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Diocese de Assis

 

          O significado de um testemunho é algo um tanto quanto machista, discriminatório, quase pornográfico. Vem de testículo, já que exigia um gesto, quase um juramento, com a declaração pública de um fato acompanhada do ritual de “segurar” o testículo do juiz ou oponente e assim proclamar a verdade ou o fato posto em dúvidas. Só mais tarde é que se passou a usar a mão sobre a Bíblia e jurar dizer a verdade em questão. Ainda bem. Caso contrário, teríamos hoje muitas omissões e falsos testemunhos, apesar de sequer a barba ou bigode dos canastrões de outrora terem sido de alguma valia. A mentira continuou imperando, distorcendo a história e muitas de nossas campanhas eleitoreiras. Está em curso nos dias atuais.

          Mas a campanha que aqui pretendo abordar não tem nada dessas aberrações históricas. Surgiu há exatos 50 anos, quando o catolicismo universal renascia das catacumbas romanas, após um Concílio renovador a lançar novas luzes e ânimo sobre a tarefa evangelizadora da Igreja. Nesse ano jubilar, por sugestão do Papa Francisco, além da objetividade pura e simples de sua temática, a presente Campanha Missionária reafirma: “A Igreja é missão”, mas segue o lema: “Sereis minhas testemunhas” (At 1,8). Simples e claro. A missão é tarefa única e exclusiva da Igreja que somos e, como tal, nosso testemunho é fundamento da fé que professamos. Sem este não existe aquela. Sem Igreja, nossa eclesialidade de nada valeria. Seria como o sino a badalar no vazio, sem retumbar seus sons e acordes maravilhosos. Uma guitarra sem energia, um clarim sem melodia, uma trombeta, uma tuba com gato dentro… A missão da Igreja é, sim, fazer barulho dentro e fora do homem adormecido, introspectivo em seu vazio, que olha para dentro de si mas só enxerga a si mesmo. Não encontra Deus em seu coração!

          Nesses 50 anos, tenho o orgulho de também celebrar um ano Jubilar, como membro de um grupo de leigos que um dia ousaram assumir essa identidade missionária dentro do catolicismo. O Meac, Missionários para Evangelização e Animação de Comunidades, nasceu com esse movimento renovador da Igreja e, desde então, vem construindo sua história aos trancos e barrancos, tentando mostrar aos cristãos leigos sua necessidade de testemunhar o Cristo sem “puxar” nada de ninguém, a não ser trazer para si a responsabilidade que nosso batismo e inserção cristã nos obriga a praticar. (Veja o site www.meac.com.br).  Nosso testemunho está em livro digital, onde o que se encontra é a simplicidade de vida de vários companheiros que viveram e vivem essa experiência missionária. Se você sentir esse chamado, entre em contacto, pois estamos necessitando, urgentemente, de sangue novo nessa tarefa evangelizadora, desafiadora, de ser Igreja realmente missionária.

          Não pense você que esta seja uma missão puramente clerical, religiosa. Já foi o tempo em que somente padres e freiras recebiam o mandato missionário como autoridade legitimamente constituída pelo múnus evangelizador da Igreja. Hoje, todos somos enviados. Mais do que nunca, o mundo necessita do testemunho e da presença eclesial como fonte de vida e esperança para todos. A omissão tem preço. Se o mundo se distancia das verdades de Cristo é porque nosso juramento batismal, nossa imersão nas águas da nossa fé, não provocou a purificação oferecida; ao contrário, contribuiu ainda mais para uma eventual condenação. Você, batizado, está em processo de cura das eventuais lepras que a vida sem Deus provoca no ser humano. Dez foram curados, um só voltou e agradeceu. E, detalhe, era um estrangeiro, alguém distante da comunidade que cercava a origem cristã. Será que aguardamos um missionário de outras terras para “dar glórias a Deus”?

          WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]




Viver o Círio de Nazaré é uma graça!

 

 

Chegamos ao mês mais esperado para os paraenses. Outubro é Círio de Nazaré outra vez, o Natal se antecipa em Belém do Pará.

 

Conheço as festividades do Círio há mais de 18 anos e posso afirmar com toda certeza: é a maior manifestação de fé e amor à Virgem Maria que já vi em toda a minha vida. Tive a graça de, por muitos anos seguidos, viver o Círio, esta é a palavra: VIVER o Círio de Nazaré. Pois não se participa apenas, vive-se.

 

É um tempo muito fecundo para cada pessoa que experimenta essa GRAÇA. A cidade muda, as famílias abrem as portas de suas casas, suas refeições passam a ter um tempero diferente, a solidariedade e o amor se fazem presentes na convivência fraterna.

 

Em cada missa, em cada oração, elevam-se preces de maneira especial à Rainha da Amazônia, carinhosamente chamada Nazarezinha. Durante toda a festividade, a basílica de Nazaré passa a ter uma luz diferente. Ao entrarmos na Igreja e fazermos nossas preces, parece que os nossos pedidos chegam mais rápido ao céu.

 

Confesso que a maior experiência que vivi foi a da “Transladação” (procissão realizada na noite anterior ao dia do Círio), pois por mais de oito horas de procissão, vê-se o povo de Belém segurando a corda que puxa a Berlinda com a Virgem de Nazaré. Tempo de observar a fé de uma multidão de pessoas e olhar para os promesseiros pagando suas promessas pelos milagres alcançados.

 

Grande emoção, pelas ruas de Belém, é poder cantar esta canção:

“Quando a vida faz nascer o mês de outubro eu descubro uma graça bem maior

Que me faz voltar no tempo e ser menino

E ao som do sino ver a vida amanhecer

Ver o povo em procissão tomando as ruas

Anunciando que é Círio outra vez

Que a Rainha da Amazônia vem chegando

Vem navegando pelas ruas de Belém

Corda que avança, o corpo cansa só pra alma descansar

E o meu olhar chorando ao ver o teu olhar em mim

Tão pequenina na Berlinda segues a recolher

Flores e amores que o teu povo quer te dar

Ó Virgem Santa, teu povo canta

Senhora de Nazaré

Tu és rainha e tens no manto

As cores do açaí.” 

Assim se vive o Círio: com fé, amor e, como irmãos e irmãs, todos juntos cantando uma linda canção. Posso dizer que em outubro o Natal se antecipa em Belém do Pará.

Feliz Natal, feliz Círio de Nazaré!

 

Padre Bruno Costa é missionário da Comunidade Canção Nova e autor dos livros: “Frases que nos levam a Deus” e “Lutar sempre, desistir jamais”.




Diocese de Assis

 

          Nada do que fazemos acrescenta algo à glória de Deus. Mas tudo o que somos, sim. Até nossa servidão aparentemente inútil. Inútil diante de Deus, mas extremamente necessária para nosso histórico de vida, nossa própria glorificação. O jogo de palavras complica mais do que explica, mas logo adiante virá a compreensão. É que somos tentados a fazer de nossa existência uma contínua competição com o outro, achando sempre que o que somos ou fazemos é mais perfeito e útil do que a tarefa, profissão ou vida dos que concorrem conosco. Assim, na nossa avaliação pessoal, nunca seremos servos inúteis de Deus. Triste engano!

          Na escala social que ocupamos raramente daremos oportunidade a um empregado de sentar-se à mesa conosco. Entretanto, esse é o primeiro grande convite que Deus nos faz, no banquete do Reino. Esse mesmo banquete já pronto e carinhosamente preparado a nos esperar no definitivo encontro com nossa própria origem e para o qual só nos basta apresentar nossas obras, nosso serviço prestado junto aos semelhantes. Portanto, o que importa a Deus não são nossas conquistas materiais e sucessos empresariais, intelectuais ou alhures, mas somente a grandeza do serviço que prestamos aos nossos semelhantes. Tudo mais não conta pontos, nem nos dignifica. O progresso material, ao contrário, terá sempre um peso maior no processo de nosso julgamento. Assim também o sucesso ou não de um governante, um gestor público ou político.

          Nada do que faz um bom administrador terá méritos dignificantes, se não houver maiores serviços de promoção humana do que simples conchavos de interesses sociais ou político-partidários. Um homem público não trabalha para si, mas para o bem comum. Seu serviço não pode nunca alimentar interesses setoriais e deixar de lado as primárias necessidades do coletivo. Qualquer função político-social e religiosa que se preste ao povo tem que possuir, por primeiro, essa dimensão de serviço. Caso contrário, será sempre um serviço inútil, sem valor algum aos olhos de Deus. Lembrando sempre que toda e qualquer função pública ou autoridade constituída diante do povo, procede de Deus, foi-lhe concedida do alto, com as bênçãos e concessões do povo. Assim, podemos afirmar: o poder emana do povo, mas com o consentimento de Deus.

          Essa visão transcendente da autoridade humana é que dá legitimidade à ação democrática. Sem a aprovação popular e a unção divina, estaríamos sob a ação de um regime ilegal, uma usurpação de direito, um serviço ilegal, inútil aos olhos de Deus e do povo. Por isso a legitimidade democrática tem um quê de religiosidade e merece respeito. Por isso é que dizemos, sem sombra de dúvidas, que todo poder procede de Deus. Não é e não pode ser um serviço inútil diante do povo, que escolhe e acolhe aquele que vai lhe prestar um serviço comunitário legítimo e, oxalá! – abençoado. Por isso é que também dizemos que todo povo tem o governo que merece… Tomara!

          Também no campo pessoal e na administração de nossas próprias vidas devemos ter presente essa consciência da responsabilidade de nossos atos. Somos meros servidores no processo da criação de um mundo em contínua evolução. Nada do que somos ou temos acrescentará algo à grandeza e beleza de tudo que o Senhor criou. Ele não necessita de nossa insignificância, mas aceita nossa gratidão e louvor. No entanto, sem solidariedade e gestos de fraternidade entre nós, sem nosso serviço de promoção aos mais desvalidos na caminhada, seremos mais do que inúteis aos seus olhos, pois sequer o que “devíamos fazer”, o fizemos. Faça sua escolha com esses critérios.

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]




Diocese de Assis

 

          Deus inventou o homem e o homem inventou o dinheiro. Desde então, essa história tem enveredado por estranhos caminhos, com muitos aclives e declives, curvas e retas, frenagens e derrapagens… Desde então, Criador e criatura buscam acertar seus passos no uso do dinheiro e no equilíbrio de suas bênçãos ou maldições. Muitas são as bênçãos advindas do bom uso das riquezas que o dinheiro proporciona, mas igualmente muitas são as maldições advindas de seu mau uso. Adorar a Deus sobre todas as coisas é próprio da sabedoria e da gratidão daqueles que sabem honrar a Deus com seus bens. Idolatrar o dinheiro e as riquezas que este amealha é típico da avareza que turva e cega nossa visão espiritual.

          Não se trata aqui de simplória separação entre um e outro, entre as riquezas celestiais e terrenas, entre a adoração única e exclusiva à fonte de nossas vidas e a idolatria pura e simples à fonte de nosso bem estar terreno. Deus em sua magnitude e o dinheiro em sua benemerência.

Antes de nossas conquistas sociais e de nosso crescimento em bens e posses materiais está a necessidade de crescermos em sabedoria e graça diante de Deus. O resto virá por acréscimo. Não como nossa ambição desmedida imagina ou deseja, mas conforme os critérios de nosso merecimento e de nossa capacidade ou necessidade. Medir essa graça ao nível de moedas e valores circulantes é pura infantilidade, pois que o critério de nossa relação com o dinheiro é que nos faz mais ricos ou mais pobres. Depende de nossas capacidades administrativas e de nossos projetos ou ideais. Se estes estão em consonância com os planos de Deus para nossas vidas, então serão supridos na medida de nossas necessidades. Nem mais, nem menos. Assim, há muitos milionários sem grandes reservas financeiras ou investimentos em bolsas de valores, como também muitos pobretões investidos de incontáveis fortunas e bens materiais. Dinheiro possuem, mas são paupérrimos esmoleres de dignidade diante de Deus.

“Quem é fiel nas pequenas coisas, também é fiel nas grandes”. A esperteza do administrador infiel diz respeito a todos nós, imbuídos que fomos de fazer de nossas vidas um bem a ser administrado com parcimônia e zelo, responsabilidade melhor dizendo. O problema não são as artimanhas que usamos para maquiar um resultado final, disfarçar nossas negligências e malversações praticadas ao longo do caminho, mas o oportunismo sempre presente na conquista de aparentes vantagens financeiras. O dinheiro proporciona a sobrevivência, mas não nos dá sobrevida espiritual. Dá-nos direitos, mas impõe deveres. Não podemos usá-lo tão somente na obtenção de lucros ou vantagens, posto ser ele também um meio primordial de aquisição do bem comum e prática da solidariedade. O bom administrador acumula para melhor repartir, segundo os ensinamentos divinos. Partilhar ou repartir com justiça é atitude do administrador fiel, construtor do Reino de justiça e amor que deseja nosso Pai Criador. Isso é ser fiel nas pequenas e grandes responsabilidades que uma riqueza justa proporciona aos homens de boa vontade.

          Serviremos a Deus ou ao dinheiro? A lógica nos diz serem poderosos os que pensam ser donos do mundo, os senhores das máquinas e engrenagens que movimentam tesouros, mas arrastam bombas e canhões. É este o senhorio dos povos e nações. Mas a lógica de Deus não usa máquinas, nem canhões. Amassa o barro e nos dá a vida. Sopra nossas narinas e nos dá alento, esperança. Massageia nosso ego e nos faz respirar, suspirar… gemer de dor ou de amor… Dinheiro nenhum compra esse milagre, nossa vida!

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]

 

 




Diocese de Assis

 

Josué era, ainda, jovem quando Deus o escolheu para uma grande missão: liderar o Povo de Deus, continuando a caminhada que, Moisés, iniciara saindo do Egito, em direção à terra prometida.

Que desafio!

Josué, certamente, se sentiu pequeno, fraco, desqualificado, incapaz, impotente e incompetente para uma missão tão difícil. Não era para menos. Quem era ele para continuar a obra de Moisés? Quem era ele para guiar o povo de Deus?

Mal sabia Josué que a competência da missão que Deus entrega nas mãos de uma pessoa, não depende de mais ninguém do que do próprio Deus que chama e envia.

Vamos recuperar o capítulo 1 do livro de Josué para vermos onde esta o sentido, a força, a motivação e a força para a missão

Contexto do Chamado de Josué

“Depois da morte de Moisés, servo de Javé, Javé falou a Josué, filho de Nun, auxiliar de Moisés: ‘Meu servo Moisés morreu. Agora levante-se e atravesse o rio Jordão, com todo este povo, para a terra que eu vou lhes dar. Todo lugar que a planta dos pés de vocês pisar, eu o dei a vocês, conforme prometi a Moisés. O território de vocês irá desde o deserto até o Líbano, e desde o grande rio Eufrates até o mar Mediterrâneo, no ocidente’.”

Promessas e Advertências de Deus para que se cumpra a missão

“Ninguém poderá resistir a você durante toda a sua vida. Assim como estive com Moisés, estarei também com você: nunca o abandonarei nem o deixarei desamparado.

Seja firme e corajoso, porque você fará esse povo herdar esta terra que jurei dar a seus antepassados. Apenas seja firme e corajoso, para cumprir toda a Lei que meu servo Moisés lhe ordenou. Não se desvie dela, nem para a direita nem para a esquerda, e você terá sucesso em todos os seus empreendimentos.

Que o livro dessa Lei esteja sempre em seus lábios: medite nele dia e noite, para agir de acordo com tudo o que nele está escrito. Desse modo, você será bem-sucedido em seus empreendimentos e sempre terá sucesso.

Sou eu que estou mandando que você seja firme e corajoso. Portanto, não tenha medo e não se acovarde, porque Javé seu Deus está com você aonde quer que você vá.”

Josué assume a missão como lhe confiou o Senhor

Então Josué ordenou aos oficiais do povo: “Passem pelo meio do acampamento e dêem esta ordem ao povo: ‘Abasteçam-se de víveres, porque dentro de três dias vocês atravessarão o rio Jordão para tomar posse da terra que Javé seu Deus lhes dá’”. Josué disse aos rubenitas, aos gaditas e à meia tribo de Manassés: “Lembrem-se do que lhes ordenou Moisés, servo de Javé: ‘Javé seu Deus concede repouso a vocês e lhes dá esta terra’. As mulheres, crianças e rebanhos de vocês ficarão na terra que Moisés lhes deu na Transjordânia.

Vocês, porém, todos os homens de guerra, atravessarão o Jordão bem armados, na frente de seus irmãos, para ajudá-los, até que Javé conceda descanso aos seus irmãos, da mesma forma que deu a vocês, e até que eles também tomem posse da terra que Javé seu Deus lhes dá. Então vocês poderão voltar para a terra que lhes pertence e tomar posse da terra que Moisés, servo de Javé, deu a vocês na Transjordânia, no lado oriental.”

A resposta do povo à missão de Josué

“Eles responderam a Josué: ‘Faremos tudo o que você nos ordenou e iremos para onde você mandar. Obedeceremos a você, da mesma forma que obedecíamos a Moisés. Basta que Javé esteja com você, assim como estava com Moisés. Quem se revoltar e não obedecer às suas ordens, sejam quais forem, será morto. Basta que você seja firme e corajoso’.

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS

 

 




Diocese de Assis

Todos os anos, no mês de setembro, a Igreja chama a todos para voltar-se, com ênfase e especial zelo, para a Sagrada Escritura, estudando um texto ou um livro da Bíblia, para melhorar aspectos importantes do seguimento e da missão que recebemos.

No mês da Bíblia deste ano o livro de estudo é Josué. O Tema é tirado do próprio livro de Josué: “O Senhor teu deus está contigo por onde quer que andes” (Js 1,9).

Existe todo um trabalho em torno desta atividade que envolve o Brasil todo, criando uma dinâmica de participação, inclusive com a produção de subsídios, dentre os quais, um livro de estudo.

Na Introdução do Livro de estudo, fica esclarecido que: “O ‘Mês da Bíblia’ é uma atividade da Igreja do Brasil, iniciada em 1971, e pretende ser um tempo privilegiado para aprofundar o estudo de um livro ou uma temática bíblica. O tema do Mês da Bíblia de 2022 é o Livro de Josué e o lema é ‘O Senhor teu Deus está contigo por onde quer que andes’ (Js 1,9). Eles foram escolhidos pela Comissão Pastoral de Animação Bíblico-Catequética da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e por outras instituições bíblicas, entre elas, o Serviço de Animação Bíblica (SAB/Paulinas).”

Na mesma introdução são apresentadas as motivações temáticas: “O motivo principal para a escolha do Livro de Josué é a comemoração dos 200 anos da “Independência do Brasil” (1822). Desse modo, desejamos que, ao estudar a entrada do povo hebreu na Terra Prometida e a distribuição da terra entre as tribos, conforme narra o Livro de Josué, possamos também refletir sobre a importância da terra em nossa história, alimentar a esperança e perceber em toda a trajetória do povo brasileiro a presença benevolente de Deus, que conduz a história.”

Aproveitando ainda das informações presentes na introdução do livro de estudo do mês da Bíblia, “O Livro de Josué, no Antigo Testamento (AT), dá início aos livros denominados históricos, sendo o primeiro na se quência dos escritos bíblicos após os livros que compõem o Pentateuco. Na Bíblia hebraica, isto é, no AT, esse livro está inserido no bloco dos chamados “profetas anteriores”, dado que Josué é considerado um profeta, pois Deus lhe revelou a sua vontade, que deveria ser transmitida ao povo (Js 1,1; 4,15-16), à semelhança de Moisés.”

O livro de Josué é uma viagem interessante para o centro da experiência do Povo de Deus que, liderado por um jovem imbuído do espírito de Moisés, precisa fazer escolhas de fidelidade, tendo em vista a Aliança do próprio Deus presente e atuante em seu meio.

“O tema central do Livro de Josué é a entrada do povo de Deus na Terra Prometida, após a longa travessia pelo deserto, em busca da libertação da escravidão do Egito (Ex-Dt) e do cumprimento das promessas feita aos patriarcas e matriarcas (Gn 12-50). A entrada na terra de Canaã é o resultado da ação conjunta das tribos sob a liderança de Josué. Porém, isso só será possível por causa da presença do Senhor e da fidelidade do povo aos seus mandamentos. Além da tomada de posse da terra (Js 1-12), temos a sua distribuição entre as tribos (Js 13-22).”

Vale a pena entrar nesse estudo e descobrir, em cada página do livro de Josué, a inquietante luta para manter a memória do Deus presente, numa história da libertação e numa caminhada que aponta para a construção de uma grande nação.

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS 

 




Diocese de Assis

 

          Quando se fala em vocação a tendência é sempre imaginar uma carreira em busca de sucesso, satisfação pessoal, realização. Quando olhamos para a história de vida de Maria, mãe de Jesus, o que encontramos é um rosário de contradições, decepções e dor. Desde o ventre, seu filho fora marcado pela incompreensão e pelas injustiças dos homens. Coloquemo-nos no lugar de Maria, u´a mãe sempre amorosa, obrigada a defender seu filho desde o ventre, a ser incompreendida pelos familiares diante de sua afirmativa de estar submissa à vontade de Deus (faça-se em mim sua Palavra) a ser enxotada da própria pátria para salvaguardar seu rebento e a silenciar seu coração materno diante dos mistérios que rodearam a vida pública e as afirmativas enigmáticas que seu Filho publicava.

          Momentos de alegria foram muitos. Como aquele em que Jesus atendeu a um pedido seu e não deixou faltar vinho na festa de um casamento! Era um pedido de mãe.. E mãe se atende, se obedece. Seguia à risca sua vocação materna, observando ao longe aquele menino que cresceu “em graça e sabedoria”, sem lhe oferecer grandes transtornos. Ao contrário, sua infância e juventude só fizeram crescer em seu coração a alegria da responsabilidade de um sim submisso, porém responsável. Maria nunca se arrependeu de sua maternidade.

          Mesmo diante das acirradas perseguições e incompreensões que durante três anos marcaram o ministério e a proposta transformadora que os lábios de Jesus publicaram, Maria apenas exultou mais e mais. Tinha orgulho do seu filho. Extasiava-se com suas palavras e ensinamentos. Aprendia com Ele. Era, sem sombras de dúvidas, a melhor e a mais animada dentre aqueles que o seguiam, passo a passo, dia a dia. Permanecia a seu lado e bebia de suas palavras. Como aquelas com as quais prometeu plenitude de vida a quem seguisse seus passos.  Gerou entre seus ouvintes não uma expectativa qualquer, mas a certeza de que daquele coração transbordava a essência da verdadeira vida, a vida em abundância. Qual mãe, senão Ela, possuiu em vida tamanho privilégio! Enxergar e testemunhar, diante de todos, a grandiosidade de vida que seu pequeno ventre gerou para o mundo?

          No entanto, todo e qualquer coração materno tem seu momentos de dor e decepção. O privilégio da maternidade é estar a mãe sempre vigilante e preparada para esses momentos. Porque nem tudo no mundo é um mar de rosas. O que se dirá com respeito à responsabilidade materna de se criar, educar, proteger e se aninhar, um dia, no colo amoroso de um filho dileto? Maria permaneceu ao lado de Jesus em todas essas fases de sua vida. Até no momento crucial. Ao lado de sua cruz…

          É essa a grande lição da maternidade de Maria. Seu grande momento de dor estava ali, na agonia de seu filho cravado em uma cruz humana. Uma cruz talhada no madeiro da indiferença social, da injustiça que sempre campeia entre aqueles que se julgam donos do mundo, senhores da vida, mantenedores da justiça e da ordem social. Maria, junto à cruz, se cala. Seu silêncio é a voz muda, mas retumbante, das mães que bradam por mais amor, mais justiça, mais compreensão… Voz das mães da Praça de Maio. Das mães da Candelária, da Cracolândia, da Praça dos Três Poderes… De todas as mães que, como Maria, assumem publicamente a vocação materna como escolha divina que deve ser levada até as últimas consequências. Do resto cuida Deus.

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]




Diocese de Assis

Do ponto de vista teológico, religioso e eclesial o cristianismo nasce do MISTÉRIO PASCAL, isto é: do mistério da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus. Um acontecimento real, mas, que necessita do olhar da fé uma vez que não usa medidas numéricas, lógicas ou matemáticas.

A medida da fé é toda a História da Salvação com as insondáveis ações de Deus sobre a humanidade. A medida da fé são todos os patriarcas e matriarcas; são todos os profetas e profetisas. A medida da fé é a casa de Israel; é José e Maria; é Jesus e os apóstolos. A medida da fé é, enfim, o pequeno núcleo de cristãos que, de clandestino e combatido pelo império foi se espalhando como “semente do evangelho”.

O livro dos Atos dos Apóstolos apresenta três retratos da comunidade cristã nas suas origens e desenvolvimento:

Primeiro retrato da comunidade (Atos 2,42-47): “Eram perseverantes em ouvir o ensinamento dos apóstolos, na comunhão fraterna, no partir do pão e nas orações. Em todos eles havia temor, por causa dos numerosos prodígios e sinais que os apóstolos realizavam. Todos os que abraçaram a fé eram unidos e colocavam em comum todas as coisas; vendiam suas propriedades e seus bens e repartiam o dinheiro entre todos, conforme a necessidade de cada um. Diariamente, todos juntos freqüentavam o Templo e nas casas partiam o pão, tomando alimento com alegria e simplicidade de coração. Louvavam a Deus e eram estimados por todo o povo. E a cada dia o Senhor acrescentava à comunidade outras pessoas que iam aceitando a salvação.”

Segundo retrato da comunidade (At 4,32-37): “A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma. Ninguém considerava propriedade particular as coisas que possuía, mas tudo era posto em comum entre eles. Com grande poder, os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus. E todos eles gozavam de grande aceitação. Entre eles ninguém passava necessidade, pois aqueles que possuíam terras ou casas as vendiam, traziam o dinheiro e o colocavam aos pés dos apóstolos; depois, ele era distribuído a cada um conforme a sua necessidade. Foi assim que procedeu José, levita nascido em Chipre, apelidado pelos apóstolos com o nome de Barnabé, que significa “filho da exortação”.  Ele vendeu o campo que possuía, trouxe o dinheiro e o colocou aos pés dos apóstolos.

Terceiro retrato da comunidade (Atos 5,12-16): “Muitos sinais e prodígios eram realizados entre o povo pelas mãos dos apóstolos. E todos os fiéis se reuniam em grupo no Pórtico de Salomão. Os outros não se atreviam a juntar-se a eles, mas o povo os elogiava muito. Uma multidão cada vez maior de homens e mulheres aderia ao Senhor, pela fé. Chegaram ao ponto de transportar doentes para as praças, em esteiras e camas, para que Pedro, ao passar, pelo menos a sua sombra cobrisse alguns deles. A multidão vinha até das cidades vizinhas de Jerusalém, trazendo doentes e pessoas tomadas por espíritos maus. E todos eram curados.

A originalidade da fé cristã consiste exatamente nisso: uma profunda experiência do RESSUSCITADO que ecoa na vida de pessoas concretas, através de gestos e ações concretas de amor. E é, precisamente isso, o que atrai as pessoas para uma vida em Comum-União’; para uma vida em COMUNIDADE.

O Fenômeno de crescimento e expansão da fé cristã não está, simplesmente, na associação das pessoas em torno dos apóstolos e, nem tão pouco, nos seus gestos e ações. Tal associação, tais gestos e ações estariam desprovidos de poder se não estivessem garantidos e amparados pela Ressurreição de Jesus e pela ação do Espírito Santo.

Formar comunidade cristã, portanto, não é simplesmente reunir pessoas e realizar gestos e ações. Formar comunidade cristã é estar convocado pelo Cristo Ressuscitado e viver confirmado pelo Espírito Santo. Que ninguém atribua a si mesmo esta honra!

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS




Diocese de Assis

A resposta ao chamado de Deus está ligado à escuta da sua Palavra. Responde bem ao chamado de Deus quem ouve bem! Ora, qual é o melhor lugar para se ouvir o chamado de Deus senão a comunidade? Qual é a melhor resposta ao chamado de Deus senão o serviço alegre e generoso?

A realização vocacional e o serviço às vocações está intimamente relacionado com a vida da Igreja. Convém olhar, então, para Igreja dos nossos dias. O que está acontecendo dentro da comunidade eclesial?

O Primeiro Congresso Vocacional do Brasil (Itaici – 1999), dentro de uma interpretação realista, fez a “fotografia” do interior da nossa Igreja e percebeu as mudanças profundas e rápidas pela qual passava a nossa Igreja naquele momento.

Com essa percepção, os animadores e animadoras vocacionais, presentes em Itaici, foram capazes de avaliar as diversas expressões de Igreja que se manifestavam naquela ocasião, concluindo que: estas diferentes formas de concretizar o SER Igreja têm influências significativas nas motivações que levam as pessoas “a assumir e viver a fé e a vocação”.

O grande desafio, diante disso é: colaborar eficazmente para a construção de “uma Igreja, onde todos os aspectos essenciais para a sua vida e para a sua missão, no meio da humanidade, sejam bem integrados”.

O modo como devemos motivar as pessoas para responderem positivamente ao chamado é faze-las enxergar a Igreja como um povo de servidores, dentro do pluralismo das vocações, ministérios e carismas”. Porém, tal perspectiva não é possível quando um único cenário de Igreja tende a se impor. A Igreja é diversidade!

No processo de discernimento, é necessário ajudar os vocacionados a olharem para “a decisão vocacional como um serviço aos irmãos e não como ascensão social ou busca de uma posição privilegiada na sociedade e na Igreja”.

            A radicalidade da resposta de um vocacionado, feita a partir da experiência da Igreja “Povo de Deus” (cf. LG, 9-17), é a de viver um seguimento de Jesus que seja, de fato, permanente escola onde se aprende que toda vocação é sempre uma vida “diaconal”: “Eu estou no meio de vocês como quem está servindo” (Lc 22,27).

A Igreja toda, a começar pelos consagrados, deve ser servidora do evangelho!

A preocupação com as vocações deve ser de toda a comunidade cristã. O princípio é este: “todos somos animadores vocacionais”; somos responsáveis uns pela vocação dos outros. Cada pessoa batizada tem a responsabilidade de viver bem o chamado e, também, de contribuir para que as demais tenham condições de responder ao chamamento divino para ser gente e para seguir Jesus.

            A comunidade eclesial é “mediadora da vocação e o lugar de sua manifestação”. A nossa resposta vocacional precisa colaborar para que tenhamos, de fato, uma Igreja que seja espaço de ação do Espírito que quer suscitar as vocações do Pai, no seguimento de Jesus. Isso quer dizer que não é suficiente qualquer jeito de Igreja. Existe um modelo, ou se quisermos, um cenário de Igreja, que é o lugar do apelo, do chamamento divino.

Não podemos oferecer aos cristãos de hoje apenas uma experiência do sagrado. Precisamos propor uma autêntica espiritualidade, capaz de lhes dar ânimo e coragem para continuar firmes na missão, mesmo diante dos inúmeros desafios que aparecem. Não é possível seguir Jesus Cristo nos tempos atuais sem experimentarmos quotidianamente a graça de Deus e sem o esforço para permanecermos coerentes com as exigências do discipulado.

É isso o que significa pensar a vocação como Igreja!

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS




Diocese de Assis

A existência humana mistura fé e vida.  É difícil compreender um homem que não tenha fé. Mesmo os mais incrédulos ou ateus buscam “algo” em que se sustentar. FÉ e VIDA são duas faces da mesma existência. LOGO, a nossa existência, no que diz respeito à experiência de vida e de fé, se realiza como um CHAMADO.

CHAMADOS À VIDA

Primeira Constatação: Estou vivo. É só olhar para si mesmo e sentir todo o seu corpo: cabeça, tronco e membros… dar-se conta de si.

Precisamos aprofundar o Sentido e o Valor da Vida como Chamado. Nossa vida tem sentido, por isso vale a pena viver. Enquanto estou vivendo estou dando uma resposta ao chamado que Deus me fez.

Segunda Constatação: Minha origem. Há uma história que faz referência à minha vida, que me situa desde o nascimento até a morte: Que tal fazer a sua biografia? (em dupla: fazer sua biografia – pais, irmãos, lugar de nascimento…).

A vida deve ser encarada, portanto, como um Dom, um presente de Deus. Somos como uma tríade: Deus, meus pais e eu. Deus me chamou pelo nome e me quis; meus pais me geraram e eu estou aqui. Somos da raça de Deus. É preciso que, ao longo da vida nos reconciliemos com a nossa existência.

Terceira Constatação: Foi Deus quem me chamou à vida; não sou obra do acaso! Sou único, irrepetível, indivisível. Somos obras perfeitas, amadas e queridas. Vamos recorrer a alguns textos bíblicos: Gn 1,26-28; Is 43,1-7; 44,21; Jr 1,4-8.

Precisamos “voltar” ao útero para muitos necessários recomeços. Contemplar a vida nos seus primórdios, na sua gênese, na sua matriz primordial. Precisamos recuperar as raízes humanas da nossa existência para dar mais visibilidade à nossa fé.

CHAMADOS À NOVA VIDA

Primeira Constatação: Ele me mantêm vivo. O Deus que nos criou e nos chamou à vida, também nos mantém nele, com ele e por ele. “Eu vivo, mas já não sou eu que vivo, pois é Cristo que vive em mim. E esta vida que agora vivo, eu a vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim. Portanto, não torno inútil a graça de Deus, porque, se a justiça vem através da Lei, então Cristo morreu em vão” (Gálatas 2,20-21).

Segunda Constatação: Eu nasci de novo. Como se não tivesse bastado um nascimento, Deus nos deu um segundo: o batismo. “Jesus respondeu: ‘Eu garanto a você: se alguém não nasce do alto, não poderá ver o Reino de Deus.’ Nicodemos disse: ‘Como é que um homem pode nascer de novo, se já é velho? Poderá entrar outra vez no ventre de sua mãe e nascer?’   5 Jesus respondeu: ‘Eu garanto a você: ninguém pode entrar no Reino de Deus, se não nasce da água e do Espírito’.” (João 3,3-5).

Terceira Constatação: Foi Deus quem me chamou ao novo nascimento. Ele me quis e me fez conhecedor e me revestiu das coisas novas. “De fato, vocês foram despojados do homem velho e de suas ações, e se revestiram do homem novo que, através do conhecimento, vai se renovando à imagem do seu Criador. E aí já não há grego nem judeu, circunciso ou incircunciso, estrangeiro ou bárbaro, escravo ou livre, mas apenas Cristo, que é tudo em todos” (Colossenses 3,9-11).

Precisamos “voltar” à pia Batismal para nos colocar diante dos sinais da vida nova: a água, o óleo nossos pais, nossos padrinhos, a igreja, o padre e o ‘eu te batizo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo’ que apontam para o Criador e Renovador da vida.

ENVIADOS PARA A MISSÃO

  1. Um só Espírito Muitos Pentecostes: Atos 2,1-13; 4,23-31; 10,44-48; 19,1-7
  2. Um novo Pentecostes na Igreja: o Pentecostes “pessoal” que abre as comportas dos dons à pessoa; o Pentecostes “eclesial” que revela o chamado à unidade sempre no mesmo e único espírito.
  3. A Missão é de Deus; ele é que chama e envia: Envia os DOZE. Jesus chamou: Mt 10,1-4; preparou: Mt 5,1-16; 10,26-11,1; enviou: Mt 10,5-33.

Envia-NOS: Jesus nos chamou, nos preparou, nos enviou. Ef 1,3-5; O Batismo e a Missão de Jesus: Mt 3,1-4; Mc 1,9-11; Lc 3,21-22; Jo 3,1-8;  O Batismo e a Missão da Igreja: Mt 28,16ss.

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS