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Diocese de Assis

 

 

 

Desde muito pequeno somos incentivados e, quem sabe, desafiados a ser grandes; a crescer; a ser livres; a ter uma profissão; a ganhar muito dinheiro; a ter uma casa; a ser alguém na vida. E não faltam dicas e receitas sobre o que é bom.

Crescer passa a ser sinônimo de se dar bem na vida; de ter o que quer; de aproveitar bem a vida; de ser senhor de algo ou de alguém; de ser independente.

De fato, quem sonha cresce e amadurece. Mas, não é qualquer sonho que faz crescer. O sonho que faz crescer é aquele que destaca o que seremos e não apenas o que teremos; o que realiza e não simplesmente o que dá prazer; o que humaniza e não o que endeusa; o que converte e não o que fanatiza…

É bem provável que uma boa parte dos sonhos que os outros tentam inculcar em nós provém da frustração de nunca terem sido realizados. Se pensarmos bem, há sonhos melhores para se sonhar.

Qual é, afinal de contas, o seu sonho? O que tem ocupado a sua cabeça e o seu coração? Já parou para pensar que o seu sonho pode ser a tentativa dos outros de se realizarem, tardiamente, em você?

Se você quer sonhar bem, sonhe o sonho de Deus. Deus tem um sonho! Quer saber qual é o sonho de Deus? Nós somos o sonho de Deus! Sim! Nós somos o sonho de Deus e, tudo o que ele fez e faz está voltado para o nosso bem e salvação.

Deus quer que nós participemos deste seu sonho e façamos disso a nossa vida. Ele nos chama e nos diz: “sejam santos, porque eu sou santo!” Este é um sonho que vale a pena porque nos faz voltar ao nosso estado original: fomos feitos à imagem e semelhança de Deus. Mas, este que é um sonho que vale a pena custa a nossa vida porque exige a nossa entrega. Ser santo não é um desejo impostado pela nossa vontade. Ser santo é um chamado; é uma vocação.

A vocação universal à santidade é um desafio muito grande a todos nós porque vivemos na contradição do pecado e na contramão da fé. Não é impossível ser santo porque, como diz o Senhor: “Não foram vocês que me escolheram, mas fui eu que escolhi vocês. Eu os destinei para ir e dar fruto, e para que o fruto de vocês permaneça. O Pai dará a vocês qualquer coisa que vocês pedirem em meu nome. O que eu mando é isto: amem-se uns aos outros” (Jo 15,16-17).

Para que a santidade se tornou um sonho, a vida se transforma em Dom e Conquista e Graça e Tarefa. Quem aprende a sonhar o sonho de Deus, permite que Deus tome conta de toda a sua vida e aceita que ele realize a sua vontade.

Algumas indicações bíblicas nos ajudam a ver a santidade como um caminho possível e necessário:

1Jo 3,1-3: “Vejam que prova de amor o Pai nos deu: sermos chamados filhos de Deus. E nós de fato o somos! Se o mundo não nos reconhece, é porque também não reconheceu a Deus. Amados, desde agora já somos filhos de Deus, embora ainda não se tenha tornado claro o que vamos ser. Sabemos que quando Jesus se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque nós o veremos como ele é. Todo aquele que deposita essa esperança em Jesus se purifica, para ser puro como Jesus é puro”

Ez 36,24-27: “Vou pegar vocês do meio das nações, vou reuni-los de todos os países e levá-los para a sua própria terra. Derramarei sobre vocês uma água pura, e vocês ficarão purificados. Vou purificar vocês de todas as suas imundícies e de todos os seus ídolos. Darei para vocês um coração novo, e colocarei um espírito novo dentro de vocês. Tirarei de vocês o coração de pedra, e lhes darei um coração de carne. Colocarei dentro de vocês o meu espírito, para fazer com que vivam de acordo com os meus estatutos e observem e coloquem em prática as minhas normas.”

Ef 1,3-5:  “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo: Ele nos abençoou com toda bênção espiritual, no céu, em Cristo.  Ele nos escolheu em Cristo antes de criar o mundo para que sejamos santos e sem defeito diante dele, no amor.  Ele nos predestinou para sermos seus filhos adotivos por meio de Jesus Cristo.”

Sejamos santos, porque nosso Deus é Santo. Este é o sonho!

 

Pe. Edvaldo José dos Santos




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Uma das contradições que mais afugenta fiéis da fé cristã é a vida abastada e a avareza sem freios de alguns pastores ou sacerdotes. Tanto no catolicismo quanto no protestantismo, esse contratestemunho evangélico é uma grande pedra de tropeço para a obra de Jesus, que não tinha sequer onde repousar a cabeça. Mesmo assim, é fácil constatar que o problema é maior do que se imagina, pois são muitos os clérigos que fazem de suas opções vocacionais um meio de vida cercado por privilégios e bem-estar acima da média dos pobres fiéis, o rebanho que pensam dirigir.

Há, sim, aqueles cegos guiando outros cegos, como ensinou Jesus em parábolas sobre os valores do seu Reino. Assim se compreende o “crescimento” – numérico em todos os sentidos – de certas correntes evangélicas, cuja pregação exacerba a prosperidade material como sinal de bênçãos celestiais. Dessa forma não se envergonham em apresentar seus líderes como exemplos primeiros dessa vitória terrena – e não poderia ser de outra forma – para que mais pessoas se somem a eles ou pelo menos se tornem os sustentáculos dessa mágica em nada abençoada, mas contraditória e maligna por excelência. Ai destes que assim procedem!

Preocupado com essa situação – que também acontece entre os católicos – o Papa Francisco deu-nos o alerta em entrevista a uma emissora de TV portuguesa. Falando com o repórter Henrique Cymerman, foi objetivo e duro: “As formas de escândalos dos pastores ricos são conhecidas de todos nós. O povo de Deus pode perdoar a um pastor, a um padre, a um bispo ou o que seja se tiver um caso amoroso. Nesse caso perdoa. Se tiver bebido um pouco mais de vinho, perdoa. Nunca perdoará que ande a sacar dinheiro ou que trate mal as pessoas. É curioso como o povo tem olfato… em relação ao que Deus pede de um pastor”.

Verdade nua e crua: o povo conhece os pastores que tem, assim como é verdadeira a recíproca, a ciência do bom pastor. Então todos se merecem! Cada povo tem o pastor que pensa merecer… Aqui mora o perigo. Quando uma situação de injustiça é alimentada comunitariamente, não será apenas sua liderança passiva de prestar contas diante de Deus, mas a comunidade toda. Portanto, comunidade que se preocupa em demasia com seus bens e posses materiais, que constrói para si uma imagem de prosperidade estritamente materialista, que busca sucesso e crescimento na base das aparências e do crescimento social, político ou econômico apenas, não é e nunca poderá ser denominada cristã.

Ao contrário, o sucesso da doutrina cristã vem da simplicidade de seu mestre. Nem bolsa, nem alforje, recomendava Jesus aos discípulos. Nem ouro, nem prata, lembrava Pedro, “na porta do templo, chamada Formosa”, operando em seguida o milagre – única riqueza que a Igreja pode oferecer à miséria humana: “o que tenho te dou, em nome de Jesus Cristo, o nazareno, levanta-te e anda” (At 3, 6). Esse é o segredo da prosperidade cristã, a única riqueza que se espera dum bom pastor em seu ofício. Esse é o entendimento pleno da cura que se espera do ministério da Igreja, no mundo: levar a todos, ricos e pobres, cegos, coxos e paralisados, ao entendimento do que seja nossa maior riqueza nessa vida, a plenitude desta. Portanto, levanta-te e anda!

Ora, se o centro da pregação cristã nos remete para a vida espiritual, aqui, agora e além desta, nada há de coerência na vida de um evangelizador amante do dinheiro e do bem-estar. Nem na doutrina que ensina. Nem na igreja que o mantêm. Completa o papa: “Creio que Jesus quer, o Evangelho quer que nós, os bispos, não sejamos príncipes, mas servidores”. Da mesma forma, creio que qualquer cristão, antes de cobrar privilégios, riquezas estritamente materiais, deve olhar para a própria insignificância e concluir: Sem Deus, sou nada! Mas a única riqueza da Igreja somos nós.

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]




Diocese de Assis

A vida não pode correr solta, sem caminho e direção. A vida precisa de projeto!

Aliás, você tem projetos ou leva a vida solta, como der e vier?

Deus tem projeto! E o projeto dele inclui toda a obra criada porque é projeto de amor e salvação. Deus quer salvar e sua graça não tem limites. Salvar, na linguagem bíblica, é realização plena agora, neste mundo e depois, na eternidade. Salvar é escolher, santificar, abençoar, libertar, redimir.

Paulo, numa grande intuição de fé assim escreve aos efésios: “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo: Ele nos abençoou com toda bênção espiritual, no céu, em Cristo. Ele nos escolheu em Cristo antes de criar o mundo para que sejamos santos e sem defeito diante dele, no amor. (…). Em Cristo recebemos nossa parte na herança, conforme o projeto daquele que tudo conduz segundo a sua vontade: fomos predestinados a ser o louvor da sua glória, nós, que já antes esperávamos em Cristo. Em Cristo, também vocês ouviram a Palavra da verdade, o Evangelho que os salva. Em Cristo, ainda, vocês creram, e foram marcados com o selo do Espírito prometido, o Espírito Santo, que é a garantia da nossa herança, enquanto esperamos a completa libertação do povo que Deus adquiriu para o louvor da sua glória” (Ef 1,3-14)

O projeto de amor-salvação de Deus é um permanente despertar para o novo da vida em Cristo que é a garantia deste projeto de Deus. Sendo assim, para usufruir das promessas pertencentes a este projeto é preciso permanecer em Cristo, crescendo com ele, cada dia, em amor e santidade.

Deus tem compaixão e não leva em conta os pecados dos homens (Sb 12,23-25). “Tu tens compaixão de todos, porque podes tudo, e não levas em conta os pecados dos homens, para que eles se arrependam. Tu amas tudo o que existe, e não desprezas nada do que criaste. Se odiasses alguma coisa, não a terias criado. De que modo poderia alguma coisa subsistir, se tu não a quisesses? Como se poderia conservar alguma coisa se tu não a tivesses chamado à existência? Tu, porém, poupas todas as coisas, porque todas pertencem a ti, Senhor, o amigo da vida”

Minha casa está firme junto a Deus, sua aliança comigo é para sempre (2Sm 23,5-6). “Minha casa está firme junto a Deus, pois sua aliança comigo é para sempre, em tudo ordenada e bem segura. Ele fará prosperar meus desejos de salvação. Os maus porém serão como espinheiros, que se jogam fora e ninguém recolhe.”

O Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido (Lc 19,1-10). “Jesus tinha entrado em Jericó, e estava atravessando a cidade. Havia aí um homem chamado Zaqueu: era chefe dos cobradores de impostos, e muito rico. Zaqueu desejava ver quem era Jesus, mas não o conseguia, por causa da multidão, pois ele era muito baixo. Então correu na frente, e subiu numa figueira para ver, pois Jesus devia passar por aí. Quando Jesus chegou ao lugar, olhou para cima, e disse: ‘Desça depressa, Zaqueu, porque hoje preciso ficar em sua casa.’  Ele desceu rapidamente, e recebeu Jesus com alegria. Vendo isso, todos começaram a criticar, dizendo: ‘Ele foi se hospedar na casa de um pecador!’  Zaqueu ficou de pé, e disse ao Senhor: ‘A metade dos meus bens, Senhor, eu dou aos pobres; e, se roubei alguém, vou devolver quatro vezes mais.’  Jesus lhe disse: ‘Hoje a salvação entrou nesta casa, porque também este homem é um filho de Abraão. De fato, o Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido’.”

Não se deixem perturbar tão facilmente! Nem se assustem, como se o Dia do Senhor (2Ts 2,1-2).  “Agora, irmãos, quanto à vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e ao nosso encontro com ele, pedimos a vocês o seguinte: não se deixem perturbar tão facilmente! Nem se assustem, como se o Dia do Senhor estivesse para chegar logo, mesmo que isso esteja sendo veiculado por alguma suposta inspiração, palavra, ou carta atribuída a nós.” 

 

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS




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Sempre que um título juntar dois temas antagônicos ou mesmo similares, o leitor pode se precaver: aqui tem coisa. Pior ainda quando esses paralelos ocupam um espaço religioso, dando sequência a um assunto que vem dividindo opiniões e criando ou alimentando um espírito sectário dentro de comunidades de fé. Refiro-me ainda às polêmicas que o Sínodo da Amazônia vem provocando no seio do Povo de Deus, com críticas e aplausos impossíveis de serem mensurados justamente. Seriam mais críticas ou aplausos? Ainda é cedo para uma avaliação isenta, mas com certeza o Espírito Santo nos fornecerá suas luzes.

Quando se fala em utopia temos pela frente a impossibilidade de realização de alguns sonhos ou ideais que satisfaçam muitos interesses, sejam estes corporativos, pessoais, institucionais ou mesmo forjados pelas necessidades primárias de uma realidade comunitária, eclesial ou não. Recordando o encontro latino-americano dos bispos em Aparecida (2007), Papa Francisco fez seu o discurso de Bento XVI, citando-o em sua Carta Missionária deste ano. Para os povos latino-americanos e caribenhos a evangelização significou “conhecer e acolher Cristo, o Deus desconhecido que os seus antepassados, sem o saber, buscavam nas suas ricas tradições religiosas. Cristo era o Salvador que esperavam silenciosamente”, disse o Papa Bento já naquela época. Palavras que desejo subscrevê-las, reafirma Francisco. E sentencia, ainda nessa subscrição: “A utopia de voltar a dar vida às religiões pré-colombianas, separando-as de Cristo e da Igreja universal, não seria um progresso, mas uma regressão. Na realidade, seria uma involução para um momento histórico ancorado no passado”. Curiosamente, dois papas subscrevem uma afirmativa que hoje é o pivô das críticas ao sínodo em curso.

A desilusão mora aqui. Tentar uma acusação de falso proselitismo, de volta ao paganismo, de apoio à idolatria, de tolerância à ignorância religiosa, de abandono ao culto único e verdadeiro ao Deus Único e Verdadeiro da fé cristã, de sincretismo religioso para aumento de seguidores, ou de qualquer outra dessas balelas que vemos cuspidas sobre o rosto da Santa Igreja, é, deveras, a mais triste das desilusões que maculam os princípios milenares da fé cristã.

Portanto, ao acolher com velado respeito símbolos e ritos estranhos aos sacramentais e rituais católicos, a Igreja não está incorporando seus simbolismos, mas dizendo serem estes princípios de fé que podem evoluir para um amadurecimento maior, na unidade com os ensinamentos cristãos de respeito, tolerância e compreensão. São esses os princípios basilares de uma evangelização paciente e verdadeiramente fraterna. Nunca forçar, nem ironizar, nem condenar. Pior: atirar num rio… Apenas condescender, dando tempo ao tempo. É nesse tempo que a ação misericordiosa de Deus vai agir. Isso não é utopia cristã, mas pedagogia da fé. Respeito, tolerância e compreensão…

A desilusão maior é perceber que o desrespeito, a intolerância e a incompreensão nascem dentro das comunidades de fé. Aqueles que deveriam estar atentos e abertos a essa prática (evangelização sem imposições), são os primeiros a levantar suas bandeiras de fanatismo religioso, a gritar contra a maturidade de nossos bispos (verdadeiros mestres na diplomacia do diálogo inter-religioso) e, pasmem! – católicos de carteirinha e “comunhão” diária a rasgar publicamente o princípio apostólico da autoridade de Pedro… Paulo (seis deles) João Paulo (dois) ou Bento (dezesseis) ou Francisco (o primeiro com a coragem de despojamento do filho de Pietro de Bernardone). “Francisco, reconstrói a minha Igreja!”.

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]




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    Não tem essa de que a evangelização cristã é um desrespeito à cultura, tradição ou costumes de povos estranhos à nossa fé. O Sínodo sobre a Amazônia vem reafirmar exatamente isso: o anúncio do Evangelho – como o próprio nome diz – é a proclamação pura e simples de uma Boa Notícia que interessa a todo gênero humano. É uma nova fórmula de diálogo cultural. Um anúncio de fraternidade e igualdade entre os povos. Início da sonhada comunhão universal entre raças, credos e costumes. Proclama a verdade de Jesus Cristo, somando à inerente espiritualidade humana uma nova maneira de cultuar o divino, sem desrespeitar as diversas expressões humanas de fé e devoção. Nesse contexto, anuncia o Deus de Jesus Cristo.

Papa Francisco não é um revolucionário, um inovador ou mesmo um provocador contra direitos adquiridos ou estabelecidos pela força, pela tradição, pela cultura ou mesmo pela soberania de quem quer que seja. Apenas desempenha seu papel de divulgador de uma doutrina fraternal. Em sua mensagem para o Dia Mundial da Missão, nesse ano extraordinário de 2019, foi claro e suscinto ao reafirmar que “a Igreja continua a necessitar de homens e mulheres que, em virtude do seu Batismo, respondam generosamente à chamada para sair da sua própria casa, da sua família, da sua pátria, da sua própria língua, da sua Igreja local”, para anunciar o Cristo. O desafio missionário continua, mesmo diante das portas fechadas que encontra em muitos países, regiões e guetos de fé. Cristo ainda precisa dos homens de boa vontade. A missão ainda é uma vocação profética de muitos batizados, em especial destes que compreendem e aceitam o chamado missionário e seus desafios, suas fronteiras, sejam estas culturais, físicas, religiosas ou geográficas. Não importa. A missão da Igreja é universal.

“Assim, a missão ad gentes, sempre necessária na Igreja, contribui de maneira fundamental para o processo permanente de conversão de todos… A fé na Páscoa de Jesus…, a saída geográfica e cultural de si mesmo e da sua própria casa, a necessidade de salvação do pecado e a libertação do mal pessoal e social exigem a missão até aos últimos confins da terra”, reafirmou Francisco.

Diante dessa realidade bem clara e suscinta sobre a missão da Igreja e, por consequência, também de seus seguidores, é ridículo dizer que um sínodo em especial tenha objetivos escusos ou inadvertidamente intervencionistas ou políticos. Pequena a mentalidade de quem assim pensa. “A coincidência providencial do Mês Missionário Extraordinário com a celebração do Sínodo Especial sobre as Igrejas na Amazônia leva-me a assinalar como a missão, que nos foi confiada por Jesus com o dom do seu Espirito, ainda seja atual e necessária também para aquelas terras e seus habitantes. Um renovado Pentecostes abra de par em par as portas da Igreja, a fim de que nenhuma cultura permaneça fechada em si mesma e nenhum povo fique isolado, mas se abra à comunhão universal da fé”, escreveu o Papa.

Então é isso. Quando criança, ainda na catequese, aprendi que devíamos rezar pelos missionários em terras de missão, em especial aqueles que estavam na Ásia, África ou mesmo em nossa Amazônia. Nosso território ainda é terra de missão. O grupo missionário do qual faço parte tem um núcleo amazônico, nascido nessa realidade, conhecedor de suas próprias carências, sonhador com um mundo de mais justiça e igualdade, merecedor de nossos aplausos, incentivos, mas principalmente orações. Vamos em frente, irmãos de fé, camaradas! Estamos juntos, nessa. “Que ninguém fique fechado em si mesmo, na autorreferencialidade da sua própria pertença étnica e religiosa”, diz o Papa. Que ninguém fique sozinho nessa, arrisco eu…

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]

 

 

 




DIOCESE DE ASSIS

 

Na sequência da mensagem especial que tradicionalmente a Igreja envia a seu povo, por ocasião do Dia Mundial das Missões, Papa Francisco faz nesse ano um apelo mais que especial, extraordinário. Lembra aos jovens a necessidade de conexão com o espírito de serviço e vida missionária como características primeira da sua pertença à Igreja. Os jovens conectados já não são do mundo, mas de Deus; não mais se pertencem, mas vivem pelas mesmas razões pelas quais Cristo viveu.

Eis palavras do Santo Padre: “Sê homem de Deus, que anuncia Deus: este mandato toca-nos de perto. Eu sou sempre uma missão; tu és sempre uma missão; cada batizada e batizado é uma missão. Quem ama, põe-se em movimento, sente-se impelido para fora de si mesmo; é atraído e atrai; dá-se ao outro e tece relações que geram vida. Para o amor de Deus, ninguém é inútil nem insignificante. Cada um de nós é uma missão no mundo, porque fruto do amor de Deus”. A totalidade desse parágrafo nos mergulha na vida missionária sem perspectivas de fuga. Nossa vida deve respirar a missão de Cristo em sua Igreja. Não temos outro caminho. Ou se é cristão e missionário ou não nos sobra alternativas. Ou respiramos a missão ou entulhamos nossos pulmões com as brisas passageiras do mundo. Ou tudo ou nada.

Continua Francisco: “Esta vida é-nos comunicada no Batismo, que nos dá a fé em Jesus Cristo, vencedor do pecado e da morte, regenera à imagem e semelhança de Deus e insere no Corpo de Cristo, que é a Igreja”. Essa somos nós, os batizados. A visão e compreensão do que seja esse corpo místico, mais que linguagem poética ou mística de um conceito, é o centro de nossa pertença a vida trinitária. “Eu sou a cabeça e vós os membros”, diria Jesus. “Por conseguinte, neste sentido, o Batismo é verdadeiramente necessário para a salvação, pois garante-nos que somos filhos e filhas, sempre e em toda parte: jamais seremos órfãos, estrangeiros ou escravos na casa do Pai”, sentencia o Papa. Querem maior privilégio? Maior alegria e segurança do que essa certeza de pertença e inserção na vida da Igreja, na vida do Pai?  Exatamente a consciência dessa verdade é que norteia a vida cristã, fortalece seus membros e lhes dá segurança no caminho estreito que a fé exige.

Até aqui o que vimos foi um painel de revelações básicas para assumirmos com novo ardor nossa vida missionária. “Aquilo que, no cristão, é realidade sacramental – com a sua plenitude na Eucarística -, permanece vocação e destino para todo o homem e mulher à espera da conversão e salvação”, enfatiza Francisco. Ou seja: nossa presença e ação no mundo deve motivar e transformar aqueles que ainda são do mundo, que desconhecem essa realidade mística de pertença também a Deus. A vida possui um projeto mais que biológico ou carnal, sobre o qual grande parte dos humanos ainda desconhece, por deslizes ou fraquezas da missão da Igreja. Missão que é exclusividade nossa, como membros desta. Falha nossa, portanto.

O sínodo da Amazônia, já em curso, vem nos lembrar tudo isso. “A Igreja não é uniforme e isso gera uma harmonia na diversidade”, disse o Papa durante a Jornada Mundial da Juventude em 2013, no Brasil. “Com o Sínodo, toda essa diversidade original convoca novo tempo na Igreja; um tempo de entender para compreender a fé”, concluiu. Entender e compreender aqui não são sinônimos, mas desafios de aprofundamento de um mistério. No caso, como evangelizar sem desrespeitar a cultura alheia, a língua, o território, a espiritualidade de cada povo. Missão de fé não possui um único idioma. Em diferentes traduções, a Escritura Sagrada revela os ensinamentos de Cristo. Aqui, em meio da floresta ou na selva de pedra de nossas civilizações, ou na floresta de nossos preconceitos e ideias fixas, políticas públicas sem nada de público… A fé traduz esse idioma da unidade na diversidade.

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]

 

 

 

 

 




Diocese de Assis

Com abertura realizada no dia 1º de Outubro, está instalado, na Igreja, o Mês Missionário Extraordinário, com o objetivo, segundo o Papa Francisco de: “despertar, em medida maior, a consciência da ‘missio ad gentes’ (sobre a evangelização dos povos) e retomar com novo impulso a transformação missionária da vida e da pastoral”.

Em vista de um maior aprofundamento sobre o objetivo deste mês, estão propostas algumas reflexões.

Reflexão: “Batizados e enviados”

Enfoque: Retomar a intenção do tema escolhido para o Mês Missionário Extraordinário. Este tema destaca que o envio para a missão e um chamado vinculado ao Batismo e está presente em todos os batizados. Assim, a missão é envio para a salvação que realiza a conversão do enviado e do destinatário. A nossa vida, em Cristo, e uma missão! Nós próprios somos missão porque somos amor de Deus comunicado; somos santidade de Deus criada a sua imagem. A missão é, portanto, santificação, nossa e do mundo inteiro, desde a criação (cf. Ef 1,3-6). A dimensão missionária do nosso Batismo traduz-se, assim, em testemunho de santidade que dá vida e beleza ao mundo.

Pistas para a reflexão: O Batismo é a grande porta de entrada para a vida na fé. Pelo batismo nos tornamos membros do corpo de Cristo e da Igreja. Batismo significa mergulho: nosso mergulho na vida e missão de Cristo e mergulho de Cristo em nossa vida e missão. Por isso, toda pessoa que foi batizada, participa da missão de Cristo e, por Ele é enviado, em missão, como testemunha, seguidora e anunciadora da sua Palavra e do Reino.

Iluminação Bíblica: batismo e conversão (Lucas 3,3-17); o serviço humilde (Mateus 20,20-28).

Desenvolvendo o tema: A Palavra de Deus nos ajuda a entender que o batismo não é um ritual perdido na infância de uma pessoa e, nem tão pouco um certificado de Cristianismo, para ficar anotado em um livro de dados da Paróquia. O Batismo é caminho de discipulado missionário e tem a ver com Conversão e Missão.

Conversão tem a ver com mudança de vida e de mentalidade.

Missão tem a ver com um novo sentido para a vida.

Desejaria que todos e cada um de nós pudéssemos visitar, pelos menos em espírito, a própria pia batismal, mergulhar nela a nossa cabeça e descobrir a missionariedade do próprio batismo… Então, devo ser missionário. Se eu não sou missionário, então não sou cristão” (Dom Pedro Casaldáliga).

Pelo Batismo, somos imersos naquela inesgotável fonte de vida que é a morte de Jesus, o maior ato de amor de toda a história, e, graças a esse amor, podemos viver uma vida nova, já não à mercê do mal, do pecado e da morte, mas em comunhão com Deus e com os irmãos” (Papa Francisco).

Somos convidados a confirmar a nossa identidade batismal como encontro pessoal com Jesus Cristo vivo: Ele envia-nos para sermos suas testemunhas no mundo. Com efeito, a missão da Igreja prolonga a missão que Jesus recebeu do Pai, no Espírito.

Anunciando Jesus Cristo na Palavra e no Sacramento, a missão da Igreja responde a sede de vida autentica e de sentido presente no coração de cada mulher e de cada homem. Oferecer aos homens deste mundo o Batismo em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo (cf. Mt 28,19) e com eles partilhar o pão da Eucaristia significa dar a vida de Deus que nos salva do mal e da morte (cf. Jo 6,48-51; 10,10). Na água e no Espírito, o sangue de Cristo (cf. 1Jo 5,1-13) redime-nos, dá-nos a fé e oferece-nos ao mundo para sua salvação. Aos pobres, a nos, prisioneiros do pecado, é verdadeiramente anunciada a graça que liberta e salva (cf. Lc 4,14-22). Nada e ninguém é excluído do amor misericordioso de Deus, que nos envia em missão para nos atrair a todos a Si.

 

Pe. Edvaldo Santos




Diocese de Assis

 Um tempo extraordinário de missionariedade é o que nos pede o Papa Francisco neste novo outubro primaveril. Mas por que extraordinário? “A celebração deste mês ajudar-nos-á, em primeiro lugar, a reencontrar o sentido missionário de nossa adesão”, explica o Papa. Sim, mas os anteriores também não teimaram em igual apelo?  Há uma sutil diferença: neste ano comemoramos o centenário da Carta apostólica Maximum Illud, do Papa Bento XV, promulgada em 30 de novembro de 1919. Só por isso, o mês missionário de 2019 ganha um caráter “extraordinário”, um apelo mais renitente e significativo. Só por isso?

Não simplificaria tão banalmente esse apelo da Igreja. Ao contrário, um século de apelos missionários já é suficiente para nos fazer corar diante de nossa ainda negligente e debilitada ação missionária. O que pensar diante dos dois mil anos desse apelo?  Até quando nosso batismo continuará limitado aos ritos cerimoniais ao redor de uma pia, um tanque, um riacho? Até quando o legado missionário de um envio pentecostal, um quase empurrão contra nossa inércia doutrinária, há de decepcionar Cristo e imobilizar a ação transformadora da Igreja no mundo? Teremos mais dois mil, mil, um século, alguns anos pela frente? O Batizado, queira ou não, é um Enviado. Prestará contas de sua tarefa, a missão que recebeu como membro de uma Igreja.

Em sua mensagem para esse mês extraordinário, o Papa nos lembra: “O ato, pelo qual somos filhos de Deus, sempre é eclesial, nunca individual: da comunhão com Deus, Pai e Filho e Espírito Santo, nasce uma vida nova partilhada com muitos outros irmãos e irmãs. E esta vida divina não é um produto para vender – não fazemos proselitismo -, mas uma riqueza para dar, comunicar, anunciar: eis o sentido da missão”. A partir de nossa adesão ao Cristo (nosso batismo de inserção à comunidade de fé – eclesialidade) – perdemos nossa individualidade para assumirmos a comunhão trinitária – vida espiritual – impossível de ser vivida egoisticamente, mas que contagia o mundo em que vivemos ou atuamos. Assim, até involuntariamente, a ação missionária do cristão transborda de seus atos e ações e envolve o meio onde Deus o colocou.

Esse é o mistério da presença missionária da Igreja no mundo. Não agimos ou atuamos por mérito pessoal, mas por força da ação do Espírito. Nesse aspecto, o missionário é um simples ponto de referência, emissor da verdade que o rodeia, mas que ganha vital importância se possuir essa consciência. Servos inúteis, mas fundamentais. Sem essa visão será sempre inútil nosso processo evangelizador. “A fé em Jesus Cristo dá-nos a justa dimensão de todas as coisas, fazendo-nos ver o mundo com os olhos e o coração de Deus; a esperança abre-nos aos horizontes eternos da vida divina, de que verdadeiramente participamos”, escreve-nos Francisco.

Nem por isso  vamos negligenciar nossa responsabilidade missionária ou conduzi-la sem maiores critérios ou mesmo preparações meticulosas que nos levem a aprofundamentos doutrinários, capacitações intelectuais, estudos e exercícios práticos, estratégias de abordagem, sintonia pastoral, vivência comunitária e, sobretudo, espiritualidade contagiante… Um missionário sem luz, sem alegria, sem testemunho… Ah, melhor nascer de novo, voltar às origens… Porque missão exige disponibilidade para atitudes de saída. Sair do comodismo, da vaidade pessoal, do egoísmo de uma fé bitolada. Sair, abandonar, deixar pra traz… Porque “uma Igreja em saída até aos extremos confins requer constante e permanente conversão missionária”, ensina o Papa.

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]

 

 




Diocese de Assis

A situação do ser humano em relação à vida é de permanente busca para prolongar seus dias e de alcançar a felicidade. Isso não é tão simples e não acontece sem riscos e abismos colossais. O fato é que, em todos nós, persiste um instinto de sobrevivência e auto-preservação-conservação que procura evitar, ao máximo, dor e sofrimento, perda e derrota, morte e aniquilamento…

O prolongamento dos dias parece coincidir com o ideal de imortalidade e a busca da felicidade com o ideal do paraíso. Mas vale perguntar: “de que imortalidade se trata? Que paraíso é esse?

Marcados pelo hedonismo que é imediatista, estamos lançados numa busca desenfreada de prazer e satisfação imediata, rápida, obsessiva e compulsiva do aqui-e-agora ou do agora-ou-nunca. Essa via de realização, forjada na mente, no coração e no corpo do indivíduo está cheia de armadilhas.

Este é o império do instinto que permite uma busca insana, desregrada e desenfreada. Ora, instinto é sempre instinto e, como tal, mostra-se desmedido e inconseqüente revelando-se, ao mesmo tempo obsessivo e transgressor nas suas pretensões, buscas e auto-afirmação. Via de regra, o instinto não mede o custo de sua auto-afirmação e, quando o pretendido não é realizado, salta-se, imediatamente, para compensações.

De uma maneira ou de outra, todas as pessoas querem se salvar. Mas, infelizmente, preservando-se e/ou poupando-se de tudo e de todos, cava-se uma enorme sepultura numa satisfação hedonista do sexo, do poder, da fama, da moda, do dinheiro, do status, da ostentação, das armas, da violência, das vantagens…

O tempo não basta para quem a vida é só prazer. O mundo é pequeno para quem a regra é somente o instinto. Não há salvação possível para quem vive a vida numa insatisfação doentia.

Temos tudo, mas nada nos pertence. Aliás, a situação da vida no mundo tem seus condicionamentos na dor, no sofrimento, na perda, na derrota, na morte… Quanto mais fugimos disso, mais vivemos uma vida como um faz de conta. Ora, não dá para viver no mundo como se estivéssemos nas nuvens; não é possível conviver com os outros como se fossemos anjos. Viver tem um preço de dor e sofrimento, de perda e dano, de renúncia e morte.

A vida alcançará seu verdadeiro sentido quando entendermos que este mundo não é morada definitiva e nem garantia de felicidade plena. As promessas deste mundo tem seus limites e deve nos fazer voltar os olhos para o infinito; para o alto; para Deus. Querendo salvar-nos a nós mesmos, caímos no risco de querer salvar-nos sem Deus. E isso é trágico!

Em termos de fé, a salvação é um dom de Deus, tanto para esta vida como para a vida eterna. A salvação não é uma promessa para depois da morte. A salvação é plenitude da vida que tem sentido agora, em meio às enormes e renhidas lutas e, esperança no amanhã, em meio às incertezas e apreensões do futuro.

Deus não somente salva, ele é a salvação! Por isso, por uma questão de fé, devemos voltar o nosso olhar para Deus, sem medo ou desconfiança e, entregando-nos a ele, permitir que ele nos salve. Tanto na vida presente como na vida futura, ainda, neste mundo e, tanto mais depois da morte, no céu.

A descoberta da Palavra de Deus nos permite uma nova perspectiva de vida na fé, além de nos colocar diante da liberdade frente a salvação, oferecida por Deus como um Dom. Uma verdadeira profissão de fé pode ser feita com o salmista no Salmo 146(145), 1-10: “Vou louvar a Javé, enquanto eu viver. Vou tocar ao meu Deus, enquanto existir! Não coloquem a segurança nos poderosos, num homem que não pode salvar! Exalam o espírito e voltam ao pó, e no mesmo dia perecem seus planos! Feliz quem se apóia no Deus de Jacó, quem coloca sua esperança em Javé seu Deus. Foi ele quem fez o céu e a terra, o mar e tudo o que nele existe. Ele mantém sua fidelidade para sempre, fazendo justiça aos oprimidos, e dando pão aos famintos. Javé liberta os prisioneiros. Javé abre os olhos dos cegos. Javé endireita os encurvados. Javé ama os justos. Javé protege os estrangeiros, sustenta o órfão e a viúva, mas transtorna o caminho dos injustos. Javé reina para sempre.”

 

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS




Diocese de Assis

Não há dúvida de que, razões de fé movem as pessoas, cria esperanças e dirige seus passos. Por razões de fé, toma-se iniciativa, faz-se renúncias e desenvolve-se convicções. Por razões de fé morre-se, mata-se ou justifica-se a guerra. A fé move tudo e a todos. A fé tem poder de vida ou morte. Depende do sujeito que crê.

Em sentido lato, a fé é a firme convicção de que algo seja verdade, sem nenhuma prova de que este algo seja verdade, pela absoluta confiança que se deposita neste algo ou alguém. Por extensão, ter fé é nutrir um sentimento de afeição, ou até mesmo de amor, pelo que se acredita, confia e aposta. É possível nutrir um sentimento de fé em relação a uma pessoa, um objeto inanimado, uma ideologia, um pensamento filosófico, um sistema qualquer, um conjunto de regras, uma crença popular, uma base de propostas ou dogmas de determinada religião. A fé não é baseada em evidências. É, geralmente, associada a experiências pessoais e pode ser compartilhada com outros através de relatos, principalmente no contexto religioso.

Do ponto de vista cristão, a fé está baseada no Projeto de Salvação do Deus de Abraão, Isaac e Jacó, cuja revelação alcança seu ponto máximo, em Jesus Cristo, seu Filho Unigênito, Nosso Senhor. “Nos tempos antigos, muitas vezes e de muitos modos Deus falou aos antepassados por meio dos profetas. No período final em que estamos, falou a nós por meio do Filho. Deus o constituiu herdeiro de todas as coisas e, por meio dele, também criou os mundos. O Filho é a irradiação da sua glória e nele Deus se expressou tal como é em si mesmo. O Filho, por sua palavra poderosa, é aquele que mantém o universo. Depois de realizar a purificação dos pecados, sentou-se à direita da Majestade de Deus nas alturas. Ele está acima dos anjos, da mesma forma que herdou um nome muito superior ao deles” (Hb 1,1-4).

A Salvação é a meta da fé (1Pd 1,9).  Por isso, o homem de fé deve refazer o seu caminho a Cristo, cada dia, para conhecer e buscar a salvação que ele nos propõe no hoje da fé e não somente para depois da morte. Ora, é preciso tudo empenhar para conseguir esta salvação na mesma proporção e medida da Cruz de Cristo. Quer dizer, da mesma forma que o Cristo, na cruz, se despojou e se entregou, no extremo da morte, também nós, na busca da salvação, devemos nos entregar por inteiro! Tudo! Sem reservas. Acreditando! Na medida do amor. Porque Deus acrescenta, àquele que busca, em primeiro lugar, o Reino de Deus, tudo o que lhe é necessário, hoje, para a sua salvação. Nada Deus dá ou permite que não seja para a salvação. Deus não é eterno para ver a nossa destruição, mas a nossa salvação.

A busca da salvação, por conseguinte, deve nos ajudar a refazer o caminho da fé, na medida do amor, da confiança e da entrega. Porque qualquer conquista, mesmo a mais alta e valiosa, neste mundo, não tem comparação ao que Deus nos dá salvando-nos em Cristo. Mesmo que, para isso, seja necessário perdemos.

Na Sagrada Escritura, aparecem algumas dicas e direções, nesse sentido.

1Cor 15,1-3: “É pelo Evangelho que vocês serão salvos, contanto que o guardem do modo como eu lhes anunciei; do contrário, vocês terão acreditado em vão.”

1Cor 15,12-14.19: “Ora, se nós pregamos que Cristo ressuscitou dos mortos, como é que alguns de vocês dizem que não há ressurreição dos mortos? Se não há ressurreição dos mortos, então Cristo também não ressuscitou;  e se Cristo não ressuscitou, a nossa pregação é vazia e também é vazia a fé que vocês têm.”

1Tm 2,1-6: Ele (Jesus) quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade. Pois há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens: Jesus Cristo, homem que se entregou para resgatar a todos.”

Hb 5,7-9: “Durante a sua vida na terra, Cristo fez orações e súplicas a Deus, em alta voz e com lágrimas, ao Deus que o podia salvar da morte. E Deus o escutou, porque ele foi submisso. Embora sendo Filho de Deus, aprendeu a ser obediente através de seus sofrimentos. E, depois de perfeito, tornou-se a fonte da salvação eterna para todos aqueles que lhe obedecem.”

 

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS