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Diocese de Assis

Quando os primeiros astronautas foram ao espaço, um procedimento era obrigatório ao retornarem à Terra: a quarentena. Sem conhecerem o que o mundo sideral poderia oferecer-lhes de ruim ou com que tipo de bactérias o contacto com o desconhecido poderia contaminá-los, ficavam isolados de tudo e de todos durante quarenta dias.

Mas a prática e o simbolismo numérico dessa prática remontam às mais remotas eras. Já a própria caminhada libertadora do Povo de Deus no deserto, durante quarenta anos, não deixa de ser uma referência à quarentena espiritual com sua ação purificadora diante da perspectiva de vida nova em terra de promissão. Ou seja: a plenitude espiritual só é possível após vencermos os desertos de nossas limitações e provações terrenas. Ninguém experimenta a plenitude de uma conquista sem lutar e fazer por merecê-la.

Também Cristo nos ensinou a respeito. E o fez de uma maneira bem pedagógica, antes mesmo de iniciar seu próprio ministério. Retirou-se para o deserto e durante quarenta dias abandonou-se à oração e ao jejum. Praticou um verdadeiro retiro, preparando-se espiritualmente para o embate que viria depois, numa clara referência à necessidade que temos de, como humanos, buscar forças na sabedoria divina. Cristo nos ensinou a assumir nossa responsabilidade missionária com o mundo de maneira submissa, porém nunca negligente com as revelações da fé. Estas só serão autênticas quando vazias dos dilemas e inseguranças próprias da nossa humanidade. Sem nossa purificação, nossa assepsia espiritual, dificilmente saborearemos em sua totalidade as alegrias de um mundo novo, uma vida nova, cujo significado está presente nos ensinamentos de Cristo. Portanto, viver o cristianismo é penetrar nas alegrias de sua doutrina.

Por isso, de quando em quando, é salutar e primordial uma quarentena que nos purifique das mazelas do mundo. A quaresma nos dá essa oportunidade. Tempo de maior proximidade com Deus e conosco mesmo, ela nos confronta com o mundo numa perspectiva de vida nova, renovação espiritual. Por isso, a Igreja nos convida a uma atitude de conversão neste tempo litúrgico, sugerindo-nos maiores atenções aos exemplos do Mestre, à sua prática do jejum e abstinência, ao sereno enfrentamento das tentações mundanas, para nos dizer que não somos melhores do que Ele próprio. Mesmo isento do pecado e das fraquezas humanas, Jesus se deixou tentar e se mortificou tão somente para nos deixar esse exemplo.

Num passado não tão remoto, a Igreja se vestia de roxo total. As matracas substituíam o belo sibilar de seus sinos. Velas e incensos cobriam seus átrios. Até os meios de comunicação, em especial muitas emissoras de rádios, deixavam de lado as músicas profanas para irradiar apenas músicas sacras ou eruditas. Jejum era questão de honra durante quarenta dias. A mística do povo aflorava com maiores vibrações durante a Semana Santa, o auge desse tempo litúrgico. O que mudou? Nada. Talvez não sejamos mais tão ostensivos na prática de manifestações religiosas, mas o essencial ainda permanece: é preciso conversão. É preciso mudança de vida.

Ainda bem. Porque somente assim poderemos entender a sequência do ministério redentor. Passado o martírio, a crucificação que nos redimiu e resgatou nossa identidade de filhos de Deus, eis que surge Pentecostes, o tempo da semeadura e da colheita. E, mais um detalhe: o Espírito Santo de Deus nos é dado quarenta dias depois da Ressurreição, da vida nova em Cristo. Então nossa quarentena purificadora se torna tempo de unidade, de revelação, de amor renovado, de tudo o mais…

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]




Diocese de Assis

 

          Pela segunda vez, um período quaresmal encontra fiéis cristãos em plena quarentena sanitária. Há mais de ano a humanidade exercita esse isolamento forçado, com muitas percas e luto cada dia mais próximo do círculo familiar e social de todos, independentemente de sua classe social, religião ou nação. O ser humano deixou de ser uma raça dominante, dominada que está pela insignificante cepa de um vírus devastador. A prepotência perde pontos para a insignificância. Será isso mesmo?

Sei do delicado momento que a história humana vivencia; todos sabemos. Mas algo de bom é preciso realçar entre os escombros de um mundo assustado, aquebrantado pela força destrutiva de uma doença contagiosa. Muitas dessas já tivemos no passado. Muitas vidas encerraram seus dias, mas nunca como nos dias atuais, sob os holofotes acesos da comunicação instantânea que agiganta a desgraça e apequena a graça da grande maioria dos nossos sobreviventes. Noventa por cento ou mais deixam seus leitos e retomam suas vidas com fé e esperança renovadas. Isso poucos falam, constatam. Vivemos a intensidade do caos e desprezamos a generosidade das graças.

Nesse aspecto, essa segunda quaresma diferenciada tem muito a nos ensinar. Seria o tempo litúrgico mais emblemático da fé cristã um referencial para esses dias de dores e sofrimentos existenciais? Quarentena e quaresma têm algo em comum?

Vejamos: o período quaresmal é um tempo de jejum e abstinência, de mortificações e reflexões sobre a fragilidade da vida, o que não difere em muito dessa quarentena forçada que estamos praticando. A questão é: por que não a direcionar mais para seu aspecto de fortalecimento espiritual? Por que não aproveitar melhor esse tempo de isolamento e nos aproximar um pouco mais de nossa realidade também espiritual, moldando nossas vidas ao modelo mais que perfeito do humano sofredor que tudo venceu, até a própria morte? ´

É tempo quaresmal. De conversão ao aspecto primordial da vida, pois que ocupamos um corpo, mas neste pulsa a alma humana, nossa vida! Muitos ainda não se deram conta dessa preciosidade: a alma anima, fornece vida. O corpo apenas acata, enquanto saudável e capacitado para tanto. Um dia vai fenecer.  Mas até lá, aproveite de forma justa e santa, todos os momentos que Deus nos deu neste mundo. Prefácio do outro, mais perfeito e justo, para o qual nos preparamos no aqui, no hoje da própria realidade, seja esta tranquila e serena ou circunstancialmente sofredora e pesarosa.

O assunto da morte é sempre inquietante. Porque aprendemos a amar a vida. E odiar a morte. “Uma grande inquietação foi imposta a todos os homens, e um pesado jugo acabrunha os filhos de Adão, desde o dia em que saem do seio materno, até o dia em que são sepultados no seio da mãe comum” (Ecle 40,1). Essa é nossa realidade. Porém, nem por isso vamos cruzar os braços e esperar nossa vez. A vida ainda é um dom de Deus, um direito sagrado, cujos dias estão contados nos planos do Pai, não nos nossos. Brigar, lutar, espernear se preciso faz parte do nosso instinto de sobrevivência, mas um dia seremos vencidos e, quando isso se der, que estejamos bem amadurecidos para merecer um diploma digno de bela moldura: “Combati o bom combate, acabei a carreira guardei a fé” (2 Tim 4,7).

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]




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A narração bíblica sobre o filho pródigo é uma lição maravilhosa para pais e filhos sobre relações familiares na base da misericórdia, mas é, também, um alento nesse tempo da pandemia que alastra a devastassão do esvaziamento.

Vale a pena ler o texto bíblico e buscar um bom entendimento. Eu, particularmente, acho que Santo Agostinho deu uma boa interpretação ao texto e acho-me no dever de compartilhar, ao menos, uma pequena parte

“O homem que tem dois filhos é Deus que tem dois povos: o filho mais velho é o povo judeu; o menor, os gentios. O patrimônio que este recebeu do Pai é a inteligência, a mente, a memória, o engenho e tudo o que Deus nos deu para que O conhecêssemos e Lhe déssemos culto. Tendo recebido este patrimônio, o filho menor ‘partiu para um país muito distante’. Distância significa: o esquecimento de seu Criador. ‘Dissipou sua herança vivendo dissolutamente’: gastando e não ajuntando; malbaratando tudo o que tinha e não adquirindo o que não tinha, isto é, consumindo toda sua capacidade em luxúria, em ídolos, em todo tipo de desejos perversos, aos que a Verdade denominou meretrizes.

Não é de admirar que essa orgia acabasse em fome. ‘Sobreveio àquela região uma grande fome’; fome não de pão visível mas da verdade invisível. E, por causa da fome, ‘foi pôr-se a serviço de um dos senhores daquela região’. À margem de Deus, por entregar-se a seus próprios recursos, foi submetido à servidão e lhe tocou o ofício de apascentar porcos, o que significa a servidão mais extrema e imunda. Alimentava-se então das vagens de porcos sem poder saciar-se. Vagens são as vistosas doutrinas do mundo: servem para ostentar mas não para sustentar; alimento digno para porcos, mas não para homens.

Até que, por fim, tomou consciência do lugar em que tinha caído; do quanto tinha perdido; Quem tinha ofendido e a quem se tinha submetido. Reparai no que diz o Evangelho: ‘Entrando em si…’; primeiramente, voltou-se para si e só assim pôde voltar para o pai. Dizia talvez: ‘O meu coração me abandonou (isto é: saí de mim mesmo)’ (Sl 40,13); daí que fosse necessário, antes, voltar para si mesmo e assim perceber que se encontrava longe do pai. É o que diz a Escritura quando increpa a alguns, dizendo: ‘Voltai, pecadores, ao coração! (isto é: voltai, pecadores, a vós mesmos!)’ (Is 46,8). Voltando para si mesmo, encontrou-se miserável: ‘Encontrei, diz ele, a tribulação e a dor e invoquei o nome do Senhor’ (Sl 116,3-4). ‘Quantos empregados, diz ele, há na casa de meu pai, que têm pão em abundância, e eu, aqui, a morrer de fome!’ (…).

Levantou-se e voltou. Ele, caído por terra depois de contínuos tropeços. O pai o vê ao longe e sai-lhe ao encontro. É dele que fala o Salmo: ‘Entendeste meus pensamentos de longe’ (Sl 139,2). Que pensamentos? Aqueles que o filho tinha em seu interior: ‘Levantar-me-ei e irei a meu pai, e dir-lhe-ei: Meu pai, pequei contra o céu e contra ti; já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como a um dos teus empregados’. Ele ainda nada tinha dito, só pensava em dizer. O pai, porém, ouvia como se o filho já o estivesse dizendo. Por vezes, em meio a uma tribulação ou tentação, alguém pensa em orar, e, no próprio ato de pensar o que irá dizer a Deus na oração, considera que é filho e que, como tal, tem direito a reivindicar a misericórdia do Pai. E diz de si para si: ‘Direi a meu Deus isto e aquilo; não temo que, em lhe dizendo isto, e chorando, não seja eu atendido pelo meu Deus’. Geralmente, Deus já o está atendendo quando ele diz estas coisas; e mesmo antes, quando as cogita, pois mesmo o pensamento não está oculto ao olhar de Deus. Quando o homem delibera orar, já lá está Aquele que lá estará quando ele começar a oração.

A hora da misericórdia de Deus é um caminho inteiro de espera por nós, que passamos uma boa parte de nossa vida fugindo ou permanecendo à distância. Mas Deus, sempre, espera e nos recompõe ao seu lado com festa abundante.A Misericórdia de Deus não se cansa. Pelo contrário, na paciência Deus espera por ti e por mim!

 

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS

 




DIOCESE DE ASSIS

A recente viagem missionária do Papa Francisco ao Iraque deixou preocupados vários setores da diplomacia mundial. Não seria uma atitude provocativa de um organismo sempre criticado e visado pelos movimentos terroristas, políticos e ou religiosos daquela região? Não estaria o Papa interferindo no processo de paz tão longa e penosamente desenvolvido por nações imperialistas? O momento crítico da pandemia mundial não seria afetado por possíveis aglomerações de adeptos? As perguntas se sucediam tão rapidamente quanto a decisão do líder religioso em levar a termo essa importante visita pastoral, fosse em que época fosse ou estivesse ou não em perigo sua integridade física.

O Papa ignorou tudo isso para priorizar algo mais precioso, a necessidade do diálogo, a construção de pontes, não muros. Ir à fonte da fé monoteísta, onde o Pai Abraão iniciou sua caminhada missionária rumo aos povos bárbaros, era um sonho que não mais poderia ser adiado. O então Papa João Paulo II desejou ardentemente essa visita, mas à época sua cabeça estava a prêmio por lá. No entanto, seu coração pulsava de amor por essa missão que lhe foi impossível. A porta do diálogo e das ações ecumênicas desenvolvidas desde então traçou o roteiro que Francisco enfim realizou. Ur, terra da Promissão às avessas daquela caminhada libertadora de Moisés, eis que chegou sua hora! Eis que a caminhada inversa de um líder religioso resgatou sua memória de predileção divina, fonte e origem das promessas de Deus a seu povo e ordem missionária sempre presente na nossa história de fé: Quem enviarei eu? Vai, vai tu, missionário do Pai. Ou: Se Deus é por nós, quem será contra nós? Aqui estou, Senhor! Envia-me. Essas questões de certa forma tiverem origem na pequena e emblemática Ur, terra de Abrão, fonte da nossa fé num único e verdadeiro Deus.

Pois bem: o Papa teimou e foi. O povo iraquiano o recebeu de braços abertos, com o coração em júbilo e agradecido pela esperança renovada nessa preciosa visita fraternal, paternal, filial… Recebido pelas lideranças das maiores religiões que atestam a unicidade e veracidade divina, Francisco pisou o solo iraquiano como um bom e dileto filho pisaria a terra de seus pais, com respeito e admiração pela história bem contada e consagrada no seio de seu povo santo e predileto do Pai. Não só o pai da fé, mas sobretudo o Pai de todas as coisas, Aquele que nos criou e nos confiou uma missão: Ide!

O bom filho à casa torna! Uma das civilizações mais antigas da história da humanidade, Ur é considerada terra do patriarca Abraão, que deu origem às três principais religiões monoteístas: islamismo, judaísmo e cristianismo. “Deste lugar, onde nasceu a fé, da terra de nosso pai Abraão, vamos afirmar que Deus é misericordioso e que a maior blasfêmia é profanar seu nome odiando nossos irmãos e irmãs”, afirmou Francisco, que acrescentou: “Hostilidade, extremismo e violência não nascem de um coração religioso: são traições da religião”. A linguagem ponderada, cautelosa e sempre propícia ao diálogo dera o tom dessa visita histórica. Pela primeira vez um líder do catolicismo e o principal clérigo muçulmano do Iraque, o aiatolá Ali Al-Sistani, estiveram frente a frente por mais de hora, num encontro que propunha paz e coexistência, já que a população muçulmana no Iraque é de 95 % e as vertentes cristãs somam pouco mais de 1%.

O que fica desse esforço de diálogo é quase um gesto concreto dum momento quaresmal onde muitas Igrejas tendem a maiores aberturas ecumênicas, em especial onde campanhas fraternais fazem desse tema um projeto de longo prazo. Eis a realidade: esse prazo não mais existe, é agora, no aqui, no hoje da história que estamos vivendo. O Papa não espera, faz acontecer. Tenhamos nesse exemplo a prática que nos falta. Para Deus não existe missão impossível, ela acontece mediante nossa disponibilidade de sair de nosso mundinho e contemplar a realidade. Com Abraão foi assim. Com Francisco está sendo assim.

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]




Diocese de Assis

Você e eu sabemos: se fosse pelo merecimento, não teríamos a melhor parte; se fosse pelas obras, não receberíamos o pagamento completo; se fosse pela competência, não teríamos todo o reconhecimento; se fosse pelo amor, não passaríamos na prova; se fosse pela fidelidade, não estaríamos justificados; se fosse pela gratidão, não mereceríamos louvores; se fosse pela humildade, não sobreviveríamos às durezas da vida; se fosse pela perseverança, não conseguiríamos vitória; se fosse pela liberdade, não seríamos totalmente aprovados; se fosse pelo perdão, não seríamos absolvidos…

O fato é que, estamos no pecado e, ainda, nos gabamos disso. Não temos méritos pessoais porque “a morte é o salário do pecado” (Rm 6,23). Estamos vivos pela graça de Deus. Ele não nos trata conforme exigem as nossas faltas. Aliás, se levasse em conta as culpas, quem poderia resistir? (Sl 129,3).

É verdade que Deus não poupa ninguém! Ele “não poupou seu próprio filho” (2Cor 8,32). Sua lei é a liberdade. Ele nos julga conforme o nosso procedimento e faz justiça. E, ao invés de, em primeiro lugar, sentenciar o pecador, sentencia o pecado: morte ao pecado e resgate ao pecador. Porque Deus ama o pecador, mas odeia o pecado. Coloca-nos diante de nossos pecados para despertar, em nós, a conversão, para uma vida nova: “Por acaso, eu sinto prazer com a morte do injusto? – oráculo do Senhor Javé. O que eu quero é que ele se converta dos seus maus caminhos, e viva (Ez 18,23).

O que nos resta fazer, então? Continuar fazendo de conta; fingindo; deixando para depois…?

A hora é agora! Precisamos ‘gastar nossos créditos’ na busca da conversão. Começando pela conversão pessoal, avancemos para a conversão familiar, social, econômica, política, religiosa, cultural…

É preciso ter coragem de dar passos. Comece pelo primeiro e os outros formarão a caminhada.

Passo 1: “Falem e ajam como pessoas que vão ser julgadas pela lei da liberdade, porque o julgamento será sem misericórdia para quem não tiver agido com misericórdia. Os misericordiosos não têm motivo de temer o julgamento” (Tg 2,12-13).

Passo 2: “Não siga suas paixões. Coloque freio nos seus desejos. Se você permite satisfazer a paixão, ela tornará você motivo de zombaria para seus inimigos. Não se entregue a uma vida de prazeres, para não se empobrecer com os gastos. Não se empobreça banqueteando com dinheiro emprestado, quando você não tem nada no bolso” (Eclo 18,30-19,3).

Passo 3:Lavem-se, purifiquem-se, tirem da minha vista as maldades que vocês praticam. Parem de fazer o mal, aprendam a fazer o bem: busquem o direito, socorram o oprimido, façam justiça ao órfão, defendam a causa da viúva. Então venham e discutiremos – diz Javé” (Is 1,16-20).

Passo 4: “Lembrem-se dos primeiros dias, depois que vocês foram iluminados: vocês tiveram que suportar uma grande e penosa luta, ora expostos publicamente a insultos e tribulações, ora tornando-se solidários com aqueles que assim eram tratados. De fato, vocês participaram do sofrimento dos prisioneiros e aceitaram com alegria ser despojados dos próprios bens, sabendo que possuíam bens, que são melhores e mais duráveis. Portanto, não percam agora a coragem, para a qual está reservada uma grande recompensa” (Hb 10,32-39).

