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Diocese de Assis

 

          Quando uma criação ou invenção que seja cai no domínio público, é usada e dominada por todos, dizemos que esta não tem dono, o seu uso e abuso é direito de todos. Assim também a vida. Pelo uso que dela fazemos, pelo domínio ou não que dela temos, podemos dizer que nos pertence, que somos senhores e diretores dos eventuais rumos que esta possa seguir. Mas, quem a criou pensaria assim? Seria esse seu projeto para conosco, deixando-nos ao Deus dará, jogados à sorte de um futuro às cegas, sem rumo certo, sem domínio sobre nós?

          Será que o Criador abandonou sua obra, abriu mão de sua paternidade? A história diz que não. Tantas e tantas  vezes nosso Pai criador reivindicou seus direitos sobre nós, se fez um conosco, mostrando-nos o caminho certo, dando-nos pistas para solucionar nossos dilemas, acertando nossos passos com sua vontade, que seu sobrenome nos soa como Misericórdia, Redentor, Providente, Generoso ou simplesmente Amor. Eis o Pai que temos. O Pai de todos, Pai Nosso!

          Mesmo assim, diante da petulância de nos dizermos donos do nosso nariz, Ele nos deixa livres. Tal qual brinquedo predileto em suas mãos, recarrega nossas pilhas de quando em quando e nos devolve ao mundo. Foi o que fez pessoalmente ao nos enviar seu Filho, ao escrever a mais bela e contundente história de Redenção durante os 33 anos de “tentativa de conserto” mais radical da história humana. Reivindicou para si sua paternidade universal. Chamou-nos de filhos, filhinhos, amados, queridos, irmãos… E nos ensinou a rezar: “Pai-Nosso”…  Não mais “meu” ou “seu”, mas “nosso”, de todos, independentemente de sua raça, credo, cor ou o que seja… Deus é Pai de todos!

          Esse detalhe da oração que “O Senhor nos ensinou” é o grande trunfo da harmonia e da paz universal. Um detalhe que nos foge em momentos de crise, guerra ou conflitos universais, quando nossa irmandade deveria ser posta acima de tudo e de todos, para gaudio e proteção do Pai que temos em comum. “Portanto, eu vos digo, pedi e recebereis; procurai e encontrareis; batei e vos será aberto” (Lc 11, 9). Ora, se essa é a promessa, se a solução para tantos conflitos e dilemas que nossa história repetidamente escreve está aqui, porque vacilamos? Ora que melhora, muitos dizem. Mas poucos, pouquíssimos praticam. Não é apenas uma questão de credo, de atenção à realidade espiritual que vivemos, mas desleixo, preguiça, incompetência mesmo. O mundo vai mal porque nós, cristãos, estamos péssimos. Deixamos de lado a força que temos para transformar o mundo com nossa presença, nossa ação e oração. É isso.

          Então, se você é daqueles que dizem: “Quanto mais rezo, mais o Diabo aparece”, parabéns! Sua oração está fazendo efeito. Continue, pois é função do ato de orar também provocar uma reação do Inimigo. Sinal de que nosso diálogo com Deus causa inveja. Sorria o sorriso da graça alcançada, segure firme nas mãos de Deus e vá em frente! O Pai está te ouvindo…

Mais que simples instrumento de reivindicações, das constantes solicitações que temos a fazer, a oração é também uma conversa franca, um diálogo permanente que nos mantêm unidos a Deus. É o abandono certeiro e confiante de quem ama e se deixa amar pela força protetora Daquele que nos deu tudo o que temos e somos. Por isso, digamos: “Aba, Pai!”.

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]




Diocese de Assis

No Evangelho de São João, 14,9, enquanto Jesus dialoga com Filipe, faz a seguinte afirmação: “Quem me vê, vê o Pai”. Essa expressão tem a ver com a experiência pessoal de Jesus que revela o rosto de Deus, cuja face é de um pai amoroso e misericordioso que se inclina sobre seus filhos para amar e salvar.

A Carta Encíclica “Dives in Misericordia”, de São João Paulo II, sobre a Misericórdia Divina, no parágrafo 1, nos ajuda a mergulhar neste oceano da misericórdia de Deus.

“Deus, rico em Misericórdia” é Aquele que Jesus Cristo nos revelou como Pai e que Ele, seu próprio Filho, nos manifestou e deu a conhecer em Si mesmo. Convém recordar, a este propósito, o momento em que Filipe, um dos doze Apóstolos, dirigindo-se a Cristo lhe disse: “Senhor, mostra-nos o Pai e isso nos basta»”. Jesus respondeu-lhe deste modo: “Há tanto tempo que estou convosco e não me conheces…? Quem me vê, vê o Pai”. Estas palavras foram proferidas no último discurso com que Cristo se despediu dos seus no princípio da Ceia Pascal.

Seguiram-se os acontecimentos daqueles dias sagrados, durante os quais havia de confirmar-se, de uma vez para sempre, o fato de que “Deus, que é rico em misericórdia, movido pela imensa caridade com que nos amou, restituíu-nos à vida juntamente com Cristo, quando estávamos mortos pelos nossos pecados”.

Seguindo a doutrina do Concílio Vaticano II, e atendendo às necessidades particulares dos tempos em que vivemos, dediquei a Encíclica Redemptor Hominis à verdade sobre o homem, verdade que, na sua plenitude e profundidade, nos é revelada em Cristo.

Exigência de não menor transcendência, nestes tempos críticos e difíceis, leva-nos a descobrir, também, no mesmo Cristo, o rosto do Pai, que é “Pai das misericórdias e Deus de toda a consolação”. Lê-se na Constituição Gaudium et Spes: “Cristo, novo Adão… revela o homem a si mesmo plenamente e descobre-lhe a sua sublime vocação”. Ele o faz precisamente “na revelação do mistério do Pai e do seu amor”. As palavras citadas atestam com clareza que a manifestação do homem, na plena dignidade da sua natureza, não pode verificar-se sem referência — não apenas conceitual, mas integralmente existencial — a Deus. O homem e a sua vocação suprema desvendam-se em Cristo, mediante a revelação do mistério do Pai e do seu amor.

Por esse motivo parece agora oportuno desenvolver este mistério. Sugerem-no múltiplas experiências da Igreja e do homem contemporâneo; e exigem-no também as aspirações de tantos corações humanos, os seus sofrimentos e esperanças, as suas angústias e expectativas. Se é verdade que todos e cada um dos homens, em certo sentido, são o caminho da Igreja — como afirmei na Encíclica Redemptor Hominis— também é verdade que o Evangelho e toda a Tradição nos indicam constantemente que devemos percorrer com todos e cada um dos homens este caminho, tal como Cristo o traçou, ao revelar em si mesmo o Pai e o seu amor.

Em Cristo Jesus, todos os caminhos que se dirigem ao homem, tais como eles foram confiados, duma vez para sempre à Igreja, conduzem sempre ao encontro do Pai e do seu amor. O Concílio do Vaticano II confirmou esta verdade adaptando-a às condições dos nossos tempos.

Quanto mais a missão realizada pela Igreja se centrar no homem — quanto mais for, por assim dizer, antropocêntrica — tanto mais se deve confirmar e realizar de modo teocêntrico, isto é, orientar-se em Jesus Cristo em direção do Pai.

Na minha já citada Encíclica, procurei pôr em realce que o aprofundamento e o enriquecimento multiforme da consciência da Igreja, frutos do mesmo Concílio, devem abrir mais amplamente o nosso entendimento e o nosso coração ao próprio Cristo. Hoje quero expor que a abertura para Cristo que, como Redentor do mundo, revela plenamente o homem ao próprio homem, não pode realizar-se senão mediante uma relação, cada vez mais consciente, ao Pai e ao seu amor.”

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS 




Dioicese de Assis

 

          “Desejei muito comer com vocês esta ceia pascal, antes de sofrer” (Lc 22, 15). A partir da formulação desse desejo de Cristo, Papa Francisco inicia sua nova Carta Apostólica “Desiderio Desideravi”, (Desejei Ardentemente) sobre a formação litúrgica do Povo de Deus. Publicada no dia 29 de junho de 2022, dia de São Pedro e São Paulo, a nova encíclica chega num oportuno momento onde questões litúrgicas têm proporcionado discussões e posições antagônicas entre muitos segmentos do clero, dado a polarização de ideias e modismos que se observam dentro da Igreja. Uns muito adiante, outros retrocedendo ao passado. Uns excessivamente condicionados ao rito, outros negligentes na forma e conteúdo ou vazios da espiritualidade que o ato litúrgico requer. Então, que se restaure a essência desse banquete.

          Francisco reage ao indiferentismo sacramental, lembrando serem eles (os sacramentos) um dom de Deus, “porque todo dom, para ser dom, dever ter alguém disposto a recebe-lo” (3). Lembra-nos que a Ultima Ceia foi o ápice de todos os ritos sacramentais. “Ninguém ganhou um lugar naquela Ceia. Todos foram convidados. Ou melhor dito: todos foram atraídos para lá pelo desejo ardente que Jesus tinha de comer aquela páscoa com eles” (4). Portanto, quando vamos à Missa é porque o Senhor nos quer unidos ao redor de sua Palavra e nos alimenta com seu amor, com seu corpo e sangue transubstanciados. Nada ali é encenado, exibido simbolicamente, pronunciado para paredes indiferentes, mas “tudo dEle passou para a celebração dos sacramentos” (9). Porque “na Eucaristia e em todos os sacramentos é-nos garantida a possibilidade de encontrar o Senhor Jesus e de fazer chegar até nós a força do seu mistério pascal” (11).

          A Igreja, como tal, é presença viva do Corpo de Cristo no mundo. Lembra-nos Francisco: “O paralelo entre o primeiro Adão e o novo Adão é notável: assim como do lado do primeiro Adão, depois de tê-lo lançado em sono profundo, Deus fez surgir Eva, assim também do lado do novo Adão, adormecido o sono da morte na cruz, nasce a nova Eva, a Igreja” (14). E conclui: “O sujeito que atua na Liturgia é sempre e somente Cristo-Igreja, o Corpo místico de Cristo” (15).

          Não realizamos uma mera cerimônia decorativa, mas uma verdadeira ceia com a presença real do Senhor da Festa, o dono da casa, aquele que nos reuniu na sua graça, no seu amor. “O início de cada celebração me lembra quem eu sou, pedindo-me para confessar meu pecado e convidando-me a implorar a Maria sempre virgem, os anjos e santos e todos os meus irmãos e irmãs que rezem por mim ao Senhor nosso Deus” (20). Nosso Ato Penitencial nos lembra nossa indignidade. Esse “encontro com Deus não é fruto de uma busca interior individual por Ele, mas é um acontecimento dado” (24), não um ato simbólico, mas “a maravilha de quem experimenta o poder do símbolo” (26). Quem penetrar nesse mistério entenderá a razão de Deus sempre ocupar o primeiro lugar em nossas vidas. “A liturgia é a primeira fonte de comunhão divina, na qual Deus compartilha sua própria vida conosco” (30).

          O Papa reitera: “Recordemos sempre que é a Igreja, o Corpo de Cristo, que é o sujeito celebrante e não apenas o sacerdote” (36) “Não é autêntica uma celebração que não evangeliza, assim como não é autêntica uma proclamação que não conduz ao encontro com o Ressuscitado’ (37). Uma Eucaristia bem vivenciada é aquela que transforma nosso pão em “pão vivo descido dos céus”, mas também, segundo palavras de Leão Magno, deve “tornar-nos aquilo que comemos”. E bebemos…

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]

 

 

 




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Neste mundo, ninguém é mais e ninguém é menos: todos somos humanos. Nossas forças e nossas fraquezas se assemelham, assim como se assemelham nossa dignidade. O que nos diferencia é muito menor do que o que nos assemelha. Por isso, seja qual for a nação, o time de futebol, o partido político, o gênero, a vertente ideológica.. à qual cada um pertença, isso deveria importar menos, do que o que cada um é, em si: humanos. É a humana vida que deveria servir como referência do respeito, da valorização, do reconhecimento de cada um. Mas, a gente escolhe o que é menos para nos referirmos a alguém que, é muito maior e melhor e que não cabe em referências quantitativas. Porque, na verdade nossos valores fogem à quantificação.

Mas, devemos entender, entretanto, que o fato de sermos semelhantes em dignidade humana, ninguém é igual a ninguém; cada um é único. E o que torna alguém único e, com razão, irrepetível é qualidade que não se sobrepõe ao que nos assemelha, mas, especifica porque não somos produtos de uma forma e, nem tão pouco, uma linha de produção em série.

O que cada um traz de diferente, em si, o aproxima, ainda mais, de todos os outros diferentes. Por isso é injusta, desnecessária e desprovida de sentido toda forma de competição, rivalidade e disputa. O que cada um é, de diferente, o será para sempre e com tudo o que lhe é próprio. O que todos nós somos, de semelhante, o será para sempre e nos manterá unidos no misterioso laço, através daquele que é, por natureza, semelhante em essência, porque a semelhança que compartilhamos vem dele.

Que haja ternura entre nós!

Assim diz o profeta Oséias, em nome do Senhor: “Eu me casarei com você para sempre, me casarei com você na justiça e no direito, no amor e na ternura. Eu me casarei com você na fidelidade e você conhecerá Javé” (Os 2,21-22).

A ternura é a virtude da atração por semelhança; é o bem querer sem esforço que brota de nossas entranhas e nos mantém em sintonia com ou sem palavras; é o laço invisível que nos prende de maneira simples e na liberdade.

Que haja ternura entre nós!

Paulo que, descobriu a força e a necessidade da ternura em Cristo, nos mostra e ensina como isso deve acontecer em sua carta aos Filipenses.

Cristo, modelo da ternura (Fl 2,1-11)

“Portanto, se há um conforto em Cristo, uma consolação no amor, se existe uma comunhão de espírito, se existe ternura e compaixão, completem a minha alegria: tenham uma só aspiração, um só amor, uma só alma e um só pensamento. Não façam nada por competição e por desejo de receber elogios, mas por humildade, cada um considerando os outros superiores a si mesmo. Que cada um procure, não o próprio interesse, mas o interesse dos outros. Tenham em vocês os mesmos sentimentos que havia em Jesus Cristo: Ele tinha a condição divina,mas não se apegou a sua igualdade com Deus. Pelo contrário, esvaziou-se a si mesmo,assumindo a condição de servo e tornando-se semelhante aos homens.Assim, apresentando-se como simples homem, humilhou-se a si mesmo,tornando-se obediente até a morte,e morte de cruz! Por isso, Deus o exaltou grandemente,e lhe deu o Nome que está acima de qualquer outro nome; para que, ao nome de Jesus,se dobre todo joelho no céu, na terra e sob a terra; e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai.”

Conversão à ternura (Fl 2,13-17)

“De fato, é Deus que desperta em vocês a vontade e a ação, conforme a sua benevolência. Façam tudo sem murmurações e sem críticas, para serem inocentes e íntegros, como perfeitos filhos de Deus que vivem no meio de gente pecadora e corrompida, onde vocês brilham como astros no mundo, apegando-se firmemente à Palavra da vida. Desse modo, no Dia de Cristo, eu me orgulharei de não ter corrido ou me esforçado em vão.”

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS




Diocese de Assis

PEDRA SOBRE PEDRA

          A figura simbólica e representativa de uma pedra, uma pedra qualquer, foi sempre fonte de ensinamentos para a humanidade. Quem nunca ouviu frases com seu sentido metafórico? “Essa é uma pedra de tropeço”. “Não ficará pedra sobre pedra”. “A pedra que os construtores rejeitaram”. “Atirem a primeira pedra”. Na verdade, todas essas frases foram proferidas por Jesus. Mas uma delas, apenas uma, ainda ecoa em nossos ouvidos com uma ação inquietante: “Pedro, tu és pedra e sobre essa pedra construirei a minha Igreja”. Desde então, as pedras e pedreiras que rodeavam o ministério de Jesus nunca mais foram as mesmas. De Jerusalém e seu Templo não ficou pedra sobre pedra. A Antiga Aliança deu lugar à Nova…

          Talvez esse detalhe histórico ainda fuja da realidade mística de muitos, mas aqui nasce um novo corpo, não mais um simples organismo plantado entre tantos já conhecidos, em meio às pedras de tropeço a desviar os caminhos da espiritualidade humana, mas uma pedra-viva, que pulsa no peito de um pescador. Do coração serviçal e disponível de um homem nasce a Igreja de Cristo. Diferentemente das demais instituições nascidas e edificadas a partir de uma cruenta realidade e necessidades de preservação, tais quais as muitas filosofias e crenças que a humanidade construiu para si mesma, mas nunca se deu por satisfeita. Até hoje moldam suas crenças rejeitando a pedra angular, aquela que dá sustento e consistência à solidez da Igreja, a pedra rejeitada, o próprio Cristo.

          Talvez essa narrativa cheia de referências figuradas não encontre eco no coração de muitos dos meus leitores, mas há de calar fundo se houver uma pequena abertura, uma pré-disposição para o dom do entendimento. Deixe de lado suas prerrogativas enraizadas pela auto defesa dos próprios conceitos e ouça mais a simplicidade das palavras de Cristo: “Eu te darei as chaves…” Essa dádiva irá abrir os segredos do Reino dos céus; permitirá a simples mortais vencer muitos dos dilemas que nos cercam, das ideias preconcebidas que adotamos como escudo de defesa, dos conflitos infernais que alimentamos em nome de nossas crenças, das guerras psicológicas – e muitas vezes bélicas – que travamos entre nós apenas para manter nossa zona de conforto religiosa. Depois de Cristo, de Pedro e sua pedra, não mais tem sentido ficarmos atirando pedras entre nós.

          A autoridade legada a Pedro foi muito mais que simples transferência de poder. Jesus lhe passou o cajado do pastoreio com a incumbência de unir céus e terra. Dai o sentido da palavra “religião”, aquela que une, que faz a ponte entre nossa realidade humana e nossa origem celestial. “Tudo o que tu ligares na terra será ligado nos céus; tudo o que desligares na terra será desligado nos céus” (Mt 16, 19). Aqui não temos meias palavras! Jesus foi claro e suscinto ao instituir sua Igreja. Uma nova forma de praticar a religião, exercer a fé, dar sentido à vida: siga os ensinamentos da sua Igreja! Não nos deixou outro caminho, nem outra doutrina, nem alternativas de mudanças. Essa é a minha Igreja, e ponto.

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]

 

 

         




Diocese de Assis

 

          A cena de um agricultor a arar um campo, nos dias de hoje, nos remete automaticamente à figura de um tratorista seguindo sua trilha de terra tombada, a olhar simultaneamente para o resultado de seu trabalho e para o que resta à sua frente. Sua tecnologia o obriga a olhar para a frente e para trás. Estaria em contradição com o ensinamento de Jesus? Os tempos modernos nos obrigam a uma visão mais ampla de nossas ações.

          Não olhar para trás é muito mais uma atitude de disposição do que ação, desempenho, disponibilidade! Significa que quem se dispõe a um serviço não pode estacionar nas dúvidas de seus desafios. Antes, é preciso ânimo e coragem para leva-los até o fim. Essa é a mensagem primeira de Cristo a seus operários. Não fiquem estacionados nas dificuldades e na incerteza de que serão capazes, mas levem adiante o desafio de uma tarefa aparentemente árdua. Confiem na própria capacidade.

          Passo a passo, hora a hora, o trabalho árduo vai se concluindo sem que nos demos conta de sua grandiosidade. Ao fim do dia teremos feito mais do que julgávamos possível. Não há porque duvidar, mas acreditar que somos capazes de muito. O desempenho de um desafio depende da coragem de leva-lo a termo. Na obra da evangelização deve ser assim. Olhar sempre à frente, pois o resultado lento, mas eficaz, virá ao final de tudo.

          “Quem põe a mão no arado” conta com a força motriz da própria fé, essa que nos ajuda a vencer qualquer desafio. A prioridade é a ação, a urgência da tarefa, que não deixa pra depois a missão que nos foi proposta. No caso, o seguimento ao Cristo, o aprendizado lento, mas eficaz, de nossas possibilidades no desempenho da nossa ação evangelizadora. Não há contornos, desvios, interferências mirabolantes (fogo do céu) quando o que se tem é uma obra grandiosa e perfeita, como essa que nos propõe Jesus em sua seara. “O Filho do homem não tem onde repousar a cabeça”. Não descansa na ação. Vai em frente sempre, pois sabe da urgência que a tarefa recebida do Pai lhe exige. Sem outras alternativas senão seu suor e sacrifício, seu sangue derramado. Assim também a missão dos que pretendem seguir seus passos, seus exemplos. Assim a missão da Igreja. Sem avaliações apressadas, sem passos hesitantes, sem paradas desnecessárias, mas determinação sempre. “Deixar os mortos”, os indecisos, os titubeantes e anunciar… Anunciar sempre, sem tréguas, sem intervalos, sem medo…

          Essa visão de um trabalho ininterrupto é a razão da vida missionária. Dia e noite, à luz da graça divina e sob as trevas das tentações mundanas. O Reino de Deus se constrói dentro da realidade desafiadora do mundo. Os desafios das raposas de tocaia, dos campos inférteis e pedregosos, dos terrenos insalubres, da aridez dos desertos, isso tudo se transforma com a persistência do agricultor, aquele que trabalha a terra incansavelmente. Não olhe para trás! Lance a semente sempre! Pois o milagre da colheita virá ao final dos tempos. Ao operário compete o trabalho, ao dono da vinha, a colheita!

          Essa aptidão quem nos dá é o Senhor da Vinha. Nada é mérito pessoal em se tratando de vida missionária. Não fomos nós que decidimos aceitar tão grandioso serviço, mas foi Deus quem nos escolheu e capacitou para sua obra. Então não temos porque duvidar dessa capacidade presente em nós, apesar de nossa insignificância, nossas fraquezas, nossa insegurança diante de tudo. “Antes do seu nascimento, eu já te havia escolhido e consagrado para a missão”, ouviu de Deus o profeta Jeremias, aquele que foi escolhido ainda dentro do ventre da própria mãe. Assim também nós, profetas dos dias atuais. Não olhe para trás, mas para os dias melhores que nos aguardam. Porque tempos melhores virão!

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]

 

 




Diocese de Assis

 

“Havia um homem que tinha uma doutrina, uma grande doutrina que levava no peito (junto ao peito, não dentro do peito), uma doutrina escrita que guardava no bolso interno de seu paletó. A doutrina cresceu e teve que colocá-la dentro de uma arca de cedro, uma arca como a do Antigo Testamento. A arca cresceu. E a arca de cedro engoliu o homem e a doutrina escrita que guardava no bolso interno de seu paletó. Veio outro homem e disse: ‘Aquele que tiver uma doutrina, que a coma, antes que o templo a coma; que a verta, que a dissolva em seu sangue, que a transforme em carne de seu corpo… e que seu corpo seja bolso, arca e templo’.”

Formado por Moisés, saído da infância com Davi e Salomão, o povo de Israel entrou na adolescência, fase irregular, indócil e inquieta, na qual Deus visa a educar através de seus profetas.

Eles, nossos longínquos antecessores do Antigo Testamento, nos ensinam quais são as dificuldades que se encontram quando se trata de educar um povo jovem, quando se procura formá-lo, para que responda com fé e generosidade aos chamados de Deus.

Os profetas se encontraram a braços com um trabalho muito árduo porque para a formação do povo, tinham que partir de um nível muito baixo, o qual condenavam em nome do Senhor: “O Senhor diz: ‘Visto que este povo com palavras fica perto e me honra com os lábios, mas o seu coração vai para longe de mim, e o culto que me prestam é obra de mandamentos humanos’…” (Is 29,13).

Tais censuras se dirigem contra aqueles que somente tributam um culto exterior, mas que não se aprofundam em sua fé. Na verdade, uma religião que se transmite como costume do passado ou se ensina como programa escolar, pode ficar facilmente na superfície, a um nível puramente externo.

Cristo mesmo referiu-se a esta situação de exterioridade, quando disse: “Este povo me honra com os lábios mas seu coração está longe de mim” (Mt 5,9).

A pedagogia dos profetas, anúncio da pedagogia de Cristo, visava a superar esta situação de exterioridade, através de um processo, pelo qual a lei ficasse gravada nos corações. Assim, dizia Jeremias em nome do Senhor: “Farei com Israel outra aliança. Porei minha lei em seu interior, inscrevê-la-ei em seus corações e serei seu Deus e eles serão meu povo”.

O profeta conhece o segredo da nova aliança, isto é, sabe que Deus transformará o homem interiormente. Jeremias sentiu a transformação que se deu nele, quando o Senhor o fez profeta. Descobriu, então, uma intimidade com Deus, totalmente diferente da religião feita puramente de práticas.

Encontramo-nos, dessa forma, diante de um esforço dos profetas, no sentido de fazer com que o povo passasse de uma religião de exterioridade para uma de interioridade, em que cada pessoa se sente comprometida, no mais profundo de seu ser. Ezequiel, o profeta que teve a ingrata missão de denunciar energicamente toda a amargura do pecado, apresenta-nos esta interiorização como uma transformação profunda:

“Dar-vos-ei um coração novo e porei em vós um espírito novo; arrancarei o coração de pedra das vossas carnes e dar-vos-ei um coração de carne” (Ez 36,26).

O movimento manifesto nesta pedagogia divina é um processo de interiorização progressiva. A pessoa vai passando de um estado de passividade ou de simples receptividade da mensagem, para uma vivência profunda e pessoal da mesma; de um controle externo, para um controle interior e espiritual, que influi em todos os aspectos de sua vida.

A interiorização é uma necessidade humana e seu processo é pra vida toda. 

(Fonte: CASTRO, Luiz Augusto. Deixar que o outro seja – equilíbrio na formação. São Paulo, Paulinas, 1986, p. 53-55

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS 




Diocese de Assis

Numa cultura de machistas e destemidos, a vida é tratada como um grande ringue para a propaganda e a exibição e de falsos lutadores, de falsas lutas e de falsas vitórias. O que se pretende na “vida-ringue” é ocultar o medo.

Medo? Sim! Medo! O medo é a única razão pela qual as pessoas vivem como estão vivendo: mergulhadas no absurdo, tristes, mal amadas, amarguradas, violentas, indiferentes, insensíveis, inconseqüentes…

Todos vivemos com medo de tudo e de todos. Desenvolvemos relações de medo. E, por causa das relações de medo, nos situamos na auto-defesa, na auto-preservação, na auto-proteção… como se estivéssemos em estado de guerra permanente. O medo é uma doença atroz.

Você tem medo? Medo do que? Por que o medo? O que se pode esperar de alguém que vive no medo e do medo? Alguém com medo transforma a sua própria vida e a dos outros num verdadeiro inferno. No que diz respeito a si mesmo, vive retraído, reprimido, infeliz, deprimido, inseguro, insatisfeito, sem iniciativas… No que diz respeito aos outros, sente-se sempre perseguido, agride, mente, desconfia, dissimula, calunia, difama…

De onde vem o medo? O medo pode vir de experiências pessoais traumáticas, de foro íntimo, como perdas e de foro externo como uma violência. O medo sempre faz entrever uma situação de intimidação. Isso significa que, invariavelmente, o medo se mantém porque há uma ‘força’ que subjuga o indivíduo. As vezes é um sentimento de culpa; outras vezes uma lembrança, um acontecimento, uma situação, uma pessoa, uma estrutura, uma crença, uma ideologia.  Mas, nem sempre, as pessoas admitem que vivem no medo e do medo.

O grande mal do medo é que instala, na pessoa, uma sensação constante de desintegração, de tal forma que, mediante qualquer possibilidade de mudança se sente ameaçada, por isso retraída e isolada.

O medo tem cura? Como é uma “doença existencial” a cura do medo implica mudança de critérios, atitudes e mentalidade. Uma necessária rearticulação da própria existência sobre outras bases e visão. Inicia-se com a identificação dos “intimidadores” que instalaram a situação de medo e age para o enfraquecimento do seu poder sobre si, até chegar à aceitação da vida e de si mesmo. Da vida como uma luta permanente, sem ringues, mas de muitas batalhas. De si mesmo como um lutador sem substitutos que, tem como arma suas convicções, seus valores, seus princípios, sua fé, seu amor, sua esperança e, ao seu favor, tantos quantos lhe querem bem, mesmo quando, para ajudar na luta precisam “puxar-lhe as orelhas” ou indicar outros caminhos e métodos.

O medo só tem espaço porque, falta o temor e sobra o destemor. Neste sentido, proponho a vocês, algumas leituras bíblicas que podem ajudar a repensar o modo como temos vivido: se no temor ou no destemor. No temor, quando agimos com amor e respeito a Deus e aos outros; descobrimos e aceitamos o que nos rege e, ao mesmo tempo, nosso próprio lugar, ação e missão. No destemor, quando perdemos a noção de limites: tempo e espaço; agimos como se fôssemos os únicos no mundo, de modo individualista; não respeitamos, não amamos e não reconhecemos o outro.

Eis o que diz a Palavra: Gn 3,10: “O homem respondeu: ‘ouvi teus passos no jardim: tive medo, porque estou nu, e me escondi’”. Eclo 34,14: “Quem teme ao Senhor não tem medo de nada e não se assusta, porque o Senhor é a sua esperança”. Lc 12,4: “Pois bem, eu digo a vocês, meus amigos: não tenham medo daqueles que matam o corpo, e depois disso nada mais têm a fazer”. 2Tm 1,7: “De fato, Deus não nos deu um espírito de medo, mas um espírito de força, de amor e de sabedoria”. 1Jo 4,18: “No amor não existe medo; pelo contrário, o amor perfeito lança fora o medo, porque o medo supõe castigo. Por conseguinte, quem sente medo ainda não está realizado no amor”.

 




Diocese de Assis

 

            Um dos últimos sucessos cinematográficos dos EUA chama-se Vivo. Seu subtítulo: “Tem alguém aí”? Trata-se de um documentário sobre a Eucaristia. Ao contrário daquele enredo fracassado, que anos atrás, tentou denegrir os mistérios da fé católica, apresentando um filme de conteúdo homossexual com o título Corpus Crhisti.  É de se estranhar que tão profundo título merecesse protestos da população, mesmo antes de vir a público. Mas, baseado na versão teatral, entenderemos a fúria popular, que provocou o fracasso daquela versão. Tratava-se de uma aberração histórica, que apresentava um Jesus homossexual, mantendo relações com seus discípulos.

            O enredo era tão pernicioso e vil, que sequer mereceu destaque na imprensa. Só o tomo como base de uma reflexão, para mostrar a que ponto pode chegar o indiferentismo e o sadismo humano diante das verdades sagradas. Os “Versos satânicos”, de Rush, tinha somente o peso do título, pois não afrontaram tão diretamente o teor da fé islâmica. Mas não é bom alimentar polêmica, porém calar-se é um remendo pior, omissão, consentimento. “Anjos e Demônios” estão soltos no mundo. Desse embate nos sobra sempre a vitória do Bem.

            Pois bem! O satanismo tem, sim, sua força, sua maneira de trabalhar e confundir as convicções humanas, atrapalhar o enredo do filme que a história projeta. A única e drástica intervenção do “diretor” dessa película – a vida – foi exatamente o envio de seu Filho. Conhecemos a história e seu final crucial. O corpo banalizado e profanado, a incompreensão de sua proposta de amor sem limites, os versos e a poesia de seu ensinamento em nada alteraram o coração de seus algozes. Vemo-lo, então, erguido sobre o madeiro da cruz humilhante, despojado e nu. Mas vê-lo-emos logo depois em seu corpo radiante, translúcido, vitorioso, qual hóstia pura que a consagração do Pai nos permite “ver e tocar” através do mistério da transubstanciação, a Eucaristia.

            Em meio a seus algozes também estão seus discípulos. Demônios aqueles, anjos estes. Se você se posta dentre os anjos do Cristo – seu seguidor – é hora de se posicionar com firmeza. Quem não respeita a fé que nos alimenta, quem desrespeita a pureza do Filho de Deus também comete heresia contra sua Igreja, seu Corpo Místico. Tal heresia ultrapassa nossa própria indignação, pois vai além do direito de manifestação de fé ou justificativa de incredulidade que o livre arbítrio nos permite. Ultrapassa, no mínimo, a ética que qualquer sociedade civilizada deve preservar. Jesus nos ensina a tapar os ouvidos e fechar os olhos diante de certas situações. Há, porém limites. Quando o objeto em questão é a fé, mais especialmente, a pessoa do Cristo, não se trata de simples tapa contra o rosto da Igreja, mas ao próprio rosto desfigurado do Servo Sofredor. Um ultraje à vida eucarística e ao mistério de sua presença na hóstia pura, o Corpo de Cristo!

            O corpo foi invólucro da passagem divina entre nós. Não poderia e não se conceberia nunca um corpo profano, viciado, corrompido pela maldade própria das paixões humanas. Nele residiam e conviviam a paixão divina e a mais completa natureza humana; tão humana que era divina, tão divina que se tornou humana! Um corpo que abrigasse tamanha presença, não poderia nunca ser maculado pela baixeza de nossos vícios e paixões. Esse corpo hoje se faz alimento, pão vivo que nos purifica contra as mazelas e fraquezas próprias do corruptível corpo que ainda nos abriga.

            Pelos idealizadores do documentário eucarístico devemos agradecer. Pelos formuladores da blasfêmia contra o corpo de Cristo devemos rezar. “Amar os que nos caluniam” é um desafio cristão. Ao Cristo e ao seu corpo vilipendiado, à sua vida posta na lama de nossas fraquezas pedimos misericórdia. Ele que nos remiu com seu corpo, seu sangue… Diria Santo Agostinho, neste instante: “Não me caluniem os soberbos, porque eu conheço bem o preço da minha redenção. Como o Corpo e bebo o Sangue desta Vitima. Distribuo pelos outros. Sou pobre e anelo saciar-me com Ela (a Eucaristia) na companhia daqueles que a comem e se saciam”. Esse é o corpo de Cristo!

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]




Diocese de Assis

Domingo, dia 12 de junho a Igreja celebra a Santíssima Trindade, por isso convém dedicar algumas palavras para tratar este mistério da fé.

Num tempo em que se fala tanto de Deus, há um grave perigo de se banalizar e até mesmo esvaziar a verdade sobre Deus, o conhecimento de Deus, a busca de Deus, a força do nome de Deus e a essência de Deus.

Deus não está fora do nosso alcance. Ele não é inacessível à nossa razão. Deus é EMANUEL, que quer dizer: “Deus está conosco” (Is 7,14).

É possível, conhecer a Deus? É possível o conhecimento verdadeiro de Deus?

Na verdade, de Deus, falamos sempre por analogia. Usamos de comparação para entender a sua magnitude, seu poder e majestade. Nós conhecemos a Deus por suas obras. A Natureza fala de Deus. Os seres vivos falam de Deus. O ser humano fala de Deus. O ser de Deus, no entanto, a razão não consegue penetrar; nós não temos acesso a não ser pela Revelação que o próprio Deus faz a nós, pela fé. É pela fé que conhecemos o mistério de Deus que se revela como Pai, Filho e Espírito Santo.

“A Trindade é um mistério de fé no sentido estrito, um dos ‘mistérios escondidos em Deus, que não podem ser conhecidos se não forem revelados do alto’. Sem dúvida Deus deixou vestígios do seu ser trinitário na sua obra de Criação e na sua Revelação ao longo do Antigo Testamento. Mas, a intimidade do seu Ser como Santíssima Trindade constitui um mistério inacessível à pura razão e até mesmo à fé de Israel, antes da Encarnação do Filho de Deus e da missão do Espírito Santo” (Novo Catecismo, 237).

Quando falamos da Santíssima Trindade não professamos três deuses; Deus é UM. A Trindade é UNA. Quer dizer, são três pessoas em um só Deus.  Isso não significa que Deus está repartido em três fatias ou que as pessoas divinas dividem entre si um pouquinho da divindade. Não é isso não! A verdade é que, cada uma delas é Deus por completo.

Em outras palavras “O Pai é aquilo que é o Filho, o Filho é aquilo que é o Pai e o Espírito é aquilo que são o Pai e o Filho, isto é, um só Deus quanto à Natureza”. Em definitivo, “cada uma das três pessoas é esta realidade: a substância, a essência ou a natureza divina” (Novo Catecismo, 253).

O que parece impensável e incompreensível é, na verdade, a mais profunda verdade da fé. “O mistério da Santíssima Trindade é o mistério central da fé e da vida cristã. É o mistério de Deus em si mesmo. É, portanto, a fonte de todos os outros mistério da fé, é a luz que os ilumina. É o ensinamento mais fundamental e essencial na ‘hierarquia das verdades da fé’.  Toda a história da salvação não é, senão, a história da via e dos meios pelos quais o Deus verdadeiro e único, Pai, Filho e Espírito Santo, se revela, reconcilia consigo e une a si os homens que se afastam do pecado” (Novo Catecismo 234).

Todos nós somos participantes da vida divina e do mistério trinitário. Fomos Batizados em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, cumprindo o mandato expresso de Jesus: “Toda a autoridade foi dada a mim no céu e sobre a terra. Portanto, vão e façam com que todos os povos se tornem meus discípulos, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo o que ordenei a vocês. Eis que eu estarei com vocês todos os dias, até o fim do mundo” (Mt 28,18-20).

A Igreja é fruto do mistério trinitário. A Trindade gera comunidade. Ela é a base sobre a qual a comunidade se constrói. Nela, toda autoridade provém do Pai, todo serviço provém do Filho e todos os dons (carismas) provém do Espírito Santo. Cada pessoa, na comunidade, recebe um dom para o bem de todos. Por isso, cada um, sendo o que é e fazendo o que pode, age para o bem da comunidade, colocando-se a serviço de todos, como dom gratuito. Desse modo, cada um e todos se tornam testemunho e sacramento da autoridade, do serviço e do dom do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS