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A espiritualidade cristã conserva, no seu depósito, uma relação fundamental com a Palavra: tudo tem sua origem pela Palavra.

No princípio, de acordo com as descrições do Gênesis, é pela Palavra e através dela que Deus cria todas as coisas com o “faça-se” primordial. E a cada “faça-se”, tudo se tornava realidade e Deus via que tudo era bom, porque correspondia à sua Palavra Criadora. “Deus disse: ‘Que exista a luz!’ E a luz começou a existir. Deus viu que a luz era boa. E Deus separou a luz das trevas: à luz Deus chamou “dia”, e às trevas chamou “noite”. Houve uma tarde e uma manhã: foi o primeiro dia” (Gn 1,3-5)

“Dabar” é o termo hebraico para se referir à Palavra em Ação.

“A essência da palavra Dabar é, perfeitamente, relacionada com a ‘ordem’, trazendo o significado de ‘organização’, de ‘estrutura’, de ‘sucessão’. O universo existente descrito nos textos da Torá é uma sucessão de pronunciamentos ‘verbalização’ estruturada e organizada dentro da criação.” É Deus falando e tudo ganhando existência! “Em uma observação interessante sobre a palavra ‘cosmos’ (do grego ‘Kosmos’) vemos que seu significado literal é ‘ordem’, ‘organização’. Sendo assim, ‘bem ordenado’ ou ‘ornamentado’, também é sinônimo de ‘universo’. A palavra ‘universo’ vem do Latim, cujo sentido é: ‘Uni’ significa: Único e ‘Verso’ significa: Frase Falada: O universo é uma “única frase falada”.

“O Dabar vem, portanto, acompanhado de uma força capaz de criar, de gerar a partir do nada, de entrar em relação com todas as realidades existentes e de transformar o ser”

O Antigo Testamento tem dois grandes ícones ligados à Palavra: Moisés e Elias que, curiosamente, aparecem nas descrições da Transfiguração de Jesus, no Monte Tabor: “Nisso lhes apareceram Moisés e Elias, conversando com Jesus” (Mt 17,3).

Moisés é o guardião da “Dez Palavras” ou seja, dos Dez mandamentos. Foi escolhido, pelo Senhor, para receber tais palavras, gravadas em pedras e ensiná-las ao Povo de Deus, no deserto, a fim de conservar a memória do Deus presente e conservar-lhe o amor e a obediência: “Moisés convocou todo o Israel e disse: ‘Ouça, Israel, os estatutos e normas que hoje eu proclamo aos seus ouvidos, para que os aprendam e cuidem de praticar: Javé nosso Deus fez uma aliança conosco no Horeb” (Deuteronômio 5,1-2).

Elias é o profeta: o homem da Palavra. É encarregado, pelo próprio Deus, para anunciar seus preceitos, ordens e vontade e, ao mesmo tempo, denunciar os desvios e as conseqüentes punições aos recalcitrantes que não se deixam converter pela palavra. “Elias, o tesbita de Tesbi de Galaad, disse ao rei Acab: “Pela vida de Javé, o Deus de Israel, a quem sirvo: nestes anos não haverá orvalho nem chuva, a não ser quando eu mandar” (1Rs 17,1).

O Novo Testamento é, por assim dizer, a maior de todas as revelações proféticas: Deus se faz Palavra e comunica-se como fonte de vida e salvação ao seu povo.

Jesus é o Verbo ou a Palavra do Pai. Nele, o Pai realiza a nova Criação no seu corpo e seu sangue. Que dizer: na sua encarnação, paixão, morte e ressurreição.

No Evangelho do João encontramos o seguinte relato: “No começo a Palavra já existia: a Palavra estava voltada para Deus, e a Palavra era Deus. No começo ela estava voltada para Deus. Tudo foi feito por meio dela, e, de tudo o que existe, nada foi feito sem ela. Nela estava a vida, e a vida era a luz dos homens. E a Palavra se fez homem e habitou entre nós..(João 1,1-4.14).

Paulo é o símbolo do homem convertido pela Palavra ao Amor-Palavra-Jesus: “Ainda que eu tivesse o dom da profecia, o conhecimento de todos os mistérios e de toda a ciência; ainda que eu tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tivesse o amor, eu não seria nada” (1Cor 13,2).

Sem uma profunda experiência pessoal com a Palavra de Deus, que é o Cristo, corremos o risco de, mesmo sendo religiosos, não atingirmos o núcleo e a verdade da fé.

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS




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Quando o turbilhão renovador do Concílio Vaticano II começou a se assentar sobre o espírito da Igreja, muitos cristãos leigos se entreolharam e disseram: e agora? Uma novidade ecoava sobre eles: Todo batizado é missionário! No Brasil, essa novidade começou a ser anunciada em muitos movimentos eclesiais, dentre eles o Cursilho de Cristandade, o top da época, que renovava e resgatava a alegria de ser cristão. E muitos descobriam também a alegria de ser missionário.

Foi numa dessas que nasceu um grupinho mais contagiado pela novidade. Adotaram a princípio a sigla CCC, Comunidade de Comunicadores Cristãos, pois que a maioria deles procedia dos meios de comunicação social, como rádio e tv. Já eram conhecidos do grande público como excelentes artistas e comunicadores. Então abandonaram seus calçados impregnados com a poeira do sucesso, encheram de coragem seus pulmões renovados e puseram-se nas estradas, anunciando Jesus Cristo. Ganharam a simpatia e admiração do povo. Mas o nome do grupo não lhes era simpático. Logo mudaram para Instituto MEAC, cuja sigla dizia o que realmente eram: Missionários para Evangelização e Animação de Comunidades.

Hoje, exatamente hoje, aqui estamos, comemorando cinquenta anos do início dessa caminhada, somando quase duzentos missionários espalhados pelo Brasil, continente africano e alguns outros países onde já possuímos núcleos e a semente missionária lançada no coração de muitos ainda borbulha. Somos missionários leigos da Igreja Católica. Essa odisseia já produziu muitos frutos, tais quais outros grupos inspirados ou ao menos aprimorados pela abertura e importância que aquele Concílio deu a todo e qualquer batizado, mostrando-lhe sua identidade missionária como reflexo e consequência da missão do Cristo. Somos outros cristos no mundo, à medida que assumimos nossa fé na mesma fonte batismal que nos marca como cristãos. Foi essa a fonte inspiradora da perseverança que nos trouxe até aqui.

Como Paulo, um dia experimentamos a loucura do amor de Cristo. Essa loucura contagiante que nos desaloja e nos identifica com o trabalho evangelizador. Esse é o cerne, a razão única e inexplicável de aceitarmos uma identidade missionária, um sim quase mariano, mas também profético, que faz de um grupo de leigos um grupo de loucos diante da realidade do mundo atual: “Aqui estou, Senhor, envia-me!”. Foi esse “sim” profético e contundente que nos permitiu comemorar 50 anos de história, caminhada… É essa a história de loucos que hoje registramos em livro, já disponível gratuitamente no site www.meac.com.br. Confira lá essa loucura. Não há exibicionismos, nem fantasias, nem pretensões nessa história. Apenas a humildade de reconhecermos nessa história a mão generosa e sempre oportuna da ação de Deus em nossas vidas, portanto um testemunho vivo do que Deus quis e ainda quer de cada um de nós. Tanto eu, tanto meus companheiros ou mesmo você, que pode descobrir nestas páginas o chamado de Deus em sua vida, em nossas vidas. “Aqui estamos, Senhor” …

Nosso Ano Jubilar hoje nos enche de orgulho. Santo orgulho! Mas também nos questiona, pois que Deus está nos permitindo celebrá-lo no silêncio, isoladamente, em plena pandemia que pôs um freio em muitas das nossas ações. Silenciou a voz de muitos dos nossos. Impediu o que mais fazíamos, com nossas viagens e pregações missionárias. Obrigou-nos a vivenciar e comemorar um ano sabático, com muita reflexão e orações. Mas não nos impede o testemunho em História de uma Caminhada. MEAC, 50 ANOS – Missionários Leigos Evangelizando.

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]

 

 




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Na vida, não raras vezes, diante de palavras, atos e, até, omissões nos vemos diante de um inconfundível: ‘e agora’?

Expulsei de minha casa meu melhor amigo! E agora? Briguei por uma coisa que não me dizia respeito e criei mais confusão! E agora? Cai numa grande tentação, contra a fidelidade e prejudiquei muita gente! E agora? Violei um grande segredo guardado sob juramento! E agora? Emprestei dinheiro a juro e o devedor não quer me pagar! E agora? Prometi algo que supera minha capacidade e possibilidade! E agora? Sustentei uma mentira contra a verdade e perderam a confiança em mim! E agora? Forjei uma doença e comovi o mundo em meu favor, por uma coisa que não é real! E agora? Fiz uma calúnia e alguém está sendo punido injustamente! E agora? Falei uma palavra inoportuna e o que não devia, no fogo de uma tremenda raiva! E agora? Morreu uma pessoa muito querida para mim e eu não consegui pedir e dar perdão a ela! E agora? Gritei… Magoei… Debochei… Enganei… Tirei proveito… Desobedeci… Subornei… Feri… Iludi… Perverti… Maltratei… Ignorei… Confundi… E agora?

E agora não dá para voltar atrás! Não dá para chorar o leite derramado. “Não fiquem lembrando o passado, não pensem nas coisas antigas; vejam que estou fazendo uma coisa nova: ela está brotando agora, e vocês não percebem? Abrirei um caminho no deserto, rios em lugar seco” (Is 43,18-19). Não vire às costas para nado do que tenha ocorrido com você. Encare, de frente, qualquer situação ou problema. Não se faça de vítima nem de coitadinho. Não queira se poupar do sofrimento e nem proteger os outros. Essas iniciativas só agravam ainda mais a situação-problema.

Agora é dar tempo ao tempo; bola pra frente; pé na estrada; cabeça erguida; mãos-à-obra; joelho no chão; mãos em súplica; coração confiante; olhos abertos; ouvidos atentos; faça silêncio…

Tudo o que fazemos tem conseqüências! E, embora as tenhamos previsto, elas ultrapassam nossas medidas e suposições. Não temos idéia e nem controle 100% de todas as conseqüências para todos os nossos atos. É claro que prever conseqüências para os nossos atos já é meio caminho andado para firmes propósitos, resoluções e tomadas de postura.

Tome uma postura de fé diante dos problemas e faça disso um método. Destrua o seu orgulhe e não mantenha o coração endurecido. “Assim diz o Senhor: ‘Parem no caminho e vejam, informem-se quanto às estradas do passado: qual era o caminho da felicidade? Andem por ele, e vocês encontrarão descanso’. Mas eles responderam: ‘Não caminharemos nele!’” (Jr 6,16-17).

Aceite a ajuda de alguém que lhe seja próximo. Não se oponha à uma correção. Tome consciência de que você é pó e ao pó voltará. Jogue para longe o medo e seja humilde para obter a luz interior. “Seja modesto em sua atividade, e será mais estimado que um homem generoso. Quanto mais importante você for, tanto mais seja humilde, e encontrará favor diante do Senhor. Pois o poder do Senhor é grande, mas ele é glorificado pelos humildes. Não procure o que é muito difícil para você, e não investigue coisas que superam suas forças. Empenhe-se naquilo que lhe foi ordenado, e não se ocupe de coisas misteriosas.  Não se aplique em coisas que superam sua capacidade”  (Eclo 3,17-23).

Não evite o confronto com vida por suas inúmeras situações dolorosas ou alegres. Dê graças a Deus por tudo o que lhe acontecer. “Examinem a história, e verão. Quem confiou no Senhor, e ficou desiludido? Quem perseverou no seu temor, e foi abandonado? Quem o invocou, e não foi atendido? Porque o Senhor é compassivo e misericordioso, perdoa os pecados e salva no tempo do perigo. Ai dos corações covardes e mãos preguiçosas, ai do pecador que anda por dois caminhos! Ai do coração preguiçoso que não confia, porque não será protegido! Ai de vocês que perderam a paciência! O que farão vocês quando o Senhor lhes pedir contas? (Eclo 2,2-14).

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS




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Anos e anos após seu nascimento, Freud ainda explica. Ou pelo menos tenta. Sua doutrina, a psicanálise, surgiu em 1896, após sucessivas experiências do grande cientista e escritor, de buscar novas alternativas de cura para distúrbios psicológicos. Seus estudos partiram do princípio de que somos movidos pelo inconsciente.

A experiência e doutrina freudiana revolucionou o tratamento psiquiátrico. Princípio básico: saber ouvir. A cura estava no fluxo do inconsciente, através da palavra. Do desabafo. Nasceu aqui o divã do psicanalista. A arte da escuta ganhou espaço nos consultórios médicos, até mesmo entre nazistas e psicopatas mais, que acompanharam o crescimento dessa nova ciência humana. Diante dos impasses do comportamento pessoal, lá estava Freud, com suas teorias e soluções.

Nada mudou. Apenas a unanimidade não é a mesma. Hoje alguns ousam contradizer as teorias do grande psicanalista, apontando-lhe falhas e acusando-o de abusos e deslizes antiéticos no processo de pesquisas. Dos questionamentos, um nos chama a atenção: por que a psicanálise faz mais sucesso entre católicos?

A resposta é simples. Antes, porém, vamos aos fatos. Ainda engatinhando em seus princípios e teorias, a psicanálise preenche uma grande carência humana de atenção, afetividade, carinho, princípios básicos da fraternidade apregoada pelo cristianismo. O panorama de sua receptividade é maior entre povos latinos, em especial argentinos e brasileiros. Todavia, seu maior sucesso foi entre os franceses, onde a psicanálise tornou-se modismo e onde foram publicadas as maiores obras sobre o assunto. Só agora, a psicanálise ganha o continente asiático, aonde chega embrulhada no rol das novidades que o Ocidente lhe oferece. Explica-se: entre os chineses, por exemplo, os valores da individualidade são experiências recentes, descobertas de liberdade cujo confronto o Estado até então não permitia.

E daí, qual a relação com o catolicismo? Nenhuma, se não existisse similaridade entre o divã do psicanalista e o genuflexório do confessionário. Nesse aspecto, as duas atividades, psicanálise e confissão, têm tudo a ver, são deveras idênticas, com uma diferença essencial: a última redime por completo.

