1

Diocese de Assis

Na vida, algumas pessoas se sentem perseguidas por outras pessoas, por fantasmas, por espíritos, por forças sobrenaturais, pelo demônio… e vivem assombradas… não têm paz… não dormem tranquilas (aliás, nem dormem)… vivem sobressaltadas… assustam-se com qualquer coisa… não vivem porque, uma vida de medo não é vida!

Eu não me sinto perseguido por nada nem por ninguém. Eu me sinto acompanhado. E, com isso me sinto seguro! Minha fé está baseada na mesma convicção do povo da Bíblia e que, na Diocese de Assis, é lema das Santas Missões Populares: Deus que caminha com o povo e para o povo!

Assim se expressava o povo de Deus: “Saibam que Deus caminha à nossa frente” (2Cr 13,12). “Ninguém sairá apressado, ninguém correrá como se estivesse fugindo, pois Javé caminha à sua frente. Atrás de vocês vem o Deus de Israel” (Is 52,12). “Não fiquem aterrorizados nem tenham medo deles. Javé seu Deus irá na frente de vocês. Ele combaterá em favor de vocês, como já fez no Egito diante dos seus olhos. No deserto, você viu também que Javé seu Deus o carregou, como o homem carrega seu filho, durante todo o caminho que vocês percorreram, até chegar a este lugar. Apesar disso, ninguém de vocês confiava em Javé seu Deus. Ele ia na frente de vocês, procurando um lugar para o acampamento: durante a noite, por meio do fogo, para que vocês pudessem enxergar o caminho, e na nuvem durante o dia” (Dt 1,29-33).

Com a mesma convicção e expressão, queremos que todos experimentem a presença real de Deus que, não só está ao nosso lado nas horas difíceis, mas caminha conosco sempre. Que não só vai à nossa frente, mas vem ao nosso encontro.  Nosso Deus é surpreendente cada dia: nas alegrias ou tristezas, na saúde ou na doença, no bem ou no mal, na vida ou na morte. Eu creio num Deus presente!

Nossa vida está cheia de provas da presença de Deus e nós sabemos disso. Precisamos, porém, limpar a fé de alguns vícios, receios, dúvidas, medos…

A experiência de Adão e Eva. “Então a mulher viu que a árvore tentava o apetite (…). Pegou o fruto e o comeu; depois o deu também ao marido que estava com ela, e também ele comeu. Em seguida, eles ouviram Javé Deus passeando no jardim à brisa do dia. Então o homem e a mulher se esconderam da presença de Javé Deus. Javé Deus chamou o homem: ‘Onde está você?’ O homem respondeu: ‘Ouvi teus passos no jardim: tive medo, porque estou nu, e me escondi’” (cf. Gn 3,1-15).

A experiência de Abraão. “Quando Abrão completou noventa e nove anos, Javé lhe apareceu e disse: ‘Eu sou o Deus todo-poderoso. Comporte-se de acordo comigo e seja íntegro. Vou fazer uma aliança entre mim e você, e o multiplicarei sem medida’ (…) ‘Veja! A aliança que eu faço com você é esta: você será pai de muitas nações.  E não se chamará mais Abrão, mas o seu nome será Abraão, pois eu o tornarei pai de muitas nações” (cf. Gn 17,1-15).

A experiência de Moisés. “Moisés estava pastoreando o rebanho do seu sogro Jetro, sacerdote de Madiã. O anjo de Javé apareceu a Moisés numa chama de fogo do meio de uma sarça. Javé disse: ‘Eu vi muito bem a miséria do meu povo que está no Egito. Ouvi o seu clamor contra seus opressores, e conheço os seus sofrimentos. Por isso, desci para libertá-lo do poder dos egípcios e para fazê-lo subir dessa terra para uma terra fértil e espaçosa, terra onde corre leite e mel’” (cf. Ex 3,1-10).

A experiência de Maria. “No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma (…) a uma virgem, prometida em casamento a um homem chamado José. E o nome da virgem era Maria (…). Maria disse: ‘Eis a escrava do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra’” (Lc 1,26-38).

A experiência das primeiras comunidades cristãs. “Quando, porém, chegou a plenitude do tempo, Deus enviou o seu Filho. Ele nasceu de uma mulher, submetido à Lei para resgatar aqueles que estavam submetidos à Lei, a fim de que fôssemos adotados como filhos (…). Portanto, você já não é escravo, mas filho; e se é filho, é também herdeiro por vontade de Deus” (cf. Gl 4,4-7).

Qual é a sua experiência?

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS




Diocese de Assis

Em tempos de pandemia, qualquer bombinha é trovoada. Igualmente, qualquer trovoada pode ser uma simples bombinha. Mas, às vezes, devemos colocar os pingos nos is de certas situações desnecessárias. Por exemplo: a fé católica está adotando em seus kits de objetos litúrgicos um novo instrumental. (Perdoem-me, mas também observo o exagero do modismo dos paramentos de muitos sacerdotes, preocupados -até inconscientemente- mais com a beleza de suas vestes litúrgicas, do que a riqueza da unção sacerdotal de que estão revestidos diante do povo). Parênteses fechado, eis a razão de minha indignação: estão pinçando o Cristo para oferece-lo ao povo. Isso mesmo! Em tempos de pandemia, um novo instrumental está sendo aceito por muitas paróquias como saneador do ato eucarístico: a pinça de hóstias.

Já não nos bastam as polêmicas que temos, como a questão da comunhão na boca ou na mão, de pé ou de joelhos, de véus ou mangas compridas? Vamos distribuir o Cristo com uma pinça, um instrumental quase cirúrgico, como os talheres que a etiqueta humana inventou? Estaremos manipulando matéria com riscos de contaminação? Vale a preocupação, apesar de sua desnecessidade. Você tocaria o Cristo apenas com uma pinça?

Não posso deixar de citar aqui um testemunho real, mesmo sem a permissão do seu protagonista. Tenho certeza de sua bênção. Fradão  é seu codinome. Pois bem: Fradão, diretor espiritual do grupo missionário do qual faço parte, o Meac, certo período de sua vida foi dependente do álcool. Como bem o sabemos, para um alcoólatra, por mais distante que esteja de sua abstinência, uma dose mínima de álcool é capaz de reanimar seu vício ou repetir situações de embriagues e até coma ou delírio, como se estive ingerido um porre de bebidas. Um meu amigo um dia ficou totalmente embriagado com um pedaço de bolo que continha vermute. Fradão é um desses. Abstinência total ou pane…

Possuidor das ordens sacerdotais, foi autorizado a celebrar substituindo o vinho por suco de uva. Mas então se questionou: Que fé essa minha? Se digo no ato consagratório; “Este é meu sangue”, se bebo daquele cálice, estou dizendo que bebo do sangue verdadeiro do Cristo, como de sua carne, não do simples pão. Aquele vinho não mais era vinho, mas sangue. Sangue de Cristo! Então deixou de lado o suco e passou a consagrar o vinho, o vinho que se tornava sangue. Bebia do sangue, não do vinho. E para provar, bebia em doses cavalares, sem nunca ter se embriagado, nem obtido coma ou delírios por isso. Mas, quando fora da liturgia, só o cheiro do álcool já o repugnava!

Isso é a fé eucarística. Porém, muitos cristãos católicos não a vivenciam com a clareza de espírito necessária diante do altar. “De fato, Deus não nos deu um espírito de medo, mas um espírito de força, de amor e de sabedoria. Não se envergonhe, portanto, de dar testemunho de nosso Senhor (2Tim 1,7-8), diria Paulo a Timóteo, num conselho claro e suscinto ao comportamento eclesiástico diante dos mistérios da fé. Não questionar, não demonstrar medo ou insegurança, mas dar testemunho.

Então me pergunto: Como ficamos? Se a Eucaristia é o remédio que tantos anseiam, se nela estão contidos os maiores mistérios da nossa fé, se ali Cristo realmente se faz presente em corpo e alma e através desse mistério irradia seu poder e sua graça, se um simples toque ou desejo de alcança-lo e senti-lo em nossas vidas (a comunhão do desejo quando impossibilitados de sua prática – lembrem-se do milagre do toque em suas vestes e da pergunta: Quem me tocou?), se tudo isso constitui nossa fé eucarística, porque não tocá-lo, não recebe-lo de mãos devidamente ungidas ou purificadas por sua graça? Será que nosso Cristo está contaminado? Ou é nossa fé que padece?

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]

 

 




Diocese de Assis

Quem ama cuida! Certo?

Deus cuida de nós! Cuida de nós como a mãe cuida do seu filho (Is 66,13); como o pastor cuida do seu rebanho (Is 40,11); como a águia cuida do seu ninho (Dt 32,11). Ele mesmo nos toma pela mão, nos põe nos seus braços, nos levanta até a sua face… Deus cuida de nós… porque nos ama! Em tudo Deus está atento a nós!

No meio de tantas experiências negativas de abandono, de desprezo, de desamor, de desafeto… parece que ninguém espera mais nada de ninguém. O medo das frustrações, das perdas, das decepções… deixa todo mundo ressabiado com todo mundo. Parece que só há interesse ou segundas intenções nas ações das pessoas. A desconfiança tem tomado conta do nosso coração a ponto de não acreditarmos que seja possível que alguém, por amor, se interesse pelo outro. Até diante de Deus ficamos meio em dúvida. Como o salmista, também nos perguntamos: “Senhor, o que é o homem, para dele te lembrares? O ser humano, para que o visites? (Sl 8,5). Será que Deus se esqueceu de ter piedade de nós como os homens?

Não sejamos precipitados em nossas conclusões, por causa das experiências negativas que vivenciamos, nem por causa do medo de não mais sermos amados. O amor não perdeu sua força. Nem nas pessoas e nem em Deus. É verdade que os casos de desamor não pode comprometer a excelência e grandeza do amor experimentado nas relações interpessoais, uns com os outros e na íntima relação com Deus.

