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Diocese de Assis

 

Deus criou o homem e a mulher à sua imagem: “Fizestes-os por um pouco menores do que os anjos” (Sl 8,6; H 2,7).  Deu-lhes a imortalidade, a verdade, a justiça…

O Concílio Vaticano II nos ensina:

“A razão principal da dignidade humana consiste na vocação do homem para a comunhão com Deus.  Já desde a sua origem, o homem é convidado para o diálogo com Deus. Pois o homem, se existe, é somente porque Deus o criou, e isto por amor. Por amor é sempre conservado. E não vive plenamente segundo a verdade, a não ser que reconheça livremente aquele amor e se entregue ao seu Criador”  (GS 19).

Mas o homem, em sua liberdade, pode refutar a grandeza que lhe foi conferida pelo desígnio de Deus; pode tentar realizar-se de acordo com um desígnio próprio, diferente do futuro que lhe é prometido por Deus; pode procurar garantir seu próprio futuro, como o fazem as nações pagãs, mediante a busca da riqueza, o apoio nas pessoas, a aliança com as potências estrangeiras, a posse das coisas sagradas. Deste modo ele cai em suas miséria. Não espera mais em Deus, mas segue as falsas esperanças

Deus, especialmente por meio dos profetas, não cessa de chamar todos à verdadeira esperança, que é Jesus, o único Salvador.

Em Jesus foi-nos dada a luz da verdade, a remissão dos pecados, a restauração da liberdade diante das forças do mal, uma nova capacidade de amar, a participação na natureza divina, a vitória sobre a morte por meio da ressurreição da carne, a vida eterna.

Jesus vem ao encontro da miséria humana!

Salvando-nos, fez de seu evangelho e de sua graça o princípio renovador do mundo e, sobretudo, do homem, em todos os âmbitos da vida deste: público,cultural, social, político e econômico.

Instaurar todas as coisas em Cristo para se obter a vida plena. Eis a chave e o desafio que corresponde ao homem que procura uma vida nova em Cristo.

Diante do Cristo, nosso Deus e nosso tudo, vale a pena investir empenhos e iniciativas para ser, junto com ele, fonte de esperança no jardim do mundo como escreve o poeta francês Charles Péguy: “É de se perguntar: como é possível que esta fonte de esperança jorre eternamente; eternamente jovem, fresca, viva… Deus disse: brava gente, isto não é, pois, tão difícil… Se fosse com água pura, que ela tivesse desejado criar fontes puras, não teria nunca encontrado o suficiente em toda a minha criação. Mas, é justamente com as águas ruins que se cria suas fontes de água pura. E é por isso que nunca lhe faltam. Mas, é também por isso que ela é a Esperança… E é o mais belo segredo que existe no jardim do mundo.”

Deus é amor! Por isso, nós acreditamos no amor!

O amor autêntico não é racional, não mede, não ergue barreiras, não calcula, não recorda as ofensas recebidas e não impõe condições.

Jesus age sempre por amor.  Da convivência da Trindade, ele nos trouxe uma mor imenso, infinito, divino, um amor que chega, como afirmam os santos padres da Igreja, até à loucura e coloca em crise os nosso padrões humanos.

Ao meditar sobre o amor. Especificamente sobre este amor de Cristo, o nosso coração se enche de felicidade e de paz. Quem dera, no fim de nossas vidas, Jesus nos receber como os menores dos trabalhadores de sua vinha. Cantaríamos, então, a sua misericórdia por toda a eternidade, perenemente admirados com as maravilhas que ele reserva para os seus eleitos.

Nada há de mais importante neste mundo que possa obscurecer a força de presença de Deus e, cuja força, se mostra não pela ostentação, mas, pela oblação.  Isto é, de fato, o poder maior, a beleza do serviço redentor e a limpidez da fonte das graças.

Derrama sobre nós o teu Espírito, oh, Deus e renova a face da terra!

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS




Diocese de Assis

Ainda estamos dentro da “oitava da páscoa”.  Convém, por isso, retomarmos alguns dos elementos mais importantes da fé pascal e suas conseqüências para a vida. Estamos falando do anúncio, do testemunho, da conversão, da adesão, do seguimento e dos sofrimentos por causa de Jesus.

Alguns textos bíblicos, como o dos Atos, nos colocam dentro do potencial da ressurreição e de como ela inspirou gestos, palavras, decisões, ideais, ações, e convicções de pessoas simples como os apóstolos.

Atos dos Apóstolos 4,1-12: “Pedro e João ainda estavam falando ao povo, quando chegaram os sacerdotes, o chefe da guarda do Templo e os saduceus. Estavam irritados porque os apóstolos ensinavam o povo e anunciavam que a ressurreição dos mortos tinha acontecido em Jesus.

Prenderam Pedro e João e os colocaram na prisão até o dia seguinte, porque já estava anoitecendo. Todavia, muitos daqueles que tinham ouvido o discurso acreditaram. E o número dos homens chegou a uns cinco mil.

No dia seguinte se reuniram em Jerusalém os chefes, os anciãos e os doutores da Lei. Aí estava o sumo sacerdote Anás e também Caifás, João Alexandre e todos os que pertenciam às famílias dos chefes dos sacerdotes.

Fizeram Pedro e João comparecer diante deles e os interrogavam: “Com que poder, ou em nome de quem, vocês fizeram isso?”

Então Pedro, cheio do Espírito Santo, falou para eles: “Chefes do povo e anciãos! Hoje estamos sendo interrogados em julgamento porque fizemos o bem a um enfermo e pelo modo com que ele foi curado. Pois fiquem sabendo todos vocês, e também todo o povo de Israel: é pelo nome de Jesus Cristo, de Nazaré, – aquele que vocês crucificaram e que Deus ressuscitou dos mortos, – é pelo seu nome, e por nenhum outro, que este homem está curado diante de vocês. Jesus é a pedra que vocês, construtores, rejeitaram, que se tornou a pedra angular. Não existe salvação em nenhum outro, pois debaixo do céu não existe outro nome dado aos homens, pelo qual possamos ser salvos.”

A fé cristã, antes de mais nada, está baseada num acontecimento único e irrepetível: a OBLAÇÃO (entrega) do Cristo. Ai é que se encontra o fundamento da ORIGEM e da MISSÃO da Igreja. Isto é: o MISTÉRIO da PAIXÃO, MORTE e RESSURREIÇÃO de CRISTO.

Quando professamos que CREMOS, estamos fazendo uma profunda declaração de autenticidade dos sinais que acompanham a fé e do projeto de amor de Deus cujo plano é de amor pleno.

DEUS se VOLTA para a humanidade e a ela dirige não apenas um discurso, mas, a SUA PALAVRA, o SEU CRISTO.

Neste sentido, tudo o que podemos descobrir pela fé é plenamente aplicável a qualquer esfera da nossa vida. A fé é luz completa; é irradiação do próprio Deus; é fonte de vida; é o grande sentido da existência. A fé é um ato de profunda confiança.

Confirmemos a fé praticando a justiça do Reino de Deus: Amor e Misericórdia!

Recebi uma mensagem que, serve para ilustrar o que estou dizendo com a justiça do Reino de Deus: “ (…) Há o amor que é mais forte do que a morte e há o amor que leva quem ama até a morte. Há o amor que não aceita meias medidas e há o amor que é sem medida. Há o amor que não se vende e há o amor que não se rende. Há o amor que não se cansa e há o amor que nunca descansa. Há o amor de quem sofre com quem sofre e há o amor de quem sofre  para que ninguém sofra. Há o amor que suporta a tudo, e há o amor que faz tudo o que Deus merece.”

Qualquer amor é admirável, mas, o amor de Cristo é PODER de irradiação da vida nova, da santificação, da humildade, da mansidão, da compaixão…

O amor de Cristo é o pleno cumprimento da justiça do Reino.

Vale a pena crer e investir nesse amor!

 

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS 




Diocese de Assis

 

Educar para o Humanismo Solidário e construir a Civilização do Amor são planos de ação que a Igreja já estabelece após a pandemia e as situações de guerra; “É necessário promover a cultura do diálogo, globalizar a esperança, buscar uma verdadeira inclusão, criar redes de cooperação” (240) registra o TB da CF2022. Como mãe, a Igreja lança seu olhar para dias melhores. “A pandemia nos possibilitou a redescoberta da compaixão e da misericórdia de Deus (…) O horizonte quaresmal nos ajudou a pensar em boas práticas de misericórdia no cenário educacional” (246-247).

Como vemos, mesmo em situações aparentemente caóticas, o magistério da Igreja aponta caminhos de esperança renovada. “Fomos obrigados a nos repensar para alcançar o povo, para continuar próximos às pessoas. A renovação de nossa ação pastoral, adotando as celebrações litúrgicas por via digital, não basta. A Tecnologia moderna nos desafia a buscar novas formas de vivermos a fé e a caridade em nossas Comunidades Eclesiais Missionárias (Ceclemis) (252). Aponta um caminho novo, através da ação missionária eclesial, popular, pessoal… Uma nova missão que nasce das bases!

Então deixa-nos um registro consolador, o apelo do Papa: “Também gostaria de convidá-los a pensar no ‘depois’, porque esta tempestade vai acabar e suas sérias consequências já estão sendo sentidas (…) Quero que pensemos no projeto de desenvolvimento humano integral que ansiamos, focado no protagonismo dos povos em toda a sua diversidade…” (253). E nos recorda um trocadilho “sem dicotomias”: educar é evangelizar e evangelizar é educar.

O texto então nos apresenta uma extensa lista de ações, que vão desde a formação de professores, a política, o ensino religioso e em especial a ação pastoral no interior das comunidades eclesiais missionárias, pelo visto uma nova aposta de florescimento da fé através da evangelização. Mas nem só de projetos vive o mundo. É necessário exemplos, praticidade, resultados. Isso a vida eclesial tem de sobra. Isso a fé exemplifica com a própria história que aqui se escreve com a vida da Igreja e a coerência de seus seguidores. “Nesse sentido, na conclusão desse Texto-Base, recordamos algumas belas exortações do Papa Francisco nesta catequese: “E Jesus ia crescendo em sabedoria, idade e graça diante de Deus e dos homens” (Lc 2,52) (278).

Voltamos às origens. A família é nossa primeira e escola. É a fonte de toda e qualquer sabedoria que o lastro da graça divina possa oferecer a um ser humano. “Juntamente com Maria, José cuidava de Jesus, antes de tudo, a partir deste ponto de vista, ou seja, criou-o, preocupando-se, a fim de que não lhe faltasse o necessário para um desenvolvimento sadio” (279) Cuidou de educa-lo para a vida. O segundo aspecto foi a dimensão religiosa. “Diz a Escritura que o princípio da sabedoria é o temor do Senhor. Temor não tanto no sentido de medo, mas de respeito sagrado, de adoração e de obediência à sua vontade, que procura sempre o nosso bem” (280). Por fim, o crescimento do menino Jesus também tinha a dimensão da graça. “Crescer em idade, crescer em sabedoria, crescer em graça: este é o trabalho que José levou a cabo em relação a Jesus: fazê-lo crescer nestas três dimensões, ajuda-lo a crescer” (…) “José educou Jesus primariamente com o exemplo: o exemplo de um homem justo (Mt 1,19), que se deixa sempre guiar pela fé, e sabe que a salvação não deriva da observância da lei, mas da graça de Deus, do seu amor e da sua fidelidade” (281).

Depois dessa, tenhamos todos uma Boa Páscoa, passagem para uma vida nova na escola da vida!

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]




Diocese de Assis

 

          Para muitos, a educação religiosa caducou. Não há mais espaço para ela no mundo atual, onde impera a realidade da matéria e seus apêndices seculares, sem Deus, sem utopias, sem as arestas da fé, seja esta de tradição milenar ou mesmo origem tribal. O “Ide, pois, e fazei discípulos”, não mais encontra eco na realidade tangível e cruenta do homem moderno. Será mesmo? Tenho certeza que não. A fé está em plena e gloriosa ascensão. “Hoje, mais do que nunca, educar na fé significa fazer que alguém se ponha, não apenas em contato, mas em comunhão, em intimidade com Jesus Cristo, como afirmou São João Paulo II e como insiste o recente Diretório para a Catequese” (192). Educar, pois, na fé, também é uma ferramenta de evolução que traz muitos progressos e benefícios para os dias atuais.

Quando o coração humano se esvazia de seus dilemas para se deixar transbordar pelas maravilhas de suas conquistas e evoluções tecnológicas, há um hiato de revelação que o faz pensar na sua transcendência, na sua origem divina. Esse “transbordamento” é a alegria das revelações de fé, experimentada pelos discípulos e evangelistas e divulgadas por eles em seu apostolado sem limites. Lucas, por exemplo, se deixou “transbordar” em seus escritos. Outros em suas pregações. “Percebe-se a importância de ter alguém para transmitir seja oralmente seja por escrito a boa-nova. Pessoas que, acreditando em tudo o que tinham visto e ouvido, anunciam e testemunham a outros com alegria e entusiasmo” (193). Nesse discernimento pedagógico dos primeiros mestres do cristianismo está a raiz da ação missionária que sempre impulsionou a Igreja no mundo. E que chegou até nós.

O que urge praticarmos na ação evangelizadora é a pedagogia do diálogo. Não há como expandir uma ideia, uma prática, uma crença qualquer sem nos abrirmos para o outro, sem a expansão do diálogo, da troca de ideias, da comunhão fraterna. Cristão fechado em si mesmo nada aprendeu do seu mestre e nada irá ensinar ao outro. “A disposição de Jesus em ouvir os pedidos, os relatos de dor e sofrimento, as perguntas, é sinal de uma pedagogia em que o ensino está associado inteiramente ao reconhecimento do outro como pessoa capaz de compreender e de agir iluminado por uma nova luz” (204). Em Veritatis Gaudium Papa Francisco nos lembra que na ação missionária deve existir “o diálogo sem reservas: não como mera atitude tática, mas como a exigência intrínseca para fazer experiência comunitária da alegria da Verdade e aprofundar o seu significado e implicações praticas”.

Educar na fé é também educar para o belo, o bom e o verdadeiro. O Criador, num hiato de seu tempo eterno, no hoje, ontem e sempre de seu existir, um dia contemplou sua obra com seus olhos amorosos e “viu que tudo era bom”, que tudo era belo. “Diante da beleza, o ser humano se sente encantado. Tudo o que é belo tem a força de atrair e suscitar estupor e maravilhamento” (210). A vida é uma contínua revelação do belo. Santo Agostinho dizia: “Ora, toda obra da natureza, seja ela a última, a ínfima, é digna de elogio em comparação ao nada”. Ao nada que somos diante de Deus. “A educação, tarefa da família, das instituições educativas e de toda a sociedade, poderá enriquecer-se de maneira notável se se abrir ao sentido do belo, do verdadeiro e do bom” (213). O nada que pensamos ser torna-se tudo diante de Deus, razão de sua obra.

O belo foi ofuscado pela prepotência humana. A criatura quis usurpar o senhorio de Deus. O pecado desprezou o Paraíso. Todavia, em Jesus Cristo, restauramos nossa capacidade de vencer todo tipo de mal, o pecado e a morte. “Bela é a obra do universo criado. Mais belo ainda deve ser seu Autor” (216).

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]

 

 




Diocese de Assis

A mística da educação tem como primeiro passo a alfabetização, ou seja, o discernimento da leitura, a desmistificação da palavra. “E o discernimento se pratica com outra escuta, dessa vez, da Palavra de Deus” (CF 2022- 139). Não há como fugir da revelação proclamada: “E o Verbo se fez carne!”. Aqui a educação, dia mais, dia menos, tende sempre a revelar o mistério maior da existência humana, bem presente nas palavras bíblicas. À Igreja compete propagar sua fé através da escuta, do discernimento e da ação missionária. “Eis o caminho que a Campanha da Fraternidade nos apresenta este ano” (141).

“O Evangelho revela como Jesus atraia pessoas, grupos e a multidão sobretudo pelo seu modo de ensinar” (144). Falava com sabedoria e ensinava com amor. Essa pedagogia cristã está em falta no mercado. Ensina-se muito mais pela força dos sistemas políticos, dos movimentos ou conceitos sociais, pelo ativismo de grupos, pelas necessidades de mercado do que pelo discernimento ético, moral e religioso caracterizado na escola de Cristo. “Ele não ensina apenas com palavras. Seu ensinamento também é relacional, se dá pela proximidade e desperta o discernimento em seus interlocutores” (150). Enfim, o ministério autêntico passa pelo esvaziamento das tendências grupais, com vistas ao bem comum. Isso Jesus nos ensinou com a vida.

O discernimento primeiro que aqui se busca parte da visão integral das carências humanas. Dentre elas o crescimento intelectual sem peias manipuladoras, que fazem a cabeça de nossos jovens e direcionam suas vidas para caminhos diversos da Verdade libertadora. A pedagogia atual poda suas raízes de construtora da dignidade humana quando tenta reduzir sua atividade à construção de “modelos ou tipos ideológicos” (174), conforme as tendências ou interesses político-sociais do momento. “Educar para o humanismo solidário implica, também, trabalhar por uma verdadeira inclusão” (177). Não se improvisa uma educação na base das tendências de setores ou grupos, nem generalizando esse processo com uma massificação cultural, “Melhor é buscar as referências seguras de uma saudável antropologia cristã” (177).

Nesta entra a questão familiar. O exemplo vem daquele lar da Nazaré, onde um menino cresceu “em sabedoria, idade e graça diante de Deus” (Lc 2,52). “Assim, a convivência familiar se torna o lugar do maior aprendizado que toca o profundo do nosso ser” (181). A escola é um direito constitucional, que obriga instituições governamentais a assegurarem esse direito, mas “a formação moral (dos filhos) nunca a podem delegar totalmente” (182). À família compete definir os caminhos da educação de seus filhos, não ao Estado. “Assim, é necessária a garantia da coexistência de diferentes propostas educativas, entre as quais a cristã, de forma a garantir o direito das famílias de optarem por uma educação em continuidade com seus valores, pois os filhos não podem ser obrigados a frequentarem aulas que estejam em desacordo com a fé” (188). Esse é um grande ponto de desacordo curricular nos dias de hoje, ao qual se deve maiores considerações e entendimentos.

Igreja e Estado não se mesclam em seus ideais, sabemos disso! Há muitos pontos divergentes. Nem por isso a família cristã vai fazer vistas grossas à manipulação agnóstica em curso na grade curricular das escolas modernas. Há um Pacto Educativo Global que aponta os compromissos de respeito entre as partes. “Ao mesmo tempo, servem como critérios para uma aprofundada revisão da identidade cristã da educação nas famílias e nas instituições de ensino, nomeadamente as católicas” (191), considera o Texto-base dessa CF.

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]




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          Há uma tendência generalizada em fazer de nossos programas educacionais e de muitas de nossas escolas uma fábrica de cérebros pré-programados. A educação voltada para as necessidades de mercado e não para as qualidades vocacionais do indivíduo. Não mais se escuta a voz do coração do estudante. “Escutar o outro, como Jesus ao demonstrar em toda sua pedagogia, é o ponto de partida para acolher, compreender, problematizar e transformar a realidade” (TBCF 27).

É verdade, há louváveis exceções. O sucesso da educação vai da separação dos interesses coletivos das necessidades individuais. O contrário seria uma tarefa de laboratórios cibernéticos, onde a máquina robotizada recebe volumes infindos de informações, apreende, mas nada aprende com elas. Está programado para ouvir uma voz, um “enter” de comando, nunca a voz do coração, da razão. (Quase mudo o título para Coração de Estudante, mas deixemos assim…). O texto base da CF 2022 continua insistindo na questão da escuta, pois “para escutar o “todo” é necessário não se perder diante do “tudo” Frase filosófica por excelência, mas bem explicada em seguida: “O excesso de informações de notícias verdadeiras e falsas, de certezas sobre opiniões, constitui um desafio para o bem escutar, ou seja, para escutar o conteúdo essencial de um presente ruidoso” (31).

Essa é a nova realidade do mundo globalizado, onde as informações nos chegam à velocidade da luz. Mas sem luzes que clareiem a mente confusa dos nossos jovens. “Aprendemos com mais facilidade sobre as coisas, mas não temos o mesmo desempenho para aprender sobre nós mesmos” (36). Há um isolamento mais corrosivo do que aquele que nos forçou a pandemia, como também aqueles que nos obrigam à guerra em seus bastidores democráticos. “É necessário educar para reverter essa tendência de esvaziamento do coletivo e da crise do compromisso comunitário” (39). Sair do cada um pra si, sem Deus pra todos. “As invenções surgidas a partir das grandes guerras e pandemias indicam que nossa capacidade de responder rapidamente costuma acontecer quando o objeto da aprendizagem está fora de nós” (42). O instinto fala mais do que a razão.

Por isso há que se pesar as informações que nos chegam. Dizem que uma criança moderna recebe centenas de milhares de vezes mais informações do que um faraó do Egito ou um rei da Mesopotâmia. Essas informações geram conhecimento e sabedoria e nos aproximam da realidade, mas igualmente afugentam e amedrontam muitos de nós. “Viver, em qualquer tempo histórico, é também conviver com o imprevisível e com as ambiguidades da vida” (51), tais como pandemia e guerra. No entanto, o papel da educação deve sempre visar a formação humana, que leva o indivíduo a participar do seu momento histórico “de modo integral e solidário” (54), nunca omitindo-se. As crises da pandemia e da guerra despertam “interesses para perspectivas humanistas da educação. É preciso educar para viver em comunhão. Educar para conceber a democracia como um estado de participação” (57).

Não há como fugir dessa nova realidade: o mundo conflituoso e doentio que marcará toda uma nova geração de crianças e adolescentes. Os mestres dessa geração, mais do que nunca, devem “falar com sabedoria e ouvir com amor”. Com a voz da experiência, mas os ouvidos sensíveis aos apelos do coração sedento. E, como o profeta atento à vontade de Deus, não à ignorância dos homens, dizer sempre: “Fala, Senhor, que teu servo escuta!” (1Sam 3,9).

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]

 

 




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Conhecemos pouco ou quase nada sobre as pessoas e realidades que estão à nossa volta. Na verdade, conhecer é não é uma simples autodeterminação da vontade. Além do desejo de conhecer, que impele uma determinada pessoa para o “objeto” de sua busca de conhecimento, existe aquilo que se mostra e aquilo que se esconde, naquilo que se pretende conhecer. Por mais que se conheça sobre uma determinada realidade, muita coisa escapa a quem busca. E essa reserva da verdade presente em todas as coisas e pessoas é o que, de certa forma, garante a integridade e o mistério de tudo. Porque, se fosse possível esgotar todo o conhecimento de algo ou de alguém, seu destino estaria passível de todo tipo de dominação e controle.

Toda busca de conhecimento tem por objetivo, penetrar as realidades mais profundas e a verdade última de todas as coisas, mas isso não é possível, nem buscas espirituais e nem tão pouco pela especulação científica.

Enquanto os recursos humanos são insuficientes, a iniciativa de Deus é repleta de comunicação da mais alta profundidade, porquanto, Ele não só se deixa encontrar e se dá a conhecer, mas, se revela e se põe a descoberto aos olhos e aos corações.

A tradição bíblica é toda ela, por um lado, marcada pela história da insistente busca de Deus e seus percalços e, por outro lado, pela incansável revelação de Deus e as incompreensões humanas. Numa ou noutra situação é Deus que, sempre, move quem dele se aproxima e vencendo nele, inclusive, todo tipo de má vontade, senões e pouca vontade.