Aqui se explica aquela verdade: quanto menor a fila do confessionário, mais cheio o cofre dos psicólogos e psicanalistas. Quanto mais raramente o católico busca sua reconciliação pessoal, mais freqüentemente se confronta com seus conflitos e limitações próprias do comportamento sócio-cultural. A falta de sacerdotes predispostos ao atendimento espiritual, à valorização do ato confessional, mesmo que em caráter penitente, está levando muitos católicos a engrossarem as filas da psicanálise. Eis o porque desse sucesso entre os católicos, razão que merece muito mais críticas do que aplausos, pois denuncia claramente a permuta de um sacramento por um modismo. Nada contra os psiquiatras ou psicólogos de plantão. Eles possuem espaço e valores indubitáveis na sociedade. Ressalto somente uma constatação óbvia.

Para citar Jesus – o pai da psicanálise e psiquiatra por excelência – reporto aqui sua palavra, a verdadeira palavra que cura: “O importante não é o que entra, mas o que sai da boca do homem”. A palavra, esta não só cura, mas igualmente cria e explica. Pois, no princípio, Deus disse… E tudo se fez.

WAGNER PEDRO MENEZES wagner@meac;com.br

 

 

 

 

 




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Ter fé não é uma deliberação sua, nem minha. Não é uma decisão da nossa vontade. Se fosse depender de nossa vontade, quem sabe, não teríamos fé. Ninguém decide se vai ou não ter fé. A fé é um dom, uma graça, um presente de Deus, necessário para a vida. Deus dá a fé a todos, como dá a vida. Sem fé a vida não é nada; não somos nada! Sem fé a vida pesa menos do que o pó. Sem fé não temos os outros, não temos o irmão, não temos a comunidade, não temos nós mesmos. Sem a fé não podemos agradar a Deus.

Viver a fé! Esta é a nossa tarefa! Isso é o que nos cabe! Essa é a nossa responsabilidade e compromisso. Por isso é que seremos julgados.

A fé, que nos foi dada, comporta resposta e compromisso… exige decisão!

Decidir não é dar o golpe final ou a última tacada. Decidir não é encerrar o assunto. Decidir não é se vingar, ir à desforra. Decidir não é, simplesmente, resolver.

Decidir vem de decisão (de + cisão. Assim: de = origem, lugar; cisão = corte, ruptura).

Decidir é tomar uma atitude a partir de um corte de uma ruptura. Decidir é cortar… romper a partir de uma convicção, de um sentido, de um norte. Portanto, decidir é dar razão, dar sentido, dar direção.

A fé exige decisão! Sendo assim, decidir, na fé, é agir pela fé: pelo que a fé dá; pela convicção da fé; pelas fontes da fé; pelas iluminações da fé… pelo mistério da fé! Decidir, na fé, é dar-se, entrar no tempo de Deus, lançar-se; abandonar-se; é permitir, acolher, esperar, fazer silêncio, aceitar, dialogar.

O que é a fé? O autor da carta aos Hebreus nos responde:

“A fé é um modo de já possuir aquilo que se espera, é um meio de conhecer realidades que não se vêem” (Hb 11,1).

Como viver a fé? O mesmo autor da carta aos Hebreus nos ensina:

“Foi por causa da fé que os antigos foram aprovados por Deus. Pela fé, sabemos que a Palavra de Deus formou os mundos; foi assim que aquilo que vemos originou-se de coisas invisíveis. Pela fé, Abel ofereceu a Deus um sacrifício melhor que o de Caim. Pela fé, Henoc foi levado embora, para que não experimentasse a morte. Pela fé, ao ser avisado divinamente sobre coisas que ainda não via, Noé levou isso a sério, e construiu uma arca para salvar a sua família. Pela fé, Abraão, chamado por Deus, obedeceu e partiu para um lugar que deveria receber como herança. Foi pela fé que também Sara, embora sendo velha, se tornou capaz de ter uma descendência, pois ela acreditou em Deus, que lhe havia prometido isso. Pela fé, Isaac abençoou Jacó e Esaú, também a respeito de coisas futuras….

O que mais posso dizer? Eu não teria tempo, se quisesse falar de Gedeão, de Barac, de Sansão, de Jefté, de Davi, de Samuel e dos profetas. Graças à fé, eles conquistaram reinos, implantaram a justiça, alcançaram as promessas, taparam a goela dos leões, apagaram a violência do fogo, escaparam ao fio da espada, extraíram força da sua própria fraqueza, mostraram-se valentes na guerra e expulsaram invasores estrangeiros. E algumas mulheres recuperaram seus mortos, por meio da ressurreição…” (Hb 11,2-39).

A fé não é um instrumento nosso, mas, de Deus. Não é um meio nosso, mas, de Deus. Não é um poder nosso para conseguir tudo de Deus. A fé não é um jogo! A fé é um poder de Deus para conseguir tudo, em nós. A fé é um poder de salvação que atua em nós, permitindo-nos a conversão diária. A fé é a vida de Deus em nós, cujo mistério escapa à compreensão humana porque não tem uma lógica, tem um sentido e confere um sentido.

Você tem a fé! Eu tenho a fé! Nós temos a fé! Vivamos a fé!

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS




Diocese de Assis

 

          Num tempo em que as esperanças humanas se atrelam a qualquer perspectiva; num tempo em que a fé passa a ser um dos pilares de renovadas esperanças ou mesmo objeto de questionamento e ceticismo ainda maiores; num tempo em que epifania deixa de ser simples manifestação religiosa presente no calendário litúrgico ou mesmo nas manifestações populares a enaltecerem a coragem e disposição de três reis que tudo abandonaram para seguir uma estrela no firmamento; neste tempo, nesse mesmo tempo histórico e atual é que Deus se manifestou e se manifesta. A lembrança dos magos do oriente possui lições bem oportunas para nossos dias.

Senão, vejamos os fatos. Os poderes humanos sempre estiveram e estão ligados aos reinados e ou territórios que demarcam povos e nações. O reinado de Herodes era soberano enquanto legitimado pelos poderosos que lhe davam sustentação política. Conquanto outros povos ainda titubeavam em seus reinos de desencantos e desesperanças. Buscavam sinais que pudessem diminuir suas incertezas num mundo limitado pela força e poderio bélico. Roma dominava, mas outros povos também reivindicavam direitos, demarcavam territórios, buscavam um futuro de liberdade e paz. Era o caso dos magos do oriente, seguidores de uma estrela que lhes apontava novo horizonte. E esta vai lhes revelar Jesus, o menino da manjedoura!

Passados os primeiros momentos da revelação (a manifestação divina a todos os povos, representados por homens revestidos de autoridade governamental) eis que a história dá um salto para nos apresentar “a voz que clama no deserto”. João, o Batista, seria o precursor Daquele que daria novo sentido ao exercício de qualquer autoridade constituída diante do povo. Eis, pois, que a epifania, a grande manifestação de Deus entre nós, se compraz no gesto da água derramada, a purificação primeira que o batismo realiza naqueles que aceitam esse gesto como primeiro passo da vida sacramental da Igreja de Cristo. Eis que a partir de então “o céu se abriu”. A revelação contida na cena do Batismo de Cristo não foi um simples acontecimento poético; mais um a se purificar no vale do Jordão, mas uma verdadeira epifania, melhor dizendo, uma teofania, onde a divindade de Cristo se manifestou claramente, com a manifestação do Pai e do Espírito em forma de pomba: “Tu és o meu Filho amado, em ti ponho o meu benquerer” (Lc 3,22). A Trindade estava ali.

Postas essas cenas e fatos históricos, seus efeitos ainda levantam interrogações. Os poderes constituídos daquela época não diferem dos que agora nos regem. Muitos Herodes continuam a matar inocentes, criancinhas, pequeninos. Os infanticidas ainda agem. Outros, alguns poucos vindos de terras longínquas, de realidades diferentes da nossa cultura e das nossas crenças, ainda oferecem o que está ao alcance deles. Querem contribuir com a construção de um mundo novo, um novo tempo. Ao passo que muitos dos nossos, figurinhas carimbadas como seguidores fiéis dos mandamentos e da crença num Deus Único e Verdadeiro, sequer valorizam o Batismo do Espírito que dizem ter recebido. Uma verdadeira pandemia de contradições e distorções religiosas. Um sentimento contrário a tudo que a doutrina cristã nos ensina a praticar. Enquanto perdurar esse negacionismo, essa belicosidade entre fé e razão, ciência e política, fake news e realidade, estaremos contribuindo para uma nova e maior pandemia: a negação de Deus. Dobremos nossos joelhos e nos deixemos purificar nas águas de um novo rio, que ainda corre entre nós: aquele que nos ilumina com seu Espírito e nos cura com seu Fogo.

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]

 

 

 




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O título não é meu. Tomo emprestado de autor que bem conhecemos pelo belo testemunho de fé e esperança com a prática do dízimo dentro do catolicismo. Tanto que suas diversas obras sobre o assunto nos ensinam a compreender e praticar esse mandamento cristão como canal extraordinário de graças e bênçãos que nos levam fatalmente à prosperidade. Porém não como o mundo entende.

Ora, falar de prosperidade em tempos de renovação de propósitos, de retomada de ânimos, de formulação generalizada de novos ideais ou metas para um ano novo, isso é quase sintomático; um assunto decorrente de um sentimento ou desejo de todos. Um novo tempo é sempre fonte inspiradora de novos sonhos. Aliada ou não à fé do indivíduo, a prosperidade torna-se desejo de todos. Principalmente daqueles que entendem essa meta como detentora de muitos bens, dinheiro fácil, carros e mansões, prazeres sem culpa…

Dessa prosperidade estou fugindo. A semente da fé cristã nos inspira novos conceitos de prosperidade, aquela que vai além da realidade temporal. Além dessa, há também a prosperidade sob as graças e bênçãos divinas. A mesma que levou Abrão, o Pai da Fé, a sair de sua terra e realizar seus sonhos de liberdade e prosperidade em terras longínquas, bem distantes de suas origens e planos pessoais. Salomão, com toda sua riqueza, viu que sua prosperidade nada significava sem a graça de Deus. José do Egito, que se tornou um quase faraó em terras estranhas, não resistiu diante do sofrimento de seu povo e a tudo renunciou em troca da liberdade dos que verdadeiramente amava. Assim, um a um, os personagens bíblicos um dia se encontraram com a verdade da prosperidade que buscavam. Essa não. Verdadeira prosperidade só aquela abençoada e justa aos olhos de Deus.

Então a prosperidade humana é maldita? Não, claro que não. Nosso problema não está no sucesso dos bens e progressos adquiridos ao longo da nossa história. Nosso problema está na partilha, ou melhor, na falta desta. Enquanto as conquistas e crescimento das riquezas humanas estiverem manietadas pelo usufruto de poucos, pelo corporativismo de classes, pelos critérios de administração voltados aos interesses grupais, políticos ou mesmo familiares, não haverá verdadeira prosperidade. A prosperidade parte do princípio da partilha, com seu efeito multiplicador que gera riquezas e conhecimentos, numa cadeia indivisível de crescimento. Toda comunidade próspera conhece e testemunha esse efeito: a partilha gera o milagre da multiplicação.

Meu amigo A. Tatto, autor acima citado, bem definiu a verdadeira prosperidade em seu livro Semente de Prosperidade. Escreveu com a naturalidade de seu testemunho: “Como o Pai me deu, dou também. Como Ele não guardou só para si a riqueza, eu também não vou guardar: vou possibilitar que ela chegue às mãos de muita gente que, por sua vez, vai plantar e colher e redistribuir. E o negócio não para: só cresce porque possui o princípio infalível da prosperidade. Ela vem de Deus, ela é de Deus, ela conduz a Deus. Se ela não conduz a Deus, não veio Dele”. É esse o segredo da prosperidade, da verdadeira e santa prosperidade que muitos almejam, mas nunca alcançam. Porque ser é melhor que ter. E o mundo precisa descobrir esse segredinho. Sobrevivemos a um ano difícil. Outros só serão melhores se a semente do amor cristão se sobrepor às nossas ambições pessoais. Próspero Ano Novo!

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]




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Não é preciso fazer nenhuma pesquisa ou estatística para saber que o tempo é, sempre, referido como a principal justificativa dos problemas e dificuldades de todos. Não é difícil ouvir alguém dizendo: não deu tempo… não tenho tempo… se der tempo… se eu tiver tempo… quando o tempo permitir… o tempo me amarrou…

O tempo… o tempo e o vento! O tempo está para o vento como o vento para o tempo. O vento passa! O Tempo passa. Os dois passam.

O tempo passa para todos mas, nunca será suficiente para quem não se determina; para quem não se organiza; para quem não faz, seu, o tempo

O tempo não espera ninguém: vai passando! Segue seu próprio ritmo, sua lei e movimento. O tempo não pára! O tempo determina as horas, os dias, os meses e os anos. O tempo não volta atrás: vai sempre a frente. Impõe-se a todos e não poupa ninguém. O tempo é companheiro, mas, pode se tornar inimigo; é boa medida, mas, pode se tornar um peso; é referência, mas, pode se tornar o caos; é graça, mas, pode se tornar um terror; é liberdade, mas, pode se tornar uma prisão; é tudo, mas, pode se tornar um nada.

Pergunta: o que fazer em relação ao tempo que passa? Resposta: não ficar assistindo o tempo passar!

O ano 2021 está passando… está no final. O que você fez com o tempo em 2021? O ano 2022 está chegando… está pra iniciar. O que você vai fazer com o tempo em 2022?

Em 2022, faça diferente. Viva! Conviva! Abra-se! Mude! Imponha-se! Tome iniciativas. Faça acontecer!

Redescubra-se!

Redescubra-se em meio ao excesso de trabalho e do ativismo insano. Usufrua o que você faz e realiza. “Observei a tarefa que Deus entregou aos homens, para com ela se ocuparem: tudo o que ele fez é apropriado para cada tempo. Também colocou o senso da eternidade no coração do homem, mas sem que o homem possa compreender a obra que Deus realiza do começo até o fim. Então compreendi que não existe para o homem nada melhor do que se alegrar e agir bem durante a vida.” (Ecle 3,9-13)

Redescubra-se em meio aos traumas, frustrações, perdas, fracassos, medos e terrores do passado. Viva o presente. “Não fiquem lembrando o passado, não pensem nas coisas antigas; vejam que estou fazendo uma coisa nova: ela está brotando agora, e vocês não percebem?” (Is 43,18-19).

Redescubra-se em meio às rivalidades, competições e disputas. Pratique a humildade. “não é o mais veloz que ganha a corrida, nem é o mais forte que vence na batalha. O pão não é para os mais sábios, nem as riquezas para os mais inteligentes…” (Ecle 9,11).

Redescubra-se em meio às indecisões, inseguranças dúvidas, fraquezas, fragilidades e impotências. Confia no Senhor! “Ele (o Senhor), porém, me respondeu: ‘Para você basta a minha graça, pois é na fraqueza que a força manifesta todo o seu poder.’ Portanto, com muito gosto, prefiro gabar-me de minhas fraquezas, para que a força de Cristo habite em mim. E é por isso que eu me alegro nas fraquezas, humilhações, necessidades, perseguições e angústias, por causa de Cristo. Pois quando sou fraco, então é que sou forte” (2Cor 12,9-10)

Redescubra-se às preocupações, ilusões, obsessões, quimeras  e ansiedades. Acredite na Providência Divina. “Portanto, não fiquem preocupados, dizendo: O que vamos comer? O que vamos beber? O que vamos vestir? O Pai de vocês, que está no céu, sabe que vocês precisam de tudo isso. Pelo contrário, em primeiro lugar busquem o Reino de Deus e a sua justiça, e Deus dará a vocês, em acréscimo, todas essas coisas” (Mt 6,31-33).

Redescubra-se no tempo que está acima do relógio e do calendário. Redescubra-se no tempo de Deus. Aprenda a discernir os tempos e os momentos. “Debaixo do céu há momento para tudo, e tempo certo para cada coisa” (Ecle 3,1-8).

Em 2022 redescubra-se! Você vai se surpreender!

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS




Diocese de Assis

 

Por que existe o Natal? O Natal, que é o nascimento de Jesus, existe porque é fruto da PROMESSA DE SALVAÇÃO que Deus fez ao seu povo, quando ainda estava ainda no exílio da Babilônia: “Pois saibam que Javé lhes dará um sinal: a jovem concebeu e dará à luz um filho, e o chamarão pelo nome de Emanuel.  Javé há de trazer para você, para o seu povo e para toda a família do seu pai, dias de felicidade como nunca houve desde o dia em que Efraim se separou de Judá” (Is 7,14.17). Somos o povo de Deus.  Portanto, essa promessa é para cada um de nós!

No Salmo 8,5, o salmista pergunta a Deus: “Senhor, que é o homem, para dele assim vos lembrardes e o tratardes com tanto carinho? Esta pergunta do salmista é a pergunta de todos nós.   As vezes, não entendemos porque Deus insiste tanto conosco; em nos querer, em nos amar… mesmo quando não o queremos e não o amamos.  Segundo 2Tim 2,13, “se lhe formos infiéis, ele permanece fiel, pois não pode renegar a si mesmo”. Eis, portanto, a resposta do Senhor à pergunta do salmista e nossa: “Assim diz Javé, aquele que criou você, Jacó; aquele que formou você, Israel: não tenha medo porque eu o redimi e o chamei pelo nome; você é meu (…)  Pois eu sou Javé seu Deus, o Santo de Israel, o seu Salvador (…) porque você é precioso para mim, é digno de estima e eu o amo…” (Is 43,1.3-4).

Como o Natal vai acontecer se Jesus já nasceu? Assim como em todo aniversário, a celebração do Natal é a melhor forma de reavivar a memória sobre tudo aquilo que nos marcou um dia e continua marcando.  Ninguém nasce de novo quando comemora o aniversário, mas alimenta o gosto pela vida.  Jesus não nasce de novo, fisicamente, mas renasce como ideal; como “caminho, verdade e vida”. Sendo assim, natal é todo o dia.  Se permitirmos que o Cristo nasça, todo dia, em nós não hospedaremos mais as trevas, o pecado e nem a morte dentro de nós.

Por que Jesus teve que nascer lá no passado e não hoje? “Debaixo do céu há momento para tudo e tempo certo para cada coisa” (Ecle 1,1).  A Deus cabe julgar os tempos e os momentos.   Porque o tempo de Deus não é o nosso.  Nós temos pressa; somos de urgências.  Deus sabe o momento oportuno de todas as coisas.   “Quando, porém, chegou a plenitude do tempo, Deus enviou o seu Filho.  Ele nasceu de uma mulher, submetido à Lei para resgatar aqueles que estavam submetidos à Lei, a fim de que fôssemos adotados como filhos” Gl 4,4-5). Os acontecimentos de ontem, de hoje ou de amanhã, todos eles ficam no passado.  Alguns são esquecidos .  Somente alguns se tornam imortais, como o nascimento de nosso Senhor.   A história de Jesus ficou gravada, definitivamente, em nossas vidas.  Quando fazemos memória desta história, celebrando, descobrimo-nos participantes dela.

ILIMUNADOS PELA LUZ, NOS TORNAMOS LUZ!

Todos nós, sem exceção, gememos intimamente, por uma OBRA-PRIMA que seja nossa: idealizada, planejada e realizada por nós; ao nosso gosto, com a nossa cara, com o nosso jeito.  Identificamo-nos com o que fazemos.  Somos todos artistas! Mas, não existe nada inédito.  O começo já foi dado.  Reinventamos a natureza, recriamos a vida.  A vida é uma arte! Por isso, nossa maior obra, nossa obra-prima será FAZER-NOS, terminar a obra um dia começada por  Deus; passo-a-passo;  tempo-a-tempo; espaço-a-espaço. O Natal é o começo da grande obra que precisa ser acabada: passo-a-passo;  tempo-a-tempo; espaço-a-espaço. Somos todos Artistas!

Não fomos nós que inventamos a vida, ela precisa ser recriada, renovada e reinventada. Nossa obra-prima é… REVIVER, RENASCER: passo-a-passo;  tempo-a-tempo; espaço-a-espaço.  O criativo não é, simplesmente, o inédito, o que não existia antes.  O inédito não existe.  Criativo é não parar nunca de criar, de realizar as coisas.  Somos todos artistas!

Belém é aqui! Aqui é Natal. Onde nos encontramos. E na vida e no coração de cada um que se encontra a manjedoura de Cristo. Não vamos perder esta oportunidade de ver Jesus nascendo em nós!  É tudo o que precisamos!

Feliz natal a você e à sua família!

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS

 




Diocese de Assis

 

Muitos dos nossos desejos não passam de delírios circunstanciais. Ou votos supérfluos, que a boca pronuncia, mas o coração não sente. Ponderá-los e adequá-los à nossa realidade e, no mínimo, à nossa autenticidade ao expor um desejo a outrem, talvez seja excelente ocasião de lustrar a própria personalidade, o mais perfeito visual do que realmente somos ou exibimos para os nossos semelhantes.

Desejar algo de bom é também abençoar o irmão. Por isso desdenho de muitos votos natalinos que por aí se ouvem. Proclamados em reclames comerciais ou em meio ao modismo das etiquetas e formalidades sociais, de nada valem. Para muitos, o silêncio e a reflexão sobre o significado dessa data cristã seria mais proveitoso, se o fizessem mesmo por coerência com seus comportamentos e ideais não cristãos.

Bom Natal! Que essa data toque mais profundamente os corações endurecidos pela indiferença ao mistério daquele presépio de Belém.

            Que a informalidade de nossas relações de amizade, coleguismo, cumplicidade no trabalho ou na sociedade, seja ao menos uma ação natural, forçada pelas circunstancias de tantos encontros e desencontros; nunca proposital ou construída pela defesa de interesses pessoais, escusos ao bem comum.

Que panetones e pizzas mal temperadas sejam banidas do cardápio de um povo ainda inseguro, porém nada ingênuo, cujos mandatários, vez ou outra, tentam ludibriá-lo com mimos e afagos nada ortodoxos. Prefiro ouro. Até incenso e mirra. Desde que estes venham das generosas mãos de Belchior, Gaspar e Baltazar, os três reis magos que se deixaram conduzir pela misteriosa estrela e contemplaram com os próprios olhos o milagre da reconciliação humana: o Salvador. Seus presentes não abafaram qualquer malandragem de poder, mas enriqueceram ainda mais a grandiosidade da revelação: “Vimos sua estrela e viemos para adorá-lo”.

Oh, quantos passos teríamos avançado se o Natal cristão não perdesse a mística dessa cena! O poder humano ali estava, representando não somente alguns povos, mas todas as raças daquela época. A riqueza humana, idem, no brilho do ouro. A mística também, na simbologia do incenso, perfume dos deuses! A mirra, ah, essa também, representando alívio para nossas dores e lenitivo para nossas almas… No entanto, muitos ainda preferem o incenso do poder, o bálsamo que lhes oferece a ilusão de perpetuar-se sobre as regalias do mando e desmando, à amarga incerteza das misérias humanas, a mirra dos que descem aos túmulos ainda em vida.

Que o sonho confuso de uma humanidade sem cotas, sem resquícios de discriminações raciais, de intolerância, de preconceitos, não se iluda com as variações do arco-íris – roubado em sua beleza para representar nossos desvios de conduta, nossas violações à polaridade homem-mulher – mas perceba em sua plenitude a fonte de riquezas da Nova e Eterna Aliança, o pacto de Amor sem limites, sem cores berrantes, sem ilusões, que Deus fez conosco.

            Que nossas conferências para salvar a Terra, planeta Água, não fiquem no papel de um compromisso formal e irreal na prática – como tantos papéis assinados – mas justifiquem a razão dos muitos champanhes com os quais brindamos um novo ano, novo tempo para o mundo, a própria humanidade.

Que, enfim, o Menino-Deus possa crescer entre nós sem as agulhas do indiferentismo humano, que lhe ferem o corpo e seu coração imaculado. Qualquer delírio humano, como rituais diabólicos que só os corações sem Deus são capazes de aceitar, nunca será instrumento para solução de problemas pessoais. Compreendamos, de uma vez por todas, que Deus-Pai é fonte de toda alegria e esperança renovada nas estrebarias da pobreza humana É Pai verdadeiro; nunca foi padrasto…

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]