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Diocese de Assis

 

Maio deveria mudar de nome: mês da Maioria… Maio, Maria, maioria. A grande maioria de católicos no mundo já aprendeu a associar o mês ao nome suave, sonoro e sempre consolador de Maria, mãe de todos nós, mãe do Filho de Deus. Mas esse maio difícil e assustador que estamos iniciando em nada nos parece simpático ao nome a ele vinculado. Um filme com o sugestivo título do clamor humano (Orai por nós!) que estreou na última sexta feira santa no seu país de origem, chega ao Brasil neste mês, com promessa de estreia no próximo dia 20. Nada seria tão trágico não fosse o enredo provocativo de mais uma satânica produção cinematográfica, tentando enlamear a beleza da fé cristã. Maria, nesta película que se diz artística, é apresentada com a face demoníaca a exibir sua pureza maternal, enquanto dissimula seu outro lado para enganar a fé do povo. Maria seria o antídoto de seu Filho, um engodo espiritual para desviar aqueles que o “bendito fruto do seu ventre” foi capaz de atrair. O outro lado da moeda da fé libertadora, apregoada por Jesus.

Mas de mentiras e ficções ardilosas já estamos fartos. A história de uma falsa e demoníaca aparição da Virgem Maria, produzido pela mente fértil de um descrente, Sam Raimi, na verdade é mais uma tentativa frustrada de sucesso às custas da fé cristã. Essa ficção sobre suposta aparição mariana nos prova apenas que o Demônio age esporadicamente nos limites da realidade temporal, mas não pode realizar obras sobrenaturais, pois neste campo a mentira não tem vez, nem voz. Graças a Deus! Mas, para evitar confusão, é bom alertar previamente os incautos e desavisados, para que não se deixem instrumentalizar por argumentos tão vazios da lógica cristã.

Um personagem do filme bem o afirma: “Quando Deus constrói uma Igreja, o Demônio constrói uma capela ao lado”. Que este continue em sua triste e desastrosa sina, pois daqui de nosso mundinho sofrido e pressionado por tantas mazelas, ainda soa o canto constante registrado desde o início da nossa fé: “De toda a Igreja subia incessantemente a oração da Deus” (At 12,5). Somente esse “filme”, o brado da nossa fé, nos interessa agora. O brado incessante ao Senhor e o clamor popular que elevamos a Maria, em especial neste mês consagrado à sua devoção. Papa Francisco, aos pés de uma imagem de Nossa Senhora do Socorro, na Capela Gregoriana do Vaticano, deu início neste mês a trinta dias de orações pela intercessão de Maria para que Deus nos livre desses dias febris e pandêmicos.

Mais uma vez a Igreja reforça sua devoção e crença na intercessão mariana. Quantas vezes ouvimos ou proclamamos essa verdade: peça à Mãe que o Filho atende? Pois o Papa reforça agora essa mediação sacrossanta da Mãe dos homens junto aos tribunais divinos. É hora de unidade ao redor da Mãe, de confiança plena, não negação do que vimos e testemunhamos até aqui, independente de qualquer ação demoníaca que minasse nossa fé, nossa devoção mariana. Não caiamos nesse buraco negro da negação da fé, do negacionismo das doenças e tribulações que bem sentimos, de qualquer outra incerteza ou insegurança que coloque em dúvidas as forças espirituais que nos protegem. Vamos, sim, continuar clamando. Neste abençoado mês de Maria trinta santuários marianos ao redor do mundo estarão rezando, diariamente, (um a cada dia) o santo Rosário, para que nossa Mãe interceda. Papa Francisco saiu à frente

“Mae do Socorro, acolhei-nos sob o vosso manto e protegei-nos, sustentai-nos na hora da provação e acendei em nossos corações a luz da esperança pelo futuro”, clamou o Santo Padre. Não é essa a oração da maioria?

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]

 

 

 




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Perguntei a um amigo se ele conheceu a pessoa motivo de um novo processo em curso. Afinal, só a abertura desse processo já é para nós uma notícia alvissareira. Nem sempre alcançamos vitória nesses trâmites burocráticos, que colocam à claro e devassam por completo a vida de uma pessoa. Às vezes demanda anos, séculos para um veredicto final. Mas raramente se inicia logo após a morte do investigado, como é o caso em pauta.

Tatto, meu amigo e irmão missionário, respondeu imediatamente: “Conheci sim. Um dia ele me telefonou, disse que queria muito falar comigo. Marcamos na casa São José. Chegou aquele senhor, já de idade, com muita simplicidade me pediu que lhe falasse sobre o dízimo. Ficamos conversando sobre a importância do dízimo na vida das pessoas. Falou-me da nova congregação, dos problemas que estava enfrentando e da ajuda inestimável do “Chará”, seu grande amigo e, pelo que entendi, cofundador. Precisava de um lugar para acolher os candidatos. Ofereci para ele a casa São José… Lembra daquele chalé que tinha antes de chegar no grande salão? Foi lá. Os padres Salvistas são muito amigos e fazem aqui na diocese um grande trabalho”, concluiu Antoninho, recomendando-me contacto com o atual provincial da congregação.