Deus, sempre, toma a iniciativa. Ele vai ao encontro de quem o busca e o quer conhecer.

A montanha, lugar da revelação de Deus, segundo a tradição bíblica, é o lugar preferido de Jesus, nos evangelhos sinóticos, principalmente em Mateus e Marcos. Recordemos o sermão da montanha e a transfiguração no Horeb.

No contexto da missão dos Doze, no capítulo 9, Lucas apresenta a narrativa da transfiguração, quando Jesus leva, consigo, para o alto, Pedro, Tiago e João e se transfigura diante deles.

Eis o texto bíblico:

Jesus levou consigo Pedro, João e Tiago e subiu à montanha para rezar. Enquanto rezava, seu rosto mudou de aparência e sua roupa ficou muito branca e brilhante. Eis que dois homens estavam conversando com Jesus: eram Moisés e Elias. Eles apareceram revestidos de glória e conversavam sobre a morte que Jesus iria sofrer em Jerusalém. Pedro e os companheiros estavam com muito sono. Ao despertarem, viram a glória de Jesus e os dois homens que estavam com ele. E quando estes homens se iam afastando, Pedro disse a Jesus: “Mestre, é bom estarmos aqui. Vamos fazer três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias”. Pedro não sabia o que estava dizendo. Ele estava ainda falando quando apareceu uma nuvem que os cobriu com sua sombra. Os discípulos ficaram com medo ao entrarem dentro da nuvem. Da nuvem, porém, saiu uma voz que dizia: “Este é o meu Filho, o escolhido. Escutai o que ele diz!” Enquanto a voz ressoava, Jesus encontrou-se sozinho. Os discípulos ficaram calados e naqueles dias não contaram a ninguém nada do que tinham visto” (Lc 9,28-36)

Subir à montanha e olhar do alto é o propósito de maior elevação que uma pessoa pode viver porque entra na pedagogia divina, porquanto, enxerga melhor, tudo o que está à sua volta, ouve mais nitidamente a voz de Deus (“Este é meu filho amado”), aproxima-se dos fundamentos visíveis da vida e da fé (Moisés e Elias), toma contato com as razões últimas do coração de Deus (Jesus transfigurado), entra em contato com autoridade de Jesus e sua missão (“Escutai o que ele diz”), aprende a dinâmica do silêncio (“Os discípulos ficaram calados”) e se dá conta que é preciso guardar no coração (“não contaram a ninguém nada do que tinham visto”).

A experiência do Horeb, se por um lado, mostra um Deus que se revela, mostrando tudo de si e do seu Reino, com a Transfiguração, por outro lado, apresenta o difícil caminho de volta; de levar Deus para a vida e para as práticas cotidianas.

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS




Diocese de Assis

Temos responsabilidade por tudo o que fazemos, não importa se nossa ação é acompanhada ou não da necessária consciência. O ideal é que todos os atos sejam marcados pela consciência sobre as conseqüências, mas, nem sempre o são.

A marca do nosso tempo é o da comunicação ampla e, quase irrestrita, onde a imagem e a palavra é usada na tênue linha entre o espetáculo e a banalização.

Assim diz o Eclesiástico 37,16-24: “A palavra é o princípio de qualquer obra, e antes de agir, é preciso refletir. A raiz dos pensamentos é a mente, e ela produz quatro ramos: bem e mal, vida e morte. Mas os quatro são dominados pela língua. Existe quem é capaz de instruir muitas pessoas, mas é inútil para si mesmo. Existe quem ostenta sabedoria em palavras, mas é detestado e acaba morrendo de fome. (…) Existe quem é sábio só para si, e os frutos seguros de sua inteligência estão em sua própria boca.”

Falar pode ser uma oportunidade de edificação e crescimento, mas pode ser, também, ocasião de ruína e morte. Por isso, o falador é, sempre, um perigo iminente contra a justiça e a paz, como faz lembrar o livro do Eclesiástico 27,5-8: “Quando a gente sacode a peneira, ficam nela só os refugos; assim os defeitos de um homem aparecem no seu falar. Como o forno prova os vasos do oleiro, assim o homem é provado em sua conversa. O fruto revela como foi cultivada a árvore; assim, a palavra mostra o coração do homem. Não elogies a ninguém antes de ouvi-lo falar, pois é no falar que o homem se revela.”

Quem consegue medir e controlar o poder e a força da língua?

No Eclesiástico 28,14-23, temos a seguinte exortação: “A língua intrometida inquieta muitos, fazendo-os fugir de nação em nação; ela destrói cidades fortes e devasta as casas dos poderosos. A língua intrometida faz com que mulheres excelentes sejam repudiadas, privando-as do fruto de seus trabalhos. Quem dá atenção a ela não encontra mais descanso nem tranqüilidade em casa. A chicotada deixa marca, mas o golpe da língua quebra os ossos. Muitos já caíram pelo fio da espada, mas não foram tantos como as vítimas da língua. Feliz de quem se protege dela e não se expõe ao seu furor. Feliz quem não arrastou o jugo dela, nem foi enredado em suas cadeias.”

Definitivamente, temos uma dívida de consciência: controlar a língua! “Se alguém pensa que é religioso e não sabe controlar a língua, está enganando a si mesmo, e sua religião não vale nada. Religião pura e sem mancha diante de Deus, nosso Pai, é esta: socorrer os órfãos e as viúvas em aflição, e manter-se livre da corrupção do mundo” (Tiago 1,26-27)

A sentença para cada um, já está determinada, conforme diz São Tiago em 3,1-11: “Meus irmãos, não se façam todos de mestres. Vocês bem sabem que seremos julgados com maior severidade, pois todos nós estamos sujeitos a muitos erros. Aquele que não comete falta no falar, é homem perfeito, capaz de pôr freio ao corpo todo. Quando colocamos freio na boca dos cavalos para que nos obedeçam, nós dirigimos todo o corpo deles. Vejam também os navios: são tão grandes e empurrados por fortes ventos! Entretanto, por um pequenino leme são conduzidos para onde o piloto quer levá-los. A mesma coisa acontece com a língua: é um pequeno membro e, no entanto, se gaba de grandes coisas.Observem uma fagulha, como acaba incendiando uma floresta imensa! A língua é um fogo, o mundo da maldade. A língua, colocada entre os nossos membros, contamina o corpo inteiro, incendeia o curso da vida, tirando a sua chama da geena. Qualquer espécie de animais ou de aves, de répteis ou de seres marinhos são e foram domados pela raça humana; mas nenhum homem consegue domar a língua. Ela não tem freio e está cheia de veneno mortal. Com ela bendizemos o Senhor e Pai, e com ela amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus. Da mesma boca sai bênção e maldição. Meus irmãos, isso não pode acontecer!

Se o nosso coração está cheio do que não comunica vida e verdade, precisa ser esvaziado para se encher do que, naturalmente comunica vida e verdade, para oferecer para a boca, um conteúdo de vida e verdade porque a boca fala do que o coração está cheio.

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS




Diocese de Assis

Muitos dos contos e lendas orientais nos falavam de cidades especialmente construídas para abrigar príncipes, reis e seus familiares. As descrições pormenorizadas e fantasiosas nos apresentavam palácios ricamente adornados, ruas e avenidas pavimentadas com granitos e mármores, bosques primorosos e bem ajardinados, salões amplos adornados com riquíssimas obras de arte, candelabros preciosos, estátuas e ouro, muito ouro… Fausto e luxo para abrigar nobres e poderosos do reino!

Assim se concebeu Petrópolis, nossa cidade imperial. D. Pedro I a imaginou em sonho, maravilhado que ficou com o clima ameno daquela serra no portal do Caminho de Ouro. Mas sua abdicação ao trono impediu a concretização de um sonho. Anos mais tarde seu sucessor, Pedro II, retomou o projeto e construiu ali o maior dos palácios desse império tupiniquim, local de refúgio pessoal, para receber seus convidados e ou embaixadores doutros reinos… Além da beleza do local, o clima ameno não assustava tanto. A cidade de Pedro tornou-se a pérola preciosa da nossa coroa!

Desde sua fundação (1843) a segunda cidade planejada do Brasil era considerada a mais segura, a Versalles brasileira, que ocupava a serra da Estrela com o brilho de seus palácios, a riqueza de seus moradores ilustres e a ostentação de suas belezas naturais. Chegou o dilúvio… 15 de fevereiro de 2022. Em seis horas, 232 mm de águas caíram sobre a cidade como bomba de efeito devastador. A destruição avassaladora assustou, mas a destruição de vidas pode atingir três centenas de indivíduos (cento e cinquenta já confirmados), além da imensa leva de desabrigados que perambulam pelos escombros de uma terra arrasada. Tudo isso os jornais nos mostram, mexem com nossos sentimentos, provocam verdadeira comoção nacional, despertam no povo a solidariedade adormecida. Mas, e agora?

Uma hecatombe social é sempre oportunidade de confrontar nossa fragilidade neste mundo. Por maiores que sejam nossas conquistas, realizações de sonhos, exibição de poderes, ostentação de riquezas, afirmação das capacidades ou solidificação dos impérios pessoais que pensamos possuir, dominar, adquirir, um dia a vida reclama, o vento assopra, a água leva. O tempo nos cobra. Os palácios que aqui construímos são de vidro. Nosso império é passageiro. Nossos domínios, instáveis. Nosso clima, incerto. Hoje ameno, amanhã chuvoso. Verão. Inverno. Sol e chuva.

Assim a vida, assim nossa história. De toda essa tragédia humana nos sobra a maior das riquezas, o grande sentimento que ora nos afeta, mas nos une como raça, como povo: a solidariedade. Essa, sim, desce a serra da nossa prepotência e lava nossa alma! Essa é a mais bela das lições que uma aparente tragédia hoje nos ministra: “fazei o bem e emprestai sem esperar coisa alguma em troca” (Lc 6, 35).  O que vemos no sobe e desce daqueles morros sinistrados, no vai e vem de muitos socorristas, no afã radical daqueles que se arriscam ao menor sinal de vida sob escombros, é muito mais do que poderíamos suportar no comodismo diante do sofrimento alheio. A solidariedade não mede consequências. Nem esforços. Nem renúncias e sacrifícios. Não possui rótulos religiosos, políticos ou sociais. É neutra. É espontânea, natural. É humana. Nada espera em troca. Mas há uma palavra que justifica tudo: a misericórdia do Pai. Ele que tudo sabe, observa, avalia e pesa, diz-nos claramente: “Uma boa medida, calcada, sacudida, transbordante, será colocada no vosso colo” (Lc 6, 38). A recompensa virá!  Enquanto isso, como diria Santo Agostinho, prefiro a Cidade de Deus à cidade dos homens…

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]




Diocese de Assis

O nosso coração se enternece ao fazer o bem e cria um corolário de iniciativas para favorecer a sua prática, em meio a situações mais ou menos complexas de necessidades e necessitados. Fazer o bem move, aproxima, encurta distâncias, motiva, movimenta, dinamiza, disponibiliza…

Na corrente do bem todos se comovem e, até os inimigos se aproximam e se inspiram em práticas solidárias.

A prática do bem cria ondas gigantescas de doações e doadores, de assistência e socorro.

Fazer o bem não é uma moda passageira, não um recurso imediatista de solução de problemas, nem tão pouco, é uma garantia de retorno a futuro na terra ou no céu.

Dito bem claramente, embora seja muito bom e atraente responder com o bem a quem precisa de nós e, por vezes, a quem nos tenha assistido, fazer o bem não é um trocar favores.

Fazer o bem é, antes de tudo, a estruturação da vida no amor e na misericórdia. Porque, fora disso, fazer o bem não tem sentido, não tem valor, não tem importância e não tem sustentabilidade.

Nas palavras de São Paulo, escrevendo aos Coríntios, as razões do amor fazem enxergar o universo humano como princípio do próprio amor para nele estar completo: “O amor é paciente, o amor é prestativo; não é invejoso, não se ostenta, não se incha de orgulho. Nada faz de inconveniente, não procura seu próprio interesse, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se regozija com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais passará” (1Cor 13,4-8).

Paralelamente a essa afirmação da Carta de São Paulo aos Coríntios, temos um relato surpreendente do Primeiro Livro de Samuel que, dá à misericórdia, o lastro para fazer o bem sem pena e nem constrangimento…

Trata- se do relato de 1 Samuel 26,2.7-9.12-13.22-23 sobre a decisão do Jovem Davi de não respaldar suas ações por mágoas e ressentimentos, mas, de validá-las segundo as razões da misericórdia.

“Naqueles dias, Saul pôs-se em marcha e desceu ao deserto de Zif. Vinha acompanhado de três mil homens, escolhidos de Israel, para procurar Davi no deserto de Zif. Davi e Abisai dirigiram-se de noite até o acampamento e encontraram Saul deitado e dormindo no meio das barricadas, com a sua lança à cabeceira, fincada no chão. Abner e seus soldados dormiam ao redor dele. Abisai disse a Davi: ‘Deus entregou hoje em tuas mãos o teu inimigo. Vou cravá-lo em terra com uma lançada, e não será preciso repetir o golpe’. Mas Davi respondeu: ‘Não o mates! Pois quem poderia estender a mão contra o ungido do Senhor e ficar impune?’ Então Davi apanhou a lança e a bilha de água que estavam junto da cabeceira de Saul, e foram-se embora. Ninguém os viu, ninguém se deu conta de nada, ninguém despertou, pois todos dormiam um profundo sono que o Senhor lhes tinha enviado. Davi atravessou para o outro lado, parou no alto do monte, ao longe, deixando um grande espaço entre eles. E Davi disse: ‘Aqui está a lança do rei. Venha cá um dos teus servos buscá-la! O Senhor retribuirá a cada um conforme a sua justiça e a sua fidelidade. Pois ele te havia entregue hoje em meu poder, mas eu não quis estender a minha mão contra o ungido do Senhor’.”

A esse relato se ajunta as palavras de São Paulo aos Romanos: “Que o amor de vocês seja sem hipocrisia: detestem o mal e apeguem-se ao bem; no amor fraterno, sejam carinhosos uns com os outros, rivalizando na mútua estima. (…). Não se deixe vencer pelo mal, mas vença o mal com o bem” (Rm 12,9-21).

 

PE.EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS