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Diocese de Assis

 

Quem passou pelo batismo, não é, simplesmente, um seguidor de doutrinas religiosas e, portanto, não deve se contentar, somente, com isso. Deve querer mais porque foi feito para mais; foi feito para seguir e anunciar o Senhor Jesus Cristo. Nesse sentido, o batizado é, por natureza, discípulo missionário.

Com o documento de Aparecida, ficou claro para toda a Igreja que, não existe uma dicotomia entre o que é ser discípulo e o que é ser missionário. Se é discípulo é missionário; se é missionário é porque é discípulo. Aliás, numa primeira versão do documento de Aparecida este conceito saiu dicotomizado (discípulo e missionário) mas, em tempo, houve uma correção pontual e, na versão final, fez-se o acerto conceitual e teológico para discípulo missionário.

Somos discípulos missionários e, esta verdade nos arrasta para dentro do Mistério de Cristo e da Comunidade e, faz, de cada um de nós, pedras vivas e construtores do Reino, sobre o fundamento dos apóstolos.

Para o evangelista São Mateus, a melhor imagem do discípulo missionário é “ser sal da terra e luz do mundo”

Sobre isso, o Papa Francisco, na oração do “Angelus”, sempre, reflete sobre algum tema importante da vida e da fé; aqui recolho algumas considerações:

  1. “O batismo faz de nós membros do Corpo de Cristo e do Povo de Deus. Como de geração em geração se transmite a vida, também de geração em geração, através da fonte batismal, se transmite a graça e, com esta graça, o Povo cristão caminha no tempo como um rio que irriga a terra e espalha pelo mundo a Bênção de Deus. A fé cristã nasce e vive na Igreja. Somos comunidade de crentes e, na comunidade, experimentamos a beleza de partilhar a experiência de um amor que precede a nós todos, mas, ao mesmo tempo, pede para sermos, uns para os outros, ‘canais’ da graça, apesar das nossas limitações e pecados. Ninguém se salva sozinho. A dimensão comunitária não é uma espécie de moldura, mas parte integrante da vida cristã, do testemunho e da evangelização. Temos um exemplo disso na comunidade cristã do Japão: no início do século dezessete, abateu-se sobre ela a perseguição, vendo-se então privada de sacerdotes e forçada a viver na clandestinidade. Quando dois séculos e meio depois, voltou a gozar de liberdade, aquela Igreja local apareceu formada por milhares de cristãos; eles tinham mantido, mesmo em segredo, um forte espírito comunitário, porque o batismo lhes tinha feito um só corpo em Cristo.”
  2. “Os discípulos de Jesus eram pescadores, pessoas simples, mas Jesus ‘os vê com os olhos de Deus’. Ao exortá-los para serem ‘sal da terra e luz do mundo’, queria dizer: ‘se forem pobres de espírito, humildes, puros de coração, misericordiosos, serão, certamente, ‘o sal da terra e a luz do mundo’, o que pode ser compreendido como uma consequência das Bem-aventuranças. Para compreender melhor estas imagens, tenhamos presente que a Lei judaica prescrevia a colocação de um pouco de sal sobre cada oferta apresentada a Deus, como sinal de aliança. A luz, assim, era para Israel o símbolo da revelação messiânica que triunfa sobre as trevas do paganismo. Os cristãos, novo Israel, recebem então a missão diante de todos os homens: com a fé e com a caridade podem orientar, consagrar, tornar fecunda a humanidade. Todos nós batizados somos discípulos missionários e, somos chamados a nos tornar no mundo um Evangelho vivo”
  3. “Todos temos limitações”, disse o Papa. Ninguém pode reproduzir totalmente Jesus Cristo. E, embora cada vocação se conforme de maneira mais saliente com este ou aquele traço da vida e obra de Jesus, há alguns elementos comuns e indispensáveis a todas”. Não fazer alarde é uma característica de toda vocação cristã. Neste sentido, “quem foi chamado por Deus não se pavoneia, nem corre atrás de reconhecimentos ou aplausos efémeros; não sente ter subido de categoria, nem trata os outros como se estivesse num degrau superior”. O Amor, melhor configuração do discípulo missionário.”

O Mês missionário completa sua provocação e permanecemos em missão!

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS




Diocese de Assis

 

Quantos de nós e quantas vezes não nos sentimos marginalizados, abandonados às margens de um caminho, prostrados num acostamento sem perspectivas de ajuda, de socorro solidário… Quantas e quantas foram essas situações de desilusão e cansaço em nossas vidas? Quantas vezes gritamos por piedade… Quantos momentos de cegueira total em nossa perspectiva de caminheiros em longa estrada! Mas o murmurinho dos que transitam ao lado traz um alento de esperança: Ele passa, Ele caminha conosco, refaz a mesma estrada! “Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim!” (Mc 10,47).

Esse é o grito da fé, o mais puro e autêntico brado de socorro de quem se reconhece perdido na estrada da vida. Do filho de Timeu, o mendigo e cego Bartimeu, todos temos um pouco. Clamamos e mendigamos migalhas das graças divinas, enquanto mal enxergamos a abundância que Ele nos oferece através da pessoa do Cristo que passa ao nosso largo. “Filho de Davi, tem piedade de mim!” Num segundo momento, eis que a revelação da graça alcança a consciência da nossa triste realidade. Então a vontade de Deus se manifesta: “Coragem, levanta-te, Jesus te chama”. O processo de cura começa a partir do desejo nítido, audível e proclamado publicamente por quem busca uma graça: “Mestre, que eu veja!” Essa é a dinâmica do milagre que buscamos em nossas vidas. Que não tenhamos medo de solicitá-lo. Nem vergonha. Nem respeito humano diante daqueles que nos pedem silêncio. Não se cala diante da graça.

Como vemos, o grito do Bartimeu é também o nosso. É a oração do cotidiano diante da cegueira que o mundo nos impõe. Querem, a todo custo, que fiquemos calados, que nos prostremos em nossos dilemas e provações, para que não se propague essa fé no Cristo que passa e nos chama a todos, diuturnamente, cotidianamente. Se a cegueira mundana nos impede de clamar a Deus, a fé genuína nos ensina a entender o que os outros não entendem, a enxergar o que o mundo se nega a ver claramente, que Jesus é realmente o Filho de Deus, o herdeiro de Davi há muito prometido e anunciado pelos profetas. Mais ainda, que Ele caminha conosco, continua entre nós, atento aos clamores do seu povo, ouvindo e atendendo suas orações, realizando os milagres que nos julgamos indignos de merecer: “Vai, a tua fé te curou”.

A estrada é longa? Coragem! Levanta-te é a ordem da voz que nos chama à conversão, à não prostração diante dos desafios, a dar novos passos em direção ao horizonte ainda desconhecido. Esse é o desafio da fé cristã. Essa é a atitude de coerência que a fé em Cristo impõe aos seus seguidores. Não podemos estacionar à margem do caminho, pois que Cristo chama… E multidões esperam! Esperam de nós um testemunho vivo, autêntico, bem claro e evidente de que não somos meros esmoleres de um sonho utópico, mas portadores da mais nítida esperança que o mundo sem fé não consegue enxergar. Coragem, Jesus te chama. Conta contigo. Esse é o testemunho missionário que podemos dar ao mundo. Porque um pobre coitado que recuperou a visão é capaz de mostrar aos semelhantes o quão grande é a misericórdia de Deus diante dos desafios do mundo. Assim mudamos a história, nossa própria história. E a humanidade só há de prostrar-se diante Dele, o Filho de Davi!

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]

 

 




Diocese de Assis

 

Os para-choques de caminhão exibem frases ou ditos populares com mensagens, provocações, piadas, desabafos e desafios.

Muros, calçadas, árvores, bancos de praça ou de igreja, camisetas, bandeiras, bonés, carros… são, também, espaços privilegiados para as diversas manifestações de sentimentos, ideologias, fé, propaganda e marketing.

Seja como for, a criatividade humana faz de todo o qualquer espaço um outdoor para se manifestar ao mundo.

Na Sagrada Escritura, marcas profundas são, também, deixadas na pedra, na mão, no turbante… como sinal:

“Eu tatuei você na palma da minha mão” (Is 49,16);

“Foram essas as palavras que Javé dirigiu em alta voz (…). Sem nada acrescentar, Javé as gravou sobre duas tábuas de pedra e as entregou a mim” (Dt 5,22);

“O pecado de Judá está escrito com estilete de ferro, está gravado com ponta de diamante na pedra do seu coração e também nas pontas de seus altares” (Jr 17,1);

“Sobre o turbante, trazia uma coroa de ouro, na qual estava gravada a inscrição sagrada, uma insígnia de honra, obra magnífica, um enfeite que delicia os olhos” (Eclo 45.12).

É o próprio Deus quem pede, ao seu povo, no livro do Deuteronômio: “Coloquem essas minhas palavras no seu coração e na sua alma! Amarrem essas palavras na mão como sinal. E que elas sejam para vocês como faixa entre os olhos. Vocês devem ensiná-las a seus filhos, falando delas sentado em casa e andando pelo caminho, deitado e de pé. Você deverá escrevê-las nos batentes da sua casa e nas portas da sua cidade, para que os dias de vocês e os dias de seus filhos se multipliquem sobre a terra que Javé jurou dar aos antepassados de vocês, e sejam dias tão numerosos quanto os dias em que o céu permanecer sobre a terra” (Dt 11,18-21). E, noutra passagem: “Ouça, Israel! Javé nosso Deus é o único Javé. Portanto, ame a Javé seu Deus com todo o seu coração, com toda a sua alma e com toda a sua força. Que estas palavras, que hoje eu lhe ordeno, estejam em seu coração. Você as inculcará em seus filhos, e delas falará sentado em sua casa e andando em seu caminho, estando deitado e de pé. Você também as amarrará em sua mão como sinal, e elas serão como faixa entre seus olhos. Você as escreverá nos batentes de sua casa e nas portas da cidade” (Dt 6,4-9).

O que tudo isso tem a ver conosco? Tudo!

Precisamos lidar com a Palavra de Deus de outra maneira! Não podemos estar contentes só porque a nossa cabeça tomou conhecimento do que ouvimos. É preciso guardar no coração para que se transforme em algo vivo em nós e não, simplesmente, enciclopédia.

A Palavra de Deus é fonte de vida para a vida! Portanto, comece decorando alguns trechos de Provérbios. Decorar vem do latim; ‘cor’ é declinação de ‘cordis’ = coração. Decorar significa pôr no coração.

“Tesouros injustos não trazem proveito, mas a justiça livra da morte. Javé não deixa que o justo passe fome, porém reprime a ambição dos injustos. A mão preguiçosa empobrece, mas o braço trabalhador enriquece. Quem armazena no outono é prudente; quem dorme na colheita passa vergonha. As bênçãos descem sobre a cabeça do justo, mas a boca dos injustos esconde violência. A memória do justo é bendita, mas o nome dos injustos apodrece. O homem de bom senso aceita o mandamento, mas o estúpido se arruína pela boca. Quem se comporta com integridade vive em segurança; quem segue caminho torto acaba desmascarado” (Pr 10,2-9).

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS 




Diocese de Assis

 

A lógica do mundo defende o poder hierárquico como privilégio de poucos. Estar no topo, à direita ou à esquerda dos que detêm poderes e status sociais, é o sonho de muitos, que tudo fazem para galgar posições de destaque “no banquete do Reino” (Mt 22,9), o banquete “para aqueles a quem foi reservado” (Mc 10,40). Nada mais oportuno que rever nossa mentalidade de privilegiados no Reino, só porque nossa intimidade com o Senhor da Festa nos promete a salvação. Vida missionária não é garantia de nada, pois dentre os doze aos quais Jesus ensinou a servir por primeiro, estava também Judas.

Refletir sobre isso num Dia Mundial das Missões, é colocar os pés no chão diante dos desafios que a fé nos apresenta. Não temos a certeza da nossa própria salvação, mas não podemos esmorecer no caminho. Até no último minuto dessa passagem a ação missionária é nosso termômetro, quase um grito de serviço ao mundo, ao próximo: “Ide, convidai a todos”!  Não pense apenas em si próprio, mas garanta seu lugar ao redor dessa mesa dando espaço aos últimos, àqueles que estão mais fracos e necessitam de melhores atenções ou estão inseguros, envergonhados, sentindo-se indignos na participação desse banquete. Os últimos serão os primeiros. “Quem quiser ser grande seja vosso servo, o escravo de todos” (Mc 10,44). Esse é o selo da vida missionária autêntica: servidão!

Fico então a imaginar a contradição da missionariedade de gabinete, construída e mantida entre quatro paredes, edificada sob as benesses das loas do poder hierárquico, que não suja os pés com a poeira da estrada, que não gasta as sandálias com as pedras do caminho! Triste realidade de uma Igreja fechada em si mesma, embevecida pelas situações de comando, pelas aparências de poder e glória mundanas, que não troca por nada a posição que ocupa no extrato social dos homens, não na ação do Servo dos servos. Essa é a diferença entre a vida hierárquica da Igreja à qual dizemos pertencer e a vida missionária que pensamos ter. O serviço vem primeiro. As mordomias virão depois. Se fizermos por merecer…

Todavia, não sejamos juízes uns dos outros. As aparências e posições que ocupamos nesse serviço não são fatores de exclusão ou inclusão comunitária, só porque nossa vida está fora dos padrões aqui estabelecidos. Quem julga e avalia a autenticidade de uma vida cristã é Deus. Santa Teresinha do Menino Jesus nunca saiu de seu claustro de orações e devoções, nunca usou da oratória e do conhecimento doutrinário que sua fé possuía, nunca pregou para a conversão de uma vivalma sequer… Mas, em sua ação evangélica, com os joelhos calejados em oração constante, em servidão humilde e paciente, tornou-se padroeira das Missões. Caminhava com a Igreja surfando na oração pelos missionários com os pés na estrada, aqueles que iam chamar a todos para o grande banquete. Eles iam, ela orava. Nem por isso vamos nos indignar com Teresinha, modelo de vida missionária. Enquanto muitos saiam pelo caminho em busca dos desgarrados do grande banquete, ela preparava a mesa louvando e cantando a Deus pelo privilégio de poder servir. Ninguém poderia imaginar ser este o modelo ideal da missão que buscamos cumprir: servidão e oração! Querem maior privilégio?

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]




Diocese de Assis

 

Nem tudo, na vida, é permanente. Mas, aquilo que permanece, torna-se escola de formação do específico de cada um, quanto aos princípios, valores, conduta, visão, relacionamento, vocação e missão.

A família é, por si mesma, uma escola natural de formação para a vida; uma matriz de construção da existência; um referencial humano; um contexto vital. Nela, o individuo se realiza e, também, realiza sua vocação e missão.

Toda pessoa precisa de uma família. Este é um direito natural que não lhe pode ser negado. Sem família, a vida não flui. Sem família, a vida não acontece. Infelizmente, porém, não são poucos os que estão sem família, apesar de tê-la. As circunstâncias deste ‘despossuimento’ são múltiplas e não temos como relacioná-las, todas, aqui. Mas, não podemos perder de vista que, embora a família seja uma escola natural de formação para vida, ela não é exclusiva, mas, funciona em conexão com outras matrizes, como suporte.

A comunidade é outra matriz de construção para a vida, e, além do cabedal de formação correlato aos da família (princípios, valores…) integra elementos de fé, ampliando a relação interpessoal para a relação transcendental. Nesse sentido, comunidade é, não só um direito natural do indivíduo, mas, um dom de fé que, passa pela Igreja, e, precisa de adesão na corresponsabilidade.

A comunidade é o espaço humano-divino que garante a integralidade da vida, em formação permanente. O livro dos Apóstolos apresenta um modelo de comunidade que corresponde ao mistério humano, como encontro com Deus e o Outro: “Eram perseverantes em ouvir o ensinamento dos apóstolos, na comunhão fraterna, no partir do pão e nas orações…” (At 2,42-47).

No Documento 100, encontramos algumas expressões muito interessantes:

Nº 152: “A comunidade-Igreja encontra seu fundamento e origem no Mistério Trinitário (…) recebe o dom da unidade que permite a comunhão das pessoas com Cristo e entre si.”

Nº 172: “A expressão comunidade de fiéis indica a união, a partir da fé, daqueles que são batizados e estão em plena comunhão com a Igreja…”

Nº 177: A comunidade cristã é a experiência de Igreja que acontece ao redor da casa (domus ecclesiae).

Nº 178: A ideia de comunidade como casa fornece o conceito de lar, ambiente de vida, referência e aconchego de todos que transitam pelas estradas da vida. Recuperar a ideia de casa significa garantir o referencial para o cristão peregrino encontrar-se no lar.”

Portanto:

Nº 179: “A comunidade cristã é casa da Palavra, na qual o discípulo escuta, acolhe e pratica a Palavra.” Pela palavra se desenvolve o senso de Memória e Celebração (liturgia) que garante a manutenção da história, da pertença e da caminhada.

Nº 181: A comunidade cristã vive da Eucaristia (é casa do pão): “A fé da Igreja é essencialmente fé eucarística e alimenta- se, de modo particular, à mesa da Eucaristia.” A percepção da mesa põe a comunidade em estado de partilha, comunhão e perdão.

Nº 181: Na Palavra e na Eucaristia, o cristão vive numa nova dimensão, a relação com Deus e com o próximo: a dimensão do amor como ágape (torna-se a casa da caridade). A caridade amplia o compromisso com o outro para além dos vínculos religiosos porque caridade supõe o ideal de amor e justiça.

A comunidade cristã é chamada ao testemunho missionário. Sabendo que “missão supõe ‘testemunho de proximidade que entranha aproximação afetuosa, escuta, humildade, solidariedade, compaixão, diálogo, reconciliação, compromisso com a justiça social e capacidade de compartilhar, como Jesus o fez’.” (nº 186).

Sejamos comunidade, para o bem de nossa conversão missionária!

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS




Diocese de Assis

 

Neste mundo ele atrai a traça. No outro nos enche de graças. Assim definimos e diferenciamos os tesouros terrenos do grande tesouro prometido aos que acreditam em recompensas celestiais. “Bom mestre, que devo fazer para ganhar a vida eterna?” (Mc 10,17). A pergunta do seguidor dos mandamentos divinos está no ar. É a mesma que nos fazemos, diuturnamente, quando confrontamos a falácia da vida humana e as riquezas e benesses que nos são oferecidas através da fé em Cristo Jesus. Alcançaremos tamanhas recompensas? Mereceremos a posse de um tesouro no céu?

Na dúvida, um desafio nos é feito. Já que somos fiéis cumpridores das leis divinas, que observamos tim tim por tim tim todos os dez mandamentos, que vamos além na prática dos preceitos religiosos, que pagamos os dízimos “da hortelã, do endro e do cominho”, que nos esforçamos ao máximo para demonstrar nossa fé e nosso “temor a Deus”, só nos resta uma atitude: “vai, vende tudo o que tens e dá aos pobres”. Como assim? As posses que aqui amealhamos com tanto suor e sacrifícios, com tanta garra e… astúcia às vezes, com tanta galhardia e orgulho pelas conquistas diárias… esses troféus cotidianos que nosso trabalho mereceu, não, isso não! Afinal, são frutos de um trabalho honesto, conquistas justas e abençoadas. Dá-los aos pobres? Isso nunca.

E o fiel cumpridor das leis “ficou abatido e foi embora cheio de tristeza, porque era muito rico” (Mc 10, 22).

A diferenciação entre mérito e apego é o dilema aqui exposto. Não é a questão da riqueza em si, mas do uso que dela fazemos em função da vida comunitária. Dar aos pobres vai além da responsabilidade administrativa dos bens que nos foram confiados neste mundo. É fazer desses bens fonte de um bem maior, através da ação e função social que estes possam gerar. É administrá-los com responsabilidade coletiva, pois que estes também produzem uma corrente de riquezas que sustenta e beneficia a muitos. Isso é dar aos pobres. Fazer com que as riquezas que lhe foram creditadas sejam fonte de vida e de prosperidade a muitos que se aproximam delas e nelas encontrem sustento e oportunidade de crescimento e vida. Função social da riqueza!

Triste, por outro lado, é a riqueza enraizada no egoísmo e na ambição sem medidas. Nessa não há visão do Reino de Deus. O camelo passará facilmente pelo fundo da agulha (curral destinado a avaliar peso, medidas e saúde dos animais, como aqueles que os pecuaristas fazem para vacinar seu rebanho) conquanto o rico proprietário ficará restrito à visão do rebanho, sem a posse das pastagens verdejantes do outro lado do seu curral. Se não entenderam, paciência! O rebanho do mestre corre solto e saudável do outro lado, no “Reino que para todos preparastes!”

Aos que entenderam e aceitaram esse desafio de fé resta um alerta: não será fácil! O desapego inclui também o bem-estar na vida familiar, a convivência fraterna e social e muitos outros sacrifícios que a vida pessoal almeja, mas que lhe será tirada pela opção evangélica, pois “por causa de mim e do Evangelho, receberá cem vezes mais agora, durante esta vida – casa, irmãos, irmãs, mães filhos e campos, com perseguições – e, no mundo futuro, a vida eterna”. Com perseguições, críticas, incompreensões, etc, etc…

 

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]

 

 




Diocese de de Assis

 

Toda ação de Deus se realiza sobre pessoas concretas, numa realidade concreta e num tempo real. Nesse sentido, tudo o que Deus faz é para transformar a realidade sobre a qual a sua ação incide; é ação profética: denuncia um mal e anuncia um bem.

Quando as ações de Deus são demonstradas na Bíblia, o texto bíblico sempre apresenta a situação, o contexto da situação, e o seu propósito frente a situação. Para ficar bem claro, tomemos como exemplo dois textos do Êxodo:

Ex 2,23-25: “Os filhos de Israel gemiam sob o peso da escravidão, e clamaram; e do fundo da escravidão, o seu clamor chegou até Deus. Deus ouviu as queixas deles e lembrou-se da aliança que fizera com Abraão, Isaac e Jacó. Deus viu a condição dos filhos de Israel e a levou em consideração”.

Ex 3,1-10: “Moisés estava pastoreando o rebanho. O anjo de Senhor apareceu a Moisés numa chama de fogo do meio de uma sarça. O Senhor viu Moisés (…). E do meio da sarça o chamou: ‘Moisés, Moisés!’ Ele respondeu: ‘Aqui estou’. O Senhor disse: ‘Eu vi muito bem a miséria do meu povo que está no Egito. Ouvi o seu clamor contra seus opressores, e conheço os seus sofrimentos. Por isso, desci para libertá-lo do poder dos egípcios e para fazê-lo subir dessa terra para uma terra fértil e espaçosa, terra onde corre leite e mel’”

Lendo o texto descobrimos a situação, o contexto e o propósito de Deus. A escrita da Bíblia foi encerrada com a morte do último apóstolo. Apesar disso, a Palavra de Deus continua sendo escrita na vida com letras grandes. De tal forma que, os acontecimentos da fé são fruto da ação de Deus, mesmo quando não se encontram escritos na Bíblia.

Vejamos! O dia 12 de outubro tem sido guardado como dia santo porque se comemora a padroeira do Brasil, NOSSA SENHORA APARECIDA. Mas devemos nos perguntar: Por que se comemora Nossa Senhora e por que ela é a padroeira do Brasil? Nossa Senhora não é, apenas, um símbolo religioso, é a mãe de Jesus e, a nossa mãe. Suas aparições estão sempre contextualizadas em situações muito delicadas da vida pessoal ou nacional. O contexto sócio-econômico brasileiro para a aparição de Nossa Senhora Aparecida é bem determinado: o escravismo negro e a escandalosa situação político-econômica dela decorrente.

A história de Nossa Senhora tem seu início pelos meados de 1717, em meio a uma pesca, numa ação profética. Os pescadores Domingos Garcia, Filipe Pedroso e João Alves saíram a procura de peixes no Rio Paraíba. Tentaram e nada conseguiram, até chegar ao Porto Itaguaçu. João Alves lançou a rede nas águas e apanhou o corpo de uma imagem de Nossa Senhora da Conceição sem a cabeça. Lançou novamente a rede e apanhou a cabeça da mesma imagem. Daí em diante os peixes chegaram em abundância para os três humildes pescadores e a história seguiu seu curso.

No arco do tempo em 734, construiu-se a Capela no alto do Morro dos Coqueiros; em 1834 foi iniciada a construção de uma igreja maior (atual Basílica Velha); em 1894, padres e irmãos Redentoristas foram trabalhar com os romeiros; em

8 de setembro de 1904, a Imagem de N. Senhora foi coroada por D. José Camargo Barros; em 29 de Abril de 1908, a igreja recebeu o título de Basílica Menor; 17 de dezembro de 1928, a vila que se formara ao redor da igreja tornou-se Município; 1929, nossa Senhora foi proclamada Rainha do Brasil e padroeira oficial, pelo Papa Pio XI; em 11 de Novembro de 1955 iniciou-se a construção de uma outra igreja, a atual Basílica Nova; em 1980, ainda em construção, a igreja foi consagrada pelo Papa João Paulo II e recebeu o título de Basílica Menor; em 1984, CNBB declarou, oficialmente, a Basílica de Aparecida: Santuário Nacional; “maior Santuário Mariano do mundo”.

A aparição de Nossa Senhora, em Aparecida, é uma resposta de Deus ao povo brasileiro, como foi no Egito: Eu vi muito bem a miséria do meu povo… ouvi o seu clamor… conheço os seus sofrimentos… desci para libertá-lo… e para fazê-lo subir dessa terra para uma terra fértil e espaçosa… Por isso, vá. Eu envio você.

Viva a mãe de Deus e nossa!

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS 




Diocese de Assis

 

Culturalmente, missão, sempre, esteve ligada ao universo religioso e com implicações de fé. Esta linguagem é comum ao ambiente eclesial.

Missão deixou de figurar, tão somente, no universo religioso e como linguagem eclesial. O que parecia uma exclusividade, agora, é compartilhado por muitas organizações no domínio de seus negócios, seja em vista de melhores resultados econômicos e de produtividade; seja em função da caracterização e diferenciação de sua identidade, filosofia, produto e imagem.

Além da missão, as organizações ostentam mais duas ferramentas: Visão e Valores.

Com isso, poderíamos dizer que é tudo a mesma coisas?

É evidente que não! A aproximação da linguagem, não significa equiparação.

Quando falamos em missão dentro do universo religioso, continuam valendo os imperativos da fé que determinam o conteúdo e a forma da missão. A fé não é um produto de compra e venda e, a religião, não é uma organização empresarial. O específico Cristão não é um produto, mas, uma promessa: a salvação e a vida eterna.

Originalmente, no domínio da fé cristã, missão é servir. É próprio Jesus quem diz: “Quem quiser ser o primeiro, seja o servo de todos” (Mc 10,44).

Este ensinamento de Jesus nos obriga a desconstruir a imagem de missão que, infelizmente, foi sendo criada como cargo, prestígio e poder e, a imagem de serviço como tarefa, obrigação ou moeda de troca. De fato, a prática missionária, no seio da Igreja, sofreu, ao longo do tempo, muitas deturpações e esvaziamento.

Deve estar claro que a especificidade missionária da Igreja é necessária; por isso falamos em missão do papa, missão dos clérigos, missão dos consagrados, missão dos leigos, missão redentorista, missão popular, santas missões populares, missão jovem etc. Mas, antes disso, devemos falar em missão como algo relacionado à natureza, à essência, à vida da Igreja, em cada um de seus membros, a partir de Cristo, o Missionário do Pai. Nesse sentido, a missão é, não só aquilo que o sujeito da missão tem a dizer, a fazer ou a comunicar, mas, ele próprio é missão; sim! Uma vez que, se dispõe a missionar não o faz, prescindindo de si mesmo, de sua vida, de sua história, de sua existência. Pelo contrário, sua vida se faz missão; sua história se faz missão; sua existência se faz, missão. Por isso é que dizemos, a Igreja é missionária.

Missão é servir!

Tem a ver com amor, doação, entrega.

Diz o papa Francisco na Exortação Apostólica: A Alegria do Evangelho: “Na doação, a vida se fortalece; e se enfraquece no comodismo e no isolamento. De fato, os que mais desfrutam da vida são os que deixam a segurança da margem e se apaixonam pela missão de comunicar a vida aos demais (…) aqui descobrimos outra profunda lei da realidade: ‘a vida se alcança e amadurece à medida que é entregue para dar vida aos outros’. Isto é, definitivamente, a missão.”

Missão é servir!

Tem a ver com o próprio Cristo que “veio não para ser servido mas, para servir e dar a vida como resgate, em favor de muitos” (Cf. Mt 20,28).

A missão-serviço não cabe nos planos dos carreiristas; dos que pretendem os primeiros lugares; dos que brigam pelo poder; dos que perseguem a fama e o prestígio; dos que se vendem pelo sucesso.

A missão-serviço é uma cooperação com a missão de Deus. É Deus, sempre, quem toma a iniciativa e, nós, como servos, vamos seguindo seus passos.

A missão-serviço é ministério; administrador das coisas de Deus: “Cada um viva de acordo com a graça recebida e coloquem-se a serviço dos outros, como bons administradores das muitas formas da graça que Deus concedeu a vocês. Quem fala, seja porta-voz de Deus; quem se dedica ao serviço, faça com as forças que Deus lhe dá, a fim de que em tudo Deus seja glorificado por meio de Jesus Cristo, ao qual pertencem a glória e o poder para sempre” (1Pd 4,10-11). Parece estranho, mas “administrar” vem de “menos” (em latim, MINUS). Desta palavra se fez um superlativo, MINOR, “menor”. De MINOR se fez MINISTER, primeiramente “servo, criado, ajudante” em sentido amplo e depois “servo de Deus, sacerdote, ministro religioso”.

Missão é servir! Portanto, “Quem quiser ser o primeiro, seja o servo de todos (Mc 10,44).

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS




Diocese de Assis

 

Por causa da dureza do coração humano, Moisés tolerou que o divórcio conjugal fosse aceito pelos israelitas. Essa tolerância ia contra os mandamentos que ele próprio havia promulgado naquela travessia de longos anos. Jesus, o novo Moisés, aquele que não veio abolir a lei, “mas levá-la à perfeição”, ratifica: “Quem repudia sua mulher e se casa com outra, comete adultério contra a primeira” (Mc 10,11). E vice e versa. Antes, reafirmou: “já não são dois, mas uma só carne. Não separe, pois, o homem, o que Deus uniu”.

Estão aí as mais objetivas palavras a favor da indissolubilidade da vida conjugal. Para muitos – talvez grande maioria – são essas prerrogativas cristãs um grande empecilho para a adesão e o seguimento incondicional ao mestre nazareno. Diria até ser este o motivo maior que impede um crescimento exponencial do cristianismo no mundo, nos dias de hoje. A vida dissoluta e prazerosa de muitos não combina com um compromisso de fidelidade, em especial quando esse compromisso diz respeito à vida a dois, à instituição familiar. E fidelidade é questão de observância à lei, de respeito à sua sacralidade. E sagrado é o caminho da santidade, da fidelidade também a Deus.

Assusta-nos essa tomada de consciência, que aponta nossa infidelidade não apenas ao cônjuge traído ou repudiado, mas igualmente a Deus. Se houve total adesão à vontade divina, se a bênção nupcial recebida foi algo divino, fruto de seu plano de amor, projeto de vida familiar e conjugal, então não se corta ao meio aquilo que “Deus uniu”. Eis a questão. Houve ou não o dedo de Deus naquela vida a dois? Foi Deus ou a volúpia carnal que os fez “marido e mulher”? Como diferenciar o fato do ato, a união plena e real de uma atração e ilusão momentâneas? Para diagnosticar essa verdade existem os tribunais da Igreja, que atestam ou não uma validade sacramental. Mas o fato primeiro é que não nos cabe aqui qualquer julgamento. Essa questão só Deus pode julgar.

A lição maior desse posicionamento radical de Jesus está no peso da lei de Deus. Não à toa a denominamos Lei do Amor. Nela residem todos os elementos da autenticidade, da fidelidade, da tolerância e do diálogo que caracterizam uma união plena e perfeita aos olhos de Deus. Assim como na pureza e no amor infantil, que circundam os passos de Jesus com alegria e simplicidade, “porque o Reino de Deus é dos que são como elas” (Mc 10,14). Ou seja, ninguém conserva um relacionamento perfeito, de amor pleno e duradouro, se não possuir a autenticidade de uma criança diante de Deus. Porque ela confia na proteção divina. Porque ela se submete aos seus ensinamentos. Porque ela não se deixa levar pelos turbilhões da maldade e do desamor. Antes, procura estar sempre próxima e moldar-se à perfeição dos mandamentos que a fé, só a fé, as ensina a praticar.

Tornar-se uma só carne é o ápice da vida conjugal perfeita. É sentir o que o outro sente, sonhar o que o outro sonha, viver o que o outro vive. Para quem vive ou viveu uma paixão verdadeira, sabe perfeitamente quão real são essas afirmativas. Assumir, pois, o tecido da unidade plena e total numa vida a dois não é acreditar em contos de fadas ou ilusões adolescentes. É repetir diuturnamente para o amado ou a amada, o mesmo que Adão exclamou ao acordar de um sono profundo e contemplar a beleza de sua amada: “Desta vez, sim, é osso dos meus ossos e carne da minha carne”! (Gn 2,23).

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]




Diocese de Assis

 

Não era verde. Nem azul. Simplesmente, ao tocar do Mestre, não só o dedo do menino, mas todo seu corpo se iluminou. Assim entenderemos melhor esse momento de graça no colo do Senhor. Por extensão, também melhor entenderemos a poesia e a grande mensagem de Michelangelo no teto da Capela Sistina, onde bem representou a obra denominada A Criação de Adão. Tanto lá quanto cá, o gesto divino de estender a mão para acolher e dar vida à sua criatura estão presentes. O toque do dedo de Deus.  A vida sendo irradiada e transmitida como uma luz divina. O colo paterno acolhendo e embalando a sempre carente criança humana e sua alma ainda infantil.

Jesus tocou aquela criança e a colocou no colo, declarando seu amor por ela. “Quem acolher em meu nome uma dessas crianças é a mim que estará acolhendo” (Mc 9,37). Como não enxergar uma nova criação divina na ternura desse momento?

Temos aqui um belo exemplo da força que irradia do simples toque divino. Imagine então do colo… Imagine o milagre da vida nova que toma conta da pessoa que se deixa tocar, seja aqui uma criança ou não. Foi para esses “pequeninos” de alma e coração que Jesus foi enviado. O que conta não é a estatura humana, mas a pureza e simplicidade dos que se deixam por Ele serem acolhidos. Sem os truques da falsidade. Sem as mazelas dos interesses pessoais. Sem a maldade dos corações entorpecidos pelo egoísmo pessoal. Aproximar-se de Jesus como criança. Com o dedo verde de esperança, azul de saudades do infinito ou mesmo vermelho de vergonha pelos pecados. Aproximar-se de Jesus reconhecendo nossa pequenez diante dele. Nada mais. Então o toque do acolhimento torna-se um momento mágico, único, especial. Não a pessoa humana de Cristo, mas o próprio Deus entre nós é quem nos acaricia e embala em seu colo santo.

Penetrar na dinâmica desses gestos e contextos é algo revelador. Nos faz pensar. Não será a prepotência humana um instrumento de salvação. Nunca. Ao contrário, a soberba, o orgulho, a arrogância de muitos continuam como pedras de tropeço da fé cristã. Antes, é necessário um desarmar-se dos muitos conceitos e sentimentos negativos que dominam mentes e corações entulhados pela falsa sabedoria humana. O intelecto exacerbado pelo pensamento materialista será causa de condenação de grande maioria. A fé exige um desnudar-se das lógicas “dos homens”, que rejeita qualquer possibilidade de “ressurreição”. A morte é certa para todos. Mas, para muitos, não é utopia acreditar num sonho de eternidade, de vida além desta. “Os discípulos, porém, não compreendiam essas palavras… e tinham medo de perguntar”> (Mc 9,32). Criança que é criança desconhece esse medo. A pergunta é sua forma de aprendizado. Mesmo que se repitam essas perguntas ao longo de suas vidas. Perguntar, perguntar, perguntar. Um dia Deus responde com clareza.

Eis a razão do ceticismo de muitos. Medo de fazer perguntas. Só a criança aceita com naturalidade o colo de Deus, o conforto do Pai, o toque divino do Mestre que o acolhe com seu sorriso sempre cativante. Só a criança faz perguntas certeiras, objetivas. Só a simplicidade da alma ingênua, porém sedenta da verdade, afasta a insegurança, dá-nos o destemor de enfrentar a vida como crianças sonhadoras. Mas jamais ignorantes na fé que professam. Se você se sentir embalado por Jesus, neste momento, aproveite. Olhe fundo nos olhos misericordiosos do Mestre, afague seu rosto, toque também seus dedos, sua mão disposta sempre a abençoar; encoste sua cabeça em seus ombros. Então tudo será luz em sua vida!

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]