Reencontrar as razões da fé significa, significa, antes de tudo, buscar a conversão, porque “ao injusto, porém, Deus declara: ‘De que adianta você recitar meus preceitos e ter sempre na boca a minha aliança, se você detesta a disciplina e rejeita as minhas palavras? Você se comporta assim, e eu devo me calar? Você imagina que eu seja como você? Eu o acuso e coloco tudo diante dos seus olhos!’ Quem me oferece um sacrifício de confissão me glorifica; e a quem segue o bom caminho, eu mostrarei a salvação de Deus (Sl 50,16-17.21-23).

 

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS




Diocese de Assis

Tão logo uma mulher fica grávida a busca pelo nome da criança envolve muitas leituras, pesquisas, comparações, escolhas, decisões e renúncias. O nome é tudo! E, quando a criança nasce, além da identificação imediata, feita no hospital, é preciso registrá-la. E, do primeiro registro, ao longo de toda a vida, uma série de documentos confirmam a identidade de cada um entre os quase 8 bilhões de pessoas pelo mundo afora: Batistério, RG, CIC, Título de Eleitor… inclusive, a Certidão de Óbito.

O nome que é referência imediata para a identificação de um indivíduo, está, necessariamente, associado a outros elementos e dados referenciais que o torna único: os genitores, as datas, a naturalidade, as localidades, a etnia, a digital, o tipo sanguíneo e o biotipo. Sendo assim, a identidade de uma pessoa começa pelo nome, mas abarca circunstâncias pessoais, familiares, culturais, políticas, religiosas, econômicas e sociais bem determinadas e únicas.

Não é de hoje que se pergunta e não são poucos os que esperam e dão respostas sobre: Quem é o homem? De onde veio? Pra onde vai?

É inevitável levantar, todos os dias, questões sobre a identidade porque é ai que se encontra a complexidade da vida e da existência.

Certamente você se pergunta: quem sou eu? Não só você se pergunta; os outros, também, se questionam perguntando: quem é você?

Perguntas e respostas formam o corolário de tentativas pessoais, históricas, científicas, teológicas e epistemológicas para chegar ao conhecimento e à verdade sobre o ser humano. Nada é definitivo, porém, porque o ser humano é inesgotável.

A fé ao invés de, simplesmente, explicar quem é o homem, mostra o sentido de sua vida e existência em Deus. Assim, o ser humano, compreendido pela fé, foi feito à imagem e semelhança de Deus: “Façamos o homem à nossa imagem e semelhança. E Deus criou o homem à sua imagem; à imagem de Deus ele o criou; e os criou homem e mulher” (Gn 1,26).

Estamos na pós-pós-modernidade, uma época marcada por um grande paradoxo: por um lado, avanços e conquistas tecno-científicas, bio-energéticas, nanotecnológicas, telecomunicativas, genéticas, informáticas, espaciais e bélicas. Por outro lado inúmeras crises institucionais, sanitárias, econômicas, políticas, culturais, religiosas, de valores, de sentido e, principalmente, de identidade.

A pós-pós-medernidade deu mais coisas para o mundo, mas não deu mais ser. Fomos invadidos por uma avalanche de novos bens, valores e sentidos que causaram muitas rupturas nocivas e mortais, com enormes marcas de subjetivismo, individualismo, materialismo, consumismo, hedonismo, erotismo, liberalismo e simulação da realidade.

Porque vivemos uma grande crise de identidade, perguntar: “Quem é você?” não é algo tão pacífico porque a resposta não é mais, tão óbvia.

O ser humano encontra-se desfigurado e despersonalizado!

Não importa se a pessoa é homem ou transexual, importa é ser feliz. Não importa mais qual a religião, onde estiver falando de Deus está bom; ou onde eu me sinto bem, ali é o meu lugar. Não há problema no liberalismo sexual, basta estar bem protegido com algum contraceptivo. Não existe mal algum em viver maritalmente com o(a) namorado(a); é só não engravidar. E parecidas com essas, mil outras afirmações e posturas mais abomináveis e anti-cristãs estão na ponta da língua e no comportamento de milhares de pessoas.

É preciso resgatar valores e sentidos de fé da vida banalizada de um ser humano desfigurado e despersonalizado.

A vida urge ser resgatada!

 

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS




Diocese de Assis

 

Curiosamente, substituindo capítulos ou etapas de um texto, a CFE 2021 propõe “paradas” aos leitores de seu texto-base. Além da polêmica desnecessária que vemos até aqui, há algo de desafiador nesse trabalho de diálogo ecumênico que não podemos ignorar ou desprestigiar. Dizer-se fora dessa discussão, sem ao menos solidificar biblicamente suas razões, é, no mínimo, uma atitude infantil, uma birra de criança prepotente. Pronto, já disse o que penso!

Mas, vamos lá. A atitude farisaica dos judeus perante os questionamentos da pregação de Jesus está bem evidente nessas críticas beligerantes. “Como pode o filho de Deus sentar-se à mesa ou misturar-se ao bando de pecadores que o seguem?” Seria essa a nossa questão. Os acontecimentos mais recentes, que enfraquecem o poderio humano e põem à prova nossa ciência e sabedoria, bem como prostra por terra todo e qualquer projeto ou desejo de “vida longa ao rei”, pois que já não sabemos até onde vai nossa pretensa longevidade e nosso reinado neste mundo, não são tão ou mais desastrosos do que a falta de diálogo entre semelhantes. O que se dirá dessa falta entre cristãos? Especialmente em dias como os atuais?

Exatamente essas são as questões fundamentais propostas pela Primeira parada da atual Campanha. “No Brasil, surgiram discursos religiosos que associavam a pandemia ao fim do mundo e à volta de Jesus. Foi possível assistir cenas de pessoas ajoelhadas nas ruas orando e pedindo que muitos se convertessem porque a pandemia seria um sinal de que ‘Jesus está voltando’ (27)”. De fato, está, sempre esteve, pois “Ele está no meio de nós”. O Senhor da História continua presente em nossa caminhada, como esteve na estrada de Emaús, naquele agradável diálogo entre seguidores que não compreendiam o momento atual. Esse é nosso momento, razão do nosso diálogo, da nossa busca de compreensão dos fatos. “No entanto, não podemos ignorar que as instituições religiosas, suas lideranças e as pessoas que frequentam as comunidades de fé estão separadas do mundo em crise… Os momentos de comunhão podem ser afetados pelas polarizações da sociedade” (43). Lembrou bem a redatora desse texto.

Mas não paramos aqui. “Em tempo de crise, (é preciso) contemplar a realidade com agilidade de coração”. Esse é um dos subtítulos, que cita o poeta português, Cardeal José Tolentino e sua oração de clamor: “Livra-nos, Senhor, deste vírus, mas também de todos os outros que se escondem dentro dele”. Livra-nos, Senhor, do pior dos vírus, aquele que mata nossa capacidade de “fraternidade e diálogo, compromisso de amor”. Sem a aceitação plena dos desafios presentes nessa proposta, de nada vale o rótulo de uma campanha que pretendemos e sonhamos como instrumento construtor da verdadeira paz. Antes, aceitemos o peso de nossas cruzes separatistas, cuja rigidez e repugnância não fornecem as respostas positivas para a paz que almejamos. Antes, construamos pontes; muros nunca mais!

 

“Os dados nos mostram quem são as pessoas atingidas pelo sistema de violência (67)”. Não podemos ir contra dados estatísticos, fatos aterradores, que afetam mais diretamente este ou aquele grupo, esta ou aquela classe social. “Uma das falsas notícias que fortalece a violência é a retórica de que direitos humanos servem apenas para defender “bandidos” (69). Se continuarmos rotulando pessoas e privilegiando nossos atos de caridades de acordo com nossa empatia ou interesses, ora, ora, estaremos rasgando ou rasurando nossas páginas bíblicas, nossa constituição de fé. Então, abraçamos ou não nossa causa comum? Nosso sonho de unidade? Nosso orgulho cristão? Essa parada eu topo.

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]

 

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Diocese de Assis

Desde a virada do milênio, a CNBB e o CONIC (Conselho Nacional das Igrejas Cristãs, que representa a ala mais histórica e tradicional da Reforma Protestante, tentam uma caminhada de unidade no tempo quaresmal. Para tanto, a cada cinco, seis anos, elaboram em conjunto o tema da Campanha da Fraternidade, num trabalho de crescente diálogo e intercâmbio religioso entre suas comunidades, cujo esforço primeiro vem da exemplar busca dos laços ecumênicos entre as tradicionais igrejas cristãs. Belo esforço!

Nesta quinta edição fraterna de uma campanha nascida no seio do catolicismo brasileiro, há de se ressaltar o respeito e a liberdade dada aos redatores do texto-base, elaborado quase que em sua totalidade pelos expoentes das igrejas evangélicas representadas no CONIC. Daí o estilo diferenciado que muitos católicos encontraram no texto. Daí muitas das críticas enciumadas de alguns setores mais tradicionalistas da ampla diversidade de nosso catolicismo carente de mais unidade na sua diversidade. Daí a razão de muitas divergências que maculam o esforço maior desse trabalho, a busca da nossa unidade cristã.

Começa pelo tema de CF: “Fraternidade e diálogo: compromisso de amor” e culmina com seu lema retirado da carta de Paulo aos Efésios (2,14) onde se lê: “Cristo é a nossa paz: do que era dividido, fez uma unidade”. Eis, gente, a grande riqueza desse trabalho ecumênico, que não se pode perder por ninharias pastorais ou linhas divergentes que pouco alteram o bem maior do que já conquistamos até aqui. “Ora, não podemos abrir mão de nossas crenças e tradições milenares”, diz alguém. E da nossa realidade de irmãos na fé, podemos? “Essa ou aquela linha doutrinária não condiz com nossa fé”. Tudo bem, mas nosso Cristo continua o mesmo, ontem, hoje e sempre. Ou não? “Mas a ideologia de gênero, o movimento LGBT, o aborto…” Gente, essas ninharias do modismo ou do momento histórico são sempre circunstanciais, passageiras, mundanas, conquanto o que prevalece é a Verdade questionadora de Cristo. Pois então, qual o problema de debater ou levantar essas questões?

Na realidade, o que está em jogo nestas questões é a não visão do todo, do bem maior que a unidade nos oferece. Se, diferentemente das outras campanhas, quem secretaria e modula os textos não é a CNBB, mas um órgão genuinamente evangélico, vamos dar graças por esse progresso e ouvir com maiores atenções o que esses irmãos têm a nos dizer. Ser divergente, não necessariamente é ser discordante. Vale mais nossos pontos comuns do que nossas eventuais discordâncias. Nosso bem maior é a fé que nos une, não as arestas que nos espezinham. Como bem lembrou a secretária geral do CONIC, citando, talvez sem o saber, uma frase bem conhecida do nosso saudoso bispo D. Helder Câmara; “Isso porque um sonho que sonhamos juntos vira realidade”.

Já ouvi absurdos de lideranças e padres feridos no orgulho próprio do mando e desmando numa campanha tipicamente católica, tais como: “Esqueçam essa campanha” ou “Não vamos adotá-la em nossa paróquia (ou mesmo diocese)”, ou “A verdade está do nosso lado”. Será mesmo assim? Tristes estes, que olham apenas para o próprio umbigo e esquecem de que seus cordões umbilicais um dia foram jogados telhado acima ou enterrados no quintal de suas posses… Dividir é ação típica do Inimigo. Quem teima em defender uma unidade sem olhar para a diversidade que nos rodeia, nunca compreenderá o grande sonho de Cristo: “Que todos sejam um”. Esqueçamos nossas picuinhas e guerrinhas em defesa dos nossos territórios e olhemos com mais critérios para o quintal vizinho. Quem sabe aquele irmão desgarrado, desconhecido, tem muito a nos ensinar. Essa parada é dura. Outras mais virão no decorrer dessa CFE.

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]




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O título deste artigo é, na verdade, uma exortação de Jesus, tirada do Evangelho de Lucas: “Sejam misericordiosos porque também é misericordioso o Pai de vocês que está no céu” (Lc 6,36). Esta exortação de Jesus traduz o conteúdo de toda a sua pregação e missão: “Aprendam, pois, o que significa: ‘Eu quero a misericórdia e não o sacrifício’. Porque eu não vim para chamar justos, e sim pecadores” (Mt 9,13).

 

Na Bíblia (edição pastoral), a palavra misericórdia aparece 114 vezes.

Misericórdia é a condição de fé e, esta, exige vida interior.

Não se admite um cristão que não passe pela escola da misericórdia. A questão é que nada acontece na fé, senão pela misericórdia. Portanto, sem aprender a misericórdia, não se crê de verdade.

Pode nos ajudar a entender a misericórdia, alguns elementos bíblicos como os relacionados abaixo:

Experimentar a profundidade do amor (1Jo 4,7-21). O Amor é o princípio da misericórdia. Nele todas as coisas se realizam. É o amor que dá forma à vida religiosa e às relações interpessoais. O Amor é a identidade Cristã. “Amados, amemo-nos uns aos outros, pois o amor vem de Deus. E todo aquele que ama, nasceu de Deus e conhece a Deus. Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor.”

Não fazer justiça com as próprias mãos (Rm 12,9-21). A justiça é um requisito do amor. Onde falta justiça o amor não nasce, não cresce e não frutifica. Todas as ações humanas serão expressão de verdadeiro amor se e somente se estiverem revestidas de justiça. “Não paguem a ninguém o mal com o mal; a preocupação de vocês seja fazer o bem a todos os homens. Amados, não façam justiça por própria conta, mas deixem a ira de Deus agir, pois o Senhor diz na Escritura: ‘A mim pertence a vingança; eu mesmo vou retribuir’.”

Nova prática do Jejum, da oração e da caridade (Mt 6,1-6.16-18). Jejum, oração e caridade são práticas de piedade cristãs. Tais práticas de piedade não são para fomentar as aparências nem para justificar uma vida de superficialidade. As práticas de piedade são para devolver à cada um o ideal-dever de conversão. “Prestem atenção! Não pratiquem a justiça de vocês diante dos homens, só para serem elogiados por eles. Fazendo assim, vocês não terão a recompensa do Pai de vocês que está no céu.”

Não julgar! Antes, é necessária a Correção Fraterna (Mt 18,15-20). O julgamento só cabe a Deus e não pode ser arbitrado por ninguém. Porque, todos nós somos, sem distinção, somos culpáveis de pecado. O que nos é dado fazer é viver na continua busca de auto-correção, como sinal para a correção fraterna. “Se o seu irmão pecar, vá e mostre o erro dele, mas em particular, só entre vocês dois. Se ele der ouvidos, você terá ganho o seu irmão. Se ele não lhe der ouvidos, tome com você mais uma ou duas pessoas, para que toda a questão seja decidida sob a palavra de duas ou três testemunhas. Caso ele não dê ouvidos, comunique à Igreja. Se nem mesmo à Igreja ele der ouvidos, seja tratado como se fosse um pagão ou um cobrador de impostos.”

Perdoar sempre, sem impor limites (Mt 18,21-35). O perdão não é uma simples concessão, mas um direito-dever. Porque, Jesus Cristo, quando ainda éramos pecadores nos escolheu e se entregou por nós: o justo pelos injustos. Por isso, mesmo sem nenhum mérito o Senhor nos perdoou, devemos nos perdoar uns aos outros, sempre. “Pedro aproximou-se de Jesus, e perguntou: ‘Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes?’ Jesus respondeu: ‘Não lhe digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete’.”

Vale a pena pensar nessas coisas, como auxílio à fé e à conversão pessoal!

 

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS




Diocese de Assis

 

          “Para os responsáveis pelo envio de mensagens sob a denominação Palavras de Esperança. Bom dia. Por favor, não me enviem mais mensagens. Não sei quem me adicionou ao presente grupo – só sei que não quero mais mensagens. A desconsideração do que disse e pedi será tomada como um ato de intransigência por conta do qual farei o que é de direito fazer”.

“Boa tarde. Agradeço por todos esses anos da sua delicadeza de me enviar mensagens, porém solicito a descontinuidade do envio. Um abraço”.

As duas mensagens acima foram enviadas num mesmo dia, semana passada, logo após a publicação do artigo Possessão Coletiva, que abordava superficialmente a ação e consequente existência demoníaca nos dias de hoje, em especial, nas circunstâncias endêmicas que estamos vivendo. Pura ou mera coincidência? Não posso responder. Só sei que, em mais de quarenta anos escrevendo e refletindo com meus leitores, nunca antes tais solicitações me ocorreram. Ao contrário, dia a dia, mais e mais, o que me tem ocorrido é o aumento dos seguidores desse meu despretensioso apostolado cibernético.

Por que então me preocupar com eles? Não é bem uma preocupação, pois perco apenas dois leitores semanais. É muito mais. Uma constatação óbvia e ululante de quanto a palavra incomoda, em especial quando aborda temas que aprofundam e agigantam nossa dependência conectiva com assuntos de cunho espiritual. Para os que se abstêm dessa preocupação ou fogem dessa realidade humana, qualquer abordagem mais comprometedora provoca incômodos e acentua nosso desconforto diante do assunto em pauta. Seria mesmo esse o motivo dos “afastamentos” acima?

O autor do primeiro parágrafo se mostra mais agressivo, chegando mesmo às vias de uma velada ameaça litigiosa, pois “a desconsideração do que disse e pedi será tomada como um ato de intransigência por conta do qual farei o que é de direito fazer”. Não se preocupe, meu irmão? Irmão, amigo, companheiro… Nada disso. Qualquer nome que lhe atribua agora soará como velada ironia. Antecipo meu respeito à sua liberdade, comunicando a ele e à segunda pessoa a exclusão de seus nomes da extensa lista de “amigos” aos quais esta mensagem chega semanalmente. Mas não se preocupem, pois se bater saudades ou se a curiosidade apertar, as ferramentas do mundo computadorizado aí estão e vocês poderão me reencontrar por outros meios. Pelo menos isso não tem como nos distanciar.

Já a autora do segundo parágrafo pareceu-me mais delicada e gentil. Lembrou-se dos vários anos dessa minha teimosia em lhe enviar mensagens. Verdade! Há pelo menos vinte anos não alterava a lista onde figurava seu nome. Vinte anos de convivência silenciosa, mas fraterna e só agora, quando abordo a realidade demoníaca e relembro sua ação possessiva a escravizar o mundo é que S G (iniciais de seu nome) se dá ao trabalho de apresentar-se como uma das pessoas que a tecnologia nos une. Está fora da minha lista.

Porém não de minhas orações. Como diz a canção bem conhecida da nossa música popular: “Faça uma lista dos velhos amigos”. Desfiz uma, mas refaço outra, pois mais do que nunca os dois velhos amigos ai de cima estarão presente em minha lista de orações e intercessões celestiais, para que, estando onde estiverem, sendo quem quer que sejam, crente ou ateus, irmãos de fé ou simples camaradas nessa jornada, Deus os livre sempre das ciladas do Inimigo que nos é comum e nos isola hoje. Aos dois, obrigado por todos esses anos de silenciosa convivência fraterna.

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]