De quem estamos falando? Primeiro vamos situar as referências aqui citadas. A casa São José é uma grande casa de retiros da Diocese de Santo Amaro – SP, onde o Meac esteve sediado por vários anos. Por lá passou pe. Marcelo Rossi, quando ainda seminarista, com o qual tivemos oportunidade de convivência, em especial no período de formação de alguns dos nossos missionários leigos. A reforma e administração da casa estava confiada ao Tatto pelo então bispo daquela diocese, D. Fernando Figueiredo. Foi ele o bispo responsável pela vinda do diretor e fundador das Faculdades Associadas Ipiranga (FAI) para São Paulo, o padre Gilberto, bem recebido no clero daquela diocese.

Pe. Gilberto Maria Defina era seu nome… Eis nosso assunto. Um nome anunciado com alegria pela Igreja do Brasil como mais um possível candidato aos altares católicos. Não há Nihil Obstat para tal. O atual bispo de Santo Amaro, Dom José Negri autorizou nesta semana a abertura da fase preliminar do processo e a própria CNBB também já deu parecer positivo. Dia 22 de maio, véspera de Pentecostes, será celebrada missa em ação de graças no Santuário Mãe de Deus e no dia 30 de outubro deste ano dar-se-á a Missa de abertura do Processo, quando os restos mortais do padre Gilberto serão transladados para a capela do Seminário Nossa Senhora de Pentecostes.

Então, quem foi esse possível “santo” ainda desconhecido no Brasil? Nasceu em 2 de agosto de 1925, em Ribeirão Preto (SP) e faleceu em 5 de dezembro de 2004, em São Paulo. Seus 79 anos de vida foram pautados por muito trabalho com a formação de jovens. Seu ministério tinha especial diligência com o sacramento da confissão e a direção espiritual. “Já em vida gozava de fama e santidade”, sublinhou o frater José Maria, membro da comissão de beatificação e canonização do sacerdote.

Carismático desde sempre, dedicou muitos anos a esse movimento, tendo sua agenda sempre lotada e fundando o primeiro seminário carismático do mundo, a Fraternidade Jesus Salvador, conhecidos hoje como os Salvistas. Esta comunidade é composta por padres, religiosos, religiosas e leigos provenientes da Renovação Católica. Esse espaço é pequeno para maiores relatos, mas a vida desse grande homem em breve será um livro aberto ao mundo, posto que a santidade sempre derruba fronteiras e põe às claras as virtudes de muitos pecadores como todos nós. Logo poderemos dizer: Pe. Gilberto, rogai por nós!

WAGNER PEDRO MENEZES – [email protected]

         

 




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Se algo de bom é possível tirar de uma crise que afeta a todos, em especial quando esta nos aponta o tênue fio entre vida e morte, a solidariedade é um desses benefícios. Salta aos olhos esse sentimento humano diante do caos e das dores que nos afligem. A sensibilidade e a religiosidade estão à flor da pele de grande maioria. De repente, o ser humano descobre que nada mais é do que um dependente incondicional das forças que nos regem, em especial aquela que nos deu a vida, o próprio Criador.

Fonseca, parceiro e irmão nessas reflexões, bem definiu esse assunto: “Se fecharmos a porta para todos os males, o bem ficará fora também”. Isso mesmo, meu caro. Não é hora de tamparmos o Sol dessa realidade com a peneira de argumentos sem sentido. É preciso encarar fatos e respeitar limites, se quisermos prosseguir nessa aventura existencial. Então Fonseca prossegue: “A dualidade desafia nosso discernimento. Precisamos acolher a todos, portadores do bem e portadores de males. Sabe você que vivi e vivo ainda em família o esfriamento de ter sido dependente químico. Hoje chego à conclusão de que todos são. Você é dependente de um elemento químico elementar: o oxigênio. Se você ficar três minutos sem consumir 02 vem a óbito. A pandemia vem ensinar que estamos todos no mesmo “balão de oxigênio”, nossa casa comum! Somos portadores de uma autonomia de apenas três minutos. Por isso retirem suas tristezas e alegrias do caminho que eu quero desfilar com minha poderosa respiração de três minutos”.

Diante desse quadro, sobra-nos o que vem do alto, do Espírito que habita em nós e consola nossas almas, nosso coração angustiado. É preciso renascer sempre, mesmo diante das tribulações de um momento negro. Nascer de novo. Foi esse o desafio proposto a Nicodemos. “O vento sopra onde quer”, disse-lhe Jesus, acrescentando: “ouve-lhe o ruido, mas não sabes donde vem, nem para onde vai, Assim acontece com aquele que nasceu do Espírito” (Jo 3,8). O segredo da vida não está no ar que respiramos, mas no sopro divino que renova nosso espírito todos os dias, ou seja: o Espírito Santo que ilumina e aquece nossa alma, que conduz e governa nossas vidas, que consola nosso espírito sedento de luz…

Esse sim é o alento da vida daqueles que acreditam num mundo novo. “Com efeito, de tal modo Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça”. Isso é misericórdia, amor divino, com a ação de seu Espírito em nós. Essa é a vitória da vida sobre e morte, da qual floresce a promessa que abre todas as portas da nossa insegurança, diante dos males de um mundo em guerra constante. “A paz esteja convosco!” é a saudação daquele que venceu a morte e hoje sopra sobre seus discípulos um novo alento de vida e esperança: “Recebei o Espírito Santo”…

Enfim, Deus pode tudo, bem o sabemos. Morrendo, destruiu a morte, diz trecho da grande oração eucarística… Essa é a chave de que necessitamos para superar nossos momentos de insegurança. Fé. Fé incondicional e irrestrita, mesmo quando o ar que respiramos esteja carregado e nebuloso, e sopre sobre o mundo o cheiro fétido da morte. Olhemos para o Alto. Jesus ressuscitado se põe em nosso meio vencendo paredes físicas, portas e janelas fechadas, mas estar em nosso meio não basta. Temos que abrir as portas de nosso coração, as paredes que nos separam dessa realidade encarnada em nós: Deus dentro de nós! Como Tomé, vamos repetir: “Meu Senhor e meu Deus”! Então, sim, Ele viverá em nós, em nosso coração. Misericórdia, Senhor!

          WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]




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Você tem fé? No que ela está baseada? Em que ela se sustenta? Qual o seu fundamento?

A fé, acima de tudo e, sempre, é um dom de Deus concedido a todas as pessoas, indistintamente, como semente, capaz de crescer e de se desenvolver, segundo a disposição de quem a recebe.

Há um dinamismo na fé que combina ação-presença de Deus com abertura-resposta humana, no que chamamos História de Salvação. Cada passo de uma pessoa que, inclui, escolhas, renúncias, decisões, ações etc marca um longo processo de conversão, uma caminhada, que vai do nascimento à morte.

A fé é um acontecimento único na vida de cada pessoa porque obedece um ritmo e dinamismo próprios. Ninguém vive a fé pelo outro, embora ela tenha forte expressão comunitária.

A fé, genericamente, pode estar baseada, sustentada e dirigida a tudo e quanto é coisa que se possa imaginar e querer: seres, entidades, valores, forças, energias, crenças, religiões… Tudo é passível de fé. Cada um acredita no que quiser. Entretanto, nem tudo diz respeito à Fé Cristã.

O fundamento cristão da fé está baseado e sustentado pelo Mistério da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus. Nisto consiste a sua verdade e identidade. É cristão, tudo o que se refere a Cristo e seu Mistério. Por isso, acima de tudo, é preciso garantir o fundamento e a solidez da fé porque, ter fé, não se trata, simplesmente, de crer, mas, o que crer!

Hoje, se vive, no mundo inteiro e, particularmente, no Brasil, uma explosão da fé, mas, isso não quer dizer que toda fé, dentro desta explosão, seja cristã. Existem denominações, comunidades e bíblias de todo e quanto é tipo, versão, doutrina e entendimento, mas, isso não significa mais amor, justiça, misericórdia e fraternidade.

Cada vez mais, a fé está se distanciando do seu fundamento e significado. Mais parece estar a serviço das necessidades e urgências ‘do crente’, do que da conversão para Deus. A fé mais parece estar na moda do que na vida; mais na boca do que no coração; mais nos dedos do que na alma; mais nos olhos do que no espírito.

A fé pode estar se distanciando, drasticamente, de sua origem e meta porque, acaba sendo, apenas e, tão somente, um subproduto de uma religião de resultados. A pessoa busca, na fé, um meio para obter sucesso pessoal, prosperidade, cura, milagre, revelação, bem estar, conforto, consolo, graça, poder, status e projeção. Servindo, basicamente, de trampolim, muda-se de fé, cada vez que o resultado pretendido não é alcançado.

Justificando resultados, muitas pessoas reclamam para si uma fé pura, imbatível, insuperável e comprovada. Mas, que fé é essa que precisa de provas e sinais?

Essa, com certeza, não é a fé do Cristo!

A fé tem sido mais medo do que confiança; mais dúvida do que certeza; mais suspeita do que do que esperança; mais resistência do que entrega; mais teoria do que prática; mais fechamento do que abertura; mais frouxidão do que ousadia; mais prisão do que liberdade, mais mágica do que graça.

A fé não precisa provar nada. Uma fé comprovada não precisa de provas!

