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Diocese de Assis

Numa semana contextualizada pela volta do terrorismo talibã e pela queda sem resistências de um governo mal equilibrado sobre as hastes de uma democracia ainda insegura, o povo afegão despertou no mundo o sentimento da solidariedade humana. Ver pessoas arriscarem suas vidas agarradas às asas e trens de pouso de um avião superlotado, apenas com o intuito de fuga, é, de fato, uma cena questionadora. Diz-nos, com todas as letras, que a liberdade e o direito de professar nossas crenças ainda é o bem maior do ser humano. Mas a vida não aceita voos cegos.

Tal qual a cegueira de muitos que ainda teimam em não se vacinar contra os malefícios que a cerceiam. Não é uma simples questão política, ou religiosa, ou social, mas estar imune pode significar a própria salvação da espécie. Eis onde entram pontos comuns na pauta da semana: Enquanto o mundo contempla a tresloucada invasão de um aeroporto por uma população desesperada e assustada com o próprio futuro, o Papa Francisco vem a público defender a necessidade de vacinação em massa como ato de amor. “Graças a Deus e ao trabalho de muitos, hoje temos vacinas para nos proteger da Covid 19!”

Neste contexto, as palavras do Papa soam quase que ironicamente como alheias às dores daquela nação, mas trazem em seu bojo algo mais: “Vacinar-se é um ato de amor. Ajudar a fazer que a maioria das pessoas se vacinem é um ato de amor, não só por si mesmo, mas também pelos familiares, amigos, amor por todos os povos”. Então Francisco contextualiza: “O amor também é social e político. É universal, sempre transbordando de pequenos gestos de caridade pessoal, capazes de transformar e melhorar as sociedades”. Percebeu aqui a amplitude dessa mensagem? O bem comum nasce do respeito à liberdade do outro, seja esta uma questão pessoal ou política ou religiosa, mas que atinge a todos quando não aceita de forma democrática e consciente.

O mundo necessita dessa vacina. Estar imune aos malefícios de uma doença torpe, tanto física quanto moral, é questão de vida ou morte. Conclui, então, o Papa: “Peço a Deus que cada um possa contribuir com seus pequenos grãos de areia, seu pequeno gesto de amor. Por menor que seja, o amor é sempre grande. Contribua com estes pequenos gestos, para um futuro melhor!”.

Se forcei ou não uma mensagem com destinatário bem específico – aquele que se nega a dar o braço por uma causa mundial – a sonhada imunidade de rebanho – é porque as circunstâncias dos fatos nos levam a outro aspecto dos acontecimentos que nos assombram: necessitamos mais do que nunca de uma vacina contra o vírus da indiferença e da alienação. Não podemos cruzar nossos braços e ficar alheios à volta do radicalismo e da intolerância daqueles que aspiram apenas poder e glórias pessoais. Grupos fundamentalistas são tão ou mais mortíferos quanto qualquer vírus ou doenças pandêmicas.

Leia, mais uma vez, o alerta papal, e descobrirá nas entrelinhas a atualidade de uma mensagem que vai além de um simples ato de profilaxia. A vacina é benéfica a todos. Estar imune aos malefícios de uma doença física nos garante uma sobrevida, mas estar imune ao radicalismo religioso e político também nos garante a sobrevivência da espécie. A humanidade anseia por sua imunidade sobre todos os males. Ao cristão foi dada a certeza dessa sua inviolabilidade acima da vulnerabilidade física. Pois “eu sou a ressurreição e a vida. Quem acredita em mim mesmo que morra, viverá (Mt 11, 25). Ou, como ouvimos hoje: “O Espírito é que dá vida, a carne não adianta nada” (Jo 6, 63). Contra a insegurança sobre essa verdade é preciso vacinar nossa fé.

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]




Diocese de Assis

Presas a preocupações minúsculas e, quem sabe, insignificantes, as pessoas não se dão conta da grandiosidade da existência e profundidade da vida. Por isso não conseguem se deter em questões que exigem reflexão, conversão e compromisso. E a bem da verdade a vida merece e precisa, mais investimento e melhor empenho, de nossa parte, do que, realmente, estamos oferecendo ou dispostos a oferecer.

Estamos em dívida conosco mesmo! Não parece que estejamos ‘bem da cabeça’!

Já se espalhou, entre nós, uma verdadeira inversão de valores e isso não parece doer em nossa consciência; estamos nos fartando de migalhas como se fosse um maravilhoso banquete; estamos propagandeando a ilusão como se fosse o anúncio de um grande sonho… materialismo, hedonismo, status, poder, fama… estamos nos enchendo de um grande vazio.

Estamos nos convertendo num grande abismo (que, acaba atraindo outros abismos).  Nada é suficiente, o bastante, para matar a sede e a fome do quero mais um pouco! Por mais de um pequeno instante, nada mais consegue preencher, satisfazer, contentar ou realizar nossos desejos e vontades que se tornaram soberanos. O que se vê é que, a cada instante é preciso mais de cada coisa para se obter um resultado cada vez menor.  Alguns dizem que isso é falta de Deus! Eu digo que não! Não é falta de Deus. É idolatria. Um outro deus foi colocado no lugar de Deus: o ego abismático de cada pessoa. Para mim isso é uma doença: é a Síndrome da Humanidade Oca. No fundo estamos mortos! A vida perdeu o sentido! Estamos enterrados vivos!

Não podemos viver a vida como se fosse um faz de contas. Não é possível continuar sem se colocar questões importantes; sem refletir a vida; sem pensar profundamente a existência.

“Jesus atravessava cidades e povoados, ensinando e prosseguindo caminho para Jerusalém. Alguém lhe perguntou: ‘Senhor, é verdade que são poucos os que se salvam’? (Lc 12,22-23). Essa pergunta é incômoda mas, parece não incomodar muita gente. E, por que não incomoda? Porque alguns acham que salvação é assunto para depois (da morte)! Outros sustentam que é uma invenção com a finalidade, única, de controle social. Outros, que já estão condenados. Outros, ainda, que já estão salvos.

E você, sente-se incomodado ou se encaixa num desses grupos?

Quem sabe esta seja uma questão vencida porque, além de preocupados com questiúnculas (coisas miúdas), estamos ocupados em aproveitar a vida, nas medidas do tempo presente, já que não existe total esperança para além do túmulo; para depois da morte.

Mas a Sagrada Escritura assevera: “Se nós pregamos que Cristo ressuscitou dos mortos, como é que alguns de vocês dizem que não há ressurreição dos mortos? Se não há ressurreição dos mortos, então, Cristo também não ressuscitou; e se Cristo não ressuscitou, a nossa pregação é vazia e também é a vazia a fé que vocês têm (…). Se a nossa esperança em Cristo é somente para esta vida, nós somos os mais infelizes de todos os homens” (1Cor 15,12-14.19).

Ora, o assunto sobre a Salvação é assunto muito sério, profundo e pertinente à vida de cada um de nós. Aliás, deveria estar na boca, no coração e na busca diária de cada um, como princípio e fundamento de fé. Devemos nos colocar, diariamente, como candidatos à salvação e seguir a direção que a Palavra nos dá: a) A Salvação pertence ao nosso Deus e ao cordeiro (Ap 14,1-7.12-13); b) não ignorem coisa alguma a respeito dos mortos (1Ts 4,13-18); c) façam todo esforço possível para entrar pela porta estreita (Lc 13,22-30); d) estejam preparados! Fiquem vigiando! Porque vocês não sabem a que dia virá o Senhor (Mt 24,37-44); e) façam da partilha um dom capaz de destruir qualquer orgulho e apego às coisas (Mc 10,17-22).

A Salvação é Plano de Deus e, ninguém é obrigado a aceitar. Mas, quem o aceita está chamado a uma vida que tem sentido e valor, neste mundo e depois do túmulo.

Eu creio na vida eterna, escrita pelo sangue de Cristo em nosso corpo mortal.

Pe. Edvaldo P. Santos




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          Qualquer que seja o assunto, “nunca permita que o orgulho domine o teu espírito ou tuas palavras, porque ele é a origem de todo mal” (Tob 4,14). Eis o orgulho. Eis a fonte profícua, a raiz de toda e qualquer maldade humana.

Não vou aqui dissertar sobre um tema de moral ou ética, pura e simplesmente. Não é minha intenção arvorar-me em um doutorado que não possuo. Seria presunção da minha parte, outra forma de orgulho, que alimenta nossa vaidade. A bem da verdade, não sei sequer o que pretendo com o assunto em pauta. Mas vamos em frente.

Resolvi abordá-lo à luz dos conselhos de um pai ancião, Tobit, que no leito da própria morte orientou seu filho, Tobias (aquele do livro bíblico, cujas citações aqui presentes você encontrará no quarto capítulo, seguindo os versículos referentes). Seus conselhos estão eivados da humildade que esse momento proporciona. A morte se avizinha, está à porta! Que se danem nossas vaidades, o orgulho pessoal, as conveniências… São conselhos do pai moribundo, porém temente a Deus. Conselhos de um homem de fé.

“Ouve, meu filho, as palavras que te vou dizer”. Eis o desejo de um pai que se despoja de tudo, especialmente de sua sabedoria e espiritualidade, a melhor das heranças que um pai pode legar a um filho.

Primeiro: “Honrarás tua mãe todos os dias de tua vida”. Oh, Deus, como o mundo está distante desse princípio! Quantos filhos às margens dos padrões familiares, sem o aconchego de um lar, sem a presença materna a lhes conduzir os primeiros passos! “Conserve sempre em teu coração o pensamento e Deus” (4). Ao menos isso, pois que é cada vez maior a distância entre a fé e a vida.