Somos chamados a compartilhar do testemunho e fé do povo de Israel: “De fato, que grande nação tem um Deus tão próximo, como Javé nosso Deus, todas as vezes que o invocamos? Que grande nação tem estatutos e normas tão justas como toda esta lei que eu lhes proponho hoje? Apenas tenha cuidado! Preste muita atenção em sua vida para não se esquecer dos acontecimentos que seus olhos viram e que eles nunca se apartem de sua memória, nenhum dia da sua vida. Ensine-os a seus filhos e a seus netos” (Dt 4,7-9).

Além das múltiplas revisões pessoais de fé e de vida, tome como direção e discernimento os cinco pontos que se seguem, sugeridos pela Palavra de Deus:

  1. Coloquem nas mãos de Deus qualquer preocupação. “Coloquem nas mãos de Deus qualquer preocupação, pois é ele quem cuida de vocês. Resistam ao diabo, permanecendo firmes na fé (…) aquele que os chamou em Cristo para a sua glória eterna, ele os restabelecerá, firmará e fortalecerá, e fará com que vocês sejam inabaláveis” (cf. 1Pd 5,5-11).
  2. Sejam pacientes nas provações. “Quando tentado, que ninguém diga: ‘Deus está me tentando.’ Porque Deus não é tentado a fazer o mal nem tenta a ninguém. Cada um é tentado pelo seu próprio desejo, que o atrai e seduz; a seguir, o desejo concebe e dá à luz o pecado, e o pecado, uma vez consumado, gera a morte” (cf. Tg 1,12-18).
  3. Você é precioso para mim. “Agora, porém, assim diz Javé, aquele que criou você, Jacó, aquele que formou você, ó Israel: Não tenha medo, porque eu o redimi e o chamei pelo nome; você é meu. (…) você é precioso para mim, é digno de estima e eu o amo; dou homens em troca de você, e povos em troca de sua vida. Não tenha medo, pois eu estou com você” (cf. Is 43,1-7).
  4. Você estava morto e ganhou nova vida. “Vocês estavam mortos por causa das faltas e pecados que cometiam. Mas Deus, que é rico em misericórdia, pelo grande amor com que nos amou, deu-nos a vida juntamente com Cristo, quando estávamos mortos por causa de nossas faltas. Vocês foram salvos pela graça! De fato, vocês foram salvos pela graça, por meio da fé…” (cf. Ef 2,1-10).
  5. Sua maior herança é um novo coração. “Darei para vocês um coração novo, e colocarei um espírito novo dentro de vocês. Tirarei de vocês o coração de pedra, e lhes darei um coração de carne. Colocarei dentro de vocês o meu espírito, para fazer com que vivam de acordo com os meus estatutos e observem e coloquem em prática as minhas normas” (cf. Ez 36,24-29).

Siga com alegria a direção desta Palavra!

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS




Diocese de Assis

Em tempos de insignificante vírus dominando o mundo e se sentindo o rei do universo porque nele enxergaram uma coroa real, seria oportuno dizer quem é quem nesta confusa crise da existência humana. Somos inferiores a um insignificante germe ou perdemos nossa identidade de criatura destinada a dominar a face da terra? Essa crise tem origem, meio e fim; não vencerá. Questão de tempo e também de fé. Fé nos revezes da vida, como desafiava antiga palestra que muitas vezes ministrei.

Dessa fé surgia a figura sempre portentosa, porém serena, de um outro rei, coroado devidamente por anjos e arcanjos que o serviam. Com seu manto púrpura e seu cetro de ouro puro na mão direita, ocupava um trono celestial. Mas sua mão esquerda não estava vazia. Ostentava com orgulho a razão do seu reinado, seu domínio soberano, o globo terrestre encimado por uma cruz reluzente. Aquela cruz era a coroa do mundo em suas mãos! Conquanto, sua coroa também exibia uma cruz… Eis a fé que nos ensina esse Senhor e Rei, com o coração aberto e transpassado por uma espada, mas também encimado por outra estranha coroa… de espinhos. Essa sim, a mais valiosa, o maior e mais precioso dos tesouros que a humanidade nunca mensurou com os devidos critérios da mais pura fé, aquela que tudo vence.

Reconhecer e venerar Cristo Rei como único Senhor e Redentor do Universo implica em reconhecer a preciosidade de sua coroa de espinhos, aquela que relembra seu calvário de dor, sofrimento e morte, mas ultrapassa tudo isso no mistério de sua ressurreição e ascensão. Como professamos em nosso credo: “subiu aos céus, está sentado `a direita do Pai, donde voltará…” As cruzes de uma pandemia estão aí, fazendo vítimas sem distinções sociais, políticas ou religiosas, mas ceifando muitas vidas de maneira assustadora. O “lugar da caveira” (calvário) deixou de ser um referencial geográfico para dominar o mundo com suas sentenças capitais e seu cetro de vida ou morte. Enquanto os esforços científicos buscam desesperadamente uma forma de derrotar um inimigo quase invisível, muitos dobram seus joelhos diante do trono celestial que a imagem sagrada da fé cristã representa. Só Ele possui o verdadeiro cetro do poder e glória, da vida e da morte, da bênção ou da maldição. Só Ele poderá inspirar soluções eficientes para a cura do corpo e da alma, dando aos nossos pesquisadores e cientistas a pista necessária para a salvação que buscamos. Salvação com “s” maiúsculo. Do corpo e da alma, repito.

Isso tudo significa que estamos nas mãos de Deus. Os revezes do momento não terminarão num passe de mágica qualquer, mas num maior respeito à vida e aos semelhantes. Isso se chama solidariedade, fraternidade, virtudes básicas da fé cristã. Para agnósticos e descrentes, humanismo, instinto de sobrevivência. Não importa. O que aqui se visualiza é uma maior consciência humana de sua fragilidade enquanto ser vivo, mas também sua inquebrantável força interior que o espírito de fé lhe aponta como ser espiritual.

Reconhecer, pois, o poder de Deus como a única força restauradora para nossa saúde, seja esta física ou espiritual, é dar-Lhe o devido lugar no trono sagrado dessa odisseia terrena. Nada seríamos, nada teríamos, nada faríamos sem a permissão das forças celestiais, essa energia positiva que governa o universo. Se há um governo, há de existir um comando. Se acreditamos nesse comando, há de ter um rei, um soberano acima de tudo e de todos. Mesmo que o julgamento faccioso de mundo o tenha obrigado a dizer: “Meu reino não é deste mundo”. Se não é deste, existe outro. Nesse outro seu poder supera qualquer realeza ou utopia de poder humano. “Então, o Rei dirá aos que estão à direita: ‘Vinde, benditos de meu Pai, tomai posse do reino que vos está preparado desde a criação do mundo’…” (Mt 25,34). Tomai posse.

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]

 




Diocese de Assis

Ao contrário do que o mundo pensa, a doutrina cristã é um grito de liberdade, não escravidão. Ser cristão, mais que um seguimento de normas e condutas religiosas, é descobrir e vivenciar uma profunda experiência de vida em plenitude, cuja prática nada mais exige que a partilha dessa descoberta. Eis porque cristianismo não existe e não se pratica sem vida missionária. Eis aqui a razão de se considerar morta, inexistente ou gravemente enferma a fé sem abertura para o outro, para o mundo. Triste é o cristão ou a igreja fechada em si mesma. Pensa que evangeliza, mas retém para si uma doutrina sem efeitos, um conjunto de normas e leis incapazes de libertar alguém.

“Anunciar o evangelho não é motivo de glória, mas necessidade”. (1Cor 9,16) – desabafou São Paulo no auge de sua caminhada missionária. O mistério desse anúncio é hoje conhecido de todos os que praticam sua fé com o mesmo olhar do apóstolo. A mesma preocupação e necessidade de partilhar sua experiência de Deus com todos aqueles aos quais era enviado, não por força de um mandato humano, mas simplesmente pela experiência de um amor renovado que nutria sua existência. “Ai de mim se não evangelizar!” – suspirava em sua caminhada. Ai de mim…

Assumir para si essa necessidade é sempre uma atitude de maturidade na fé. Quanto mais gritante for essa necessidade, mais autêntica é a fé que professamos. Não se compreende um cristão que gasta seus joelhos em oração ou dedilha contas num interminável rosário de loas a Maria, mas conserva seu solado imune à poeira da estrada em direção ao outro. A fé só cresce ao caminhar. A oração exige ação. É lógico: uma atitude não dispensa a outra; são como termômetros naturais de uma fé adulta, amadurecida na necessidade de olhar o mundo com o olhar e a preocupação de Cristo. “Eu vim lançar fogo à terra, e que tenho eu a desejar se ele já está aceso?” (Lc 12,49).

Esse fogo é a paixão pela verdade que liberta. Aceso está, mas é preciso que este incendeie o mundo. Isso só se dará quando a doutrina que Ele nos confiou não seja propriedade de poucos; privilégio dos que se dizem escolhidos, eleitos, salvos da multidão que ainda desconhece a verdadeira liberdade. Mais que aceitar é preciso acolher. A Igreja de Cristo, diante do mundo e de suas misérias, não coaduna com seus erros e distorções humanas inerentes à fraqueza e às limitações que lhes são próprias, mas deve abrir suas portas a todos. Deve acolher. Vejo aqui uma grande atitude de maturidade missionária. Exatamente no gesto de acolhimento está o princípio da transformação de todos os que se sentem atraídos pela doutrina do nazareno, mas também constrangidos pela consciência das misérias que rondam o espírito humano. O fogo das paixões que nos consome não é o mesmo que arde no coração de Deus. Este não consome, aquece.

Esse diferencial humano do divino é um grande segredo revelado por Cristo.  Compete à Igreja apresentar e revelar ao mundo esse mistério. Compete aos cristãos missionários assumir com mais coragem aquilo que Isaias já preconizava como dever de fé: “Enviou-me a proclamar a libertação” (Lc 4, 18). Não se trata de mero trabalho doutrinal, mas condição sui generis de qualquer batizado. Não aceitamos o mundo que ai está, nem por isso vamos nos afastar da realidade, fugir do desafio, esconder-nos como avestruzes que enterram suas cabeças para não encararem as ameaças. Ao contrário, a mesma fé que liberta é geradora da fortaleza, da sabedoria e de todos os dons espirituais que fazem do cristão alguém imbatível, destemido.

Assuma essa fé. Só assim poderemos compreender que doutrinar é uma necessidade, uma missão que oferece liberdade plena a todo e qualquer ser humano, independente de cultura, raça ou civilização. A fé cristã ensina ao mundo que Deus respeita o ser humano e sua liberdade e não age sem seu consentimento.

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]

 

 




Diocese de Assis

Uma das grandes questões da revelação cristã, talvez o mistério maior de sua doutrina, é a compreensão e assimilação do que seja “Deus uno e trino”. Pela lógica humana, onde dois e dois são quatro, fica difícil explicar “um só Deus em três pessoas”, mas pela lógica da fé o inexplicável foge dos parâmetros humanos para se alojar na grandiosidade dos mistérios que rondam nossa própria existência. Então nos calamos e aceitamos, pois a fé não se explica, se vive. E nos persignamos em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

Para os “experts” da ciência humana essa submissão aos mistérios é pura infantilidade, foge da lógica, subverte nossa capacidade de raciocínio, menospreza a própria inteligência. Mas eles próprios não encontram respostas que expliquem muitas das lógicas que defendem. Por exemplo: donde viemos? Por que viemos? Para onde vamos? Então preferem imitar os três macacos – aquele dos quais se acham parentes – com uma atitude de fuga comum às crianças birrentas ou no mínimo preguiçosas: não vejo, não ouço, não falo!

Já para os que acreditam, de uma forma ou de outra, – não importa o grau e intensidade da fé que professem – se dizem tementes a Deus e aceitam os mistérios da Santíssima Trindade, a lógica humana é falível e secundaria, uma vez que não explica a razão da própria existência. Com alegria e sem questionamentos, aceitam e respeitam os mistérios de fé. Vivem na compreensão de um dom, que só um coração agraciado por uma experiência de Deus é capaz de aceitar. Isso não é submissão, mas descoberta pessoal, revelação! Diria mais: vivência do Amor.

Uma das citações que mais nos aproxima dos mistérios da Trindade está em João, capítulo terceiro. No verso dezesseis diz: “Deus amou tanto o mundo, que deu seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna”. Deus amou sua obra, por ela doou seu único Filho, que nos prometeu a plenitude no Espírito, na imortalidade de nossas almas. Deus nos amou. Ora, a virtude do amor exige interação, reciprocidade. Exige comunhão, vida comunitária. Então há uma relação mútua dentro da Trindade que a faz comunidade de Amor. Daí a conclusão óbvia do evangelista João, aquele que Jesus amou: Deus é Amor.

Compreender tudo isso não é fácil aos simples olhar da lógica. Tanto que o bispo de Hipona, Santo Agostinho, levou dezesseis anos para escrever A Trindade, sua obra teológica mais surpreendente pelo caráter profundo das questões, alavancada sempre com seu espírito de oração constante. Acabou nos deixando uma pérola, com afirmações como: “No Pai está a unidade, no Filho a igualdade e no Espírito Santo a harmonia entre a unidade e a igualdade. Esses três atributos todos são um só, por causa do Pai, todos são iguais por causa do Filho e todos são conexos por causa do Espírito Santo”. Em suma: unidade, igualdade e harmonia constituem a essência do Amor, razão da Trindade; é o tripé da vida plena que sonhamos, a Plenitude Divina.

Quando, pois, nos acusam de idolatria, de politeísmo ou de falsa religiosidade pela complexidade dos mistérios de nossa fé, lembrem-se de que Jesus, o Filho, sofreu as mesmas acusações e incompreensões. Seus delatores não silenciaram nem depois de sua morte. Da ressurreição nem ousam falar! No entanto, nenhum outro povo é capaz de amar, perdoar, compreender e interceder por estes que nos perseguem, até mesmo na hora da morte. Eles não sabem o que pensam, o que dizem, o que fazem. Perdoa-lhes Pai, em nome de Jesus Cristo e na unidade do Espírito Santo.

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]

 

 




Diocese de Assis

  Foi difícil encontrar um adjetivo qualificativo que melhor representasse esse advogado das causas impossíveis. Extraordinário me pareceu pouco. Fabuloso nos remete às fábulas. Espetacular aos circos. Charmoso não era o caso. Fantástico também não, pois a vida lhe era muito mais que um simples show. Talentoso? Providencial? Justo? Íntegro? Nenhuma dessas qualificações eram suficientemente satisfatórias à ideia que faço desse profissional sem igual. Profissional? Nem tanto, pois sequer honorários exige. Ei! Que advogado é esse? Como veem, é realmente um advogado fora de série.

Antes de apresenta-lo oficialmente, desejo comentar algumas de suas ações, que tramitam sem os embaraços ou percalços próprios da lenta justiça dos homens, pois que seus processos não necessitam de varas especiais, nem conhecem a burocracia meritória das instancias forenses. Vai direto ao juiz da causa. Tem solução rápida, instantânea por assim dizer, pois sua rubrica e selo advocatício tem prioridades que nenhum outro advogado foi capaz de adquirir. Seus processos dispensam o ridículo calhamaço de papeis, papeis, papeis, que entulham almoxarifados de cartórios ou, como se faz hoje, vão pras nuvens cibernéticas devidamente digitalizados, fotografados, documentados. Esse meu advogado dispensa tudo isso para tão somente exercer seu direito primário de “advogar”, ou seja, falar pelo seu cliente. Sua prática é a defesa com argumentos da oratória pura e simples. Sua Palavra está envolta na Verdade. E isso basta ao Juiz Supremo.

Pronto. Estou dando nome aos bois. Não há aqui qualquer desrespeito ou falta de jurisprudência, ou ética. Mesmo porque neste tribunal dispensa-se qualquer formalidade ou trato cerimonioso exigido pelos cargos aqui apresentados. Nada de Excelências, nem doutores, pois que douto é farisaísmo deste mundo. Meu advogado é doutro… doutro mundo.

Está descobrindo quem é Ele? Sim, aqui Ele merece o maiúsculo…Não advoga num tribunal iníquo, onde juízes desse naipe só fazem justiça por interesses pessoais, pelo ganho, pelo salário gordo das cortes que representam. Conhece essa história? “Faze-me justiça contra meu adversário”, clamava uma pobre viúva. Sem advogado de defesa, o juiz a ignorava. Mas um dia, cansado de sua importunação, pensou: “Eu não temo a Deus, nem respeito os homens; todavia, porque essa viúva me importuna, far-lhe-ei justiça, senão ela não cessará de me importunar” (Lc 18, 3-5). Esse é o tribunal faccioso dos homens. Por outro lado, quem nos contou essa história, um dia nos prometeu um bom advogado, acrescentando: “Tudo o que pedirdes ao Pai em meu nome, vo-lo farei” (Jo 14,13).

Estabelecida a Promessa, eis que Jesus nos apresenta nosso defensor. “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará um outro Advogado, para que fique eternamente convosco” (Jo 14,15). Paráclito é seu nome grego. Como Jesus, tornou-se nosso defensor diante das incompreensões contra a fé cristã. “É o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece”, acrescenta o Mestre. Suas causas são nossas e nossos dilemas os dele. O Espírito Santo é nosso advogado, assim como Jesus, cujo espírito e verdade prevalecem diante dos acusadores contra nossa fé, nossas vidas. Eis que nessa defensoria temos três em um, ou melhor, a Trindade se manifesta em plenitude a nosso favor. Um advogado trino, divino, a conduzir nossas vidas para a Verdade soberana: “Não vos deixarei órfãos”… Em outras palavras: estou convosco do princípio ao fim. Voltarei e farei justiça! “Naquele dia conhecereis que estou em meu Pai, e vós em mim e eu em vós” (Jo 14, 20). Não se preocupem com as provações e tribulações deste mundo. Porque “o Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ensinar-vos-á todas essas coisas”…Diante do aqui exposto, não há como pedir vênia, nem fazer vistas.

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]

 

 

 

 




Diocese de Assis

Quando o escritor brasileiro Graciliano Ramos escreveu Angústia, seu terceiro romance, cumpria pena em uma prisão de Maceió. Era o ano de 1936. Seu crime não vem ao caso, mas as motivações dessa escrita sim. Nordestino sofrido, mas renitente, viveu a saga do vai e vem migratório e perdeu três de seus irmãos e familiares para a peste bubônica. Tornou-se militante político e grande defensor das causas populares, deixando consignado em Vidas Secas o drama social do seu povo. Em Angústia – originalmente titulado com Colchão de Painas, referência ao colchão de sua prisão – retratou todo o dilema de alguém manietado e impedido de realizar seus sonhos.

Por que utilizo esses fatos num espaço tradicionalmente religioso? Num momento crítico da história que vivemos? Na prisão involuntária à qual muitos se submetem? Na angústia asfixiante das incertezas de uma peste? Nas muitas perdas que sofremos, dentre elas nossa liberdade de ir e vir, de se solidarizar com os amigos, de sorrir sem máscaras, de abraçar, comungar?…

O colchão macio também cansa. De nada adianta uma retaguarda protetiva, uma segurança restritiva sem possibilidades concretas de vitórias futuras. Em Angústia, o conflito existencialista de um matuto apaixonado por uma musa inspiradora esbarra na concorrência de outro, que lhe rouba a razão de sua vida, sua paixão. Quantos assim se veem impossibilitados de realizar seus sonhos! O conflito é também social, coletivo, pois esbarra na luta de classes do senhor da Fazenda e do caboclo sertanejo, do sistema dominante e da classe operante, da política ditatorial e da realidade sem norte, sem rumo certo. Retrata uma realidade social da qual fazemos parte, na qual o mundo se afunda em uma polarização sempre conflitante. Essa angústia nos asfixia. Mata sonhos, corrói a alma, esconde a esperança.

Há, no entanto, uma angústia positiva, uma força maior capaz de superar conflitos, amadurecer nossos dilemas, ascender sobre problemas. A ressurreição não termina na transposição de um túmulo, uma derrota superada, mas vai além… É preciso também ascender, superar, subir a um novo patamar de vida, alcançar os céus. É preciso libertar-se das prisões, das amarras que toldam nossas existências, tolhem nossas almas sedentas de liberdade, de plenitude na vida. Gritar não às pandemias existencialistas, as cadeias do individualismo. Essa angústia é própria das pessoas de fé, capazes de transformar dramas circunstanciais em trampolins de superação. Pessoas que, como Cristo, ascendem aos céus na superação das amarras, das prisões circunstanciais dessa vida passageira. Essa é a angústia dos escolhidos, anjos e santos de Deus, que compreendem momentos de privações como instrumentos de purificação, não mais que isso.

No romance da vida a angústia é tão finita quanto ela própria. Um dia acaba. O protagonista do escritor brasileiro, um Luis da Silva qualquer, não enxergou essa possibilidade e acabou assassinando seu oponente, sem com isso resgatar sua amada, seu sonho de vida. Faltou-lhe maior introspecção da realidade, para encarar a falta de horizonte momentânea. Esse é o perigo dos romances sem perspectivas, dos dramas impossíveis de final feliz, que muitos de nós escrevemos sem o horizonte da fé e da esperança. A prisão e a morte sentenciam seus protagonistas. Aos que enxergam além da própria realidade está reservada uma vitória maior, uma perspectiva de vida além das angústias próprias de nossas limitações pessoais. Olhem para os céus: Não fiquem aí parados, na mesmice de uma angústia circunstancial. “Este Jesus que acaba de vos ser arrebatado… voltará do mesmo modo…” (At 1,11).

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]




Diocese de Assis

Vivemos dias de provações. Apartar-se da sociedade, afastar-se dos familiares, abandonar o trabalho, os afazeres cotidianos, isolar-se da vida e do mundo não nos parece uma atitude coerente de pessoas minimamente normais. Nem cristãs. Mas, de repente, passou a ser. Em nome da saúde e até da responsabilidade social; em nome da caridade e do bem querer comunitário ou familiar, o isolamento momentâneo passou a ser uma atitude de responsabilidade e de fé.

Quanto tempo há de durar essa fuga para um deserto de privações ainda não o sabemos. Jesus se isolou por quarenta dias. O povo de Deus por quarenta anos, naquela histórica travessia do deserto. Nem oito, nem oitenta. O que aqui temos é uma atitude de confronto em vista das ameaças externas de uma pandemia devastadora. No deserto se dá o confronto, a ponderação de nossas responsabilidades com a vida, com o outro, conosco mesmos. Mesmo quando o convite do mundo seja tentador. A fome de liberdade grite em nosso íntimo. As ilusões das pedras não sejam os pães desejados. E nossas derrocadas financeiras nos roubem as ilusões de poder, de fama, de vitórias, sucessos que somos obrigados a abortar. A única certeza que hoje temos é que o deserto é purificador. Nos faz melhores, mais fortes. Que nos diga o povo de Deus naqueles quarenta anos. Que nos diga Jesus, citando Deuteronômio, o livro dos mandamentos e das leis sagradas: “Não só de pão vive o homem, mas de toda a palavra de Deus”.

Nessa verdade devemos nos fiar em momentos de dores e aflições. Deus é o cerne, a esperança maior de um povo sofredor, escravo em seu mundinho contaminado pelas mazelas de um corpo perecível, frágil, sensível aos humores da saúde física. Por outro lado, um povo forte, guerreiro, vencedor e humanamente glorioso quando purificado nas promessas da Palavra de Deus, que lhe restitui o tesouro da alma, seu cerne de fé, sua saúde espiritual.

Esse é o grande segredo que muitos estão redescobrindo no isolamento, no confronto consigo mesmo, com sua realidade física e espiritual. O demônio não quer esse confronto, essa percepção do que somos neste mundo. Ao conduzir Jesus para o ponto mais alto do templo de Jerusalém, desafiou-o a se lançar dali, pois seus anjos haveriam de salvá-lo .Se o fizesse, teria o mundo a seus pés. Moisés chegou perto, pode contemplar a Terra Prometida do alto de um monte, mas não entrou em seu gozo. Nem por isso se atirou daquele monte; morreu ali. Nem por isso o povo de Deus deixou de conquistar o “sonho do deserto”, a posse da terra. Penetrou em novo domínio “sustentado pela mão de Deus, sem ferir seus pés em pedra alguma” – referência à terceira tentação de Cristo (Sal 90). O isolamento nos ensina a ponderação, a nunca tentar Deus com nossas ambições desmedidas, nossos sonhos de grandeza, pois nossa fragilidade é gritante.

Muitos há por aí que ainda não perceberam a preciosidade desse momento. Se por um lado há um isolamento forçado, por outro a fé se torna a fortaleza de muitos. Nunca se rezou tanto neste mundo. Uma corrente de clamor aos céus, de verdadeiro grito de socorro e até de gratidão por pequenas vitórias aqui e ali, faz emergir um mundo novo, uma humanidade restaurada em seus princípios de fé e esperança. Louvado seja Deus que nos purifica até na dor. Louvado o Senhor Jesus, que também viveu seu isolamento social para nos dar um exemplo de fortaleza sempre. O demônio é capaz de tudo, até de se disfarçar como doença virulenta para nos destruir. Mas Deus é maior. “Depois de tê-lo assim tentado, o demônio apartou-se dele até outra ocasião” (Lc 4,13).

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]




Diocese de Assis

Não é preciso ser pedreiro para saber que uma construção, bem edificada, precisa de bom alicerce. Caso contrário é perda de material, serviço e dinheiro.

A vida é como uma construção, e nada é tão importante e necessário na vida do que um bom alicerce; um fundamento; uma estrutura. Porque uma vida sem base sólida não suporta situações difíceis e inesperadas. Sem um bom alicerce a vida não suporta apertos e dificuldades. Vive inseguro e sem rumo quem pendurou sua vida na sorte, nos momentos ou no imediatismo.

A vida só está bem edificada sobre fortes convicções.

O alicerce da Fé (Cl 1,21-23). A fé, antes de ser um compromisso de uma pessoa, é um dom de Deus e, como tal, funciona através da graça de Deus e dos esforços humanos. A fé é um alicerce para a vida. Sendo assim, a vida sem fé não tem sentido, como diz a Palavra de Deus.

“Com a morte que Cristo sofreu em seu corpo mortal, Deus reconciliou vocês, para torná-los santos, sem mancha e sem reprovação diante dele. Isso tudo, sob a condição de que vocês permaneçam alicerçados e firmes na fé, sem se deixarem afastar da esperança no Evangelho que vocês ouviram, e que foi anunciado a toda criatura que vive debaixo do céu”

O Alicerce da Família (Ef 5,21-6,4). A primeira e mais importante experiência de relacionamento interpessoal é a família. É ali que as pessoas interagem de maneira total, por uma convivência de proximidade, intensamente afetiva. A família é um alicerce para a vida. Não é possível viver, de maneira saudável e equilibrada, sem família. As pessoas precisam de família porque este é o ninho da vida.

“Sejam submissos uns aos outros no temor a Cristo. Mulheres, sejam submissas a seus maridos, como ao Senhor. Maridos, amem suas mulheres, como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela; Filhos, obedeçam a seus pais no Senhor, pois isso é justo. Pais, não dêem aos filhos motivo de revolta contra vocês; criem os filhos, educando-os e corrigindo-os como quer o Senhor.”

O Alicerce da Amizade (Eclo 6,8-17). Assim como as relações familiares, a relação de amizade constitui um dos núcleos mais importantes da vida de todos nós. Amizade é uma necessidade porque é suporte de vida. Infeliz de quem não tem amizade. A amizade é um alicerce para a vida. Ninguém vive sozinho neste mundo!

“Existe amigo que é companheiro de mesa, mas que não será fiel quando você estiver na pior. Amigo fiel é proteção poderosa, e quem o encontrar, terá encontrado um tesouro. Amigo fiel não tem preço, e o seu valor é incalculável. Amigo fiel é remédio que cura, e os que temem ao Senhor o encontrarão.”

O Alicerce dos Valores Morais (Ef 4,22-32). Assim com a luz clareia o caminho no meio da noite, permitindo dar passos, assim são os valores: são enormes luzeiros plantados no coração e na consciência de cada um de nós. Através dos valores morais, iluminamos nossa conduta. Os valores morais são alicerce para a vida, precisam ser aprendidos e cultivados porque a vida sem lei é um desatino. Sem valores morais não há disciplina na vida.

“Vocês devem deixar de viver como viviam antes, como homem velho que se corrompe com paixões enganadoras. É preciso que vocês se renovem pela transformação espiritual da inteligência, e se revistam do homem novo, criado segundo Deus na justiça e na santidade que vem da verdade.”

O Alicerce da Humanidade (Eclo 14,5-18). Somos humanos! Esta é uma afirmação que tem consequências graves para a vida de todos nós, porque nos coloca frente a frente com limitações e grandezas; forças e fraquezas; finitude e eternidade… Saber-se humano é saber-se em busca, em luta, em crescimento, em avanço, em evolução… Nós não somos anjos e nem máquinas, somos gente.

“Quem é mau para si mesmo, com quem será bom? Ninguém é pior do que aquele que maltrata a si mesmo. Meu filho, trate-se bem na medida do possível, e apresente ao Senhor as ofertas que deve a ele. Não se prive de um dia feliz, nem deixe escapar um desejo legítimo. Dê e receba, e divirta-se, porque no mundo dos mortos não existe alegria. Todo corpo envelhece como roupa, porque a morte é uma lei eterna.”

Não deixe a sua vida sem alicerces!

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS