1

Diocese de Assis

 

          Há uma tendência generalizada em fazer de nossos programas educacionais e de muitas de nossas escolas uma fábrica de cérebros pré-programados. A educação voltada para as necessidades de mercado e não para as qualidades vocacionais do indivíduo. Não mais se escuta a voz do coração do estudante. “Escutar o outro, como Jesus ao demonstrar em toda sua pedagogia, é o ponto de partida para acolher, compreender, problematizar e transformar a realidade” (TBCF 27).

É verdade, há louváveis exceções. O sucesso da educação vai da separação dos interesses coletivos das necessidades individuais. O contrário seria uma tarefa de laboratórios cibernéticos, onde a máquina robotizada recebe volumes infindos de informações, apreende, mas nada aprende com elas. Está programado para ouvir uma voz, um “enter” de comando, nunca a voz do coração, da razão. (Quase mudo o título para Coração de Estudante, mas deixemos assim…). O texto base da CF 2022 continua insistindo na questão da escuta, pois “para escutar o “todo” é necessário não se perder diante do “tudo” Frase filosófica por excelência, mas bem explicada em seguida: “O excesso de informações de notícias verdadeiras e falsas, de certezas sobre opiniões, constitui um desafio para o bem escutar, ou seja, para escutar o conteúdo essencial de um presente ruidoso” (31).

Essa é a nova realidade do mundo globalizado, onde as informações nos chegam à velocidade da luz. Mas sem luzes que clareiem a mente confusa dos nossos jovens. “Aprendemos com mais facilidade sobre as coisas, mas não temos o mesmo desempenho para aprender sobre nós mesmos” (36). Há um isolamento mais corrosivo do que aquele que nos forçou a pandemia, como também aqueles que nos obrigam à guerra em seus bastidores democráticos. “É necessário educar para reverter essa tendência de esvaziamento do coletivo e da crise do compromisso comunitário” (39). Sair do cada um pra si, sem Deus pra todos. “As invenções surgidas a partir das grandes guerras e pandemias indicam que nossa capacidade de responder rapidamente costuma acontecer quando o objeto da aprendizagem está fora de nós” (42). O instinto fala mais do que a razão.

Por isso há que se pesar as informações que nos chegam. Dizem que uma criança moderna recebe centenas de milhares de vezes mais informações do que um faraó do Egito ou um rei da Mesopotâmia. Essas informações geram conhecimento e sabedoria e nos aproximam da realidade, mas igualmente afugentam e amedrontam muitos de nós. “Viver, em qualquer tempo histórico, é também conviver com o imprevisível e com as ambiguidades da vida” (51), tais como pandemia e guerra. No entanto, o papel da educação deve sempre visar a formação humana, que leva o indivíduo a participar do seu momento histórico “de modo integral e solidário” (54), nunca omitindo-se. As crises da pandemia e da guerra despertam “interesses para perspectivas humanistas da educação. É preciso educar para viver em comunhão. Educar para conceber a democracia como um estado de participação” (57).

Não há como fugir dessa nova realidade: o mundo conflituoso e doentio que marcará toda uma nova geração de crianças e adolescentes. Os mestres dessa geração, mais do que nunca, devem “falar com sabedoria e ouvir com amor”. Com a voz da experiência, mas os ouvidos sensíveis aos apelos do coração sedento. E, como o profeta atento à vontade de Deus, não à ignorância dos homens, dizer sempre: “Fala, Senhor, que teu servo escuta!” (1Sam 3,9).

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]

 

 




Diocese de Assis

Conhecemos pouco ou quase nada sobre as pessoas e realidades que estão à nossa volta. Na verdade, conhecer é não é uma simples autodeterminação da vontade. Além do desejo de conhecer, que impele uma determinada pessoa para o “objeto” de sua busca de conhecimento, existe aquilo que se mostra e aquilo que se esconde, naquilo que se pretende conhecer. Por mais que se conheça sobre uma determinada realidade, muita coisa escapa a quem busca. E essa reserva da verdade presente em todas as coisas e pessoas é o que, de certa forma, garante a integridade e o mistério de tudo. Porque, se fosse possível esgotar todo o conhecimento de algo ou de alguém, seu destino estaria passível de todo tipo de dominação e controle.

Toda busca de conhecimento tem por objetivo, penetrar as realidades mais profundas e a verdade última de todas as coisas, mas isso não é possível, nem buscas espirituais e nem tão pouco pela especulação científica.

Enquanto os recursos humanos são insuficientes, a iniciativa de Deus é repleta de comunicação da mais alta profundidade, porquanto, Ele não só se deixa encontrar e se dá a conhecer, mas, se revela e se põe a descoberto aos olhos e aos corações.

A tradição bíblica é toda ela, por um lado, marcada pela história da insistente busca de Deus e seus percalços e, por outro lado, pela incansável revelação de Deus e as incompreensões humanas. Numa ou noutra situação é Deus que, sempre, move quem dele se aproxima e vencendo nele, inclusive, todo tipo de má vontade, senões e pouca vontade.

Deus, sempre, toma a iniciativa. Ele vai ao encontro de quem o busca e o quer conhecer.

A montanha, lugar da revelação de Deus, segundo a tradição bíblica, é o lugar preferido de Jesus, nos evangelhos sinóticos, principalmente em Mateus e Marcos. Recordemos o sermão da montanha e a transfiguração no Horeb.

No contexto da missão dos Doze, no capítulo 9, Lucas apresenta a narrativa da transfiguração, quando Jesus leva, consigo, para o alto, Pedro, Tiago e João e se transfigura diante deles.

Eis o texto bíblico:

Jesus levou consigo Pedro, João e Tiago e subiu à montanha para rezar. Enquanto rezava, seu rosto mudou de aparência e sua roupa ficou muito branca e brilhante. Eis que dois homens estavam conversando com Jesus: eram Moisés e Elias. Eles apareceram revestidos de glória e conversavam sobre a morte que Jesus iria sofrer em Jerusalém. Pedro e os companheiros estavam com muito sono. Ao despertarem, viram a glória de Jesus e os dois homens que estavam com ele. E quando estes homens se iam afastando, Pedro disse a Jesus: “Mestre, é bom estarmos aqui. Vamos fazer três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias”. Pedro não sabia o que estava dizendo. Ele estava ainda falando quando apareceu uma nuvem que os cobriu com sua sombra. Os discípulos ficaram com medo ao entrarem dentro da nuvem. Da nuvem, porém, saiu uma voz que dizia: “Este é o meu Filho, o escolhido. Escutai o que ele diz!” Enquanto a voz ressoava, Jesus encontrou-se sozinho. Os discípulos ficaram calados e naqueles dias não contaram a ninguém nada do que tinham visto” (Lc 9,28-36)

Subir à montanha e olhar do alto é o propósito de maior elevação que uma pessoa pode viver porque entra na pedagogia divina, porquanto, enxerga melhor, tudo o que está à sua volta, ouve mais nitidamente a voz de Deus (“Este é meu filho amado”), aproxima-se dos fundamentos visíveis da vida e da fé (Moisés e Elias), toma contato com as razões últimas do coração de Deus (Jesus transfigurado), entra em contato com autoridade de Jesus e sua missão (“Escutai o que ele diz”), aprende a dinâmica do silêncio (“Os discípulos ficaram calados”) e se dá conta que é preciso guardar no coração (“não contaram a ninguém nada do que tinham visto”).

A experiência do Horeb, se por um lado, mostra um Deus que se revela, mostrando tudo de si e do seu Reino, com a Transfiguração, por outro lado, apresenta o difícil caminho de volta; de levar Deus para a vida e para as práticas cotidianas.

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS




Diocese de Assis

Temos responsabilidade por tudo o que fazemos, não importa se nossa ação é acompanhada ou não da necessária consciência. O ideal é que todos os atos sejam marcados pela consciência sobre as conseqüências, mas, nem sempre o são.

A marca do nosso tempo é o da comunicação ampla e, quase irrestrita, onde a imagem e a palavra é usada na tênue linha entre o espetáculo e a banalização.

Assim diz o Eclesiástico 37,16-24: “A palavra é o princípio de qualquer obra, e antes de agir, é preciso refletir. A raiz dos pensamentos é a mente, e ela produz quatro ramos: bem e mal, vida e morte. Mas os quatro são dominados pela língua. Existe quem é capaz de instruir muitas pessoas, mas é inútil para si mesmo. Existe quem ostenta sabedoria em palavras, mas é detestado e acaba morrendo de fome. (…) Existe quem é sábio só para si, e os frutos seguros de sua inteligência estão em sua própria boca.”

Falar pode ser uma oportunidade de edificação e crescimento, mas pode ser, também, ocasião de ruína e morte. Por isso, o falador é, sempre, um perigo iminente contra a justiça e a paz, como faz lembrar o livro do Eclesiástico 27,5-8: “Quando a gente sacode a peneira, ficam nela só os refugos; assim os defeitos de um homem aparecem no seu falar. Como o forno prova os vasos do oleiro, assim o homem é provado em sua conversa. O fruto revela como foi cultivada a árvore; assim, a palavra mostra o coração do homem. Não elogies a ninguém antes de ouvi-lo falar, pois é no falar que o homem se revela.”

Quem consegue medir e controlar o poder e a força da língua?

No Eclesiástico 28,14-23, temos a seguinte exortação: “A língua intrometida inquieta muitos, fazendo-os fugir de nação em nação; ela destrói cidades fortes e devasta as casas dos poderosos. A língua intrometida faz com que mulheres excelentes sejam repudiadas, privando-as do fruto de seus trabalhos. Quem dá atenção a ela não encontra mais descanso nem tranqüilidade em casa. A chicotada deixa marca, mas o golpe da língua quebra os ossos. Muitos já caíram pelo fio da espada, mas não foram tantos como as vítimas da língua. Feliz de quem se protege dela e não se expõe ao seu furor. Feliz quem não arrastou o jugo dela, nem foi enredado em suas cadeias.”

Definitivamente, temos uma dívida de consciência: controlar a língua! “Se alguém pensa que é religioso e não sabe controlar a língua, está enganando a si mesmo, e sua religião não vale nada. Religião pura e sem mancha diante de Deus, nosso Pai, é esta: socorrer os órfãos e as viúvas em aflição, e manter-se livre da corrupção do mundo” (Tiago 1,26-27)

A sentença para cada um, já está determinada, conforme diz São Tiago em 3,1-11: “Meus irmãos, não se façam todos de mestres. Vocês bem sabem que seremos julgados com maior severidade, pois todos nós estamos sujeitos a muitos erros. Aquele que não comete falta no falar, é homem perfeito, capaz de pôr freio ao corpo todo. Quando colocamos freio na boca dos cavalos para que nos obedeçam, nós dirigimos todo o corpo deles. Vejam também os navios: são tão grandes e empurrados por fortes ventos! Entretanto, por um pequenino leme são conduzidos para onde o piloto quer levá-los. A mesma coisa acontece com a língua: é um pequeno membro e, no entanto, se gaba de grandes coisas.Observem uma fagulha, como acaba incendiando uma floresta imensa! A língua é um fogo, o mundo da maldade. A língua, colocada entre os nossos membros, contamina o corpo inteiro, incendeia o curso da vida, tirando a sua chama da geena. Qualquer espécie de animais ou de aves, de répteis ou de seres marinhos são e foram domados pela raça humana; mas nenhum homem consegue domar a língua. Ela não tem freio e está cheia de veneno mortal. Com ela bendizemos o Senhor e Pai, e com ela amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus. Da mesma boca sai bênção e maldição. Meus irmãos, isso não pode acontecer!

Se o nosso coração está cheio do que não comunica vida e verdade, precisa ser esvaziado para se encher do que, naturalmente comunica vida e verdade, para oferecer para a boca, um conteúdo de vida e verdade porque a boca fala do que o coração está cheio.

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS




Diocese de Assis

Muitos dos contos e lendas orientais nos falavam de cidades especialmente construídas para abrigar príncipes, reis e seus familiares. As descrições pormenorizadas e fantasiosas nos apresentavam palácios ricamente adornados, ruas e avenidas pavimentadas com granitos e mármores, bosques primorosos e bem ajardinados, salões amplos adornados com riquíssimas obras de arte, candelabros preciosos, estátuas e ouro, muito ouro… Fausto e luxo para abrigar nobres e poderosos do reino!

Assim se concebeu Petrópolis, nossa cidade imperial. D. Pedro I a imaginou em sonho, maravilhado que ficou com o clima ameno daquela serra no portal do Caminho de Ouro. Mas sua abdicação ao trono impediu a concretização de um sonho. Anos mais tarde seu sucessor, Pedro II, retomou o projeto e construiu ali o maior dos palácios desse império tupiniquim, local de refúgio pessoal, para receber seus convidados e ou embaixadores doutros reinos… Além da beleza do local, o clima ameno não assustava tanto. A cidade de Pedro tornou-se a pérola preciosa da nossa coroa!

Desde sua fundação (1843) a segunda cidade planejada do Brasil era considerada a mais segura, a Versalles brasileira, que ocupava a serra da Estrela com o brilho de seus palácios, a riqueza de seus moradores ilustres e a ostentação de suas belezas naturais. Chegou o dilúvio… 15 de fevereiro de 2022. Em seis horas, 232 mm de águas caíram sobre a cidade como bomba de efeito devastador. A destruição avassaladora assustou, mas a destruição de vidas pode atingir três centenas de indivíduos (cento e cinquenta já confirmados), além da imensa leva de desabrigados que perambulam pelos escombros de uma terra arrasada. Tudo isso os jornais nos mostram, mexem com nossos sentimentos, provocam verdadeira comoção nacional, despertam no povo a solidariedade adormecida. Mas, e agora?

Uma hecatombe social é sempre oportunidade de confrontar nossa fragilidade neste mundo. Por maiores que sejam nossas conquistas, realizações de sonhos, exibição de poderes, ostentação de riquezas, afirmação das capacidades ou solidificação dos impérios pessoais que pensamos possuir, dominar, adquirir, um dia a vida reclama, o vento assopra, a água leva. O tempo nos cobra. Os palácios que aqui construímos são de vidro. Nosso império é passageiro. Nossos domínios, instáveis. Nosso clima, incerto. Hoje ameno, amanhã chuvoso. Verão. Inverno. Sol e chuva.

Assim a vida, assim nossa história. De toda essa tragédia humana nos sobra a maior das riquezas, o grande sentimento que ora nos afeta, mas nos une como raça, como povo: a solidariedade. Essa, sim, desce a serra da nossa prepotência e lava nossa alma! Essa é a mais bela das lições que uma aparente tragédia hoje nos ministra: “fazei o bem e emprestai sem esperar coisa alguma em troca” (Lc 6, 35).  O que vemos no sobe e desce daqueles morros sinistrados, no vai e vem de muitos socorristas, no afã radical daqueles que se arriscam ao menor sinal de vida sob escombros, é muito mais do que poderíamos suportar no comodismo diante do sofrimento alheio. A solidariedade não mede consequências. Nem esforços. Nem renúncias e sacrifícios. Não possui rótulos religiosos, políticos ou sociais. É neutra. É espontânea, natural. É humana. Nada espera em troca. Mas há uma palavra que justifica tudo: a misericórdia do Pai. Ele que tudo sabe, observa, avalia e pesa, diz-nos claramente: “Uma boa medida, calcada, sacudida, transbordante, será colocada no vosso colo” (Lc 6, 38). A recompensa virá!  Enquanto isso, como diria Santo Agostinho, prefiro a Cidade de Deus à cidade dos homens…

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]




Diocese de Assis

O nosso coração se enternece ao fazer o bem e cria um corolário de iniciativas para favorecer a sua prática, em meio a situações mais ou menos complexas de necessidades e necessitados. Fazer o bem move, aproxima, encurta distâncias, motiva, movimenta, dinamiza, disponibiliza…

Na corrente do bem todos se comovem e, até os inimigos se aproximam e se inspiram em práticas solidárias.

A prática do bem cria ondas gigantescas de doações e doadores, de assistência e socorro.

Fazer o bem não é uma moda passageira, não um recurso imediatista de solução de problemas, nem tão pouco, é uma garantia de retorno a futuro na terra ou no céu.

Dito bem claramente, embora seja muito bom e atraente responder com o bem a quem precisa de nós e, por vezes, a quem nos tenha assistido, fazer o bem não é um trocar favores.

Fazer o bem é, antes de tudo, a estruturação da vida no amor e na misericórdia. Porque, fora disso, fazer o bem não tem sentido, não tem valor, não tem importância e não tem sustentabilidade.

Nas palavras de São Paulo, escrevendo aos Coríntios, as razões do amor fazem enxergar o universo humano como princípio do próprio amor para nele estar completo: “O amor é paciente, o amor é prestativo; não é invejoso, não se ostenta, não se incha de orgulho. Nada faz de inconveniente, não procura seu próprio interesse, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se regozija com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais passará” (1Cor 13,4-8).

Paralelamente a essa afirmação da Carta de São Paulo aos Coríntios, temos um relato surpreendente do Primeiro Livro de Samuel que, dá à misericórdia, o lastro para fazer o bem sem pena e nem constrangimento…

Trata- se do relato de 1 Samuel 26,2.7-9.12-13.22-23 sobre a decisão do Jovem Davi de não respaldar suas ações por mágoas e ressentimentos, mas, de validá-las segundo as razões da misericórdia.

“Naqueles dias, Saul pôs-se em marcha e desceu ao deserto de Zif. Vinha acompanhado de três mil homens, escolhidos de Israel, para procurar Davi no deserto de Zif. Davi e Abisai dirigiram-se de noite até o acampamento e encontraram Saul deitado e dormindo no meio das barricadas, com a sua lança à cabeceira, fincada no chão. Abner e seus soldados dormiam ao redor dele. Abisai disse a Davi: ‘Deus entregou hoje em tuas mãos o teu inimigo. Vou cravá-lo em terra com uma lançada, e não será preciso repetir o golpe’. Mas Davi respondeu: ‘Não o mates! Pois quem poderia estender a mão contra o ungido do Senhor e ficar impune?’ Então Davi apanhou a lança e a bilha de água que estavam junto da cabeceira de Saul, e foram-se embora. Ninguém os viu, ninguém se deu conta de nada, ninguém despertou, pois todos dormiam um profundo sono que o Senhor lhes tinha enviado. Davi atravessou para o outro lado, parou no alto do monte, ao longe, deixando um grande espaço entre eles. E Davi disse: ‘Aqui está a lança do rei. Venha cá um dos teus servos buscá-la! O Senhor retribuirá a cada um conforme a sua justiça e a sua fidelidade. Pois ele te havia entregue hoje em meu poder, mas eu não quis estender a minha mão contra o ungido do Senhor’.”

A esse relato se ajunta as palavras de São Paulo aos Romanos: “Que o amor de vocês seja sem hipocrisia: detestem o mal e apeguem-se ao bem; no amor fraterno, sejam carinhosos uns com os outros, rivalizando na mútua estima. (…). Não se deixe vencer pelo mal, mas vença o mal com o bem” (Rm 12,9-21).

 

PE.EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS




Diocese de Assis

 

          Conquistar uma medalha, antes de mais nada, exige perseverança do atleta. Imagine de um casal. Imagine o quão desafiador é para os dias de hoje uma celebração de ouro após cinquenta anos de “briga” a dois! Parecia uma missão quase impossível, mas conseguimos. Alcançamos o pódio, apesar da torcida contrária, das muitas quedas, das derrotas momentâneas, das apostas desafiadoras, do Inimigo sempre à espreita… Conseguimos!

Era uma terça feira de Carnaval. Na tarde daquele 15 de fevereiro de 1972, sob as bênçãos do falecido padre Pio Matusalém e seus dois inseparáveis coroinhas de vermelho e branco, além de sua cachorrinha de estimação, reunia alguns poucos familiares na residência de minha sogra e pedíamos as bênçãos eclesiásticas para oficializar nosso matrimônio. Eu com19 e a Célia com 17 anos.

Assim, quase às escondidas da sociedade e da maioria dos familiares, começamos nossa vida conjugal. Pegamos a estrada da vida e fui ser muambeiro (relojoeiro, melhor dizendo), para garantir o leite do filho a caminho e o pão de cada dia para nosso lar, doce lar de aventuras e descobertas mútuas, em terra bem distante da nossa. Anos de belas recordações, mas de muitas provações e privações às quais não dava muita importância. O importante era acalentar nossos sonhos e vencer os desafios.

Vieram os três filhos. O sapato não só apertou, mas também furou. A primeira crise eu afogava na bebida, tentando a qualquer custo me anestesiar da dura realidade que a vida financeira instável e a falta de uma profissão mais bem remunerada, sem contar nosso distanciamento social e religioso, corroía seriamente nossa vida conjugal. A separação era iminente.

Surpresa. Deus tinha planos para nós. Em 1980 nada mais nos restava senão os filhos e muitas dívidas. Quando contemplamos a luz do sol na perspectiva do fundo de um poço o que nos resta é clamar por socorro. Só Deus na causa. Então Ele nos estendeu a mão. Colocou-nos num encontro de casais, empurrou-nos para dentro de muitas atividades religiosas e missionárias, mostrou-nos outros caminhos também estreitos, porém reconfortantes do ponto de vista de alguém que sai do lodo e sente a consistência de um chão para os pés cansados, empurrou-nos para uma nova vida e disse: “Eis que estarei convosco todos os dias!”

Desde então, caminhos se abriram. Mentiria se dissesse que nossa vida se tornou um mar de rosas. Profissionalmente, talvez (quem nos conhece sabe a razão), mas das muitas rosas manipuladas ao longo desses anos ainda sobram os espinhos, esses que nos ferem cotidianamente, mas não impedem o perfume das muitas realizações desde então. Passamos pelos 25 anos com a prata de muitas conquistas, especialmente no campo religioso, quando o auge de uma vida missionária intensa nos lançava em águas profundas da realidade de nossa Igreja. Nossos filhos cresciam “em graça e sabedoria” e faziam já suas opções matrimoniais. Os netos chegavam.

Hoje, cinquenta anos depois, aqui estamos, juntos e realizados. Três filhos, quatro netos e muita história para contar… A vida conjugal, coincidentemente, tornou-se celebrativa de Bodas de Ouro no mesmo ano em que nosso grupo missionário também olha para trás e relembra sua história de cinquenta anos. Deus nos permitiu chegar até aqui, apenas para dizer a todos que conheceram e conhecem nossa história: Perseverança é tudo! As graças de Deus são maiores.

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]




Diocese de Assis

A busca de Deus não se realiza, simplesmente, nas necessidades. Deus não é “pronto socorro”. Ela é, antes de tudo uma caminhada contínua, atenta, corajosa, alegre, fiel, perseverante até se constituir num itinerário. Ou seja, até não haver mais diferença entre o caminho e quem o escolhe. Trata-se de uma configuração, identificação completa com o que se está fazendo e, portanto, sendo.

A oração como encontro. Existem muitas formas de nos dirigirmos a Deus; de nos ligarmos a ele. Uma delas é a oração sincera, desinteressada, amiga, cotidiano.  Não existe uma receita sobre como orar. Existe sim, uma exigência: a transparência.  Sendo a oração um diálogo de amor, sem transparência ele não passará de uma chantagem.

O que diz a Bíblia? “Peçam, e lhes será dado! Procurem, e encontrarão! Batam, e abrirão a porta para vocês! Pois todo aquele que pede, recebe; quem procura, acha; e a quem bate, a porta será aberta” (Mt 7,7-8). “Eu garanto a vocês: se alguém disser a esta montanha: Levante-se e jogue-se no mar, e não duvidar no seu coração, mas acreditar que isso vai acontecer, assim acontecerá.’ É por isso que eu digo a vocês: tudo o que vocês pedirem na oração, acreditem que já o receberam, e assim será. Quando vocês estiverem rezando, perdoem tudo o que tiverem contra alguém, para que o Pai de vocês que está no céu também perdoe os pecados de vocês. Mas, se vocês não perdoarem, o Pai de vocês, que está no céu não perdoará os pecados de vocês” (Mc 11,23-26).

O que diz a Igreja? Só a oração vence a Deus. Mas Cristo não quis que ela servisse para fazer mal algum; quis antes que toda a eficácia que lhe deu fosse apenas servir o bem. Conseqüentemente, ela não tem outra finalidade senão tirar do caminho da morte as almas dos defuntos, robustecer os fracos, curar os enfermos, libertar os possessos, abrir as portas das prisões, romper os grilhões dos inocentes. Ela perdoa os pecados, afasta as tentações, faz cessar as perseguições, reconforta os de ânimo abatido, enche de alegria os generosos, conduz os peregrinos, acalma as tempestades, detém os ladrões, dá alimento aos pobres, ensina os ricos, levanta os que caíram, sustenta os que vacilam, confirma os que estão de pé. O próprio Jesus orou; a ele a honra e o poder pelos séculos dos séculos. (Tertuliano, Presbítero)

A oração de Jesus ao nosso alcance. Jesus, ensinou os seus discípulos o Pai Nosso. Esta oração é um verdadeiro programa de vida. Ela nos relança no “mundo” de Deus e nos situa em nossa própria vida. Aprender a rezar é descobrir o céu.

A história conhece muitos homens e mulheres de oração que fizeram a experiência do céu, numa experiência de abandono em Deus. É destas experiências que recolhemos duas orações de Charles de Foucauld. A oração da Confiança (pura ousadia da fé) e a oração do Abandono (Pura coragem do amor)

Oração da Confiança. “Dai-me, Senhor, meu Deus o que Vos resta. Aquilo que ninguém Vos pede. Não Vos peço repouso nem a tranqüilidade, nem da alma, nem do corpo. Não Vos peço a riqueza, nem o êxito, nem a saúde. Tantos Vos pedem isso, meu Deus, que já não vos sobra para dar. Dai-me, Senhor, o que Vos resta. Dai-me aquilo que todos recusam. Quero a insegurança e a inquietação. Quero a luta e a tormenta. Dai-me isso, meu Deus, definitivamente. Dai-me a certeza de que essa será a minha parte pra sempre porque, nem sempre terei a coragem de Vo-la pedir. Dai-me, Senhor, o que vos resta. Dai-me aquilo que os outros não querem. Mas, dai-me também a coragem, a força e a fé.

Oração do Abandono. “Meu Pai, a vós me abandono. Fazei de mim o que quiserdes. O que de mim fizerdes eu vos agradeço. Estou pronto para tudo, aceito tudo, contanto que a vossa vontade se faça em mim e em todas as vossas criaturas: não quero outra coisa, meu Deus. Entrego minha vida em vossas mãos, eu vo-la dou, meu Deus, com todo o amor do meu coração porque vos amo e porque é para mim uma necessidade de amor dar-me, entregar-me em vossas mãos sem medida, com infinita confiança, porque sois meu Pai. Amém!”

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS




Diocese de Assis

   Para quem conhece o episódio da pesca milagrosa narrado pelo evangelista Lucas (5,1-11), certamente já se interrogou sobre o perigo de naufrágio daquelas frágeis embarcações, abarrotadas de peixes, à deriva em águas profundas. Mas numa delas estava Jesus e Pedro. Noutra, muitos dos discípulos encantados com os milagres e revelações do Mestre.  O perigo de fazerem água e afundarem era evidente, conquanto o que aqueles pescadores testemunhavam provocava um assombro maior: a ação de Deus, os milagres!

Pedro foi o primeiro a demonstrar sua insignificância diante do milagre que contemplava: “Senhor, afasta-te de mim, porque sou um pecador!”. Essa confissão pública de alguém que liderava seu grupo e que, no momento, se dizia frustrado com uma noite inteira de esforços sem resultados, traz especial significado para o episódio. Jesus já arrastava multidões para seu seguimento, pois os milagres assombravam e encantavam o povo. Enquanto isso, Simão Pedro e os demais pescadores “lavavam as redes”, desistiam de mais uma jornada naquela noite extenuante. Jesus viu as duas barcas e o desânimo dos seus tripulantes e lhes sugeriu novas empreitadas “em águas mais profundas”.

Considerando as circunstâncias e os personagens desse episódio, aqui temos o que necessitamos para melhor entender a missão da Igreja no mundo. Aqui está Pedro a receber sua missão. Aqui está a barca de Pedro. Aqui está “a multidão que se apertava ao redor para ouvir a Palavra”. Aqui as redes, as malhas da pesca milagrosa, que “quase arrebentam”, tamanha a quantidade dos “peixes”. Aqui “os companheiros” vêm ajudar! Então Jesus faz a consagração final daquela cerimonia revestida de tantos e tantos significados. Diz a Simão, somente a ele: “Não tenha medo! De hoje em diante você será pescador de homens”.

O primado de Pedro nasce aqui. As circunstâncias didáticas do episódio não deixam dúvidas. A barca de Cristo, de Pedro, revestida agora da solidez de uma nova missão, volta à margem da realidade que a cerca, contempla aquela multidão de famintos e divide com eles a alegria do milagre, o milagre que sacia a fome; a fome de vida… de vida nova… de esperança renovada no seguimento de Jesus. É essa ou não a missão da Igreja?

Não há como entender a autoridade apostólica derivada desse episódio, sem reconhecer a legitimidade da liderança que Simão Pedro aqui recebeu. A pesca milagrosa bem ilustrou essa escolha, esse chamado pessoal de Cristo aos discípulos que navegavam com Ele naquela noite de trevas e posterior noite de luzes, muitas luzes e revelações. Essa seria a diretriz da sucessão apostólica até hoje e desde sempre. O aparente perigo e as decepções de uma realidade às vezes contraditórias com nossa fé, não podem, não devem nunca submergir nossas esperanças.  A barca de Cristo nunca estará em perigo, nunca afundará no caos da incredulidade. Cristo está conosco, navega ao nosso lado, conhece os segredos do mar, os mistérios das águas profundas; bem como sabe das nossas incertezas, do nosso cansaço, das nossas frustrações, A Igreja “una e santa” é aquela que confia na Palavra, que não se cansa de tentar, tentar hoje, tentar sempre, lançando as redes conforme nos manda o Mestre. É por causa dessa Palavra, dessa promessa e desafio de confiança plena. Essa é a fé católica, a certeza apostólica.

Dizem que a Igreja está naufragando. Que a fé cristã sucumbe! Que nessa praia o mar não está pra peixe. Que nossa esperança é vã. Nessa queda de braços entre o ceticismo do mundo e a realidade, a profundidade dos mistérios que nos rondam, o milagre dos resultados pesa mais. A barca de Cristo é bem mais consistente e promissora. Embarquei nesta e dela não saio!

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]

 

 




Diocese de Assis

Que mania é esta de, sempre, buscarmos justificativas para tudo? Que mau hábito é este de, sempre, procurarmos culpados para as nossas frustrações e derrotas? Que má inclinação é esta de, sempre, criarmos um bode expiatório para os nossos erros e pecados? Que besteira é esta de, sempre, menosprezarmos nossas competências, dons e talentos? O que e isto!

Nós inventamos moda contra a vida que deveria seguir seu curso. Muitas vezes, consciente, ou inconscientemente, sabotamos ritmos, caminhos, direções, objetivos e metas. Infelizmente, por isso, acabamos não assumindo nossa vida por inteiro! Não aprendemos a ser responsáveis por completo! Não vamos até as últimas conseqüências de nossos atos.

Eis o que nos diz o Profeta Ezequiel, capítulo 18,1-32.

“Recebi a seguinte mensagem de Javé: “Que sentido tem para vocês este ditado que se repete na terra de Israel: ‘Os pais comeram uva verde, e a boca dos filhos ficou amarrada’? (…) Vocês não vão repetir mais esse ditado em Israel. Todas as vidas são minhas, tanto a vida do pai como a vida do filho. O indivíduo que pecar, esse é que deverá morrer.

Se o indivíduo é justo e pratica o direito e a justiça certamente permanecerá vivo.

Contudo, se esse indivíduo tiver um filho violento e assassino, mesmo que o pai não faça nada disso; é claro que não permanecerá vivo por ter praticado todas essas abominações: ele será responsável por seus próprios crimes.

Acontece, porém, que esse indivíduo tem um filho que vê tudo de errado que o seu pai faz. Ele vê, mas não faz igual. Esse indivíduo não vai morrer por causa dos pecados do seu pai. O pai dele, que praticou a violência, que roubou e maltratou o seu povo, este sim deverá morrer por causa do seu próprio pecado.

Mas vocês ainda perguntam: ‘Por que é que o filho não levará o castigo pelo pecado do seu pai?’ Ora, o filho praticou o direito e a justiça, guardou os meus estatutos e os colocou em prática. O indivíduo que peca, esse é que deve morrer. O filho nunca será responsável pelo pecado do pai, nem o pai será culpado pelo pecado do filho. O justo receberá a justiça que merece e o injusto pagará por sua injustiça.

Se o injusto se arrepende de todos os erros que praticou e passa a guardar os meus estatutos e a praticar o direito e a justiça, ele permanecerá vivo. Tudo de mau que ele praticou não será mais lembrado. Por acaso, eu sinto prazer com a morte do injusto? Contudo, se o justo renuncia à sua própria justiça e pratica o mal, será que ele vai fazer isso e continuar vivo? Não! Toda a justiça que ele praticou vai ser esquecida. Ele morrerá por causa das injustiças que passou a praticar.

Mas se vocês ainda disserem: ‘A maneira do Senhor agir não é justa!’ Escute aqui, casa de Israel: Será que não é justa a minha maneira de agir, ou é a maneira de agir de vocês que não é justa?

Se o justo deixa de ser justo e começa a praticar a injustiça, ele morrerá por causa da injustiça que praticou. Quando o injusto renuncia à sua injustiça e começa a praticar o direito e a justiça, ele está salvando a própria vida. Se ele perceber todo o mal que vinha praticando, viverá e não morrerá.

Assim, casa de Israel, eu vou julgar cada um de vocês de acordo com a própria maneira de viver. Convertam-se e abandonem toda a injustiça, e a injustiça não provocará mais a ruína de vocês. Libertem-se de todas as injustiças cometidas e formem um coração novo e um espírito novo. Por que vocês haveriam de morrer, casa de Israel? Eu não sinto prazer com a morte de ninguém. Convertam-se e terão a vida!”

São fortes estas palavras? Não? São pontuais e precisamos delas hoje!

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS




Diocese de Assis

Quando o caos, o conflito, a incompreensão e o descrédito tomam conta, tudo se perde numa nebulosa desesperança. Esses momentos de crise fazem parte da nossa realidade humana, tanto coletiva, quanto individual. Quem não passou por isso em sua vida? Todos, santos e pecadores, ateus e fiéis, pobre ou rico… Momentos de dúvidas e incertezas fazem parte da nossa existência.

A fé cristã nos ensina a superar trevas e diminuir os percalços do caminho. Ao se apresentar como aquele que possuía a solução para nossos conflitos, a certeza para muitas das nossas dúvidas, a esperança acima de qualquer desilusão, eis que os mais experientes do povo, seus doutores e sábios, rejeitam tamanha petulância vinda de um igual, ou mesmo inferior a qualquer deles. “Não é este o filho de José!”. Como pode um pobre coitado que todos conhecem dizer-se possuidor de todas as soluções e esperanças do povo? Como pode um zé-ninguém apresentar-se como o salvador da pátria?

A rejeição ao messianismo de um qualquer, alguém com quem já estavam familiarizados, cujas dificuldades e pobreza todos conheciam, soa como atitude que bem conhecemos entre nós: não é fácil reconhecer virtudes em alguém de nosso convívio diário. Qualidades e perfeição são difíceis de se visualizar entre os limites da nossa casa, mas na utopia distante da nossa própria realidade. É coisa difícil de se reconhecer em nós mesmos. Essa dificuldade de encontrar as potencialidades que temos, as riquezas que nos cercam e, no âmbito da fé, o Cristo que reside entre nós, dentro de nós, na convivência diária da nossa realidade, faz da vida uma eterna busca de “soluções” distantes, de angústia permanente, sofrimento inútil, prolongamento de nossas dores… A solução que imaginamos distante, muitas vezes, está ao nosso lado, às vezes dentro de nossa casa, de nós mesmos. “Médico, cura-te a ti mesmo!”

Esse é o desafio maior da fé. Enxergar em nós mesmos a capacidade que temos para solucionar nossos problemas, administrar nossos conflitos, construir nosso futuro. O problema maior está nas opções erradas que nossa prepotência e orgulho pessoal nos permitem. Cristo se apresentou como dispensador de todas as bênçãos e graças de que necessitamos para uma existência em conformidade com os planos de Deus, em sintonia com sua vontade, mas nossa insegurança ainda não nos fez compreender esse mistério.       As provações contra nossa fé e esperança de dias melhores é o que sobra da realidade que nos cerca, mas o Cristo de ontem ainda é o mesmo hoje. Seu messianismo permanece. Suas promessas se cumprem desde sempre e também nos dias atuais, porém a falta de fé de grande maioria ainda tenta jogar nosso messias no precipício do orgulho humano. Os “doutores da lei”, da pobre ciência e sabedoria dos que pensam nos ensinar, nos conduzir, não aceitam que a humanidade de um pobre filho de carpinteiro possa também ser a divindade do Filho de Deus.

Enquanto isso, Jesus, “passando pelo meio deles”, continua seu caminho entre nós.

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]