Se você tem mesmo fé, ao invés de pedir para ver, mostre; ao invés de querer receber, dê; ao invés de precisar falar, silencie; ao invés de ter que demonstrar, aceite; ao invés de ostentar, humilhe-se; ao invés de impor, permita; ao invés de enquadrar, liberte.

A fé Cristã tem, sim, milagres, curas, revelações, prodígios, graça, consolo, conforto e muito mais, se necessário, para o progresso do cristão que decidiu dar passos na longa caminhada de conversão.

As palavras de Jesus a Tomé: “Felizes os que acreditaram sem ter visto” (Jo 20,19-31), continuam tão válidas e atuais para todos os ‘crentes’ que juramos ser.

 

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS




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Viver a fé cristã exige a crença na ressurreição dos mortos. Sem esta, nossa fé é vã, como bem disse o apóstolo. “Só tu, ó Mestre, tens palavras de vida eterna”, afirmou Pedro. Acontece que grande maioria dos seguidores do Mestre galileu ainda não se deu conta dessa verdade, incrível, mas incondicional verdade: sem ressurreição tudo o mais perde sentido. A Páscoa cristã celebra a vitória da vida sobre a morte.

Por isso é que dizemos que alguém fez sua Páscoa ao nos referirmos à sua morte. Estamos nos referindo à sua “passagem”, ou seja, mudança desta para outra vida, do mundo físico e de sua realidade material para um mundo em dimensão mais ampla, posto que acreditamos em nossa realidade espiritual. Acreditamos mesmo? Então por que dor e sofrimento, lágrimas copiosas, lamento e até injúrias contra os céus quando a morte nos bate à porta, nos rouba a convivência com um ente querido, nos fere tão profundamente? Porque essa é a vida que ainda temos e não nos foi dada uma nova experiência de vida senão aquela que nossos olhos vislumbram e nosso coração anseia por preservá-la. Nada mais natural. Correto, corretíssimo, conquanto somos amantes da vida, não da morte.

Onde entra nossa realidade espiritual, aquela salientada nos ensinamentos cristãos e bem assimilada pela singeleza da descoberta de Pedro? Palavras de vida eterna! Compreender esse mistério é descobrir a fonte da verdadeira vida. A plenitude que buscamos. A perpetuação que sonhamos. Essa foi a descoberta do pescador, diante dos questionamentos apresentados por Jesus. Quem quisesse seguir outros caminhos, ficasse à vontade. Somos livres para escolher nossa estrada. Ou fincar nossos pés nesta vidinha rápida e prazerosa, feita de momentos e alegrias fugazes, ou levar adiante nosso sonho de eternidade e, mais ainda, acreditar na possibilidade de ressurreição, de vida nova em Cristo!  O livre-arbítrio é direito nosso. Podemos escolher entre as paredes de uma vida finita e a amplitude de uma existência mais que perfeita, posto que infinda.

De Cristo dizemos ser Ele a ressurreição e a vida. Tanto que salientamos sua presença no meio de nós, no hoje, no agora tanto quanto no inicio dos tempos e no seu tempo histórico entre nós. Cristo ontem, hoje e sempre! Sua presença física ainda é real através dos mistérios eucarísticos do catolicismo, mas sua presença espiritual entre nós e em nós continua como mistério só visível e compreensível aos que “ouvem sua palavra e a põe em prática”. Uma graça concedida àqueles de coração puro e alma sedenta de vida plena.

Nesta Páscoa coroada por tantos sinais de morte, aureolada pela dor e sofrimento de uma humanidade surda e cega ao milagre da vida, sejamos mais coerentes com os princípios de uma fé que vai além dos nossos limites terrenos. Cristo superou esses limites, venceu a própria morte! Não o fez apenas por méritos humanos, orgulho pessoal ou exibicionismo de poderes. Ressuscitou para que também nós pudéssemos seguir seus passos. Como Mestre e Senhor, apenas nos aponta um novo caminho, apresenta-nos outra perspectiva de vida além da realidade que aqui constatamos.

Se quisermos aumentar nossa fé e renovar nossas esperanças de vida plena e perfeita, sem pandemias, sem sinais de morte, olhemos mais seriamente as profundezas do túmulo vazio de Cristo. A pedra foi removida, Ele ressuscitou! Não mais ocupa o espaço limitado pela caridade de José de Arimateia, que lhe emprestou o próprio túmulo. Transformou a piedosa caridade humana ao sepultar seus mortos em ação de plenitude, de crença em algo mais, ou seja, também nós poderemos vencer a morte! Os passos do Ressuscitado deixam marcas na areia de nossas incertezas…

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]

 




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Quando os primeiros astronautas foram ao espaço, um procedimento era obrigatório ao retornarem à Terra: a quarentena. Sem conhecerem o que o mundo sideral poderia oferecer-lhes de ruim ou com que tipo de bactérias o contacto com o desconhecido poderia contaminá-los, ficavam isolados de tudo e de todos durante quarenta dias.

Mas a prática e o simbolismo numérico dessa prática remontam às mais remotas eras. Já a própria caminhada libertadora do Povo de Deus no deserto, durante quarenta anos, não deixa de ser uma referência à quarentena espiritual com sua ação purificadora diante da perspectiva de vida nova em terra de promissão. Ou seja: a plenitude espiritual só é possível após vencermos os desertos de nossas limitações e provações terrenas. Ninguém experimenta a plenitude de uma conquista sem lutar e fazer por merecê-la.

Também Cristo nos ensinou a respeito. E o fez de uma maneira bem pedagógica, antes mesmo de iniciar seu próprio ministério. Retirou-se para o deserto e durante quarenta dias abandonou-se à oração e ao jejum. Praticou um verdadeiro retiro, preparando-se espiritualmente para o embate que viria depois, numa clara referência à necessidade que temos de, como humanos, buscar forças na sabedoria divina. Cristo nos ensinou a assumir nossa responsabilidade missionária com o mundo de maneira submissa, porém nunca negligente com as revelações da fé. Estas só serão autênticas quando vazias dos dilemas e inseguranças próprias da nossa humanidade. Sem nossa purificação, nossa assepsia espiritual, dificilmente saborearemos em sua totalidade as alegrias de um mundo novo, uma vida nova, cujo significado está presente nos ensinamentos de Cristo. Portanto, viver o cristianismo é penetrar nas alegrias de sua doutrina.

Por isso, de quando em quando, é salutar e primordial uma quarentena que nos purifique das mazelas do mundo. A quaresma nos dá essa oportunidade. Tempo de maior proximidade com Deus e conosco mesmo, ela nos confronta com o mundo numa perspectiva de vida nova, renovação espiritual. Por isso, a Igreja nos convida a uma atitude de conversão neste tempo litúrgico, sugerindo-nos maiores atenções aos exemplos do Mestre, à sua prática do jejum e abstinência, ao sereno enfrentamento das tentações mundanas, para nos dizer que não somos melhores do que Ele próprio. Mesmo isento do pecado e das fraquezas humanas, Jesus se deixou tentar e se mortificou tão somente para nos deixar esse exemplo.

Num passado não tão remoto, a Igreja se vestia de roxo total. As matracas substituíam o belo sibilar de seus sinos. Velas e incensos cobriam seus átrios. Até os meios de comunicação, em especial muitas emissoras de rádios, deixavam de lado as músicas profanas para irradiar apenas músicas sacras ou eruditas. Jejum era questão de honra durante quarenta dias. A mística do povo aflorava com maiores vibrações durante a Semana Santa, o auge desse tempo litúrgico. O que mudou? Nada. Talvez não sejamos mais tão ostensivos na prática de manifestações religiosas, mas o essencial ainda permanece: é preciso conversão. É preciso mudança de vida.

Ainda bem. Porque somente assim poderemos entender a sequência do ministério redentor. Passado o martírio, a crucificação que nos redimiu e resgatou nossa identidade de filhos de Deus, eis que surge Pentecostes, o tempo da semeadura e da colheita. E, mais um detalhe: o Espírito Santo de Deus nos é dado quarenta dias depois da Ressurreição, da vida nova em Cristo. Então nossa quarentena purificadora se torna tempo de unidade, de revelação, de amor renovado, de tudo o mais…

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]




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          Pela segunda vez, um período quaresmal encontra fiéis cristãos em plena quarentena sanitária. Há mais de ano a humanidade exercita esse isolamento forçado, com muitas percas e luto cada dia mais próximo do círculo familiar e social de todos, independentemente de sua classe social, religião ou nação. O ser humano deixou de ser uma raça dominante, dominada que está pela insignificante cepa de um vírus devastador. A prepotência perde pontos para a insignificância. Será isso mesmo?

Sei do delicado momento que a história humana vivencia; todos sabemos. Mas algo de bom é preciso realçar entre os escombros de um mundo assustado, aquebrantado pela força destrutiva de uma doença contagiosa. Muitas dessas já tivemos no passado. Muitas vidas encerraram seus dias, mas nunca como nos dias atuais, sob os holofotes acesos da comunicação instantânea que agiganta a desgraça e apequena a graça da grande maioria dos nossos sobreviventes. Noventa por cento ou mais deixam seus leitos e retomam suas vidas com fé e esperança renovadas. Isso poucos falam, constatam. Vivemos a intensidade do caos e desprezamos a generosidade das graças.

Nesse aspecto, essa segunda quaresma diferenciada tem muito a nos ensinar. Seria o tempo litúrgico mais emblemático da fé cristã um referencial para esses dias de dores e sofrimentos existenciais? Quarentena e quaresma têm algo em comum?

Vejamos: o período quaresmal é um tempo de jejum e abstinência, de mortificações e reflexões sobre a fragilidade da vida, o que não difere em muito dessa quarentena forçada que estamos praticando. A questão é: por que não a direcionar mais para seu aspecto de fortalecimento espiritual? Por que não aproveitar melhor esse tempo de isolamento e nos aproximar um pouco mais de nossa realidade também espiritual, moldando nossas vidas ao modelo mais que perfeito do humano sofredor que tudo venceu, até a própria morte? ´

É tempo quaresmal. De conversão ao aspecto primordial da vida, pois que ocupamos um corpo, mas neste pulsa a alma humana, nossa vida! Muitos ainda não se deram conta dessa preciosidade: a alma anima, fornece vida. O corpo apenas acata, enquanto saudável e capacitado para tanto. Um dia vai fenecer.  Mas até lá, aproveite de forma justa e santa, todos os momentos que Deus nos deu neste mundo. Prefácio do outro, mais perfeito e justo, para o qual nos preparamos no aqui, no hoje da própria realidade, seja esta tranquila e serena ou circunstancialmente sofredora e pesarosa.

O assunto da morte é sempre inquietante. Porque aprendemos a amar a vida. E odiar a morte. “Uma grande inquietação foi imposta a todos os homens, e um pesado jugo acabrunha os filhos de Adão, desde o dia em que saem do seio materno, até o dia em que são sepultados no seio da mãe comum” (Ecle 40,1). Essa é nossa realidade. Porém, nem por isso vamos cruzar os braços e esperar nossa vez. A vida ainda é um dom de Deus, um direito sagrado, cujos dias estão contados nos planos do Pai, não nos nossos. Brigar, lutar, espernear se preciso faz parte do nosso instinto de sobrevivência, mas um dia seremos vencidos e, quando isso se der, que estejamos bem amadurecidos para merecer um diploma digno de bela moldura: “Combati o bom combate, acabei a carreira guardei a fé” (2 Tim 4,7).

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]




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A narração bíblica sobre o filho pródigo é uma lição maravilhosa para pais e filhos sobre relações familiares na base da misericórdia, mas é, também, um alento nesse tempo da pandemia que alastra a devastassão do esvaziamento.

Vale a pena ler o texto bíblico e buscar um bom entendimento. Eu, particularmente, acho que Santo Agostinho deu uma boa interpretação ao texto e acho-me no dever de compartilhar, ao menos, uma pequena parte

“O homem que tem dois filhos é Deus que tem dois povos: o filho mais velho é o povo judeu; o menor, os gentios. O patrimônio que este recebeu do Pai é a inteligência, a mente, a memória, o engenho e tudo o que Deus nos deu para que O conhecêssemos e Lhe déssemos culto. Tendo recebido este patrimônio, o filho menor ‘partiu para um país muito distante’. Distância significa: o esquecimento de seu Criador. ‘Dissipou sua herança vivendo dissolutamente’: gastando e não ajuntando; malbaratando tudo o que tinha e não adquirindo o que não tinha, isto é, consumindo toda sua capacidade em luxúria, em ídolos, em todo tipo de desejos perversos, aos que a Verdade denominou meretrizes.

Não é de admirar que essa orgia acabasse em fome. ‘Sobreveio àquela região uma grande fome’; fome não de pão visível mas da verdade invisível. E, por causa da fome, ‘foi pôr-se a serviço de um dos senhores daquela região’. À margem de Deus, por entregar-se a seus próprios recursos, foi submetido à servidão e lhe tocou o ofício de apascentar porcos, o que significa a servidão mais extrema e imunda. Alimentava-se então das vagens de porcos sem poder saciar-se. Vagens são as vistosas doutrinas do mundo: servem para ostentar mas não para sustentar; alimento digno para porcos, mas não para homens.

Até que, por fim, tomou consciência do lugar em que tinha caído; do quanto tinha perdido; Quem tinha ofendido e a quem se tinha submetido. Reparai no que diz o Evangelho: ‘Entrando em si…’; primeiramente, voltou-se para si e só assim pôde voltar para o pai. Dizia talvez: ‘O meu coração me abandonou (isto é: saí de mim mesmo)’ (Sl 40,13); daí que fosse necessário, antes, voltar para si mesmo e assim perceber que se encontrava longe do pai. É o que diz a Escritura quando increpa a alguns, dizendo: ‘Voltai, pecadores, ao coração! (isto é: voltai, pecadores, a vós mesmos!)’ (Is 46,8). Voltando para si mesmo, encontrou-se miserável: ‘Encontrei, diz ele, a tribulação e a dor e invoquei o nome do Senhor’ (Sl 116,3-4). ‘Quantos empregados, diz ele, há na casa de meu pai, que têm pão em abundância, e eu, aqui, a morrer de fome!’ (…).

Levantou-se e voltou. Ele, caído por terra depois de contínuos tropeços. O pai o vê ao longe e sai-lhe ao encontro. É dele que fala o Salmo: ‘Entendeste meus pensamentos de longe’ (Sl 139,2). Que pensamentos? Aqueles que o filho tinha em seu interior: ‘Levantar-me-ei e irei a meu pai, e dir-lhe-ei: Meu pai, pequei contra o céu e contra ti; já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como a um dos teus empregados’. Ele ainda nada tinha dito, só pensava em dizer. O pai, porém, ouvia como se o filho já o estivesse dizendo. Por vezes, em meio a uma tribulação ou tentação, alguém pensa em orar, e, no próprio ato de pensar o que irá dizer a Deus na oração, considera que é filho e que, como tal, tem direito a reivindicar a misericórdia do Pai. E diz de si para si: ‘Direi a meu Deus isto e aquilo; não temo que, em lhe dizendo isto, e chorando, não seja eu atendido pelo meu Deus’. Geralmente, Deus já o está atendendo quando ele diz estas coisas; e mesmo antes, quando as cogita, pois mesmo o pensamento não está oculto ao olhar de Deus. Quando o homem delibera orar, já lá está Aquele que lá estará quando ele começar a oração.

A hora da misericórdia de Deus é um caminho inteiro de espera por nós, que passamos uma boa parte de nossa vida fugindo ou permanecendo à distância. Mas Deus, sempre, espera e nos recompõe ao seu lado com festa abundante.A Misericórdia de Deus não se cansa. Pelo contrário, na paciência Deus espera por ti e por mim!

 

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS

 




DIOCESE DE ASSIS

A recente viagem missionária do Papa Francisco ao Iraque deixou preocupados vários setores da diplomacia mundial. Não seria uma atitude provocativa de um organismo sempre criticado e visado pelos movimentos terroristas, políticos e ou religiosos daquela região? Não estaria o Papa interferindo no processo de paz tão longa e penosamente desenvolvido por nações imperialistas? O momento crítico da pandemia mundial não seria afetado por possíveis aglomerações de adeptos? As perguntas se sucediam tão rapidamente quanto a decisão do líder religioso em levar a termo essa importante visita pastoral, fosse em que época fosse ou estivesse ou não em perigo sua integridade física.

O Papa ignorou tudo isso para priorizar algo mais precioso, a necessidade do diálogo, a construção de pontes, não muros. Ir à fonte da fé monoteísta, onde o Pai Abraão iniciou sua caminhada missionária rumo aos povos bárbaros, era um sonho que não mais poderia ser adiado. O então Papa João Paulo II desejou ardentemente essa visita, mas à época sua cabeça estava a prêmio por lá. No entanto, seu coração pulsava de amor por essa missão que lhe foi impossível. A porta do diálogo e das ações ecumênicas desenvolvidas desde então traçou o roteiro que Francisco enfim realizou. Ur, terra da Promissão às avessas daquela caminhada libertadora de Moisés, eis que chegou sua hora! Eis que a caminhada inversa de um líder religioso resgatou sua memória de predileção divina, fonte e origem das promessas de Deus a seu povo e ordem missionária sempre presente na nossa história de fé: Quem enviarei eu? Vai, vai tu, missionário do Pai. Ou: Se Deus é por nós, quem será contra nós? Aqui estou, Senhor! Envia-me. Essas questões de certa forma tiverem origem na pequena e emblemática Ur, terra de Abrão, fonte da nossa fé num único e verdadeiro Deus.

Pois bem: o Papa teimou e foi. O povo iraquiano o recebeu de braços abertos, com o coração em júbilo e agradecido pela esperança renovada nessa preciosa visita fraternal, paternal, filial… Recebido pelas lideranças das maiores religiões que atestam a unicidade e veracidade divina, Francisco pisou o solo iraquiano como um bom e dileto filho pisaria a terra de seus pais, com respeito e admiração pela história bem contada e consagrada no seio de seu povo santo e predileto do Pai. Não só o pai da fé, mas sobretudo o Pai de todas as coisas, Aquele que nos criou e nos confiou uma missão: Ide!

O bom filho à casa torna! Uma das civilizações mais antigas da história da humanidade, Ur é considerada terra do patriarca Abraão, que deu origem às três principais religiões monoteístas: islamismo, judaísmo e cristianismo. “Deste lugar, onde nasceu a fé, da terra de nosso pai Abraão, vamos afirmar que Deus é misericordioso e que a maior blasfêmia é profanar seu nome odiando nossos irmãos e irmãs”, afirmou Francisco, que acrescentou: “Hostilidade, extremismo e violência não nascem de um coração religioso: são traições da religião”. A linguagem ponderada, cautelosa e sempre propícia ao diálogo dera o tom dessa visita histórica. Pela primeira vez um líder do catolicismo e o principal clérigo muçulmano do Iraque, o aiatolá Ali Al-Sistani, estiveram frente a frente por mais de hora, num encontro que propunha paz e coexistência, já que a população muçulmana no Iraque é de 95 % e as vertentes cristãs somam pouco mais de 1%.

O que fica desse esforço de diálogo é quase um gesto concreto dum momento quaresmal onde muitas Igrejas tendem a maiores aberturas ecumênicas, em especial onde campanhas fraternais fazem desse tema um projeto de longo prazo. Eis a realidade: esse prazo não mais existe, é agora, no aqui, no hoje da história que estamos vivendo. O Papa não espera, faz acontecer. Tenhamos nesse exemplo a prática que nos falta. Para Deus não existe missão impossível, ela acontece mediante nossa disponibilidade de sair de nosso mundinho e contemplar a realidade. Com Abraão foi assim. Com Francisco está sendo assim.

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]




Diocese de Assis

Você e eu sabemos: se fosse pelo merecimento, não teríamos a melhor parte; se fosse pelas obras, não receberíamos o pagamento completo; se fosse pela competência, não teríamos todo o reconhecimento; se fosse pelo amor, não passaríamos na prova; se fosse pela fidelidade, não estaríamos justificados; se fosse pela gratidão, não mereceríamos louvores; se fosse pela humildade, não sobreviveríamos às durezas da vida; se fosse pela perseverança, não conseguiríamos vitória; se fosse pela liberdade, não seríamos totalmente aprovados; se fosse pelo perdão, não seríamos absolvidos…

O fato é que, estamos no pecado e, ainda, nos gabamos disso. Não temos méritos pessoais porque “a morte é o salário do pecado” (Rm 6,23). Estamos vivos pela graça de Deus. Ele não nos trata conforme exigem as nossas faltas. Aliás, se levasse em conta as culpas, quem poderia resistir? (Sl 129,3).

É verdade que Deus não poupa ninguém! Ele “não poupou seu próprio filho” (2Cor 8,32). Sua lei é a liberdade. Ele nos julga conforme o nosso procedimento e faz justiça. E, ao invés de, em primeiro lugar, sentenciar o pecador, sentencia o pecado: morte ao pecado e resgate ao pecador. Porque Deus ama o pecador, mas odeia o pecado. Coloca-nos diante de nossos pecados para despertar, em nós, a conversão, para uma vida nova: “Por acaso, eu sinto prazer com a morte do injusto? – oráculo do Senhor Javé. O que eu quero é que ele se converta dos seus maus caminhos, e viva (Ez 18,23).

O que nos resta fazer, então? Continuar fazendo de conta; fingindo; deixando para depois…?

A hora é agora! Precisamos ‘gastar nossos créditos’ na busca da conversão. Começando pela conversão pessoal, avancemos para a conversão familiar, social, econômica, política, religiosa, cultural…

É preciso ter coragem de dar passos. Comece pelo primeiro e os outros formarão a caminhada.

Passo 1: “Falem e ajam como pessoas que vão ser julgadas pela lei da liberdade, porque o julgamento será sem misericórdia para quem não tiver agido com misericórdia. Os misericordiosos não têm motivo de temer o julgamento” (Tg 2,12-13).

Passo 2: “Não siga suas paixões. Coloque freio nos seus desejos. Se você permite satisfazer a paixão, ela tornará você motivo de zombaria para seus inimigos. Não se entregue a uma vida de prazeres, para não se empobrecer com os gastos. Não se empobreça banqueteando com dinheiro emprestado, quando você não tem nada no bolso” (Eclo 18,30-19,3).

Passo 3:Lavem-se, purifiquem-se, tirem da minha vista as maldades que vocês praticam. Parem de fazer o mal, aprendam a fazer o bem: busquem o direito, socorram o oprimido, façam justiça ao órfão, defendam a causa da viúva. Então venham e discutiremos – diz Javé” (Is 1,16-20).

Passo 4: “Lembrem-se dos primeiros dias, depois que vocês foram iluminados: vocês tiveram que suportar uma grande e penosa luta, ora expostos publicamente a insultos e tribulações, ora tornando-se solidários com aqueles que assim eram tratados. De fato, vocês participaram do sofrimento dos prisioneiros e aceitaram com alegria ser despojados dos próprios bens, sabendo que possuíam bens, que são melhores e mais duráveis. Portanto, não percam agora a coragem, para a qual está reservada uma grande recompensa” (Hb 10,32-39).

Reencontrar as razões da fé significa, significa, antes de tudo, buscar a conversão, porque “ao injusto, porém, Deus declara: ‘De que adianta você recitar meus preceitos e ter sempre na boca a minha aliança, se você detesta a disciplina e rejeita as minhas palavras? Você se comporta assim, e eu devo me calar? Você imagina que eu seja como você? Eu o acuso e coloco tudo diante dos seus olhos!’ Quem me oferece um sacrifício de confissão me glorifica; e a quem segue o bom caminho, eu mostrarei a salvação de Deus (Sl 50,16-17.21-23).

 

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS