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Cashback da reforma tributária precisa ser bem definido para garantir a prosperidade da população mais carente

A energia elétrica é um insumo fundamental para o desenvolvimento de um país e pode ser também uma aliada importante na luta pela redução das desigualdades. Estudos do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV Social), liderados pelo economista Marcelo Neri, indicam que a energia elétrica é o bem que dá maior contribuição à transformação na vida das pessoas. Ela é essencial para garantir acesso à educação, à saúde, à cultura, a uma alimentação mais saudável e ao conforto e bem-estar, todos esses elementos que permitem o ganho de qualidade de vida de cada um.

Hoje, no país, a tarifa social beneficia aproximadamente 17 milhões de residências de famílias baixa renda, todas elas inscritas no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico) com renda familiar mensal de até um salário-mínimo por pessoa (R$ 1.412).

Agora, temos no Brasil a oportunidade de catalisar o benefício da tarifa social a partir do debate que vai detalhar a nossa transição para a reforma tributária, aprovada no Congresso no ano passado. Para isso, é fundamental que seja definido o regramento do cashback, uma inovação trazida pela reforma para beneficiar os brasileiros que mais precisam prosperar.

A instituição do cashback tornará o benefício indireto, e vai garantir o reembolso a quem tem direito ao desconto, e não mais o desconto em si. No entanto, para uma família atendida pela tarifa social, pagar uma conta de luz com tarifa de energia integral para receber o reembolso posteriormente é uma manobra que pode comprometer as atividades mais básicas, como alimentação e transporte.

Da mesma forma, o pagamento de benefícios sociais semelhantes dado a outras tarifas de serviços básicos, como fornecimento de água e captação de esgoto e também a venda ou fornecimento de gás residencial.

Para evitar que a dinâmica para garantir o benefício se torne um desafio a essas famílias, é essencial que o regramento do cashback seja definido de forma clara e simples, prevendo o reembolso integral, instantâneo e simultaneamente ao pagamento da conta, ou seja, no momento da cobrança da operação quando se tratar de fornecimento de energia elétrica, água, esgoto e gás natural.

Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) mostram, por exemplo, que uma redução de 10% no valor da tarifa impacta diretamente no aumento do Produto Interno Bruto (PIB) em 0,45% por ano, no mínimo. Ou seja, a redução da tributação sobre o fornecimento de energia elétrica influi diretamente no aumento da riqueza circulando na nossa sociedade e nas mãos das famílias, permitindo que elas usem seus recursos para outras atividades essenciais, como alimentação de melhor qualidade, acesso à informação e saúde e formação da cidadania.

O Brasil precisa de instrumentos claros e eficazes para reduzir desigualdades e a reforma tributária será uma excelente ferramenta para auxiliar a nossa sociedade com esse objetivo. Para isso é fundamental que a população mais carente possa usufruir do benefício social e tributário de forma simples, direta e imediata, sem percursos e burocracias, no momento do pagamento da conta. Esse é o caminho para garantir o desenvolvimento do País e para reduzir a nossa desigualdade social.
Wagner Ferreira é diretor institucional e jurídico da Abradee

 




Sem deixar ninguém para trás: a inclusão laboral das pessoas diversas

 

As nações que adotaram os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas como o caminho para uma sociedade mais justa, equitativa e próspera, assumiram o compromisso de “não deixar ninguém para trás”, uma declaração cheia de significado para a comunidade LGBTQIA+, população que tem sofrido discriminação e desconhecimento de seus direitos por muito tempo.

A Arcos Dorados, como empresa que fundamenta sua estratégia de impacto econômico, social e ambiental nos ODS, reconhece a diversidade como um valor e não como uma obrigação. Por isso, impulsionou a criação em 2021 da Rede Orgulho Arcos, dentro do Comitê de Diversidade e Inclusão, uma iniciativa coletiva com representantes de diferentes geografias, disciplinas, níveis hierárquicos, identidades sexuais e etnias; com a missão de promover e fomentar um espaço livre e seguro para a população LGBTIQA+ em nossa companhia, que resguarde o pleno desenvolvimento de todas as pessoas conforme sua identidade sexual, permitindo a cada uma prosperar e alcançar sua maior realização pessoal e profissional.

A Rede Orgulho Arcos teve importantes avanços nos ambientes onde operamos, com conquistas que vão desde tornar visível o talento que se identifica como sexualmente diverso, até desenvolver iniciativas que educam e sensibilizam nossa equipe de trabalho sobre a diversidade de identidades sexuais para fomentar espaços de trabalho seguros e respeitosos com as pessoas que fazem parte dessa comunidade.

Uma das principais contribuições da Rede, que está disponível para qualquer empresa que deseje consultá-la como referência, é o Guia de Diversidade Sexual da Arcos Dorados, cujo objetivo final transcende a mera explicação de conceitos e termos biológicos e culturais. Foca-se em criar um ambiente onde falar de diversidade sexual é falar do cotidiano, ou seja, poder conversar sobre as atividades diárias, expressar-se e vestir-se de acordo com o que cada pessoa sente ser, nomear-se e ser nomeado conforme isso; como parte dos temas usuais em qualquer espaço de trabalho.

Esse guia é complementado com ações como a implementação de uniformes sem distinção de gênero para os funcionários dos nossos restaurantes, cuja escolha foi feita por meio de uma pesquisa na qual participaram mais de 34.000 colaboradores, e de banheiros sem designação de gênero. Também trabalhamos em parceria com organizações da sociedade civil e mecanismos governamentais para promover o respeito aos direitos das pessoas sexualmente diversas em países como Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, México, Panamá e Uruguai.

Neste Mês do Orgulho, as empresas devem demonstrar com credenciais que o apoio à diversidade, neste caso à comunidade LGBTQIA+, é um trabalho diário e um compromisso real em suas políticas e práticas. Assim, asseguramos o respeito às pessoas, tal como são, valorizando suas contribuições acima das diferenças, porque da diversidade, nascem a criatividade e o progresso.

Marlene Fernández, vice-presidente de Relações Governamentais e Líder do Comitê de Diversidade e Inclusão da Arcos Dorados, empresa que opera o McDonald’s em 20 países da América Latina e do Caribe




Documentação: o pilar da segurança privada

 

A segurança privada é essencial na proteção de pessoas, propriedades e informações em diversos contextos, desde empresas até eventos públicos. A emissão de documentos apropriados é crucial para garantir que os profissionais da segurança privada desempenhem suas funções de maneira eficaz e conforme as regulamentações legais. Esses documentos validam a competência e a legalidade dos profissionais, além de contribuírem para a confiança do público e a eficiência das operações de segurança.

A emissão de documentos, como certificados de treinamento e licenças, garante que os profissionais de segurança tenham a formação adequada e possuam as habilidades necessárias. Programas de treinamento abrangem procedimentos de emergência, uso de equipamentos de segurança, técnicas de vigilância e habilidades interpessoais. A certificação após esses programas prova que o profissional possui o conhecimento exigido para atuar na área de segurança privada.

A segurança privada é uma área regulamentada, e a conformidade com as leis é essencial. A emissão de licenças e registros assegura que os profissionais de segurança operem dentro da legalidade. Esses documentos são exigidos por autoridades governamentais e órgãos reguladores para verificar se os profissionais cumprem os requisitos mínimos. A falta de documentação apropriada pode resultar em penalidades legais e até na suspensão das atividades de segurança.

A posse de documentos oficiais, como licenças e certificados de treinamento, aumenta a confiança e a credibilidade dos profissionais de segurança privada perante seus empregadores e o público. Clientes e empresas contratantes sentem-se mais seguros ao saber que estão lidando com indivíduos devidamente verificados e autorizados. Isso é especialmente importante em setores onde a segurança é crítica, como bancos, aeroportos e grandes eventos públicos.

Documentos como registros de treinamento contínuo e relatórios de avaliação de desempenho ajudam a garantir a eficiência operacional das equipes de segurança privada. Manter registros detalhados permite aos empregadores monitorar o desenvolvimento profissional de seus funcionários, identificar áreas que necessitam de melhoria e garantir que todos estejam atualizados com as melhores práticas e novas tecnologias de segurança. Isso contribui para uma operação mais coesa e eficaz, onde cada membro da equipe está preparado para lidar com diferentes situações.

Em caso de incidentes de segurança, a existência de documentação adequada é vital para a investigação e para a responsabilização. Registros detalhados de treinamento, licenças e relatórios de atividades podem ser utilizados para verificar a adequação das ações dos profissionais de segurança durante o incidente. Além disso, a documentação pode servir como evidência em processos legais, ajudando a esclarecer responsabilidades e proteger tanto os profissionais de segurança quanto seus empregadores.

A emissão de documentos para profissionais da segurança privada contribui para a manutenção da ordem, da legalidade e da eficiência na indústria de segurança. Garantir que os profissionais estejam qualificados, licenciados e continuamente treinados protege os interesses das empresas e do público e eleva os padrões da profissão como um todo.

As soluções para documentação de segurança estarão na ISC Brasil, de 03 a 05 de setembro, no Distrito Anhembi. Saiba mais em www.iscbrasil.com.br

Jacqueline Gagliano, gerente da ISC Brasil




Instabilidade institucional: uma das causas do atraso latino-americano

 

A recente tentativa de golpe na Bolívia é um reflexo perturbador da persistente instabilidade institucional que assola a América Latina. Esse evento não é isolado; ao contrário, é parte de um ciclo vicioso de insegurança jurídica, ativismo judicial, politização da Justiça e polarização social. Esses fatores combinados criam um ambiente hostil para investimentos, resultando em consequências nefastas, como altas taxas de juros e baixa produtividade. Esses elementos, por sua vez, são exacerbados pelos altos índices de desemprego e trabalho precarizado, além das condições sociais deploráveis que resultam em baixas taxas de aproveitamento educacional e insegurança alimentar e sanitária.

A instabilidade institucional é tanto causa quanto consequência da precária situação social na América Latina pois cria um ambiente de incerteza que desincentiva investimentos, tanto locais quanto estrangeiros. Investidores procuram previsibilidade e segurança para alocar seus recursos, e a constante ameaça de golpes, mudanças abruptas de governo e intervenções judiciais imprevisíveis tornam a região um local de alto risco. A fuga de capitais resulta, por sua vez, em uma alta taxa de juros, uma vez que os governos precisam oferecer retornos mais altos para atrair investimentos. Além disso, a baixa produtividade é um reflexo direto da falta de investimentos em infraestrutura, tecnologia e capacitação da força de trabalho.

A consequência econômica imediata da instabilidade é o desemprego e a precarização do trabalho. Com poucas oportunidades de emprego formal, muitos trabalhadores se veem forçados a aceitar empregos informais e mal remunerados, sem proteção social ou direitos trabalhistas.

Todas essas condições contribuem para um ciclo de pobreza que é difícil de quebrar. A precariedade econômica se reflete nas condições sociais: a educação sofre com falta de recursos e infraestrutura inadequada, resultando em baixas taxas de aproveitamento educacional. A insegurança alimentar e sanitária são outros graves problemas, com muitas famílias lutando para ter acesso a alimentos nutritivos e serviços básicos de saúde.

Curiosamente, as mesmas mazelas sociais que são consequência da instabilidade institucional também alimentam a conflituosidade social. A pobreza, a falta de oportunidades e a desesperança levam a um aumento da criminalidade, dos protestos e da polarização social. Os conflitos sociais, por sua vez, tornam a governança ainda mais difícil, perpetuando o ciclo de instabilidade. A falta de um ambiente estável e seguro impede o desenvolvimento econômico e social, que é necessário para superar as condições de precariedade. A instabilidade institucional é, portanto, uma das principais causas do atraso latino-americano.

Apesar do cenário sombrio, a recente tentativa de golpe na Bolívia traz um sinal de esperança. A condenação quase unânime dessa tentativa, tanto por líderes políticos quanto pela população e pela comunidade internacional, indica que há um desejo crescente por estabilidade e respeito às instituições democráticas. A reação firme contra a quartelada, desde os líderes da oposição até os partidários do presidente Luís Arce, demonstra que há um consenso sobre a importância de manter a ordem constitucional. Esse consenso é crucial para a construção de uma sociedade mais estável e próspera. A conscientização pode ser o primeiro passo para quebrar o ciclo vicioso e iniciar um ciclo de prosperidade social na América Latina.

 

André Naves é Defensor Público Federal, especialista em Direitos Humanos, Inclusão Social e Economia Política. Escritor. professor, ganhador do Prêmio Best Seller, pelo livro “Caminho – a Beleza é Enxergar”, da Editora UICLAP (@andrenaves.def).

 




Fundação João Paulo II: os braços, o coração e o rosto de Cristo!

 

 

Neste ano de 2024, a Fundação João Paulo II completa 42 anos de existência. Fundada em 1982, a entidade, que é filantrópica e sem fins lucrativos, é mais conhecida devido à abrangência nacional e internacional do Sistema Canção Nova de Comunicação com canais de TV, emissoras de rádio e atividade da internet.

Mas além da Comunicação, outra maneira da instituição atuar fortemente a favor da promoção dos valores sociais e cristãos é por meio da sua Rede de Desenvolvimento Social, que conta com sete projetos sociais abrangendo as áreas da Educação, Saúde e Assistência Social.

Na área da Educação, a Fundação João Paulo II mantém o Instituto Canção Nova, com educação gratuita e de qualidade para mais de mil alunos do Ensino Infantil até o Ensino Médio. E a Faculdade Canção Nova com cursos de graduação, pós-graduação e de extensão.

Na área da Saúde, a Fundação mantém o Centro Médico Pe. Pio, uma unidade de saúde que, a partir do tratamento humanizado, realiza todos os anos milhares de atendimentos gratuitos, procedimentos e exames, voltados, especialmente, para a população mais vulnerável.

Na área de Assistência Social, a entidade mantém quatro projetos, também com todas as atividades e serviços gratuitos, voltados para a população mais vulnerável. O Progen (Projeto Geração Nova), O CAC (Centro de Atendimento Comunitário) e a Cia de Artes e Esportes que oferecem cursos, oficinas, workshops e eventos diversos, visando o desenvolvimento profissional, cultural, espiritual e da saúde física, entre outras áreas, promovendo as habilidades e o bem-estar geral dos seus atendidos.

Há também a Casa do Bom Samaritano com atendimento voltado para a população em situação de rua, fornecendo apoio através de serviços como: refeições, rouparia, kit de higiene pessoal, atendimento psicológico e de assistência social. Há também o atendimento às famílias em situação de vulnerabilidade, através, por exemplo, da entrega de cestas básicas e atividades voltadas para o fortalecimento de laços e vínculos familiares.

A Fundação João Paulo II, nesses 42 anos de existência, vem seguindo a orientação dada por seu fundador, padre Jonas Abib, que dizia: “Somos os braços, o coração e o rosto do Senhor”. Sendo assim, vida longa a esta Instituição que, mantendo o legado do seu fundador, colabora diretamente no aperfeiçoamento humano e consequente melhora da sociedade.

Parabéns ao fundador, Padre Jonas Abib! E parabéns a todas as pessoas que, acreditando nessa missão, colaboram para que a Fundação João Paulo II continue sendo os braços, o coração e o rosto de Cristo para todas as pessoas!

 

Denis Duarte é gerente da Rede de Desenvolvimento Social Canção Nova.




A força da colaboração municipal

 

Quando voltamos nossos olhares para os municípios brasileiros espalhados pelo país, notamos que as paisagens e as culturas são diversas, assim como as capacidades e a forma de funcionamento das redes de ensino, especialmente aquelas de pequeno e médio porte. Isso nos mostra o quanto a atuação colaborativa pode ser um caminho imprescindível para a redução das desigualdades financeiras, técnicas e estruturais que impactam o alcance de melhores resultados educacionais. Uma das soluções que esses municípios têm encontrado é aprender a trabalhar em Regime de Colaboração Intermunicipal. 

Nos últimos anos, surgiram experiências expressivas nesse sentido, e uma das que têm se destacado são os Arranjos de Desenvolvimento da Educação, os ADEs – que consistem em um acordo de cooperação desburocratizado entre municípios próximos, essencialmente horizontal, visando eleger e concretizar metas comuns para melhorar a qualidade da Educação Pública da região. Segundo o professor Fernando Abrucio, da FGV, “os ADEs têm ensinado muito os gestores e as lideranças locais, revelando que a cooperação pode melhorar, em alguma medida, a qualidade da política educacional municipal em contextos de assimetria e baixas capacidades estatais”.

A primeira iniciativa de Arranjo surgiu há quase 30 anos, em 1996, na região da Chapada Diamantina, na Bahia – no chamado ADE Chapada –, reunindo municípios que têm conseguido, desde então, elevar radicalmente seus índices educacionais, formar continuamente os profissionais da educação e firmar parcerias com universidades, associações, institutos e iniciativas privadas.  

Essa metodologia colaborativa está presente atualmente em 18 territórios brasileiros. São eles: ADE Alto Solimões (AM), ADE dos Guarás (MA), ADE dos Balaios (MA), ADE do Alto Turi (MA), ADE Adera (MA), ADE GE 4 (PI), ADE GE 5 (PI), ADE Chapada Diamantina (BA), ADE Agreste Litoral (BA), ADE Parecis (MT), ADE Adetam (MG), ADE Noroeste Paulista (SP), ADE SP 5+ (SP), ADE Litoral Paranaense (PR), ADE Granfpolis (SC), ADE CoGemfri (SC), ADE Serra Catarinense (SC) e ADE Norte Gaúcho (RS). 

Ainda este ano, o Maranhão (que hoje é o estado com o maior número de territórios colaborativos) está em vias de constituir mais dois Arranjos – o ADE do Vale do Pindaré e o ADE da Baixada Maranhense. Desde a implantação, em 2019, o Arranjo tem alcançado resultados relevantes, como a melhoria dos processos de gestão escolar e as formações para os professores do 6.° ao 9.° ano. 

Da mesma maneira, recentemente, o estado do Amazonas criou o primeiro Arranjo, o ADE Alto Solimões. Nessa região, assim como em boa parte do Amazonas, as vias de tráfego são os rios. Por isso, as Secretarias de Educação Municipais enfrentam desafios para a entrega de merendas em escolas afastadas e para a formação de professores bilíngues, já que, em alguns dos municípios, 80% das escolas são indígenas. Essa região, que ainda tem a particularidade de fazer divisa com Peru e Colômbia, certamente vai ganhar força para enfrentar os desafios educacionais. 

Na história dos ADEs, além dos avanços notórios, percebe-se que, mesmo com as transições políticas de prefeitos e secretários municipais de Educação, muitos Arranjos seguem vigentes após as trocas de governo. Isso se deve à criação de lideranças nas municipalidades, à implementação de projetos relevantes para o conjunto de municípios e à formação de uma cultura de colaboração nas regiões. O potencial cooperativo dos Arranjos é imenso, pois amplia a intensidade e a qualidade das relações entre os municípios parceiros e promove a possibilidade de equidade educacional. Provavelmente, em poucos anos, o número de ADEs existentes no Brasil vai crescer ainda mais. Assim esperamos.

Maíra Weber, doutora em Educação, é coordenadora de Produção e Disseminação de Conhecimento do Instituto Positivo (IP).




Balas e chicletes realmente ajudam a combater a halitose?

 

A halitose, comumente conhecida como mau hálito, é uma preocupação persistente para muitas pessoas, afetando não apenas a saúde bucal, mas também o bem-estar social. Dados da Associação Brasileira de Halitose (ABHA) indicam que cerca de 30% da população brasileira pode sofrer com o problema em algum momento da vida.

As causas podem variar, desde problemas bucais, como má higiene oral, cáries ou doenças gengivais, até mesmo condições de saúde, como é o caso da rinite, sinusite, amigdalite, infecções respiratórias ou doença do refluxo gastroesofágico.

Além das práticas de higiene bucal, como a escovação regular, o uso do fio dental e exames dentários periódicos, muitas pessoas também buscam “métodos paliativos” para enfrentar o problema, sobretudo por meio do uso de balas e gomas de mascar, a fim de amenizar o odor e o incômodo causado pela halitose. 

A dúvida que fica, no entanto, é até que ponto elas realmente são eficientes para este propósito. Afinal, muitos desses produtos contêm açúcar em sua composição. E, uma vez que as bactérias presentes na boca se alimentam de açúcares, ocorre uma proliferação destas e, consequentemente, maior produção dos gases causadores do mau hálito.

Nesse contexto, portanto, a escolha do tipo de bala ou goma que se consome para tal finalidade é fator preponderante. Não à toa que, hoje em dia, há uma enorme quantidade de balas e chicletes que não contêm açúcar em sua composição. Além da questão calórica, esses itens também podem atuar de forma positiva no combate aos maus odores do hálito.

Isso porque a ação de mastigar estimula a produção de saliva, contribuindo para a hidratação da mucosa, controle do pH e até mesmo da limpeza mecânica, desalojando parte dos resíduos aprisionados e, dessa forma, auxiliando na manutenção de um hálito saudável.

 Embora possam proporcionar alívio temporário do mau hálito, as balas e chicletes não são suficientes para de fato combater as causas subjacentes do problema. Por isso, é tão importante a avaliação de um profissional de saúde para um diagnóstico preciso e um plano de tratamento adequado. 

A solução, muitas vezes, é simples, demandando apenas uma higiene oral adequada, principalmente no que se refere à limpeza da língua, uso de fio dental e visitas regulares ao dentista, além de uma alimentação saudável e balanceada, bem como uma hidratação correta ao longo do dia.

Evitar hábitos como o consumo de álcool e cigarro também ajuda bastante na prevenção desse problema, que tanto interfere nas relações interpessoais e, até mesmo, na autoestima das pessoas.

Dessa forma, postergar o diagnóstico só contribui para torná-lo ainda mais prejudicial à saúde física e psicológica de quem sofre com ele. Portanto, por mais que as balas e chicletes sirvam de paliativos, é preciso conhecer a origem do problema para combatê-lo efetivamente.

Ligia Maeda é médica otorrinolaringologista, especialista em halitose e compõe o corpo-clínico do Hospital Paulista – referência nacional em saúde de ouvido, nariz e garganta




Como superar as limitações nutricionais de crianças com alergias alimentares

 

 

 

 

A alimentação da criança está extremamente relacionada com o seu desenvolvimento físico e muscular, estatura, resistência a infecções e, já na fase intrauterina e durante os primeiros mil dias, com o desenvolvimento do sistema neuropsicomotor. ¹ Existem muitos trabalhos mostrando, inclusive, retardo do desenvolvimento neuropsicomotor em crianças mal alimentadas após o nascimento.

A proteína é um dos nutrientes mais importantes para o crescimento infantojuvenil. Proteínas são macromoléculas formadas por cadeias de aminoácidos. Elas são essenciais para o funcionamento do corpo humano, desempenhando papéis cruciais na estrutura, função e regulação dos tecidos e órgãos. Entre suas funções, as proteínas são responsáveis por construir e reparar tecidos, produzir enzimas e hormônios, além de auxiliar na imunidade, transportar moléculas e equilibrar fluidos.

A alergia alimentar é uma resposta imunológica adversa a certos alimentos, como, por exemplo, a alergia à proteína do Leite de Vaca (APLV), que é uma das alergias mais comuns em bebês de até um ano. Com a escassez dos nutrientes produzidos pelo alimento de origem animal no corpo da criança, há que se buscar alternativas para estabelecer o equilíbrio nutricional com aportes adequados de nutrientes. Uma das opções que ganha cada vez mais relevância no meio científico são os alimentos produzidos à base de plantas. Conhecida como “plant-based”, essa dieta consiste em ingerir produtos naturais, sendo a melhor solução para crianças alérgicas a alimentos de origem animal.

² Alguns estudos já mostram que 51% dos brasileiros apresentam predisposição para alguns tipos de intolerância à lactose, mas atualmente já sabemos que a proteína animal pode ser perfeitamente substituída por proteína vegetal. Sabemos que a escolha dessa proteína passa também pelo poder aquisitivo. Se fossem inseridos na Cesta Básica Nacional, esses alimentos poderiam ter uma redução de custos de até 40%, segundo a Associação Base Planta.

Alguns grãos como amêndoas, castanhas, feijão, ervilha e lentilha, são bons fornecedores de proteína vegetal, que tem uma importante função na formação neuropsicomotora das crianças. É importante, sob certos aspectos também, evitar a baixa atividade e a oferta de muitas calorias, principalmente vindas de carboidratos e gorduras.

Entre as alergias alimentares mais comuns em crianças, destacam-se: leite, ovos, amendoim, nozes, trigo, soja e peixes. A falta desses alimentos pode levar a várias deficiências nutricionais, especialmente se não for feita uma substituição adequada, como a troca do leite de vaca pela bebida de origem vegetal.

A substituição dos alimentos de origem animal ricos em proteínas, como carne vermelha (bovina, suína, ovina), frango e outras aves, peixes e frutos do mar, ovos e laticínios (leite, queijo, iogurte), pode ser feita por alimentos de origem vegetal que, como estes, também são ricos em proteínas: leguminosas (feijão, lentilha, grão-de-bico), soja e produtos derivados (tofu, tempeh), quinoa, sementes (chia, linhaça), nozes e castanhas e cereais integrais (amaranto, trigo-sarraceno).

Superar as limitações nutricionais em crianças com alergias alimentares é desafiador, mas existem alternativas para vencer as limitações que passam obrigatoriamente pela orientação médica, sempre baseada em ciência. As proteínas vegetais figuram como uma opção importante para substituir as proteínas animais, permitindo que as crianças recebam os nutrientes essenciais para seu desenvolvimento. Ao incorporar uma variedade de fontes vegetais à dieta e incentivar de forma contínua as boas práticas alimentares, conseguimos impulsionar um crescimento saudável e robusto do público infantil, mesmo diante de restrições alimentares.

 

Daniel Magnoni é nutrólogo, cardiologista e presidente do Instituto de Metabolismo e Nutrição.

Referências

  1. Link
  2. Link

 




Hiperjudicialização da saúde no Brasil: gargalos e soluções

 

 

A hiperjudicialização da saúde no Brasil é um fenômeno crescente que tem gerado preocupações significativas no sistema Judiciário. Atualmente, tramitam pelos tribunais brasileiros cerca de 600 mil ações relacionadas aos problemas que os brasileiros enfrentam como setor de saúde. A falta de acesso e de informações, além do grave problema de atendimento ao paciente na área pública e privada no país, refletem no alto número de processos.

Os principais gargalos identificados no sistema de judiciário, no tocante às ações de saúde, incluem a falta de uniformidade nas decisões judiciais, a ausência de critérios técnicos específicos para embasar sentenças e a sobrecarga dos tribunais. A falta de padronização nas decisões resulta em insegurança jurídica, onde casos semelhantes podem receber tratamentos distintos, causando desigualdades e injustiças. Além disso, a ausência de diretrizes técnicas claras faz com que muitos juízes, sem o devido conhecimento especializado, baseiem suas decisões em laudos e pareceres muitas vezes contraditórios, o que só aumenta a incerteza e a morosidade no julgamento dos processos.

Outro ponto crítico é a ineficiência no manejo das demandas repetitivas, que abarrotam os tribunais com casos similares e que poderiam ser resolvidos de forma mais célere através de mecanismos de resolução coletiva de litígios. A falta de uma estrutura adequada para tratar estas demandas em massa contribui para a morosidade processual e para o acúmulo de processos não solucionados. A falta de investimento em tecnologias e sistemas de informação que poderiam otimizar a gestão processual também é um fator que agrava a situação.

Além disso, contribuem para a hiperjudicialização da saúde a insuficiência de políticas públicas eficazes, a falta de clareza na regulamentação dos serviços de saúde e a demora na prestação dos serviços pelo Sistema Único de Saúde (SUS). E, ainda, a atuação das operadoras de planos de saúde, que muitas vezes negam ou restringem procedimentos e tratamentos, também impulsiona o aumento do número de ações judiciais.

Entre os temas mais recorrentes nas ações judiciais sobre saúde, destacam-se:

– Fornecimento de Medicamentos e Tratamentos: Pacientes frequentemente recorrem ao Judiciário para obter medicamentos de alto custo ou tratamentos não disponíveis pelo SUS ou não cobertos pelos planos de saúde. A ausência de uma lista atualizada e transparente de medicamentos e tratamentos oferecidos pelo SUS e pelas operadoras agrava o problema.

-Internações e Procedimentos Cirúrgicos: A demora ou negativa de vagas para internações e a realização de cirurgias essenciais têm levado um grande número de pacientes a buscar judicialmente a garantia de seus direitos à saúde.

-Planos de Saúde: As controvérsias em torno das coberturas obrigatórias, reajustes abusivos, e a negativa de procedimentos são motivos constantes de judicialização. A falta de uma regulação clara e eficiente por parte da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) também é um fator agravante.

Para enfrentar a hiperjudicialização, algumas soluções podem ser propostas, como, por exemplo a criação de protocolos e diretrizes clínicas. É essencial estabelecer protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas que orientem a prática médica e a cobertura de tratamentos e medicamentos tanto no SUS quanto nos planos de saúde pode trazer maior segurança jurídica e reduzir a necessidade de judicialização.

Vale destacar também que o fortalecimento das câmaras e núcleos de conciliação e mediação em questões de saúde pode facilitar acordos entre as partes, evitando a judicialização de um grande número de casos.

Outro ponto fundamental é o aperfeiçoamento da regulação e fiscalização. Uma regulação mais clara e rigorosa por parte da ANS, aliada a uma fiscalização efetiva, pode coibir práticas abusivas das operadoras de planos de saúde e garantir que os direitos dos consumidores sejam respeitados sem necessidade de intervenção judicial.

Pelo lado do sistema judiciário também são necessárias algumas mudanças e investimento. É essencial promover a capacitação constante dos magistrados e técnicos do Judiciário em matérias técnicas de saúde pode auxiliar na tomada de decisões mais fundamentadas e eficazes, reduzindo a necessidade de perícias e prolongamento dos processos. E aliado a está capacitação deve-se implementar sistemas de informatização e integração de dados entre os diferentes órgãos do sistema de saúde e o Judiciário pode agilizar o acesso às informações necessárias para a tomada de decisões e reduzir a carga processual.

Também se faz necessário a adoção de teses jurídicas vinculantes pelo Conselho da Justiça Federal, para uniformizar decisões e a trazer maior previsibilidade e segurança jurídica.

Em suma, a hiperjudicialização da saúde no Brasil é um desafio complexo que demanda soluções multidimensionais. A conjunção de esforços entre o Judiciário, Executivo, Legislativo e as partes interessadas é fundamental para criar um sistema de saúde mais eficiente, justo e menos dependente da intervenção judicial.

 

Natália Soriani é especialista em Direito da Saúde e sócia do escritório Natália Soriani Advocacia

 




Primeiro semestre: como estão as metas traçadas para 2024?

  

O que mais escutamos nas conversas é: “Já estamos em junho! E daqui a pouco é Natal!” Para alguns, chega a ser desesperador, porque o tempo parece passar mais rápido do que conseguimos assimilar. Sim, meio ano já se passou e como estão as metas que traçamos para 2024? 

A passagem dos dias nos convida sempre a uma revisão daquilo que está dando certo e daquilo que precisa ser mudado, com relação ao que planejamos para o ano. Aquela meta de guardar dinheiro, emagrecer, fazer atividade física, melhorar o relacionamento com a família, entre outras, saíram do papel? O que você já conseguiu fazer? Tem algo que foi abandonado pelo meio do caminho? 

De fato, ao traçarmos nossas metas para um novo ano, frequentemente nos deixamos levar pelo entusiasmo e pela visão otimista do que queremos alcançar. No entanto, é fundamental reconhecer que a vida é repleta de incertezas e surpresas.

O tempo, algo que parece tão simples de lidar, passa rapidamente e nos faz pensar como estamos levando a nossa vida. Vamos percebendo a importância de valorizar cada minuto e usar bem o tempo, os recursos que temos e a famosa energia, ou disposição para fazer algo. Muitas pessoas se desgastam, vivem emocionalmente abaladas porque estão diretamente afetadas pela falta de planejamento e organização. Não se trata de engessar a vida, muito pelo contrário! Quando nos organizamos, conseguimos mudar a rota quando necessário. 

Muitos de nós temos dificuldades para lidar com a frustração ou o desapontamento, mas isso não deve ser considerado o fim. No nosso percurso anual, o inevitável desafio das reviravoltas emerge como um elemento crucial e, por vezes, desconcertante. Quando inicialmente traçamos os nossos planos e estabelecemos metas, é comum esquecer que o curso da vida é tão imprevisível quanto pode ser incrível.

Talvez este primeiro semestre não tenha saído como você planejou. Entretanto, essa experiência não foi em vão. Você aprendeu a importância de ser flexível e adaptável. Percebeu que, embora seja essencial ter metas claras, é igualmente crucial estar preparado para ajustes e mudanças de direção. As adversidades ensinaram você a valorizar pequenos progressos e a encontrar satisfação nas conquistas diárias, por menores que sejam.

É importante aprender com aquilo que não deu certo. E com o segundo semestre se aproximando, você pode ajustar suas metas e avaliar o que não deu certo ou mesmo se o passo dado não teve o tamanho que você conseguiria dar; ou ainda, se você não se aplicou tanto assim. O planejamento pode não ter dado certo, mas as lições aprendidas são importantes e capazes de gerar oportunidades de crescimento.  

As reviravoltas da vida, que vêm de forma inesperada, têm um papel significativo: moldar nossas experiências e nosso crescimento pessoal. Esses desafios, embora possam ser desconcertantes e até mesmo desanimadores, oferecem ricas oportunidades de aprendizado e adaptação. Se forem vistos apenas como obstáculos, nos cegam a possibilidade de olhar além e percebermos as oportunidades e a chance de desenvolvermos resiliência e fortalecer nossa capacidade de lidar com mudanças. 

Pense diferente e siga daqui para frente empenhado da forma possível e com o tempo que tem daqui para frente, comemorando aquilo que conseguiu e desafiando-se no que ainda precisa ser concluído. 

Elaine Ribeiro é psicóloga clínica e organizacional da Fundação João Paulo II / Canção Nova. Instagram: @elaineribeiro_psicologa. Site: Elaine Ribeiro