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Diocese de Assis

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Nunca um tema religioso foi tão apropriado para um tempo de agonia e medo quanto o que a Igreja Católica oferece ao povo nesta quaresma negra que estamos vivendo. O tema da CF deste ano veio como prova da unção divina nos momentos críticos da história humana: “Viu, sentiu compaixão e cuidou dele”.  Seu lema também é revelador: “Fraternidade e vida, dom e compaixão”. O Brasil – bem como o mundo todo- já chora suas perdas, mas sua Igreja nos lembra o dever da solidariedade, pois que “a vida é essencialmente samaritana”, nos recorda o texto-base dessa campanha.

A citação de Lucas (10, 33-34), quando da narrativa da parábola do bom samaritano, é o mais perfeito exemplo para as situações endêmicas que a estrada da vida nos oferece cotidianamente. O que se dirá em tempos de pandemia, como o que hora vivemos? Alguém tem que encontrar forças para enfrentar o caos. Aqui temos o exemplo vivo e contumaz dos profissionais de saúde que se desdobram com louvor, profissionalismo e muita garra no afã de conter ou ao menos amenizar as dores do povo. Verdadeiros samaritanos. Esses nos ensinam que a compaixão não tem religião, que “as coisas ruins acontecem para a gente aprender”, que a essência da vida é maior e mais imune às ameaças do vírus do egoísmo do que qualquer tentativa contra a vacina da solidariedade. Essa sim, preserva a imunidade do coração humano, aquela que desenvolve sua capacidade de amar. “Senhor, reconstrua nossas vidas”, estava escrito num oratório cristão.

Da minha parte, estou aqui, recluso, longe dos filhos e netos, longe do trabalho que tanto prezo, acompanhado de minha esposa e dos muitos anjos que nos protegem, apenas por questões de ordem sanitária. Gostaria de estar lá, no meio desse povo sofrido, carente mais de amor do que de compaixão. No entanto, amor e compaixão são sinônimos e só agora me dou conta disso. Minha quarentena forçada me ensina a viver uma quaresma diferente, voltada à oração e aos sinais catastróficos que abarrotam os noticiários cotidianos. Será nosso medo maior que nosso instinto de sobrevivência? Seria covardia esse isolamento forçado que nos impuseram e que de bom grado aceitamos? Todos, de certa forma, temos medo de morrer, simplesmente porque nosso amor pela vida é maior. Talvez estejamos à porta de uma revelação grandiosa e da compreensão do que seja a vida em plenitude prometida pelo mestre nazareno: “No mundo haveis de ter aflições. Coragem! Eu venci o mundo” (Jo 16,33).

Essa coragem nos falta. Compreender que aqui estamos de passagem e que aqui exercitamos uma tarefa de aprimoramento, de construção, de busca da perfeição… é entender que a vida, o mundo, toda nossa essência não se resume a um ciclo biológico, mas ultrapassa tudo isso em função de algo maior, mais perfeito, perene, livre de pandemia e endemias circunstanciais. Pudéssemos penetrar nesse mistério! Pudéssemos agora entender o outro lado da nossa razão existencial! Compreenderíamos ser a compaixão algo maior que as dores que hora sentimos, uns pelos outros, pois que compaixão maior do que aquela vinda do Pai que nos criou… Essa nenhum bom samaritano é capaz de entender ou demonstrar em plenitude.

Enquanto isso, tenhamos um mínimo de sensatez. Ou mesmo leveza na alma, no coração. Sem ironias, mas com alegria de uma esperança maior. Para desanuviar, eis que Fonseca, meu guru dos momentos difíceis, me faz mais uma das suas piadinhas… Não foi e nem será nenhuma gripe H1n1 ou Covid 19 que nos destruirá. A destruição já aconteceu com o H2O no dilúvio… Depois dessa, Deus fez Nova Aliança com a Humanidade. Um gesto de compaixão sem limites.

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]

 

 

 

 

 




Diocese suspende casamentos, batizados e demais atos coletivos

Notas assinada pelo bispo Dom Argemiro Azevedo, divulgada no final da tarde de quarta-feira (18) de abril, informa a suspensão de eventos na Semana Santa e informa sobre adiamento de celebrações como casamentos, batismo e primeira eucaristia, visando contribuir para conter a proliferação do novo coronavírus.

Eis a decisão publicada no portal da Diocese:

“Considerando o valor da vida humana e consciente da minha função de pastor e da responsabilidade da igreja em colaborar com os esforços da sociedade civil para conter a proliferação do novo coronavírus, suspendo, a partir de 18 de março de 2020, em toda a diocese de Assis, as celebrações das missas públicas.

Com base no parágrafo 1º do Canon 87, do código de Direito Canônico, dispenso os fiéis leigos da obrigação das missas de preceito, porém que as igrejas permaneçam abertas ventiladas e higienizadas para oração pessoal individual dos fiéis.

Aos sacerdotes, exorto que celebrem a eucarístia de maneira privada, cotidianamente, em favor dos fiéis.

As celebrações dos sacramentos, do batismo, primeira eucaristia, confirmação e matrimônio, sejam adiadas até tempo oportuno.

A assistência espiritual aos enfermos e as celebrações das exéquias podem ser realizadas, porém com cuidado e discernimento. Os ministros ordinários e extraordinários que pertencem ao grupo de risco da pandemia estão dispensados.

A Semana Santa seja realizada de forma privada pelo clero (Domingo de ‘Ramos’ e da ‘Paixão do Senhor’, Tríduo Pascal e Domingo de Páscoa), e os fiéis, dispensados das obrigações, acompanhem, se possível, em família, as celebrações pelos meios de comunicação e pelas redes sociais.

Quanto ao Sacramento da reconciliação, orientamos aos fiéis a adiarem por prudência o momento da confissão, que faça o ato de contrição procurando confessar-se, assim que possível.

Os seminaristas dispensados das atividades dos seminários e da (FAJOPA) Faculdade João Paulo de Marília, ficarão com suas famílias, até quando a situação for normalizada.

Que o clero, religiosos, religiosas, seminaristas, consagrados, agentes de pastoral e os fiéis leigos e leigas, se empenhem na oração do Santo Rosário, na meditação da palavra de Deus e na conscientização da população sobre o cumprimento das normas básicas de prevenção.

Confiemos nossas vidas ao Sagrado Coração de Jesus, fonte de vida e santidade, e peçamos a intercessão da Virgem Maria, de São José, e do nosso padroeiro São Francisco de Assis.

Dom Argemiro Azevedo




Diocese de Assis

Temos insistido que é preciso ter clareza sobre a quaresma para que ela o efeito pretendido de conversão. O tempo da quaresma não deve ser entendido, erroneamente, como tempo de privações, restrições, medos e lendas.  O tempo da quaresma é muito mais do que uma sucessão de dias até completar quarenta.

Neste artigo, particularmente, queremos valorizar a quaresma como um tempo oportuno; um tempo bom para inquirir-nos sobre o modo como nos relacionamos com os outros. Afinal, há um tipo de “justiça” que devemos superar: aquela da superficialidade e da aparência.  Porque, só a justiça do Reino nos torna justos.  E a justiça do Reino é esta: fazer o bem sem olhar a quem, sem esperar recompensa. O mal, porém, não fazer a ninguém.

Sendo assim, na convivência, tudo depende do modo como nos relacionamos com os outros.  Quem é superficial terá, sempre, relacionamentos, amizades, ligações, motivações… superficiais.  E, esse, é um tipo de relacionamento vazio e, portanto, destrutivo.

O alerta é do próprio Cristo: “Prestem atenção!” Não pratiquem a justiça de vocês diante dos homens, só para serem elogiados por eles.  Fazendo assim, vocês não terão a recompensa do Pai de vocês que está no céu. Por isso, quando você der esmola, não mande tocar trombeta na frente, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem elogiados pelos homens.  Eu garanto a vocês: eles já receberam a recompensa. Ao contrário, quando você der esmola, que a esquerda não saiba o que a sua direita faz, para que a sua esmola fique escondida; e seu Pai, que vê o escondido, recompensará você” (Mt 6,1-4).

O alerta e o questionamento de Jesus incidem diretamente não sobre a Caridade, mas sobre um tipo de caridade que, por si mesma, é destrutiva e mortal: a caridade interesseira e oportunista; a caridade fingida.

A questão principal é a seguinte: não deixar de fazer a caridade, mas aprender a fazer a caridade segundo a justiça do Reino, o AMOR. Quem age assim é feliz e faz feliz os outros.

Não é sem razão que encontramos em 1Cor 13,1-8 a seguinte declaração: “Ainda que eu falasse línguas, as dos homens e dos anjos, se eu não tivesse o amor, seria como sino ruidoso ou como címbalo estridente. Ainda que eu tivesse o dom da profecia, o conhecimento de todos os mistérios e de toda a ciência; ainda que eu tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tivesse o amor, eu não seria nada. Ainda que eu distribuísse todos os meus bens aos famintos; ainda que entregasse o meu corpo às chamas, se não tivesse o amor, nada disso me adiantaria. O amor é paciente, o amor é prestativo; não é invejoso, não se ostenta, não se incha de orgulho. Nada faz de inconveniente, não procura seu próprio interesse, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se regozija com a verdade, Tudo desculpa, tudo crê; tudo espera, tudo suporta… O amor jamais passará.”

E, noutra passagem, em 2Cor 9,6-9: “Saibam de uma coisa: quem semeia com mesquinhez, com mesquinhez há de colher; quem semeia com generosidade, com generosidade há de colher. Cada um dê conforme decidir em seu coração, sem pena ou constrangimento, porque Deus ama quem dá com alegria. Deus pode enriquecer vocês com toda espécie de graças, para que tenham sempre o necessário em tudo e ainda fique sobrando alguma coisa para poderem colaborar em qualquer boa obra, conforme diz a Escritura: ‘Ele distribuiu e deu aos pobres; e sua justiça permanece para sempre’.”

A verdade sobre a caridade, segundo a Sagrada Escritura, é uma só: caridade não é dar coisas, mas dar-se a si mesmo.

A quaresma é assim: aprender a caridade para viver melhor e com sentido!

PE. EDVALDO




Diocese de Assis

Encerrando sua carta apostólica dirigida à nossa querida Amazônia, Papa Francisco descreveu-nos um longo sonho deU vida eclesial. Primeiramente nos mostrou caminhos para a Igreja marcar presença e delimitar espaços de atuação a partir da realidade. A atuação eclesial não pode interferir ou desvirtuar o que de bom já existe na tradição de um povo. Muito menos no meio em que vive, como comunidades “cheias de vida” (91). A partir dessa constatação, a presença da Igreja deve centrar-se na vida Eucarística, “como fonte e cume” duma “riqueza multiforme”.

Para que isso aconteça, “são necessários sacerdotes, mas isto não exclui que ordinariamente os diáconos permanentes – deveriam ser muito mais na Amazônia -, as religiosas e os próprios leigos assumam responsabilidades importantes em ordem ao crescimento das comunidades…” (92). Sobrou pra todos. Aquilo que seria um plano emergencial, como a possibilidade de ordenação de homens casados ou mesmo a utópica ordenação feminina, não passou de uma ilusão mal formulada, fora da realidade sacerdotal até então preservada pela milenar história do catolicismo. Então o dinamismo eclesial é de responsabilidade de todos, é atividade inerente à realidade mística do corpo de Cristo, a Igreja que somos.

O Papa vem nos reafirmar nosso compromisso missionário. “Os desafios da Amazônia exigem da Igreja um esforço especial para conseguir uma presença capilar que só é possível com um incisivo protagonismo dos leigos” (94). “Por isso devemos pensar em grupos missionários itinerantes e ‘apoiar a inserção e a itinerância’ dos consagrados e consagradas ao lado dos mais desfavorecidos e excluídos” (98). Nestes grupos incluir e valorizar a participação feminina, reconhecendo “a força e o dom das mulheres”, subtítulo onde o Papa foca a importância feminina na ação da Igreja. “Jesus Cristo apresenta-se como Esposo da comunidade que celebra a Eucaristia, através da figura de um varão que a ela preside como sinal do único Sacerdote” (101), mas “as mulheres prestam à Igreja a sua contribuição segundo o modo que lhes é próprio e prolongando a força e a ternura de Maria, a Mãe” (101). Depois dessa, seria bom que muitos de nossos homens fossem catar coquinho. A força e a ternura são características femininas!

Para se ampliar os horizontes a presença da Igreja nunca pode gerar conflitos. “O conflito supera-se num nível superior, onde cada uma das partes… se integra com a outra” (104). Nossa presença eclesial é de constante diálogo com a realidade. “Isto não significa… relativizar os problemas, fugir deles ou deixar as coisas como estão” (105). O diálogo ecumênico é um desses tópicos. “Numa Amazônia plurirreligiosa, os crentes precisam de encontrar espaços para dialogar e atuar juntos pelo bem comum” (106). A maior riqueza da vida comunitária está no diálogo e no respeito às diferenças. “Nada disto teria que nos tornar inimigos” (108).

Diálogo e respeito, nos pede o Papa. E conclui: “Como cristãos, a todos nos une a fé em Deus, o Pai que nos dá a vida e tanto nos ama. Une-nos a fé em Jesus Cristo, o único Redentor, que nos libertou com o seu bendito sangue e a sua ressurreição gloriosa. Une-nos o desejo da sua Palavra, que guia nossos passos. Une-nos o fogo do Espírito que nos impele para a missão. Une-nos o mandamento novo que Jesus nos deixou, a busca duma civilização do amor, a paixão pelo Reino que o Senhor nos chama a construir com Ele…” (109). E termina com uma pergunta: “Como não rezar juntos e trabalhar lado a lado para defender os pobres da Amazônia, mostrar o rosto santo do Senhor e cuidar de sua obra criadora?” (110) Responda você mesmo.

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]




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Desde quando a Igreja deve se preocupar com questões ecológicas? Desde sempre. Afinal ecologia e vida estão intrinsicamente ligadas, tal qual vida e espiritualidade não se separam da realidade humana, constituem a essência do que somos neste mundo: um animal dotado de corpo e alma. “O Senhor, que primeiro cuida de nós, ensina-nos a cuidar dos nossos irmãos e irmãs e do ambiente que Ele nos dá de prenda cada dia. Esta é a primeira ecologia que precisamos” (41). Assim Papa Francisco introduz o terceiro sonho de sua carta apostólica dirigida à “Querida Amazônia”.

Como vemos, Francisco faz jus ao nome que escolheu. Tal qual aquele amante dos pássaros e animais cujo sonho era reconstruir a Igreja. Tal qual o sonho ecológico que hoje nos sensibiliza. “Se o cuidado das pessoas e o cuidado dos ecossistemas são inseparáveis, isto torna-se particularmente significativo lá onde a ‘floresta não é um recurso para se explorar, é um ser ou vários seres com os quais se relacionar’ (LS)… Abusar da natureza significa abusar dos antepassados, dos irmãos e irmãs, da criação e do Criador” (42). Só o egoísmo e a ambição desmedida de alguns poucos para não compreender tamanha verdade: nos passos da exploração extrativista nada teremos a sonhar, mas a lamentar muito. “O equilíbrio da terra depende também da saúde da Amazônia” Quem nunca ouviu falar disso? “Quando se elimina a floresta, esta não é substituída, ficando um terreno com poucos nutrientes que se transforma num território desértico ou pobre em vegetação” (48).

Aqui nos deparamos com um cenário nada promissor, pois “num ecossistema como o amazônico, é incontestável a importância de cada parte para a conservação do todo” (48). Ou seja: “não basta prestar atenção à preservação das espécies mais visíveis em risco de extinção. É crucial ter em conta que, ‘para o bom funcionamento dos ecossistemas’, também são necessários os fungos, as algas, os vermes, os pequenos insetos, os répteis e a variedade inumerável de micro-organismos” (49). “Além disso a água, que abunda na Amazônia, é um bem essencial para a sobrevivência humana, mas as fontes de poluição vão aumentando cada vez mais” (49). A Igreja não faz uma ingerência sobre qualquer soberania territorial, mas um alerta bem apropriado aos que administram ou governam a região. E sentencia: “Por isso, a solução não está numa ‘internacionalização’ da Amazônia, mas a responsabilidade dos governos nacionais torna-se mais grave” (50).

Que se calem, pois, os semeadores de discórdias pura e simples. “Se nos detivermos na superfície, pode parecer ‘que as coisas não estejam assim tão graves e que o planeta poderia subsistir ainda… Este comportamento evasivo serve-nos para mantermos os nossos estilos de vida, de produção e consumo” (53). É muito cômodo acusar, defendendo interesses pessoais, sem a visão do todo. Como acontece numa descoberta de riquezas minerais, onde a destruição sobrepõe-se ao bem comum, como um trator de esteira que não avalia o rastro de destruição atrás de si. “Por todas estas razões, nós, os crentes, encontramos na Amazônia um lugar teológico, um espaço onde o próprio Deus Se manifesta e chama os seus filhos” (57). Uma urgência se faz primordial: educação e hábitos ecológicos. “A grande ecologia sempre inclui um aspecto educativo, que provoca o desenvolvimento de novos hábitos” (58). O que vemos acontecer no mundo amazônico é exatamente o contrário: “o consumismo e a cultura do descarte” já estão presentes na sua população. “A Igreja, com a sua longa experiência espiritual, a sua consciência renovada sobre o valor da criação, a sua preocupação com a justiça, a sua opção pelos últimos, a sua tradição educativa… deseja, por sua vez, prestar a sua contribuição…” (60). Por enquanto, é isso.

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]




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A quaresma chegou! Qual a implicação disso em nossa vida?

Não é de hoje que ouvimos falar em quaresma. O que pensar da quaresma? O que sabemos sobre o seu dinamismo e a sua força? De que maneira ela influencia sobre a nossa vida? Como vencer os chavões e superstições sobre este tempo da graça de Deus sobre a humanidade? O certo é que precisamos redescobrir a quaresma para redescobrirmos a nós mesmos!

Abdicar ao simplismo. Não podemos esperar atitudes surpreendentes, comportamentos surpreendentes, decisões surpreendentes, projetos surpreendentes ou qualquer outra coisa surpreendente de quem ousa perpetuar as mesmas ideias simplistas sobre os acontecimentos, sobre os momentos, sobre os tempos e sobre a vida.

A quaresma esta aí. A Quaresma está ai!  Não é uma mera invenção humana e nem um artifício religioso. Pelo contrário, é uma necessidade existencial, inscrita no coração da humanidade, do encontro consigo mesmo.

Apesar de ser uma “instituição” da Igreja Católica, a Quaresma nasceu com o homem. Portanto é de cada um de nós. A Igreja não é a dona, mas coube à ela, em razão do seu do seu papel milenar de Mãe e Mestra, ler, interpretar e ritualizar este itinerário que compete à vida humana.

Muito pouco sobre a vida. Temos e guardamos muitas ideias sobre tudo na vida. Contraditório ou não, quase sempre, sabemos muito pouco sobre a vida, porque sabemos muito pouco sobre nós mesmos.

A questão básica é que, estamos ocupados com tudo neste mundo: trabalho, família, dívida, escola, crise…, menos conosco. Dia por dia, estamos nos desocupando cada vez mais de nós mesmos e, isso é mal.

Perguntas e perguntas! Aonde queremos chegar? O que queremos provar? Algum tipo de bondade? A tão pretendida humildade? A força do bem contra o mal (como nas histórias de super heróis)? A generosidade?

Sombra do egoísmo. A sombra do egoísmo nos transformou em maus altruístas. Tentamos cuidar muito bem dos outros, mas não cuidamos de nós mesmos. Isso é contraditório!  Ninguém pode cuidar bem dos outros quando não cuida bem de si mesmo; ninguém respeita aos outros, quando não respeita a si mesmo; ninguém é fiel aos outros quando não é fiel a si mesmo; ninguém pode amar os outros quando não ama a si mesmo.

Interior Livre? Precisamos nos libertar da falsa ideia de que o cuidado conosco mesmo é sintoma de egoísmo. Eu lhe pergunto, você está mesmo certo(a) de que está fazendo tudo com a mais genuína convicção que nasce de um interior livre?

Quem sabe não seja agora, a hora do confronto com os por quês que cada um de nós evitou quando criança; de promover a sábia reconstrução do ser não só para os outros, mas do ser para si.

Uma questão de busca. A busca de si mesmo! Este é o ideal perdido, numa sociedade (capitalistas) promoveu o altruísmo, mas não fez emergir a fraternidade; suscitou desejos e necessidades, mas não satisfez a fome; que criou o individualismo, mas não fez nascer indivíduos que são sujeitos.

Será que o mundo nos conhece como gente, como humanos?

Fomos convertidos em número, em cifra, em estatística. Mas, nós somos gente. Precisamos fazer a volta sem revolta; precisamos de conversão sem inversão; precisamos de nós mesmos.

Explicação e motivo. Devemos buscar não apenas a explicação para guardar os quarenta dias da quaresma, mas a motivação. Quarenta anos o povo comeu o `maná no deserto (Ex 16,35; Nm 14,33); Moisés ficou sobre a montanha, quarenta dias e quarenta noites (Ex 24,18; Dt 9,9); e choveu quarenta dias e quarenta noites sobre a terra – dilúvio (Gn 7,4) Dentro de quarenta dias, se não se converterem, Nínive será destruída (Jn 3,4); por quarenta dias e quarenta noites, Jesus esteve jejuando no deserto (Mt 4,1-11; Mc 1,12-13; Lc 4,1-13). O número quarenta deixa de ser um simples número, uma sequência numérica para ser um evento existencial necessário e indispensável. Será que vamos desprezar mais esta chance?

E viva os nossos “quarenta dias!”

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS




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UM SONHO CULTURAL

O segundo sonho do Papa Francisco em sua exortação “Querida Amazônia” vem impregnado de um desejo de justiça: respeitar a cultura indígena. Foi exatamente esse desrespeito que levou à bancarrota e ao extermínio as culturas de povos e nações superdesenvolvidas para a época, como os Incas, Maias ou Astecas. O massacre infringido pelos colonizadores, acompanhados pela cobiça do maldito ouro ou prata, foi a gota d´água dum desastre cultural nunca visto na história da humanidade. Jamais saberemos quais segredos culturais, religiosos e místicos constituíam os pilares da harmonia e do progresso social desses povos.

Mas ainda é tempo de salvar o pouco que restou. Preservar a cultura de um povo é devolver-lhes a própria identidade. “Tal é o sentido da melhor obra educativa: cultivar sem desenraizar, fazer crescer sem enfraquecer a identidade, promover sem invadir (28)”, alerta Francisco. E vaticina: “Assim como há potencialidades na natureza que se poderiam perder para sempre, o mesmo pode acontecer com culturas portadoras duma mensagem ainda não escutada e que estão ameaçadas hoje mais do que nunca (28)”.

Então os índios tem algo a nos ensinar? E como. Em especial em sua harmonia com a natureza, o divino, o transcendente. “Deus manifesta-Se, reflete algo de sua  beleza inesgotável através dum território e das suas características, pelo que os diferentes grupos, numa síntese vital com o ambiente circundante, desenvolvem uma forma peculiar de sabedoria (32)”. Aqui a mística humana se mescla à natureza, donde flui como caudaloso rio de revelações. Deus se manifesta como raiz de toda cultura e conhecimento humano, sem qualquer referência ou considerações ao seu estágio cultural. “Convido os jovens da Amazônia, especialmente os indígenas, a <assumir as raízes, pois das raízes provém a força que os fará crescer, florescer e frutificar> (33)”. Questão de sobrevivência cultural. “Por isso, é importante <deixar que os idosos contem longas histórias> e que os jovens se detenham a beber desta fonte (34)”.

Não se trata de um retrocesso cultural, mas resgate. Nessa busca de identidade cresce o intercâmbio e o respeito entre os povos de culturas díspares. Há nisso um crescimento mútuo. “As culturas da Amazônia profunda, como aliás a realidade cultural, têm as suas limitações; as culturas urbanas do Ocidente também as têm (36)”. Eis a oportunidade de se encontrar um equilíbrio que favoreça a todos. “Deste modo a diferença, que pode ser uma  bandeira ou uma fronteira, transforma-se numa ponte. A identidade e o diálogo não são inimigos 37)”. Chegamos então a um denominador comum no respeito à cultura, tradições e aspectos sociais para as quais até então pouca atenção dispensávamos. “Uma cultura pode tornar-se estéril quando <se fecha em si própria e procura perpetuar formas antiquadas de vida, recusando qualquer mudança e confronto com a verdade do homem>, escreveu S.João Paulo II (Cent. Annus)” e Francisco acrescentou: “Nem mesmo a noção da qualidade de vida se pode impor, mas deve ser entendida dentro do mundo de símbolos e hábitos próprios de cada grupo humano (40)”.

Que se calem as vozes contrárias a intromissão da Igreja em questões que pensávamos como exclusividade nossas. Como vemos, o Sínodo que nos fornece essa exortação vem bem a calhar com as respostas que buscamos para nossos conflitos culturais. Mais que nossas querelas territoriais e estratégias de dominação, precisamos fazer crescer nosso diálogo cultural e consequente respeito àqueles que partilham conosco do mesmo verde (esperança) amarelo (riquezas e sonhos) e azul (olhar infinito às belezas que temos). “Isto abre passagem ao sonho sucessivo”, diz Francisco.

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]

 

 

 




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A última exortação apostólica do santo padre Francisco está dando o que falar. Mas também o que pensar. Sua estrutura meramente reflexiva e recheada de construtivas sugestões aos governantes dos nove países que compõem a região Amazônica, parte de quatro grandes sonhos: social, cultural, ecológico e eclesial. São estes os pilares básicos do propalado documento com o carinhoso título “Querida Amazônia”. Antes, pois, de qualquer crítica sem fundamento, vamos analisá-lo por partes.

“Tudo o que a Igreja oferece deve encarnar-se de maneira original em cada lugar do mundo (6)”. Ela não interfere em questões de soberania ou econômica ou cultural ou política de um povo, mas possui a visão global da casa comum que ocupamos e que temos por bem preservar “para que a Esposa de Cristo adquira rostos multiformes que manifestem melhor a riqueza inesgotável da graça (6)”. Dito isto, voltemos nosso olhar para a grande floresta. “Pois, apesar do desastre ecológico que a Amazônia está a enfrentar, deve-se notar que <uma verdadeira abordagem ecológica sempre se torna uma abordagem social>… Não serve um conservacionismo <que se preocupa com o bioma, porém ignora os povos amazônicos> (8).

O que vemos acontecer nesta região é o excessivo zelo pela preservação ambiental, com Ongs e instituições governamentais ou internacionais deitando e rolando sobre normas e leis preservacionistas, sem grandes preocupações com seu povo. “As suas vidas e preocupações, a sua maneira de lutar e sobreviver não interessavam, considerando-os mais como um obstáculo de que nós temos de livrar do que como seres humanos com a mesma dignidade que qualquer outro e com direitos adquiridos (12)”. Alguma inverdade aqui? Sabemos que não. “As operações econômicas, nacionais ou internacionais, que danificam a Amazônia e não respeitam o direito dos povos nativos ao território e sua demarcação, à autodeterminação e ao consentimento prévio, há que rotulá-las com o nome devido: injustiça e crime (14)”. Não há outro nome para tais ações intervencionistas. O papa dá nome aos bois: “Não podemos permitir que a globalização se transforme num <novo tipo de colonialismo>”.

“Os bispos da Amazônia brasileira recordaram que <a história da Amazônia revela que foi sempre uma minoria que lucrava à custa da pobreza da maioria e da depredação sem escrúpulos das riquezas naturais da região, dádiva divina para os povos que aqui vivem há milênios…> (16)”. Recordem o ciclo da Borracha, o ouro da Serra Pelada, a civilização pré-colombiana… O que restou disso tudo? “Aos membros dos povos nativos agradeço e digo novamente que, <com a vossa vida, sois um grito lançado à consciência (…) Vós sois memória viva da missão que Deus nos confiou a todos: cuidar da Casa Comum” (19).

Estamos numa encruzilhada: preservar e amparar. É uma questão mais que humana, pois nos mostra o quão intrínseca é a relação humana com seu mundo. “A Amazónia deveria ser também um local de diálogo social, especialmente entre os diferentes povos nativos, para encontrar formas de comunhão e luta conjunta (26)”. É preciso saber ouvi-los. Entendê-los. “São os principais interlocutores, dos quais primeiro devemos aprender, a quem temos de escutar por um dever de justiça e a quem devemos pedir autorização para poder apresentar as nossas propostas (Ib 26)”. Não se diz nenhuma asneira nessa afirmativa. “O diálogo não se deve limitar a privilegiar a opção preferencial pela defesa dos pobres, marginalizados e excluídos, mas há de também respeitá-los como protagonistas (27)”. Eis, pois, que nossa querida Amazônia sugere ao mundo uma construção de mais diálogo antes de qualquer ação de preservacionismo puro e simples. “Daqui nasce o sonho sucessivo”, conclui o papa nesta primeira parte.

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]

 

 




Diocese de Assis

 

A afirmação do título deste artigo, também serve de interrogação: “viver, ainda, vale a pena? Acrescente a esta, outras perguntas afins: Por que vale e por que não vale a vida? De que depende o valor da vida? Das circunstâncias, dos tempos, dos momentos, das vantagens, das perdas, dos ganhos, da sorte, dos outros…?

Por que as coisas deixam de valer a pena? O casamento, o trabalho, a amizade, a honestidade, a fé, a honradez, a fidelidade, o amor…? Que tipo de vida não vale mais a pena? A vida de quem não vale mais a pena? Em que sentido a vida não vale mais a pena? O que fazer para a vida valer a pena?

Uma triste constatação, no meio de todas estas interrogações, é que a vida perdeu a sua originalidade. Ficou frágil porque está banalizada, está desqualificada, está esvaziada! A vida está perdendo o sentido porque está distanciada da fonte, porque lhe tem sido tirado o senso de eternidade, porque foi reduzida a prazer, porque está subjugada ao materialismo, porque está sendo fechada no corpo!

A vida está sempre em questão! Mas, o que deveria ser questionado não é a vivência? Não é por causa de nossa vivência que a vida tem se demonstrado tão sem valor e sentido?

Na Sagrada Escritura, assim trata o autor sagrado:

Alerta: “Já vi de tudo nos dias da minha existência fugaz. Vi o justo perecer apesar da sua justiça, e o injusto viver longamente apesar da sua injustiça” (Ecle 7,15). “Se o homem viver por muitos anos, procure desfrutar de todos eles; mas lembre-se dos dias sombrios, que serão muitos, pois tudo o que acontece é fugaz” (Ecle 11,8).

Respostas de fé para a vida: “É melhor viver vida de pobre embaixo de um barraco, do que saborear comidas em casa alheia” (Eclo 29,22). “Mais vale um bocado com lazer, do que dois bocados com fadiga, correndo atrás do vento” (Ecl 4,6). “Mais vale estar a dois do que estar sozinho, porque dois tirarão maior proveito do seu trabalho” (Ecle 4,9).

“Mais vale um jovem pobre e sábio do que um rei velho e insensato, que não aceita mais conselho” (Ecle 4,13). “Mais vale a honradez do que um bom perfume, e o dia da morte é melhor que o dia do nascimento” (Ecle 7,1). “Mais vale o fim de uma coisa do que o seu começo, e a paciência é melhor do que a pretensão” (Ecle 7,8).

“Mais vale a sabedoria do que os instrumentos de guerra, mas um só erro pode anular muita coisa boa” (Ecle 9,18). “De fato, não vale mais a palavra que o presente? O homem generoso oferece as duas coisas” (Eclo 18,17).

“Por isso, concluo que a sabedoria vale mais do que a força, porém a sabedoria do pobre é desprezada, e ninguém dá ouvidos às palavras dele” (Ecle 9,16)

O valor da vida não cabe em nossas explicações e avaliações porque é muito maior, muito melhor, muito mais bonita, muito mais surpreendente… muito mais vida. O valor da vida é sustentado pelo amor de Deus e, assim, deve ser medido. A vida é dom de Deus!

Sabedoria é acolher, a cada dia, esse dom maravilhoso que Deus nos deu: a vida. Viver e não ter a vergonha de ser feliz. Restaurar, pelos valores da fé, o brilho, o encanto e o bem da vida!

“Portanto, vá, coma o seu pão com alegria e beba o seu vinho com satisfação, porque com isso Deus já foi bondoso para com você. Que suas roupas sejam brancas o tempo todo, e nunca falte perfume em sua cabeça. Goze a vida com a esposa que você ama, durante todos os dias da vida fugaz que Deus lhe concede debaixo do sol. Essa é a porção que lhe cabe na vida e no trabalho com que você se afadiga debaixo do sol. Tudo o que você puder fazer, faça-o enquanto tem forças, porque no mundo dos mortos, para onde você vai, não existe ação, nem pensamento, nem ciência, nem sabedoria” (Ecle 9,7-10).

Faça a vida continuar valendo a pena apesar de tudo e de qualquer coisa!

 

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS




Diocese de Assis

 

Desde que o mundo é mundo e o homem é homem, endemias e pandemias fazem parte da nossa história. Assustaram no passado e muito mais agora, quando a interatividade e mobilidade humanas transpõem fronteiras e vencem distâncias em questões de horas. Hoje estou aqui, amanhã… Júlio Verne e seus 80 dias para dar uma volta ao mundo, de aventura que era, tornou-se um conto de carochinha, história pra boi dormir. Nossa comunicação instantânea tem seu aspecto belo e positivo, pois uma declaração de amor ou uma notícia alvissareira podem ser dadas “ao vivo”, independentemente do fator distância. O mesmo para declarações de guerra ou anúncio de catástrofes. O mesmo para a proliferação das viroses ou muitas das doenças que nos rondam.

Esse é o preço do nosso espantoso progresso. Como abelhas atrevidas, insaciáveis em seus territórios, ávidas por desvendar seu mundinho, levando mel aqui e acolá, mas trazendo para suas colmeias o vírus desconhecido de seus voos exorbitantes, aventureiros, ambiciosos, sempre audaciosos e altaneiros… Bem resumiu uma simplória amiga: “Esse povo não sossega a bunda… É nisso que dá”. Mas não sejamos tão simplórios assim. A maior interatividade humana pode ser um fator de risco, mas talvez seja esta a maior conquista do nosso gênero, em busca do sonhado espírito de comunhão universal, apregoado por muitas crenças e sonhado por muitos povos que imaginam “um mundo sem fronteiras”. Sonho ou utopia, esse é o cerne da própria doutrina cristã.

Acontece que doenças e endemias desconhecem fronteiras. A China tornou-se o epicentro desse novo corona vírus, mas sua galopante proliferação e assustadora letalidade põe o mundo em alerta. Mais do que nunca, as fronteiras entre países tornam-se linhas demarcatórias de soberanias que mostram suas garras e forças defensivas. Alguns se mostram solidários, mas à distância. Outros apontam dedos em riste, para acusar. Muitos simplesmente se fecham em suas ilusórias defesas, pois que um descontrole ou negligência pode ser um lapso fatal. De repente, o grito de alerta ecoa em todos os quadrantes, mostrando aos tripulantes humanos o quão frágil somos e o quão vulnerável e nosso mundinho globalizado. O “cruzeiro” abortado não é um navio de alguns milhares de turistas ancorado em porto inseguro, mas todo e qualquer passageiro ou tripulante desse adorável planeta azul. Estamos num mesmo barco.

Os entendidos culpam até mesmo o regime político que ignorou um alerta médico. Coitado! Morreu o médico vítima da própria descoberta. Talvez se torne um herói popular, mas que mérito lhe coube? Buscar respostas na base de acusações, no momento, parece-me dispender esforços em vão. Além da solidariedade, há o fator da profilaxia, dos cuidados básicos de higiene e normas de etiqueta que a ocasião exige. Isso, sim, é preocupante, pois não somos uma raça exemplo desse comportamento saudável nos tempos atuais. Até por questões religiosas, nossa informalidade no trato interpessoal, muitas vezes, é preocupante. Moderação não é nosso forte. Conter alguns impulsos e aprimorar normas de conduta e comportamento social talvez seja algo oportuno.

Todavia, nada mais oportuno que rever nossos padrões de convivência. Não somos invulneráveis, indestrutíveis, inalcançáveis em nossos castelos de prepotência pessoal. O inimigo se faz invisível e nos ataca por todos os lados. Tanto física quanto espiritualmente falando. Vem donde menos se espera e reduz nossa existência a uma questão de fragilidade absoluta. Dias difíceis nos batem à porta. Mas ainda nos resta a fé, esta que ressurge nas tribulações. Como confortou o Mestre: “mas por causa dos escolhidos, aqueles dias serão abreviados” (Mt 24,22).

WAGNER PEDRO MENEZES wagner@meac.com.br