Assim, quem sabe, verás as necessidades dos mais próximos. “Dá esmolas… não te desvies de nenhum pobre, pois assim fazendo, Deus tampouco se desviará de ti” (7). Ah, segredo sábio e santo! Só os despojos da morte para nos ensinar a razão de nos despojarmos de nós mesmos, de nossas mesquinharias e ilusões que acumulamos em vida. “Se tiveres muito, dá abundantemente; se tiveres pouco, dá desse pouco de bom coração” (9). Obrigado, pai Tobit, porque a esmola é prática dos vivos, não dos mortos.

Então molde tuas ações na prática do bem, sem olhar a quem. “Guarda-te de jamais fazer a outrem o que não quererias que te fosse feito” (14). Queres mais? É claro o princípio da convivência fraterna, a origem da justiça divina sem revide, sem retaliações. Se é desagradável a ti, também o será a outrem. Se isso dói em ti, te fere, te magoa, certamente será da mesma forma ao semelhante. As regras da convivência humana, distantes da lei do talião, do olho por olho (pois assim estaríamos todos cegos) é o caminho mais coerente da fraternidade que sonhamos.

Conselhos básicos, primários! Conselhos de alguém que parte e leva consigo a sabedoria de uma existência. Eis, portanto, o último conselho, aquele que deveria ser o primeiro na busca dos valores que almejamos em vida: “Bendize a Deus em todo o tempo, e pede-lhe que dirija os passos, de modo que os teus planos estejam sempre de acordo com a sua vontade” (20). Depois dessa, só mesmo sendo surdo para não entender a clareza desse apelo. Que nossos planos estejam em sintonia com os planos de Deus! Nunca desprezes uma voz de experiência, uma lição de casa, em especial aquela da casa paterna sabiamente governada pela sintonia com a vontade de Deus. Um conselho paterno, com esses princípios, é um conselho do próprio Deus.

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]




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“Não tenha medo, pequeno rebanho, porque o Pai de vocês tem prazer em dar-lhes o Reino” (Lc 12,32).

O Pai tem prazer em dar-nos o Reino! Por que?

Afinal, quem somos nós para Deus? O que é o Reino para que o Pai tenha prazer em dá-lo a nós?

É algo tão bom ou melhor do que aquilo que nós esperamos, queremos, procuramos e, buscamos? O que tem a ver conosco? É de comer, de beber ou de vestir? Em que é compatível com a nossa vontade?

Todos nós estamos cercados de necessidades e vontades. Claro! São propensões humanas, legítimas e naturais. São duas forças importantes e verdadeiras. Estão na base de nossas lutas e buscas; de nossas expectativas e esperanças; de nossos desejos e anseios.

São importantes e verdadeiras, mas, em nós, são confusas e tensas, principalmente em relação à intensidade, à prioridade, ao tempo e ao momento.

Geralmente, sacrificamos as necessidades para satisfazer as nossas vontades, sem, nem sequer, medirmos a gravidade e as conseqüências das nossas escolhas e atos.

Vivemos pendurados nas urgências, por causa das ilusões. Temos pressa! Não pode ser para depois: tem que ser agora. Não dá para esperar; não dá para pensar; não dá para refletir. Tem que ser agora!

A imposição da vontade acontece por causa do império dos instintos. Se quem manda são os instintos, então, não há tempo a perder. Tem que ser agora! A vontade é impulsiva, imediatista, passageira e pouco profunda, como os instintos. Por isso as pessoas vivem frustradas, decepcionadas e descontentes? Não há nada que satisfaça as nossas vontades porque elas são insaciáveis, não têm freios e querem sempre mais. A vontade é humana; sua natureza é instintiva. E os instintos são pouco profundos.  Qualquer que seja a nossa vontade, precisa ser medida, refletida, controlada e decidia, antes de ser realizada.

Necessidade e vontade são confusas, tensas, conflitivas e um desafio para nós porque:

– Não nos conhecemos de verdade. Somos estranhos para nós mesmos! Não somos, simplesmente, animais racionais. Somos pessoas capazes de consciência, liberdade e vontade. A vontade sozinha não tem profundidade.

– Estamos em desacordo com o tempo e o momento (Ecle 3,1-8). Conhecemos o tempo, apenas, como relógio e calendário e o tempo é mais; é Kairós (momento oportuno, tempo de Deus, dom, graça…). “Há, porem, uma coisa que vocês, amados, não deveriam esquecer: para o Senhor, um dia é como mil anos e mil anos são como um dia” (2Pd 3,8).

– Falta visão de fé sobre a vida. Não pertencemos a este mundo, mas a Deus. Fomos criados para a vida eterna. O túmulo não é o nosso fim. Presente, passado e futuro são dimensões do tempo que apontam para a eternidade. É muito pouco os sabores deste mundo. Nossa esperança não deve ser só para este mundo (1Cor 15,19). O fato é que não sabemos o que pedir, como e quando. Precisamos do auxílio do Espírito Santo (Rm 8,26).

– Existe um hiato entre o nosso pedido e a resposta de Deus.  A impressão que dá é que ele não ouve, não entende e demora. “O Senhor não demora para cumprir o que prometeu, como alguns pensam, achando que há demora” (2Pd 3,9a.).

– Não compreendemos a vontade de Deus e não a aceitamos, porque queremos uma coisa e Deus dá outra, ou não dá. Pudera! A vontade de Deus não está baseada em nossa vontade, mas, em nossa necessidade. Ele sabe o que, de fato, precisamos. Ele não quer que ninguém se perca. “É que Deus tem paciência com vocês, porque não quer que ninguém se perca, mas que todos cheguem a se converter” (2Pd 3,9b).

O Reino de Deus é o próprio Deus. É a Trindade e tudo o que a ela se refere. É um mundo novo; uma vida nova…

Você tem prazer em receber o Reino que o Pai tem prazer em dar a você?

 

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS




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Meça as palavras, pois elas são como crianças que gritam, clamam, reclamam e conclamam. Se soubéssemos medir o poder da palavra passaríamos bons anos de nossa vida em silêncio. Ou seríamos incansáveis tagarelas para defender uma ideia, um ponto de vista, uma verdade. Nada há de mais poderoso entre os humanos que a força transformadora da palavra. Tanto para o bem quanto para o mal. Isso tudo sabemos por experiência pessoal, mas nossa prática é bem outra: poucos, pouquíssimos, conseguem frear suas línguas ou usar o poder destas para edificar, alertar, instruir, proclamar seus sentimentos e convicções. Já a criança diz o que pensa, exige, protesta e publica em alto e bom som o que seus corações ainda puros necessitam dizer. Dos lábios de uma criança transborda a verdade.

Por que me valho desse tema – tão banal e desvalorizado – quando o fetiche da modernidade é hoje a língua solta? Quando a fofoca se torna o centro dos debates corriqueiros e ganha ares tecnológicos via redes sociais? As revistas que mais vendem têm como prato a fofoca. Estar bem-informado e ser centro das atenções numa rodinha de amigos é bisbilhotar e falar da vida alheia. E dela conhecer conquistas e derrotas, com quem se deita ou se levanta, como se veste e quanto gasta com supérfluos, com a estética corporal, com canalhices… É se postar diariamente para mensurar a própria vaidade, sem pudores, sem preconceitos. O importante são as “curtidas”, não o que dizem a respeito. Desde que seja você o alvo das atenções. A fofoca tornou-se uma medida de popularidade, um meio de autoafirmação social, que sacia nossa sede de realização pessoal. Então, que falem de mim!

Esse terrível conceito de vida social parece não ter limites. A fofoca moderna é instantânea, via satélite, globalizada. Para o indivíduo isolado nas massas seus instrumentos para dizer que existe está ao alcance das mãos. Basta expor-se o mais que puder, deixando de lado qualquer sentimento de recato; jogar-se na língua do povo. Quem teme o ridículo está fadado ao ostracismo (palavrão clássico para designar aqueles que são esquecidos) e dificilmente alcançará o sucesso que o mundo hoje aplaude. O sucesso dos infelizes!

Por que então medir palavras? Para inverter esse processo de degradação que hoje corrói as relações humanas. Se, ao invés de apedrejar, soubéssemos ponderar, falaríamos menos e agiríamos mais. A maior desgraça das relações humanas é a fofoca. Nada constrói e, ao contrário do que muitos pensam, não é trampolim para nossa ascensão social. Ela nos marca para sempre. Coloca em nossas testas o rótulo vermelho de um alerta público: pessoa inconfiável! Cuidado! Não se aproxime! Pode lhe ferir!

Já aos ponderados há sempre portas abertas. Suas palavras e suas ações não possuem o ranço da discórdia, o lastro da maldade, a peja da delação, da traição. Quando abrem a boca, dizem verdades. Quando aconselham, sabem o que dizer. Têm o olhar sempre atento às necessidades do outro, não apenas às próprias. Conhecem o chão ondem pisam e sabem aonde querem chegar. A eles está reservado o verdadeiro sucesso, a vitória plena de seus objetivos. Deles pouco se fala, mas muito se respeita. Simplesmente porque no silêncio encontram a sabedoria de uma vida que sabe cuidar de si mesmo, sem com isso desqualificar aqueles que estão ao lado. E mais: a saliva mais pegajosa do mundo animal não é a daquele pássaro que abre seu bico para aprisionar moscas em suas mucosas e delas se alimentar. É a saliva daqueles que mantêm a boca aberta para empanturrar seus cérebros com as muriçocas pequenas e insignificantes que rondam a vida alheia. Esquecem do vespeiro com enormes varejeiras ao redor de suas fétidas carcaças.

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]




Diocese de Assis

Se fossemos colocados diante da seguinte interrogação: ‘Como é a nossa relação conosco mesmos, com os outros, com as coisas, com o mundo e com Deus?’ Quais serão os princípios, medidas e valores que referenciam nossas relações? Que peso damos para isso, em nossa existência? Que lugar elegemos para essa preocupação? Como é que estamos vivendo, concretamente, este chamado?

A primeira vista estamos diante de um abismo colossal, em termos de relação interpessoal e planetária. Será que chegamos ao grande abismo? Que nome esse abismo tem: Apego desmedido? Exacerbação materialista? Compensação imediatista? Hedonismo? Individualismo crônico? Inversão de valores?

Temos que assumir uma dura e cruel realidade: nossas relações estão desplanetizada e desplanetizante; desumana e desumanizante. Chegamos ao ponto limite da insensatez total. Assim desabafa o salmista: “O insensato diz no seu coração: ‘Deus não existe!’ Corromperam-se praticando abominações; não há quem pratique o bem. Do céu Javé se inclina sobre os filhos de Adão para ver se restou alguém sensato, alguém que busque a Deus. Estão todos desviados e obstinados também: não há quem faça o bem, não há nem um sequer” (Sl 14,1b-3).

O que fazer? Vamos eleger o pessimismo derrotista como explicação e método? Vamos cruzar os braços? Vamos, cada um, sair como arautos apocalíptico do fim do mundo? Não! Devemos ser portadores da Boa Nova de Cristo que, começa em cada um, e alcança o mundo. Comecemos com a mudança do eixo/paradigma que nos move.

Diz o Senhor: “Atenção: tenham cuidado com qualquer tipo de ganância!” (Lc 12,15). Estaria Jesus contra a possibilidade de alguém crescer e prosperar? Não. Crescer e prosperar pode, mas, não sob a força da ganância.

Afinal, quem não tem vontade de crescer, de melhorar de vida, de ganhar dinheiro, de ampliar o seu padrão, de comprar isso, fazer aquilo e alcançar aquilo outro?

Todos nós somos dotados de uma ambição natural. Queremos crescer, subir, avançar, conquistar… E não há nada de mal nisso! Aliás, mesmo sem a determinação de nossa vontade, do nascimento até a morte, nosso corpo experimenta graus e estágios de crescimento e amadurecimentos fantásticos. A vida é para o crescimento; para a expansão; para o algo mais; para o mais profundo; para o mais além. Nesse sentido, somos chamados a nos decidir por um crescimento que a natureza não alcança e não toma o lugar de nossa autodeterminação.

O caso, porém, é que não podemos nos decidir a crescer de qualquer maneira; de qualquer jeito; sem qualquer princípio. É preciso crescer, sim, mas com dignidade. Não há nada que justifique crescer sem o mínimo de respeito a si e aos outros. Aliás, justificativa é o que não nos falta! Temos uma para cada situação. Tudo para isentar culpa, diminuir o impacto da responsabilidade e o peso na consciência.

É legítimo crescer e prosperar mas, nenhum crescimento ou prosperidade deve estar desconectada do amor ao próximo. Se crescemos ou prosperamos, individualmente, e as pessoas (as coisas e o mundo) ao redor de nós vivem oprimidas e sufocadas pelas injustiças, pecados e omissões de todos (direta ou indiretamente), como poderemos viver em paz? Não podemos permitir a socialização da miséria ou a proliferação do sentimento de culpa; somos chamados à justiça social cristã.

Aqui, vale, portanto, a indicação Paulina sobre o Corpo-Místico-de-Cristo, que é a Igreja: “Todos fomos batizados num só Espírito para sermos um só corpo (…). Os membros do corpo que parecem os mais fracos são os mais necessários. Se um membro sofre, todos os membros participam do seu sofrimento; se um membro é honrado, todos os membros participam de sua alegria” (1Cor 12,13.22.26)

A nossa resposta à questão da mudança do eixo/paradigma não estaria completa se o amor ao próximo não indicasse uma verdadeira conversão social e pessoal. Por isso, além das mudanças fundamentais em relação a ‘todos os outros’ à nossa volta, precisamos de mudanças profundas em relação a nós mesmos.

Não podemos sustentar nenhum tipo de crescimento humano na plataforma de qualquer tipo de ganância porque ganância, de qualquer tipo, é cega e nos torna cegos.

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS




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Óforos vivia na Grécia, por volta de 250 DC. Não contente com as brigas em que se envolvia, para defender seus príncipes e reis, que acabavam por decepcioná-lo sempre, passou a estudar as virtudes e integridade de seus eleitos, antes de tomar para si o mérito de suas defesas.

O primeiro rei, apesar de simpático e audacioso em seus projetos, mostrou-se temeroso ao simples pronunciar de um nome: Diabo! Concluiu que esse rei não era tão valente quanto imaginava! Resolveu então servir àquele que fazia curvar a reluzente coroa de um soberano. Um dia, caminhando por uma estrada, viu o Diabo se desviar de uma cruz, demonstrando respeito e medo. Óforos resolveu, então, servir ao Senhor da cruz, do qual até o Diabo desviava o seu caminho e para o qual se curvava respeitoso.

Disposto a servir àquele Senhor, seguiu o conselho de um sábio: “Para servir ao Cristo era preciso, por primeiro, servir aos irmãos!”. Passou a transportar pessoas entre as margens de um caudaloso rio sem pontes. Então um alegre menino se utilizou daquele serviço. O peso daquela criança parecia aumentar a cada passo. Chegou à outra margem ofegante, como se tivesse carregado o mundo. Interrogado, o menino respondeu: “Carregastes nas costas não só o mundo, como também Aquele que o criou”.

Desde então, tornou-se “Cristóforos”, em grego “o que carrega Cristo”. Essa é a lenda que deu origem à devoção a São Cristóvão, padroeiro dos motoristas e navegantes, que uma revisão ritual da Igreja, em 1969, excluiu de suas festas litúrgicas. Porém não da devoção popular, para o qual o santo continua a transportar os viajantes deste mundo.

Lenda ou não, a vida de São Cristóvão merece nosso respeito e veneração. Vivemos um momento de caça aos “santos”, porém com um verbo mais objetivo. Cassar apenas não basta; precisamos mesmo é caçar. Para tal, necessário se faz uma revisão das virtudes e méritos de nossos eleitos, “antes de tomar para si o mérito de suas defesas”. A caçada já resulta em alguns cassados. A aparente santidade de alguns nos remete aos contos e fábulas do passado, em especial ao clássico do lobo em pele de cordeiro. Infelizmente, uma alcateia deles anda solta, caminha livre por nossas estradas, desviando-se Daquele que é o soberano de todas as verdades. Só Cristo nos dá forças para suportar o peso desse mundo de incoerências!

A realidade não é lenda. Quando uma escandalosa ventania faz agitar as águas de um outrora tranquilo e maravilhoso lago de esperanças, não podemos simplesmente virar-lhes as costas e nos abrigarmos em nossas redomas. É esse o momento de acreditar na força interior da fé que nos move e somar-se às dificuldades do povo, se quisermos vencer o lago em reboliço, se ainda desejarmos alcançar a outra margem, a praia de nossos sonhos. Aos que se desiludem com os mandos e desmandos de seus “soberanos”, aos que se desesperam na busca de virtudes entre humanos, aos que enxergam mais qualidades entre os senhores das trevas do que na simplicidade da fé cristã, um desafio lhes sobra: deixar de lado o peso da própria mesquinhez. Há um fardo muito mais precioso do que o das aparentes ilusões: a cruz da fé. Ela nos ensina a carregar Cristo em nossos corações.

Todo cristão, por extensão de seu ministério, é também um cristóforo, carrega consigo o Cristo. Com o peso dessa responsabilidade haveremos de alcançar a outra margem, sem medo de perder nossas esperanças. Para bom entendedor… Ou melhor, usando as palavras de Cristo: “Quem tiver ouvidos para ouvir, ouça!”.

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]

 




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   Que neste mundo encontramos tempo para tudo, até para o descanso e lazer, todos bem o sabemos. Afinal, não somos de ferro. Acontece que muitos preferem somente a última alternativa e fazem de suas existências uma contínua pachorra de nada fazer fora do seu bel prazer. Vivem às turras com a própria vida, sugando dela o máximo possível do bem-estar e benesses que esta lhes possa oferecer. Que se danem os outros! Um semelhante nunca lhes parecerá um igual, um companheiro, mas alguém do qual se servem para tirar proveito ou algo assim. Se bastam a si mesmo.

Enquanto isso, aqueles que seguem o Senhor, que descobriram haver outro tipo de vida fora dos padrões do individualismo e do comodismo, estão tão ocupados na tarefa de propagar essa descoberta, esse novo estilo de vida, que “não têm tempo nem para comer”. Esses ocupam a barca de Cristo, onde o extenuante trabalho da verdadeira pesca, da travessia sob tempestades, das profundezas das águas, da busca da “outra margem”, do porto seguro…, ah!, esse trabalho toma-lhes o tempo todo! E o cansaço vale a pena. E a recompensa vem da alegria do serviço… da honra de ser útil ao Senhor, de estar a seu lado num mesmo ideal: partilhar com Ele tudo o que fazem e ensinam ao povo.

Com certeza, o extenuante trabalho da verdadeira evangelização tem as cores desse quadro tão bem ilustrado por Marcos (6,30-34), ao narrar a compaixão de Cristo pela multidão de “famintos” que seguiam seus passos. Jesus percebeu o cansaço dos apóstolos e lhes propôs um momento único, com o qual muitos sonham diante das tribulações e dos afazeres desta vida: “Vamos sozinhos para algum lugar deserto, para que vocês descansem um pouco”. Quem nos dera ouvir um dia essa proposta em nossas vidas missionárias. “Descansem um pouco”! O próprio Cristo nos dizendo isso… Mas, para tanto, é preciso fazer por merecer.

E esse aparente descanso foi um hiato do tempo, um refúgio da alma na amorosidade do coração divino, pois, tão logo alcançaram a praia que supunham deserta, eis que uma nova multidão se rompe à frente deles, “famintos” do pão da palavra, da verdade que traziam. “Sabendo que eram eles, saíram de todas as cidades, correram na frente, a pé, e chegaram lá antes deles”. Na solidão de muitas praias desertas, de muitas vidas vazias e ansiosas pelo encontro com a verdade, eis que encontramos multidões. Tais quais aqueles que fazem de suas existências uma contínua busca de satisfação pessoal, de regalias e prazeres que não saciam, nem acalentam seus espíritos e suas almas sedentas de paz. Nem sequer seus corpos em contínua evolução para a morte apenas. Desses Jesus tem compaixão. E deseja resgatá-los com a ajuda de seus discípulos!

O descanso proposto pelo Mestre não é um período de férias coletiva, definido por um tempo proporcional aos nossos direitos trabalhistas. Enquanto aqui estivermos, navegando com Ele em sua Igreja terrena, nosso tempo de descanso será escasso, um hiato apenas, pois as ondas rugem lá fora, no mundo conturbado dos nossos dias. Nosso descanso vem da paz interior que só o trabalho evangelizante pode oferecer, que só o operário da obra é capaz de valorizar, agradecer, bendizer. Nada, nada supera o dom, a graça desse serviço. “Que o meu cansaço a outros descanse”, diz a alma insaciável e o coração incansável. Que a compaixão de Cristo pelas multidões das “ovelhas sem pastor” ganhe também um mínimo do olhar compassivo que devemos devotar a esse mundo “pandemoniacamente” em crise nos nossos dias. Não é hora de descansar!

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]

 




Diocese de Assis

O instinto, presente da natureza, é uma das maiores forças existentes nos animais, inclusive no homem. Instinto é impulso, inclinação, tendência natural ou inata; é pulsão de vida para a preservação da espécie e para a autoconservação. Ações ou reações instintivas diante das situações mais complexas ou corriqueiras da vida humana, estão presentes nas atitudes de qualquer indivíduo. Diante da fome, comemos; diante da tristeza, choramos; diante da agressão, nos defendemos; diante do ataque, revidamos; diante do medo, trememos; diante da guerra, lutamos.

O jogador não vai ao campo para perder a partida. O atleta não vai à pista para perder a corrida. O político não vai ao pleito para perder a eleição. O candidato não vai ao concurso para não passar na prova. O aluno não entra na escola para não formar-se. A seleção não vai à Copa para não trazer o título.

Não digerimos perdas com muita facilidade. Perder, em ultima análise, significa morte, frustração, decepção, fracasso, ruína, destruição, tragédia e aniquilamento.  Por isso, a natureza instintiva do ser humano pode joga-lo, cada vez mais, no caldeirão fervente da presunção, do orgulho indomável, do altaneirismo, das obsessões desmedidas, das ilusões e do triunfalismo.

De fato, o instinto é pulsão de vida, para a vida, porém, misturado com certas emoções adoecidas, pode gerar, em qualquer indivíduo pulsão de morte, que sobrevive nalgumas manias, fobias e doenças. Nesse sentido podemos nos tornar reféns de nós mesmos.

O instinto é ‘fera’ que precisa ser domada! Entretanto, a busca, não só do controle e da domesticação dos instintos, mas da aceitação, da compreensão, do entendimento, da autocrítica e da autoconsciência é que faz a diferença e confere sentido à vida, apesar dos instintos. Ora, a fé cristã fala de perdas, de renúncias, de sofrimentos, de sacrifícios, de pobreza, de martírio… identificando-os como valores e virtudes. Mas, que história é essa? Que conversa é essa? Que valores são esses? Que virtudes são essas? Como aceitar isso como verdade?

Ninguém, em sã consciência, deseja perder, sofrer ou morrer! Então, como falar de valor e virtude sobre situações que, imediatamente, remetem ao indesejável?

Para dar razões de fé à vida, é preciso voltar à Sagrada Escritura: voltar ao Evangelho, voltar ao Cristo.

Na Sagrada Escritura a vida é, reconhecidamente: um dom, um presente, um chamado de Deus e, ao mesmo tempo, uma tarefa humana. Em outras palavras a vida é dom e conquista; vocação e missão!

Preciosa, a vida só encontra seu verdadeiro sentido, razão e finalidade no seu autor e criador: Deus! Nesse sentido, a verdade e o bem da vida humana no pensar ou no agir, no querer ou no sentir, no fazer ou no esperar dependem da estreiteza da relação de fé com o pensar e o agir, o querer e o sentir, o fazer e o esperar de Deus, como a grande medida. Trata-se, não apenas de viver, mas de saber viver em Deus, por Deus e com Deus.

Viver deve ser, sempre, uma escolha, uma convicção, uma decisão atual, de cada indivíduo, em vista do Bem Supremo. Mesmo que isso traga renúncias, perdas, sofrimentos, sacrifícios, entregas. É exatamente aqui que se encontra o grande nó, das questões de fé: nem sempre, o contraditório é desprezível; nem sempre o negativo é ruim; nem sempre a perda é frustração; nem sempre a morte é destruição. Nem sempre!

A vida não é só prazer, bem estar ou sentir-se bem. A vida é muito maior e mais bonita! Principalmente quando olhamos para cruz e nos damos conta de que a ressurreição (vida nova) é um broto profético de uma vida entregue ao sacrifício de amor.

Será que não vale a pena fazer uma revisão pessoal da própria vida, para encabeçar algumas mudanças pessoais na forma de viver? O que estamos dispostos a perder para viver de verdade? Porque na fé é preciso perder para ganhar!

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS




Diocese de Assis

De olho no futuro procuramos, sempre, arranjar bem a vida! Fazemos projeto para tudo: construir, reformar, estudar, viajar, passear, comprar, vender… Traçamos planos e metas: esquadrinhamos, medimos, referendamos, balizamos, parcelamos, financiamos. Colocamos o futuro ao alcance de nossas mãos. Tudo se tornou possível, agora; imediatamente. Não é preciso mais esperar amanhã. Importa é o já. Não há tempo a perder. Não há mais obstáculo ao prazer. Não há mais censura. Não há mais medo. Não há mais temor. A qualidade de vida chegou! Foi potencializada, de uma vez por todas, a liberdade, a vontade e o desejo pela conjunção do saber-prever-poder.

Mas, que futuro é esse do já, do agora mesmo e do imediato?

É a cultura do simulacro. É a banalização da vida. É a porta do desespero. É a ‘in-esperança’ do efêmero, do passageiro, do insaciável, do ilusório, da simulação, do irreal, do engano, do engodo e do hedonismo (ou prazer pelo prazer). É por isso que a sensação de vazio, presente no mundo, não é somente uma sensação… é vazio real e de fato; é abismo colossal; é o sem-sentido da vida.

E você? Onde estão plantados seus sonhos e projetos, seus planos e metas? Qual é o futuro que inspira e rega seus projetos? Que tamanho ele tem? Está fundamentado em que?

A qualidade, o tamanho e o fundamento do futuro que deveria regar e inspirar nossos sonhos e projetos é da Esperança em Cristo porque, tal como o Cristo, “a esperança não engana!” (Rm 5,5).

A Esperança em Cristo é dialogal e nos lança no desafio de ‘esperançar’.

“Quem espera sempre alcança” quando esperançar já é a esperança!

“A esperança é a última que morre” quando a vida é a ponta-de-lança.

A Esperança em Cristo é tudo e, essa, deve ser, também, a sua!

Tudo deve estar calcado sobre a Esperança em Cristo porque, sem essa esperança, nada vale a pena. A esperança em Cristo cria aberturas, dá motivos, derruba muros, ultrapassa barreiras, lança para frente, impulsiona para o alto, alavanca projetos, planos e iniciativas.

A Esperança em Cristo não separa a vida em dois mundos divididos pelo túmulo, pela morte. A Esperança em Cristo integra presente, passado e futuro; derruba a contradição entre vida e morte, alegria e tristeza, consolação e sofrimento; cruz e ressurreição; une a vida presente, na carne com a vida futura, no Espírito. A Esperança em Cristo radicaliza as expressões do amor no dar-se e no entregar-se.

A Esperança em Cristo supera toda e qualquer divisão e dicotomia.

A Esperança em Cristo é a Vida Eterna. Por isso, ninguém precisará mais, fazer projeto para garantir o futuro longínquo, depois da morte pois, nas perspectiva da Esperança o futuro está garantido hoje. Não agora, hoje!

Não mais será necessário fazer projeto para a vida porque, a vida mesma será projeto e, todos os projetos serão projetos-de-vida.

Neste sentido, a vida não estará mais fechada ou limitada a qualquer projeto que em pouco tempo se acaba; nem estará restrito a um corpo que, por mais, longevidade, é passível de morte. A vida será, portanto, maior, melhor, mais bonita e mais durável… a vida será eterna.

E o que é a vida eterna? Muito mais do que um lugar onde se está é um estado de vida. A vida eterna é ser em Deus! “A vida eterna é esta: que eles conheçam a Ti, o único Deus verdadeiro, e aquele que tu enviaste, Jesus Cristo” (Jo 17,3).

O que é preciso fazer para herdar a vida eterna?

A Sagrada Escritura responde com algumas afirmações lapidares: “Não se amoldem às estruturas deste mundo” (Rm 12,1-2); “Trabalhem pelo alimento que dura para a vida eterna” (Jo 6,22-27); “Ajuntem riquezas no céu, onde nem a traça nem a ferrugem corroem, e onde os ladrões não assaltam nem roubam” (Mt 6,19-24); “Em primeiro lugar busquem o Reino de Deus e a sua justiça, e Deus dará a vocês, em acréscimo, todas essas coisas” (Mt 6,25-34).

A vida eterna não está longe de nenhum de nós. Mas, é preciso querer e buscar!

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS