação, do trabalho constante que um homem de fé desenvolve para nunca decepcionar seu patrão, aquele que conduz e governa suas ações.

          Como vemos, tudo é questão de mérito pessoal. O ponto de vista de um nunca será o mesmo do outro, mas o final da história, sim. Essa é igual para todos. Então seremos julgados de acordo com os bens que nos foram confiados e o bom uso ou não que deles fizemos. Essa é a nossa realidade. Nada nos pertence, mas tudo o que nos cerca foi nos dado pelo Senhor da Casa, o dono de tudo o que pensamos possuir. Na realidade, apenas pensamos. Porque o que nos sobra é proporcionalmente igual ao que somos. Nada!

          “Tenho medo de parar de produzir”, disse Jô.

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]

 

 

 

           




Diocese de Assis

A existência humana mistura fé e vida.  É difícil compreender um homem que não tenha fé. Mesmo os mais incrédulos ou ateus buscam “algo” em que se sustentar. FÉ e VIDA são duas faces da mesma existência. LOGO, a nossa existência, no que diz respeito à experiência de vida e de fé, se realiza como um CHAMADO.

CHAMADOS À VIDA

Primeira Constatação: Estou vivo. É só olhar para si mesmo e sentir todo o seu corpo: cabeça, tronco e membros… dar-se conta de si.

Precisamos aprofundar o Sentido e o Valor da Vida como Chamado. Nossa vida tem sentido, por isso vale a pena viver. Enquanto estou vivendo estou dando uma resposta ao chamado que Deus me fez.

Segunda Constatação: Minha origem. Há uma história que faz referência à minha vida, que me situa desde o nascimento até a morte: Que tal fazer a sua biografia? (em dupla: fazer sua biografia – pais, irmãos, lugar de nascimento…).

A vida deve ser encarada, portanto, como um Dom, um presente de Deus. Somos como uma tríade: Deus, meus pais e eu. Deus me chamou pelo nome e me quis; meus pais me geraram e eu estou aqui. Somos da raça de Deus. É preciso que, ao longo da vida nos reconciliemos com a nossa existência.

Terceira Constatação: Foi Deus quem me chamou à vida; não sou obra do acaso! Sou único, irrepetível, indivisível. Somos obras perfeitas, amadas e queridas. Vamos recorrer a alguns textos bíblicos: Gn 1,26-28; Is 43,1-7; 44,21; Jr 1,4-8.

Precisamos “voltar” ao útero para muitos necessários recomeços. Contemplar a vida nos seus primórdios, na sua gênese, na sua matriz primordial. Precisamos recuperar as raízes humanas da nossa existência para dar mais visibilidade à nossa fé.

CHAMADOS À NOVA VIDA

Primeira Constatação: Ele me mantêm vivo. O Deus que nos criou e nos chamou à vida, também nos mantém nele, com ele e por ele. “Eu vivo, mas já não sou eu que vivo, pois é Cristo que vive em mim. E esta vida que agora vivo, eu a vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim. Portanto, não torno inútil a graça de Deus, porque, se a justiça vem através da Lei, então Cristo morreu em vão” (Gálatas 2,20-21).

Segunda Constatação: Eu nasci de novo. Como se não tivesse bastado um nascimento, Deus nos deu um segundo: o batismo. “Jesus respondeu: ‘Eu garanto a você: se alguém não nasce do alto, não poderá ver o Reino de Deus.’ Nicodemos disse: ‘Como é que um homem pode nascer de novo, se já é velho? Poderá entrar outra vez no ventre de sua mãe e nascer?’   5 Jesus respondeu: ‘Eu garanto a você: ninguém pode entrar no Reino de Deus, se não nasce da água e do Espírito’.” (João 3,3-5).

Terceira Constatação: Foi Deus quem me chamou ao novo nascimento. Ele me quis e me fez conhecedor e me revestiu das coisas novas. “De fato, vocês foram despojados do homem velho e de suas ações, e se revestiram do homem novo que, através do conhecimento, vai se renovando à imagem do seu Criador. E aí já não há grego nem judeu, circunciso ou incircunciso, estrangeiro ou bárbaro, escravo ou livre, mas apenas Cristo, que é tudo em todos” (Colossenses 3,9-11).

Precisamos “voltar” à pia Batismal para nos colocar diante dos sinais da vida nova: a água, o óleo nossos pais, nossos padrinhos, a igreja, o padre e o ‘eu te batizo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo’ que apontam para o Criador e Renovador da vida.

ENVIADOS PARA A MISSÃO

  1. Um só Espírito Muitos Pentecostes: Atos 2,1-13; 4,23-31; 10,44-48; 19,1-7
  2. Um novo Pentecostes na Igreja: o Pentecostes “pessoal” que abre as comportas dos dons à pessoa; o Pentecostes “eclesial” que revela o chamado à unidade sempre no mesmo e único espírito.
  3. A Missão é de Deus; ele é que chama e envia: Envia os DOZE. Jesus chamou: Mt 10,1-4; preparou: Mt 5,1-16; 10,26-11,1; enviou: Mt 10,5-33.

Envia-NOS: Jesus nos chamou, nos preparou, nos enviou. Ef 1,3-5; O Batismo e a Missão de Jesus: Mt 3,1-4; Mc 1,9-11; Lc 3,21-22; Jo 3,1-8;  O Batismo e a Missão da Igreja: Mt 28,16ss.

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS 




Diocese de Assis

 

          Pobre do homem que acumula só para si. Verdade nua e crua. Frase curta e dura. A cegueira e a surdez de muitos ainda não atinaram para essa triste realidade humana, que muitos preferem ignorar: daqui nada se leva. Pois das muitas lições que a pregação de Jesus abordou com clareza e objetividade, a questão da avareza foi sempre retomada com primor. Senão, veja ao menos essa: “Tomai cuidado contra todo tipo de ganância, porque, mesmo que alguém tenha muitas coisas, a vida de um homem não consiste na abundância de bens” (Lc 12,15). Consiste em que, então?

          A pergunta é fatal e curiosa. Todos um dia a fazem a si mesmos. Afinal, porque tanto suor, esforços, sacrifícios, quando daqui sairemos com as mãos abanando? Ricos e pobres, grandes empreendedores ou pequenos investidores, um dia hão de topar com essa questão em suas vidas. Alguns desaceleram suas buscas, outros agem como o avestruz que, quando ameaçados, escondem a cabeça numa grota qualquer, outros ainda amealham com mais avidez, como se suas conquistas e bens terrenos fossem as únicas garantias de uma segurança pessoal. Enfim, cada qual à sua maneira, fazem dos bens terrenos um escudo invisível para algo que desconhecem, mas temem, a própria morte.

          Jesus dá o xeque mate: “Louco! Ainda nesta noite, pedirão de volta a tua vida. E para quem ficará o que tu acumulaste?”

          Mesmo assim, não é bom abordar esse tema sem uma visão mais positiva. A questão não é o acumulo pessoal, a riqueza adquirida sem os critérios do bom uso que dela se possa extrair, da função social bem administrada e partilhada, da divisão justa e criteriosa dos bons empreendimentos que geram riquezas e bem estar, renda e segurança alimentar a incontáveis trabalhadores. Essas riquezas têm outro nome: prosperidade. Feliz o homem próspero, que constrói não para si, mas para muitos, que faz de seus bens uma fonte de vida e garantia de sobrevivência para todos que dele se acerquem. Esse não reserva para seus dias finais, mas para sua eternidade.

          Nesse aspecto, a visão da Igreja não é contraditória em sua defesa a favor do pobre, o injustiçado na cadeia alimentar e social, mas com ele faz coro ao pregar justiça na distribuição de rendas e condições de trabalho mais coerentes com a dignidade humana. Muitos gritam: isso é comunismo! Mas antes dessas ideologias tolas e contraditórias que inventamos, o que seria? No tempo de Jesus o regime totalitário e dominador do Império visava apenas domínios territoriais. O povo era uma massa de manobra circunstancial, útil somente na construção de poder e glória de seus dominadores. Jesus era somente uma voz a clamar. Diferente de nossos dias? Não, claro que não!

          Então ouçamos sua voz, a voz de sua Igreja. Se hoje suavizamos a fala com pedido de perdão das muitas injustiças culturais e históricas que Igreja e Estado um dia cometeram (Papa Francisco pediu perdão pelo genocídio cultural cometido contra povos indígenas, em especial no Canadá) na América Latina a opção preferencial pelos pobres também criou situações de exclusão. Sabemos hoje que “pobreza espiritual” também merece nossos cuidados. Sabemos hoje que há muitos pobres necessitados de atenção e orientação espiritual, pois que não sabem o que fazer com suas riquezas de ordem material. E muitos ricos de ordem espiritual que não partilham seus bens espirituais com aqueles que só acumulam riquezas temporais. Pobres ricos e ricos pobres… Ou pobres pobres e ricos ricos…

          WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]

 

 




Diocese de Assis

 

          Quando uma criação ou invenção que seja cai no domínio público, é usada e dominada por todos, dizemos que esta não tem dono, o seu uso e abuso é direito de todos. Assim também a vida. Pelo uso que dela fazemos, pelo domínio ou não que dela temos, podemos dizer que nos pertence, que somos senhores e diretores dos eventuais rumos que esta possa seguir. Mas, quem a criou pensaria assim? Seria esse seu projeto para conosco, deixando-nos ao Deus dará, jogados à sorte de um futuro às cegas, sem rumo certo, sem domínio sobre nós?

          Será que o Criador abandonou sua obra, abriu mão de sua paternidade? A história diz que não. Tantas e tantas  vezes nosso Pai criador reivindicou seus direitos sobre nós, se fez um conosco, mostrando-nos o caminho certo, dando-nos pistas para solucionar nossos dilemas, acertando nossos passos com sua vontade, que seu sobrenome nos soa como Misericórdia, Redentor, Providente, Generoso ou simplesmente Amor. Eis o Pai que temos. O Pai de todos, Pai Nosso!

          Mesmo assim, diante da petulância de nos dizermos donos do nosso nariz, Ele nos deixa livres. Tal qual brinquedo predileto em suas mãos, recarrega nossas pilhas de quando em quando e nos devolve ao mundo. Foi o que fez pessoalmente ao nos enviar seu Filho, ao escrever a mais bela e contundente história de Redenção durante os 33 anos de “tentativa de conserto” mais radical da história humana. Reivindicou para si sua paternidade universal. Chamou-nos de filhos, filhinhos, amados, queridos, irmãos… E nos ensinou a rezar: “Pai-Nosso”…  Não mais “meu” ou “seu”, mas “nosso”, de todos, independentemente de sua raça, credo, cor ou o que seja… Deus é Pai de todos!

          Esse detalhe da oração que “O Senhor nos ensinou” é o grande trunfo da harmonia e da paz universal. Um detalhe que nos foge em momentos de crise, guerra ou conflitos universais, quando nossa irmandade deveria ser posta acima de tudo e de todos, para gaudio e proteção do Pai que temos em comum. “Portanto, eu vos digo, pedi e recebereis; procurai e encontrareis; batei e vos será aberto” (Lc 11, 9). Ora, se essa é a promessa, se a solução para tantos conflitos e dilemas que nossa história repetidamente escreve está aqui, porque vacilamos? Ora que melhora, muitos dizem. Mas poucos, pouquíssimos praticam. Não é apenas uma questão de credo, de atenção à realidade espiritual que vivemos, mas desleixo, preguiça, incompetência mesmo. O mundo vai mal porque nós, cristãos, estamos péssimos. Deixamos de lado a força que temos para transformar o mundo com nossa presença, nossa ação e oração. É isso.

          Então, se você é daqueles que dizem: “Quanto mais rezo, mais o Diabo aparece”, parabéns! Sua oração está fazendo efeito. Continue, pois é função do ato de orar também provocar uma reação do Inimigo. Sinal de que nosso diálogo com Deus causa inveja. Sorria o sorriso da graça alcançada, segure firme nas mãos de Deus e vá em frente! O Pai está te ouvindo…

Mais que simples instrumento de reivindicações, das constantes solicitações que temos a fazer, a oração é também uma conversa franca, um diálogo permanente que nos mantêm unidos a Deus. É o abandono certeiro e confiante de quem ama e se deixa amar pela força protetora Daquele que nos deu tudo o que temos e somos. Por isso, digamos: “Aba, Pai!”.

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]




Diocese de Assis

 

 

Evangelizar é preciso. Mas, como evangelizar sem perder o essencial do evangelho? Para resolver essa dúvida devemos voltar ao evangelho. Assim não perderemos o caminho, a direção e a meta da Evangelização.

O Evangelista Mateus em 28,16-20 apresenta a evangelização vinculada a um mandato de Jesus. Quer dizer, a evangelização é uma obra que acontece se perpetua na vida de fé e não conhece limites uma vez que não se esgota nas atividades, nos planos, nos projetos e sonhos de quem quer que seja. A evangelização não obedece padrões do gênio humano, pelo contrário, os ultrapassa porque, é algo que nasce no coração do próprio Deus e, por isso mesmo, é antes de tudo, obra de Deus em nós. Primeiro porque Cristo é o Evangelho que se dá por si mesmo e, segundo, porque é a sua Vontade que deve prevalecer aos discursos, práticas.

Retomando a Exortação Apostólica “Alegria do Evangelho”, do Papa Francisco, podemos entender melhor as razões que nos permitem rever e refazer o caminho da evangelização como coisa de Deus em nós, na Igreja e no mundo.

No parágrafo 19, diz o papa: “A evangelização obedece ao mandato missionário de Jesus: “vão e façam com que todos os povos se tornem meus discípulos, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo o que ordenei a vocês” (Mt 28, 19-20). Nestes versículos, aparece o momento em que o Ressuscitado envia os seus a pregar o Evangelho em todos os tempos e lugares, para que a fé n’Ele se estenda a todos os cantos da terra.”

O papa Francisco aprofunda a reflexão indicando a via de afirmação da Evangelização: a saída missionária.

Vejamos os indicativos desta via de afirmação:

Parágrafo 20: “Na Palavra de Deus, aparece constantemente este dinamismo de ‘saída’, que Deus quer provocar nos crentes. Abraão aceitou a chamada para partir rumo a uma nova terra (cf. Gn 12, 1-3). Moisés ouviu a chamada de Deus: ‘Vai; Eu te envio’ (Ex 3, 10), e fez sair o povo para a terra prometida (cf. Ex 3, 17). A Jeremias disse: ‘Irás aonde Eu te enviar’ (Jr 1, 7). Naquele ‘ide’ de Jesus, estão presentes os cenários e os desafios sempre novos da missão evangelizadora da Igreja, e hoje todos somos chamados a esta nova ‘saída’ missionária. Cada cristão e cada comunidade deve discernir qual é o caminho que o Senhor lhe pede, mas todos somos convidados a aceitar esta chamada: sair da própria comodidade e ter a coragem de alcançar todas as periferias que precisam da luz do Evangelho.

Parágrafo 21: “A alegria do Evangelho, que enche a vida da comunidade dos discípulos, é uma alegria missionária. Experimentam-na os setenta e dois discípulos, que voltam da missão cheios de alegria (cf. Lc 10, 17). Vive-a Jesus, que exulta de alegria no Espírito Santo e louva o Pai, porque a sua revelação chega aos pobres e aos pequeninos  (cf. Lc 10, 21). Sentem-na, cheios de admiração, os primeiros que se convertem no Pentecostes, ao ouvir ‘cada um na sua própria língua’ (At 2, 6) a pregação dos Apóstolos. Esta alegria é um sinal de que o Evangelho foi anunciado e está a frutificar. Mas contém sempre a dinâmica do êxodo e do dom, de sair de si mesmo, de caminhar e de semear sempre de novo, sempre mais além. O Senhor diz: ‘Vamos para outra parte, para as aldeias vizinhas, a fim de pregar aí, pois foi para isso que Eu vim’ (Mc 1, 38). Ele, depois de lançar a semente num lugar, não se demora lá a explicar melhor ou a cumprir novos sinais, mas o Espírito leva-O a partir para outras aldeias.

Parágrafo 22: “A Palavra possui, em si mesma, uma tal potencialidade, que não a podemos prever. O Evangelho fala da semente que, uma vez lançada à terra, cresce por si mesma, inclusive quando o agricultor dorme (cf. Mc 4, 26-29). A Igreja deve aceitar esta liberdade incontrolável da Palavra, que é eficaz a seu modo e sob formas tão variadas que muitas vezes nos escapam, superando as nossas previsões e quebrando os nossos esquemas.”

 

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS 




Diocese de Assis

 

          O segundo foco da Carta Apostólica “Desiderio Desideravi” (Desejei Ardentemente) do Papa Francisco, frisa o aspecto da arte de celebrar como questão fundamental ao bom termo de nossas celebrações litúrgicas. Não é, nunca foi e nunca será um simples ato, um acontecimento social… “A ars celebranti não pode ser reduzida a apenas um mecanismo rubrical, muito menos deve ser pensada como imaginativa – às vezes selvagem – criatividade sem regras” (48). Dizendo o que não é, Francisco foca no desejo de Cristo ao instituir seu rito sacramental, apresentando-se como centro vivo e razão do encontro eucarístico. Ele é o “artista” desse acontecimento. E, como tal, “o verdadeiro artista não possui uma arte, mas é possuído por ela. Não se aprende a arte de celebrar frequentando um curso de oratória ou técnicas de comunicação persuasivas” (50).

          Silêncio e respeito devem marcar grande parte dos momentos litúrgicos. “Entre os atos rituais que pertencem a toda assembleia, o silêncio ocupa um lugar de absoluta importância… Toda a celebração eucarística está imersa no silêncio que precede o seu início e que marca cada momento do seu desenrolar ritual” (52). Não celebramos uma festa, um bacanal mundano, mas “algo muito mais grandioso” que só o silêncio é capaz de traduzir para nossas vidas a grandiosidade do milagre que aqui contemplamos. “Também ajoelhar-se deve ser feito com arte, ou seja, com plena consciência do seu sentido simbólico e da necessidade que temos deste gesto para expressar o nosso modo de estar na presença do Senhor” (53).

          Ademais, o celebrante da liturgia eucarística nunca é nem será um homem qualquer, a quem o sacramento da ordem outorgou um ministério especial, mas sim o próprio Cristo, ali presente. Não contemplamos a simples humanidade de um Deus representado na imagem de um homem de carne e osso, como qualquer um de nós. Ao contrário, o que presenciamos é a divindade de um Homem que se fez um igual àqueles que tanto amou, que se deu e continua se doando para que tenhamos nossa fé alimentada pelo pão da vida. “O ministro ordenado é ele próprio um dos tipos de presença do Senhor que torna a assembleia cristã única, diferente de qualquer outra assembleia” (cf. Sacrossanctum Concilium n. 7), cita Francisco, que ainda nos lembra: “Então, o Senhor ressuscitado está no papel principal e não nossas próprias imaturidades” (57), referindo-se à nossa fé infantil.

          Por fim, Francisco se preocupa com a coerência de muitos sacerdotes, que, mesmo revestidos da graça de uma unção sacerdotal, ainda titubeiam no dom que receberam. Há muitos indecisos e incrédulos ao redor da mesa da comunhão, dentre estes também sacerdotes, presidentes e propiciadores do milagre que emana do altar. Nessa linha escrevi “Pedra dos Milagres” (Editora A partilha), que aqui cito para aqueles que desejem aprofundar esse assunto. Mas quem sou eu diante da preciosidade das reflexões de um Papa? Eis uma de suas preocupações, que não isenta ninguém das negligências presentes numa celebração de fé: “Os sacerdotes devem permitir que o Espírito Santo aja sobre eles, para completar o trabalho que ele começou neles em sua ordenação” (59). Por mais indigno que seja o celebrante, por mais contraditória que seja sua vida de fé – como muitas vezes constatamos – o padre nunca fala às paredes. “As palavras que a Liturgia coloca em seus lábios têm conteúdos diversos que requerem tonalidades específicas” (60). São palavras divinas, não humanas. Concluindo: “De domingo a domingo a energia do Pão partido nos sustenta no anúncio do Evangelho no qual se manifesta a autenticidade da nossa celebração” (65) Então, Ide em Paz!

          WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]




Diocese de Assis

Toda a vida cristã está baseada no modelo de vida do Cristo: suas ações, suas palavras, seus sentimentos, seus pensamentos, seus gestos, sua postura, sua mentalidade, sua sabedoria, seu amor, sua compaixão, sua misericórdia, seu perdão, sua ternura, sua percepção, sua sensibilidade, seu zelo, sua atenção, sua verdade, sua sinceridade…

O cristianismo, portanto, não é, simplesmente, uma ideologia, mas, um ideal; não é uma doutrina, mas, um itinerário de vida; não é uma convenção, mas, uma convicção; não é crença, mas, é fé.

Neste sentido, cristão é aquele que, identificado com o Cristo, se con-figura a ele. Isto é, torna-se um outro Cristo; sem deixar de ser o que é, assume, como sendo seu as ações, as palavras, os sentimentos, os pensamentos, os gestos, a postura, a mentalidade, a sabedoria, o amor, compaixão, a misericórdia, o perdão, a ternura, a percepção, a sensibilidade, o zelo, a atenção, a verdade, a sinceridade… do Cristo. A esse respeito, Tomas Kempis, no passado (1441), falava em Imitação de Cristo. O Evangelho fala de ser santo como o Senhor é Santo. Não são duas verdades que se excluem, mas que se completam. A prática da fé, pela imitação do Cristo, faz chegar à santidade. E santidade deve ser o escopo (meta) da vida.

Ora, quando muita gente pensa que a busca de santidade anula a natureza humana, como fazer da santidade uma meta sem se tornar desumano consigo e com os outros?

É preciso ter claro que, a santidade não desumaniza a pessoa, pelo contrário, totaliza, completa, plenifica. Porque o ideal de santidade pressupõe a realização da pessoa total e não de uma parte dela.

O grave problema de quem considera a busca da santidade como um risco à humanidade de uma pessoa é a visão compartimentada e fragmentária de tudo. Ora, quem fragmenta tudo, enxerga tudo através da limitada condição dos fragmentos. De tal forma que a referência de valor, de sentido, de verdade… será sempre pequena.  Por exemplo: quem não vê o tempo para além de um só dia, vai querer tirar proveito de tudo só naquele dia; quem não vê a fome para além da comida, não vai passar de um comilão; quem não vê o trabalho para além do dinheiro, vai continuar sendo um escravo remunerado; quem não enxerga o dinheiro para além do possuir, não vai deixar nunca de ser materialista; quem não enxerga o sexo para além do prazer, nunca resolve as suas obsessões e desvios.

O ideal cristão de santidade pressupõe a natureza humana: suas fraquezas e forças; suas limitações e grandezas, suas contingências e necessidades; seu nada e seu tudo…

Na fé, a visão de homem total (santo) é a de homem Feliz. E isso só é possível fazendo coincidir felicidade com santidade, santidade com realização e realização com prazer.

O grande desastre da vida humana é que, uma inversão, arbitrada pela fragmentarismo, coloca o prazer como princípio de tudo. Nisto está a derrocada do homem porque o hedonismo faz ponte com o individualismo, com o materialismo, com o egoísmo e com muitos outros “ismos” que esvaziam e escravizam.

As bem-aventuranças de Jesus, em Mateus 5,1-12, oferecem um programa de vida, onde o ideal de felicidade é a realização da pessoa em sua totalidade. Tomando como ponto de partida as realidades não negadas (mas assumidas) da vida, mostra como é possível ser feliz. A proposta, presente ali, é de felicidade e, não simplesmente de alegria.  Porque alegria é sempre algo passageiro; vem e vai rápido. A Felicidade, ao contrário, é algo mais duradouro e precisa de mais tempo para se consolidar para se tornar realização. Porque ela pode chegar não só através de uma alegria, mas também de uma tristeza.

 

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS