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O que faz um social media e como construir uma carreira de sucesso na área

À medida que as redes sociais moldam a comunicação e o comportamento das pessoas, o papel de um social media se torna ainda mais indispensável para empresas e marcas que desejam se conectar de maneira eficaz com seus públicos. Mas o que exatamente faz um social media e como você pode construir uma carreira de sucesso nessa área em constante evolução?

O social media é o profissional responsável por gerenciar a presença online de uma marca, empresa ou indivíduo nas redes sociais. Em uma sociedade onde mais da metade da população (cerca de 60%) utiliza pelo menos uma única rede social, é inegável dizer que esse é um mercado em alta que necessita de especialistas qualificados.

As principais tarefas de um profissional incluem o desenvolvimento estratégico de planos de conteúdo que alinhem as metas de marketing com a presença nas redes sociais. Isso envolve escolher as plataformas certas, definir o público-alvo e estabelecer métricas de sucesso, exigindo compreensão das tendências e conhecimento sobre a marca.

Além disso, ele precisa produzir textos, imagens, vídeos e outros formatos de conteúdo que sejam relevantes e engajadores para o público.

Outra função de grande importância do social media envolve a interação com os seguidores, responder a comentários e mensagens e gerenciar crises de comunicação online, de modo a construir um importante relacionamento digital com seu público.

Monitorar e analisar as métricas de desempenho das campanhas e postagens, ajustando a estratégia conforme necessário para otimizar os resultados, é outra responsabilidade. E não podemos esquecer da gestão de campanhas de anúncios pagos nas redes sociais, focando em alcançar novos públicos e aumentar a visibilidade.

No entanto, para ter sucesso como social media, não basta dominar as ferramentas e as plataformas. É necessário desenvolver uma série de habilidades e adotar uma mentalidade de aprendizado contínuo. Investir em educação e qualificação é o primeiro passo, com cursos e programas de desenvolvimento que ofereçam conhecimento prático e atualizado.

Como a área vive em constante mudança, é preciso estar sempre atualizado com as últimas tendências e ferramentas.

Além disso, construir uma rede de contatos no setor, participando de eventos, conferências e grupos online, pode abrir portas para novas oportunidades e parcerias.

As redes sociais são dinâmicas e imprevisíveis. Ser capaz de se adaptar rapidamente a mudanças e criar soluções inovadoras é fundamental.

Embora ser um especialista em social media possa ser útil, especializar-se em uma área específica, como anúncios pagos, gestão de crises ou conteúdo visual, pode diferenciá-lo no mercado de trabalho. Para aqueles que desejam avançar na carreira de social media, investir em educação é fundamental.

Cursos rápidos e diretos ao ponto, como os oferecidos por mim na https://vtaddone.com.br/cursos/, podem ajudar a obter uma base sólida para se destacar e começar a trilhar um caminho vitorioso nesse mercado dinâmico.

Construir uma carreira de sucesso como social media exige dedicação, criatividade e a disposição para aprender continuamente. Com as ferramentas certas e o suporte adequado, você pode transformar sua paixão pelas redes sociais em uma profissão gratificante e cheia de oportunidades.

 

Vinícius Taddone é diretor de marketing e fundador da VTaddone® www.vtaddone.com.br

 




O avesso da insegurança

 

 

 

Uma das histórias sobre o Buda conta que, um famoso matador profissional de sua época começou a seguí-lo. O Buda não desviou o seu olhar e continuou seu caminho. O bandido, que se chamava Agulimalia, começou a gritar para o Buda parar, mas ele não detinha seu passo. O cara foi ficando irritado e apertou o passo, até finalmente alcançar o Iluminado. Furioso, perguntou por que não tinha parado. O Buda respondeu: “Eu já parei há muito tempo, Agulimalia: parei de fazer coisas que causam o sofrimento das pessoas e outros seres. Parei de causar a morte e trato de cuidar muito bem de tudo e de todos que me cercam. Todos querem viver. Todos temem a morte”. Reza a lenda que o malfeitor ficou tão impressionado que prometeu nunca mais matar nenhum ser vivo e se tornou um monge.

A animação da Pixar, “Divertidamente 2”, acompanha a menina do primeiro filme, Riley, se tornando uma adolescente. Na sala de controle de sua cabeça, as Emoções fundamentais que estavam no primeiro filme, Alegria, Tristeza, Raiva, Medo e Nojo recebem novos convidados, não muito desejáveis: Ansiedade, Inveja, Tédio e Vergonha. Mas ficou faltando um personagem oculto, o mais importante, o afeto primordial que faz tudo se movimentar na cabeça de Riley, e na nossa cabeça: a Insegurança.

Estudos de Neurociência apontam que, desde a vida fetal, existe uma espécie de ressonância entre o Feto e as emoções da mãe. Como um primeiro reconhecimento. A ideia freudiana que ficar dentro do líquido amniótico, boiando nove meses sem nenhuma tarefa, nenhuma responsabilidade, só a sensação oceânica de prazer e proteção, na verdade não é bem assim. Os medos, a insegurança, as dúvidas, são transmitidas para o bebê em formação. Uma vez eu fiz um relaxamento para pessoas que estavam num workshop e fomos voltando no tempo, numa regressão até o tal período fetal, onde tudo era paz? Para muita gente, não. Uma moça descreveu uma sensação de um lugar gelado, o que pode ter sido uma depressão que sua mãe estava passando na gestação.

O fato é que, como disse o Buda, queremos viver, queremos cuidar e receber cuidado, e a vida já começa, desde o início, com a percepção da insegurança. A Insegurança é evolutiva e preserva, ou tenta preservar, a nossa sobrevivência. Existe um parasita, o Toxoplasma, que infecta ratos, mas tem como hospedeiro principal os gatos. Por um mecanismo desconhecido, ele desliga o medo no Cérebro dos ratos, que vão brincar com os gatos e acham os caras interessantes. Não é difícil prever o que acontece com esses ratos. Portanto, precisamos da Insegurança para viver. No caso do nosso Cérebro, que é uma máquina preditiva, fazemos cálculos baseados em nossa Insegurança o tempo todo. Não acabamos na pança de nenhum predador, geralmente, mas passamos a vida com Medo do que possa acontecer.

No filme, a menina Riley descobre que suas “best friends” não vão continuar na sua escola. Ela vai para um acampamento de Hockey e passa a fazer de tudo para se entrosar com as garotas mais velhas. Para isso, ela dá as costas para suas amigas, mente, maltrata e trapaceia porque na Sala de Comando está a Ansiedade. Mas quem está comandando a ansiedade é a Insegurança. O medo de ficar de fora, o famoso Fear of Missing Out, o medo da exclusão que está transformando a Adolescência numa jornada perigosa e cheia de medicamentos antidepressivos.

Quem está lendo aí do outro lado da tela deve concordar comigo que nosso mundo se transformou numa Adolescência coletiva, e todo mundo vive acossado pela sensação meio constante de Insegurança e Medo. Medo do futuro, da doença, da velhice, de ficar de fora, não do time de Hockey, mas fora do mercado, fora da Rede Social, cancelado de alguma forma do Mundo. Não temos medo do predador, temos medo de deixar de existir num cancelamento social, afetivo, econômico. Por isso, nossa velha dama Insegurança hoje está bem acompanhada por outro afeto novo, o Burnout, o Esgotamento. Já começamos o dia esgotados.

Procuramos o avesso da Insegurança na falsa sensação da Segurança e sua pior doença, que é o Controle. Vamos atingir a Segurança quando tudo for controlado, e a vida ficar protegida dentro de um cofre. Ou seja, a tentativa de controle se opõe à própria vida. Riley vai descobrir isso no seu acampamento. E nós, nem sempre vamos aprender. Nem vamos desistir de tentar controlar o que não tem controle.

Se não controlamos nada, e a vida é um surfar em uma constante Incerteza, qual é o avesso da Incerteza?

Esse texto já tinha essa resposta: parar de causar sofrimento às pessoas e os seres que nos cercam, e cuidar da Insegurança de todos é um bom jeito de começar. O avesso da Insegurança é o Cuidado.

Marco Antonio Spinelli é médico, com mestrado em psiquiatria pela Universidade São Paulo, psicoterapeuta de orientação junguiano e autor do livro “Stress o coelho de Alice tem sempre muita pressa”




Assédio sexual e outras violências no ambiente de trabalho

 

O assédio sexual nas relações de trabalho ganhou visibilidade na Imprensa e nas redes sociais, nos últimos dias, por força de denúncias, feitas à Organização Não-Governamental (ONG) Me Too Brasil, que sinalizam, supostamente, que o então ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, teria praticado condutas assediadoras em ambiente profissional. O caso traz a necessidade de se jogar luzes sobre os assédios sexual e moral e em outras formas de violência laboral ocorridas no País.

Com a inserção cada vez maior de mulheres no mercado de trabalho, percebe-se, na prática policial, o consequente aumento de ocorrência envolvendo crimes cometidos no ambiente profissional. Em especial, destaca-se o assédio sexual, que, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2024, teve aumento de 28,5% em registros em relação ao período anterior.

Na prática jurídica, o termo “assédio sexual” encontra previsão legal no artigo 216-A do Código Penal e somente ocorre quando o assediador constrange alguém “com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se da sua condição de superior hierárquico, ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função”.

Portanto, para a configuração deste delito, é indispensável a existência de uma superioridade em regra de competência, ou ascendência do assediador em relação à vítima. Logo, se ambos estiverem, por exemplo, na mesma posição laboral, não se pode falar, tecnicamente, em assédio sexual. Entretanto, nada obsta a prática de outros crimes, a depender dos fatos, como, por exemplo, a importunação sexual.

Apesar de denúncias desta natureza aumentarem todos os anos, ainda há uma grande subnotificação, haja vista que, muitas das vítimas temem denunciar seus assediadores, que, na grande parte das vezes, ostentam cargos de alto comando e gozam de prestígio e de boa reputação social. As vítimas, temerosas por perderem seus empregos, por terem sua palavra e honra questionadas e, muitas vezes, por desacreditarem na Justiça, optam pelo silêncio.

Os assédios sexual e moral, além de terem o condão de trazer reflexos para a saúde física e mental das vítimas, são aptos a macular a imagem de instituições – geralmente, de forma irreversível, ao passo em que podem oferecer prejuízos – inclusive, financeiros – seja em razão do absenteísmo de funcionários, seja por força do rompimento de contratos com quem não deseja se vincular a um escândalo midiático de assédio.

É preciso que órgãos públicos e a rede privada fomentem ambientes de trabalho mais seguros para as mulheres. A criação de canais de denúncia, a implementação de regras de conduta, e o investimento contínuo em treinamentos, capacitação, orientação e em sensibilização de funcionários de todos os níveis visam o rompimento dessa engrenagem violenta.

É preciso que esse pacto de tolerância e de silêncio que protege assediadores e culpabiliza e recrimina vítimas seja rompido. Para tanto, padrões culturais que normalizam comportamentos discriminatórios e violentos disfarçados de elogios, de brincadeiras, de piadas ou de gentilezas devem ser igualmente rechaçados e rigorosamente punidos.

 

Jacqueline Valadares é presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp); especialista em Direito Penal, em Processo Penal, e em Inteligência Policial; palestrante de temas e docente de disciplinas relacionadas à Defesa da Mulher; co-fundadora do movimento Mulheres na Segurança Pública e autora de artigos, de estudos e de livros sobre Defesa da Mulher.




Supremo versus Musk: não confundamos alhos com bugalhos

 

Novamente o Supremo Tribunal Federal (STF) se tornou o centro das discussões no Brasil. Outra vez por conta de uma decisão proferida pelo ministro Alexandre de Moraes, que foi acompanhado à unanimidade pelos integrantes da 1ª Turma, a qual determinou a suspensão das atividades da plataforma X Brasil, do bilionário Elon Musk, por descumprimento reiterado de ordens emanadas pela Corte Superior.

O estopim para a suspensão foi o descumprimento das leis brasileiras que exigem que empresas estrangeiras tenham representante legal no país. Musk, recentemente, decidiu que o X não teria mais representantes no Brasil, o que afronta, dentre outras normas, os artigos 977, inciso VI, e 1138, ambos do Código Civil brasileiro.

O empresário decidiu não cumprir as leis do Brasil para que suas empresas, em especial a plataforma X, pudessem atuar regularmente no país. Vamos lá tentar desenrolar esse novelo.

Consoante se extrai do artigo 997, inciso VI, do Código Civil, que a sociedade constitui-se mediante contrato escrito, particular ou público, que, além de cláusulas estipuladas pelas partes, mencionará “as pessoas naturais incumbidas da administração da sociedade, e seus poderes e atribuições”. Por outro lado, o artigo 1138 estabelece que a “sociedade estrangeira autorizada a funcionar é obrigada a ter, permanentemente, representante no Brasil, com poderes para resolver quaisquer questões e receber citação judicial pela sociedade”.

Com efeito, não há dúvida que a lei brasileira exige que uma sociedade estrangeira mantenha um representante no Brasil com poderes para resolver quaisquer questões, inclusive receber citações. No entanto, Musk deu de ombros para a legislação brasileira e para a ordem judicial do STF.

Qual seria a intenção de Musk em não ter mais representante legal no Brasil? Obviamente, ele objetiva não cumprir as regras previstas na Lei 12.965/2014 – Marco Civil da Internet -, que foi editada pelo Congresso Nacional, com escopo de estabelecer princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da Internet no Brasil.

Como se sabe, o artigo 19 do referido Marco Civil da Internet estabelece a responsabilidade civil do provedor, quando instado judicialmente para coibir crimes praticados por terceiros, não toma medida alguma para impedir ações ilícitas.

A decisão do STF determinou, com base no artigo 171, parágrafo 1º, da Lei 9472/97, a suspensão da atividade da Starlink, empresa da qual Musk é um dos acionistas, que comercializa acesso à internet por satélite. O referido artigo estabelece que: “O emprego de satélite estrangeiro somente será admitido quando sua contratação for feita com empresa constituída segundo as leis brasileiras e com sede e administração no País, na condição de representante legal do operador estrangeiro”.

O empresário, de fato, deixou de cumprir inúmeras determinações judiciais para retirar da sua plataforma páginas de usuários que faziam apologia ao golpe de estado no Brasil. Objetivando permanecer sem cumprir as ordens judiciais, o empresário usou do subterfúgio rasteiro de retirar o representante legal do país.

O que Musk está a fazer é se colocar acima das leis do Brasil, em inequívoca afronta à soberania nacional. Não se pode confundir ofensa à liberdade de expressão ou censura, com descumprimento das leis internas do país para regular atuação no Brasil.

Muitos desavisados, que ignoram as leis do país, bradam aos quatros cantos que o Supremo Tribunal Federal está a ofender à liberdade de expressão. Na verdade, o empresário bilionário, que também gosta dos holofotes da mídia mundial, quer liberdade para propalar desinformações, inverdades, sem correr risco de sofrer as devidas consequências.

No entanto, em que pese a correção da decisão do Supremo Tribunal Federal em sua essência, a extensão dos efeitos sancionatórios aos terceiros que acessarem a plataforma X, afigura-se exagerada. Punir os usuários pelo mero acesso com a imposição de multa de R$ 50 mil é um prato cheio para que os opositores da Corte digam que há censura e ofensa à liberdade de expressão.

Embora esse equívoco da decisão, que já foi alvo de recurso manejado pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), não há como afastar a adequação da decisão do Supremo Tribunal Federal, uma vez que qualquer empresa que queira atuar no Brasil tem que seguir as leis do país. Nenhuma empresa está acima da soberania nacional. Não confundamos alhos com bugalhos.

 

Marcelo Aith é advogado criminalista. Mestre em Direito Penal pela PUC-SP. Latin Legum Magister (LL.M) em Direito Penal Econômico pelo Instituto Brasileiro de Ensino e Pesquisa – IDP. Especialista em Blanqueo de Capitales pela Universidade de Salamanca




Se os prefeitos calculassem…

 

 

Como é sabido, obras que não aparecem não seduzem a maior parte dos gestores públicos brasileiros. Por isso é explicável, embora não admissível, o atraso na implementação do Marco Legal do Saneamento. Fazer estação de tratamento de esgoto, que importa em tubulação pulverizada em todas as residências, tratar água de forma a fornecê-la em condições ótimas de potabilidade, tudo isso deixa de ser atraente para quem prefere fazer festa de São João, festivais, coisas que dão marketing.

Só que o custo de se deixar de lado o saneamento básico é muito elevado. De acordo com a Organização Mundial de Saúde – OMS, mais de dois bilhões e duzentos milhões de pessoas não têm acesso à água tratada e mais de três bilhões e quinhentos milhões não contam com serviços de saneamento geridos de maneira segura.

Mais de dois bilhões de humanos não podem utilizar recursos básicos de higiene. E o saneamento precário faz cair em queda bruta o bem-estar da população e a qualidade de vida de todas as pessoas.

Além das questões de saúde, há um atraso do desenvolvimento social e econômico, diante de impactos como ansiedade, risco de agressão sexual e perda de oportunidades educacionais e de trabalho. Já as doenças como cólera e disenteria, febre tifoide, infecções por vermes intestinais e poliomielite, tudo deriva da falta de adequado saneamento.

Além disso, há retardo no crescimento infantil e disseminação da resistência antimicrobiana. Daí a responsabilidade dos administradores municipais, já que é na cidade que as pessoas moram e vivem

Os impactos positivos do saneamento para todos são evidentes: retorno de cinco dólares e meio para cada dólar investido, em razão de custos menores em saúde, maior produtividade e menos mortes prematuras. Queda de casos de diarreias e da disseminação de vermes intestinais, esquistossomose e tracoma. Redução da gravidade e do impacto da desnutrição. Promoção da dignidade e aumento da segurança, especialmente entre mulheres. Impulso à frequência à escola, especialmente entre meninas, quando há provisões de instalações de instalações sanitárias adequadas. Potencial recuperação segura de água, nutrientes e energia renovável a partir de águas residuais e lodo e possível aumento da resiliência geral da comunidade a choques climáticos.

É uma pauta e tanto. Os futuros prefeitos deveriam colocar tudo isso no radar e levar mais a sério o saneamento básico de suas cidades.

José Renato Nalini é reitor da UNIREGISTRAL, professor da pós-graduação da UNINOVE e secretário-executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo.

 




Autonomia do Banco Central deixou Brasil refém de jogos políticos

 

 

Para garantir a aprovação da autonomia do Banco Central (BC), os parlamentares e economistas favoráveis à proposta argumentaram que a instituição precisava ser “blindada” de interferências políticas e ter liberdade para tomar decisões exclusivamente técnicas. Só que na prática essa autonomia está gerando um grande problema para o país porque o presidente e os diretores do Banco Central possuem mandatos que não são coincidentes com o do Presidente da República.

A não coincidência permite que o órgão adote posturas à revelia da política econômica adotada pelo governo Lula e que foi referendada pelas urnas. Roberto Campos Neto, que preside o BC por indicação do ex-presidente Jair Bolsonaro, atua deliberadamente contra o governo. Nem mesmo os índices positivos da economia, muito acima das previsões, barraram as deliberações absurdas como a manutenção da Taxa Selic num patamar criminoso.

A função do BC é assegurar a “estabilidade de preços, do sistema financeiro, suavizar as flutuações do nível de atividade econômica e fomentar o pleno emprego”. Na prática, nada disso é o foco. As últimas decisões evidenciam a intencionalidade de frear o crescimento do país para desgastar o presidente Lula e, consequentemente, inflar Bolsonaro, afinal é ano eleitoral.

Apesar de vários resultados positivos da economia como aumento da geração de empregos, crescimento da renda das famílias brasileiras, controle da inflação e crescimento do PIB acima das projeções, reservas cambiais de US$ 370 bilhões, recorde de exportações e compromisso com controle fiscal e inflação, o Banco Central segue mantendo a mesma posição intransigente de juros altos. Somos a 6ª maior população do mundo e registramos todos os meses bons índices na economia, apesar dessa sabotagem. Imagina só como estaríamos se as decisões fossem de acordo com o cenário atual?

A última ata do Comitê de Política Monetária (Copom) que manteve a taxa de juros nas alturas (10,5%, segunda mais alta do mundo), por exemplo, trouxe um tom ainda mais pessimista. Usaram um argumento esdrúxulo e despropositado do contexto real da economia brasileira para justificar esse posicionamento e ainda ameaçaram uma possível subida da Taxa Selic nos próximos meses.

Neste cenário, é imprescindível relembrar que o presidente do BC foi homenageado pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), na oportunidade em que sinalizou a intenção de assumir o Ministério da Fazenda em um possível governo de Tarcísio. Uma declaração que coloca em xeque a sua credibilidade e autonomia ao revelar suas intenções políticas. O fato é que Campos Neto, que é descaradamente alinhado ao “bolsonarismo”, já vinha a algum tempo demonstrando as suas preferências partidárias e agora botou o bloco na rua, ou seja, jogando a autonomia do Banco Central para o ralo e demonstrando claramente que ele atende a interesses políticos.

Outro ponto que pouca gente fala é a dependência absurda do Banco Central com relação aos indicadores do Boletim Focus, que, aliás, frequentemente erra em suas previsões e mostra projeções pessimistas sem qualquer dado técnico. A turma de Campos Neto baseia-se no famoso boletim Focus, que é um relatório feito a partir das expectativas dos agentes do mercado financeiro. Em 2023, previu um crescimento do PIB de 0,8% enquanto o governo previa 1,6%. O resultado real foi 2,92%. Este ano o mercado prevê 2,05%, mas o crescimento real já está em 2,22%.

O Ministério Público Federal ingressou com uma representação para “identificar eventuais desvios de finalidade pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central na definição da taxa Selic”. O documento aponta a possibilidade de influência indevida das projeções constantes do Boletim Focus, afirmando que instituições financeiras poderiam manipular o índice para ganhos próprios e em prejuízo aos interesses públicos.

Nos últimos 12 meses, o governo federal pagou R$ 835,7 bilhões (7,48% do PIB) em juros da dívida pública. Isso significa um crescimento de 35% em um ano e 133% em dois anos. E representa a soma dos orçamentos em 2023 dos ministérios do Desenvolvimento Social, Saúde e Educação. A dívida pública interna é direta ou indiretamente influenciada pelas decisões do BC, por isso a importância das ações serem pensadas e executadas em harmonia e não num jogo de queda de braço como está sendo feito.

Enquanto o país paga juros exorbitantes da dívida, os especuladores seguem lucrando. É inadmissível esse cenário! A autonomia do BC não pode ser usada para jogos e rixa política. O BC precisa estar a serviço do povo, do controle cambial e da política econômica definida pelo presidente eleito.

 

Carlos Zarattini é economista pela USP e deputado federal pelo PT de São Paulo.

 




Alexandre de Moraes e os dois lados da moeda

A principal polêmica desta semana girou em torno do ministro Alexandre de Moraes e o sobre suposto uso do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para embasar investigações conduzidas no Supremo Tribunal Federal (STF). Muito se tem debatido, nos meios político e jurídico, sobre as mensagens foram trocadas entre Airton Vieira, juiz instrutor do gabinete de Moraes no STF, Marco Antônio Vargas, juiz auxiliar de Moraes durante sua presidência no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e Eduardo Tagliaferro, então chefe da (Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação (AEED), órgão que era subordinado a Moraes na corte eleitoral, e as suas consequências jurídicas.
Diante desse cenário, uma pergunta se impõe: houve ilegalidade por parte do ministro Alexandre de Moraes?
Instado a falar, o gabinete de Moraes disse que “todos os procedimentos foram oficiais, regulares e estão devidamente documentados nos inquéritos e investigações em curso no STF, com integral participação da Procuradoria-Geral da República”.
Durante sessão do STF, o ministro salientou que o “caminho mais eficiente para a investigação naquele momento era a solicitação [de relatórios] ao TSE” e que “lamentavelmente, num determinado momento, a Polícia Federal pouco colaborava com as investigações”. E complementou: “Seria esquizofrênico eu, como presidente do Tribunal Superior Eleitoral [à época], me auto oficiar”.
Para entender se houve ilegalidade ou não, temos que analisar o papel desempenhado por Alexandre de Moraes no Inquérito 4781, instaurado em 14 de março de 2019, para apurar eventuais crimes contra honra de ministros do STF, mas que teve seu escopo alargado para apurar os fatos ocorridos em 8 de janeiro de 2023.
O Regimento Interno do STF, em seu artigo 43, atribui ao ministro da Corte atuar como autoridade investigadora nas infrações penais cometidas na sede ou dependência do Tribunal, senão vejamos: “Art. 43. Ocorrendo infração à lei penal na sede ou dependência do Tribunal, o Presidente instaurará inquérito, se envolver autoridade ou pessoa sujeita à sua jurisdição, ou delegará esta atribuição a outro Ministro.”
Da leitura do regimento da Corte Suprema, que tem força de lei, depreende-se que a condução da apuração de eventuais infrações penais cometidas na sede ou dependido do Tribunal, ficará a cargo de um ministro.
Dessa forma, a atribuição do apuratório ao ministro Alexandre de Moraes, bem como os atos investigatórios determinados por ele no exercício desta competência, está em perfeita consonância com o que preconiza o regimento da corte.
Com efeito, as determinações feitas pelo ministro durante o inquérito, objetivando esclarecer e apurar os fatos, são absolutamente legais. Não há qualquer mácula em determinar que fossem incluídos outros elementos de informação obtidos na investigação. Muito menos não há que se falar da interferência indevida de Moraes na elaboração do relatório elaborado pelo TSE.
No entanto, a atuação do ministro Alexandre de Moraes não se restringiu a condução das investigações. Moraes deferiu medidas constritivas, inclusive prisões cautelares e outras medidas, além de julgar eventuais investigados.
Aí reside o problema. Moraes atuou com órgão de investigação e órgão julgador, o que está na contramão do sistema acusatório, que exige que sejam atores diversos que investigue e julgue.
O criminalista Aury Lopes Júnior destaca que o sistema acusatório “Assegura a imparcialidade e a tranquilidade psicológica do juiz que sentenciará”. Ou seja, o magistrado, que tem a missão de julgar, estará mais próximo da imparcialidade na medida em que estiver mais distante da busca da prova.
Não há dúvida que a consolidação nas mãos do julgador das funções de investigar e julgar o comprometerá psicologicamente. Dificilmente o magistrado que atuou diretamente na condução das investigações, determinando diligências, preserva a sua imparcialidade.
 Essa discussão toda estaria esvaziada se o Supremo Tribunal Federal, nas hipóteses previstas no artigo 43 do Regimento Interno da Corte, seguisse o sistema acusatório e determinasse que o ministro instrutor das investigações não pudesse votar. Infelizmente, por ora, não há qualquer orientação quer do STF para corrigir essa grave distorção, que, inequivocamente, fere o sistema acusatório adotado no ordenamento jurídico brasileiro.
Marcelo Aith é advogado criminalista. Mestre em Direito Penal pela PUC-SP. Latin Legum Magister (LL.M) em Direito Penal Econômico pelo Instituto Brasileiro de Ensino e Pesquisa – IDP. Especialista em Blanqueo de Capitales pela Universidade de Salamanca. 



Folclore numa perspectiva cristã

O Dia do Folclore Brasileiro é comemorado em 22 de agosto. A data foi criada com o intuito de alertar para a importância e valorização das manifestações folclóricas no país, e se refere à primeira vez em que a palavra folclore foi utilizada para designar os costumes de um povo. Isso aconteceu em 1846, quando o folclorista britânico William John Thoms (1803-1885) uniu as palavras “folk”, que significa “povo”, e “lore”, que significa “conhecimento”.

O Folclore é parte da cultura de um povo e é um conjunto de costumes transmitidos de pai para filho e também através da comunidade, de uma geração à outra. O que precisamos ressaltar, é que a cultura foi e sempre será influenciada pelas crenças de um povo. Em suma, a cultura é o reflexo dos valores e das práticas.

Folclore, então, é o conjunto de conhecimentos de um povo, tais como os costumes, crenças, parlendas, contos, mitos, lendas, adivinhas, músicas, danças e festas populares de uma cultura e região. O folclore brasileiro é fruto da união das culturas indígena, africana e europeia. A respeito disso, a cultura europeia entrou no Brasil a partir da colonização, que começou no século XVI. E a cultura europeia tem, entre suas raízes, a fé cristã, que foi transmitida e continua sendo transmitida de geração em geração por parte daqueles que se identificam com esta opção religiosa. Por isso, as manifestações religiosas, por força popular, acabam tornando-se manifestações folclóricas de determinada região.

Neste sentido, gostaria de apresentar alguns exemplos, a partir da minha vivência. Sou de nacionalidade italiana, mas moro em Aparecida (SP) desde 1981. E impressionou-me, seja em Aparecida, como na vizinha cidade de Guaratinguetá (SP), a manifestação religiosa popular em honra a São Benedito. No dia da festa, passam na Avenida principal que une as duas cidades mais ou menos dois mil cavalos, cujos cavaleiros se dirigem  até a Igreja de São Benedito para homenagear esse santo.

Trata-se, então, de uma modalidade de folclore religioso cristão, que reúne uma multidão de fiéis provenientes inclusive de vários estados do Brasil. Mesmo assim, muitos brasileiros não sabem que este santo negro era italiano. Ele nasceu no ano de 1526 em São Fratello, perto da cidade de Messina, na ilha da Sicília, Itália. Era filho de escravos vindos da Etiópia (África). Ainda jovem, tornou-se religioso franciscano. E, anos mais tarde, apesar de ser simples irmão sem ter frequentado os estudos de filosofia e de teologia, tornou-se superior do Convento de Santa Maria de Jesus, perto de Palermo, capital da Sicília. Morreu no ano de 1589.

Eu desconhecia a existência desse santo antes de chegar no Brasil. E, no mês passado, exatamente no dia 14 de julho, um domingo, fiz questão de participar da Missa celebrada perto do Convento de Palermo, onde viveu São Benedito. Mas eis a minha surpresa: havia poucas pessoas participando da missa. E percebi que na cidade de Palermo ele é pouco conhecido. Interpretei como uma espécie de racismo religioso, por ser ele negro. Mas bem perto do convento vi placas enviadas de várias partes do mundo, inclusive do Brasil, homenageando São Benedito: por exemplo placas de Guaratinguetá, Aparecida, Piquete, Sorocaba, São Paulo.

Nesse mesmo dia 14 de julho, um domingo,  a cidade de Palermo celebrava a padroeira Santa Rosalia, uma virgem, que viveu entre 1130 e 1160. Depois da missa celebrada no fim da tarde, havia uma imensa multidão de fiéis que, ao anoitecer, assistiam a um vídeo que apresentava a intercessão de Santa Rosalia para acabar com uma peste que tinha atingido a cidade no ano de 1624. Logo depois, muitos cantores se exibiram e, em seguida, uma longa procissão foi até o mar. Quando chegou a meia noite, houve fogos de artifício por duas horas.

Por que relato tudo isso? Para mostrar duas modalidades do folclore religioso. Mas aí é importante não se limitar à parte exterior dessas celebrações. É preciso não somente pedir a intercessão desses santos, mas, ainda mais, seguir o exemplo deles, dentro do estado de vida em que cada um se encontra. Neste sentido, o folclore religioso pode tornar-se um caminho para o amadurecimento da nossa fé cristã.

Lino Rampazzo é doutor em Teologia e professor nos cursos de Filosofia e Teologia da Faculdade Canção Nova, em Cachoeira Paulista (SP).




A transformação das empresas pela diversidade

 

 

A diversidade no mercado de trabalho é um tema de crescente relevância nas discussões corporativas e sociais. A inclusão de diferentes perspectivas culturais, de gênero, etárias e raciais promove um ambiente de trabalho mais justo e traz benefícios tangíveis para as empresas. No entanto, a ascensão de minorias a cargos de liderança ainda enfrenta barreiras significativas. E, quando falamos em diversidade, o país tem um cenário amplo. As mulheres, por exemplo, são maioria de acordo com o Censo de 2022, e representam 51,5% da população.

Entretanto, nem as mulheres nem as pessoas não brancas, nem os LGBTQIA+ e muito menos os PCDs, estão devidamente representados em determinados nichos da sociedade brasileira, como o mercado de trabalho. Seja nas grandes corporações, seja nos pequenos negócios, ainda prevalece um perfil de trabalhador que é branco, homem, cisgênero, heterossexual e sem deficiências. Então, onde as pessoas pertencentes a grupos minorizados são alocadas? Quais são seus cargos, suas remunerações, sua visibilidade no mercado, sua relevância estratégica para tomadas de decisão? Precisamos, o quanto antes, começar a olhar para esse cenário e promover um ambiente muito mais inclusivo e plural nas organizações.

O mesmo Censo de 2022 aponta que, enquanto 55,8% da população brasileira se autodeclaram negros (pretos e pardos), sabemos que os cargos de liderança passam muito longe dessa margem. E o recorte de gênero não é muito melhor. Um estudo da Consultoria Bain & Company revelou que as mulheres ocupam apenas 37% dos cargos de gestão no Brasil. Tudo isso mostra um imenso descompasso entre a composição demográfica brasileira e as oportunidades de trabalho recebidas pela população.

Outra pesquisa, desta vez realizada pela Talenses e Insper em 2021, destacou que 64% dos profissionais LGBTQIA+ afirmaram ter enfrentado discriminação no ambiente de trabalho. As mulheres também são frequentemente alvo de preconceito. Um estudo da Fundação Getúlio Vargas de 2020 demonstrou que 53% delas já sofreram algum tipo de discriminação de gênero em suas carreiras.

Não se trata apenas de justiça social, mas de uma estratégia de negócios que não pode ser substituída por nenhuma outra. Afinal, uma gestão sustentável é a única que traz resultados a longo prazo, considerando aspectos como sociedade, meio ambiente e governança. São resultados positivos para todos os grupos de interesse. Uma série de estudos, pesquisas e levantamentos demonstra que organizações mais diversas  têm melhor desempenho em suas áreas de atuação. Um relatório da McKinsey & Company de 2020 constatou que empresas no quartil superior em diversidade étnica e racial são 36% mais propensas a obter retornos financeiros acima da média. Se o recorte for a diversidade de gênero, essas empresas têm 25% mais chances de lucrar mais que a concorrência.

No exterior, um dos atrativos do Brasil é justamente essa profusão e diversidade cultural. Por que seria diferente no universo corporativo? Empresas mais diversas promovem ambientes de trabalho mais inovadores e criativos. A resolução de problemas é mais eficaz quando gerida por equipes compostas por pessoas com diferentes origens. Segundo a Harvard Business Review, empresas que valorizam a diversidade cultural e étnica têm 45% mais chances de aumentar o marketshare e são 70% mais propensas a capturar novos mercados.

Tornar os ambientes corporativos mais inclusivos e diversos é um desafio que precisa começar a ser enfrentado já no recrutamento, garantindo que candidatos de diferentes características sejam considerados. Depois, programas de mentoria para apoiar o crescimento profissional de negros, mulheres, pessoas com deficiência e LGBTQIA+ são boas formas de assegurar a formação de lideranças mais inclusivas, gerando vínculos de pertencimento. Criar comitês de diversidade, oferecer regularmente sensibilizações e conscientizações sobre o tema para os colaboradores, implementar políticas de igualdade salarial e garantir a acessibilidade no ambiente de trabalho completam as estratégias para isso.

No século XXI, é indispensável que as organizações reconheçam a importância da pluralidade e invistam em ações concretas para promovê-la. Aquelas que seguirem essa premissa estarão, sem dúvida, à frente das demais.

Andréia Malaquias é especialista em Desenvolvimento Humano Organizacional e responsável pelo Programa de Diversidade da Tecnobank, empresa com 96% de satisfação dos colaboradores, por quatro anos consecutivos no Ranking GPTW entre as Melhores Empresas para Trabalhar no Brasil.

 

 




Luta e resistência: um chamado à reflexão no Dia da Advocacia

 

11 de agosto. Dia da Advocacia. É uma data de celebração da luta e resistência da advocacia brasileira. Devemos comemorar registrando, sempre, o nosso comprometimento e declarando nosso amor por uma advocacia que se renova em esperança e se confunde com os sonhos e lutas dos seus defensores.

Este, também, é um momento de reflexão sobre as batalhas cotidianas que enfrentamos na busca pela preservação da ordem constitucional e na consolidação do Estado Democrático de Direito; na luta pelo fortalecimento do sistema de prerrogativas profissionais; na defesa das garantias constitucionais da cidadania e contra o arbítrio estatal que ofende as prerrogativas da advocacia tolhendo direitos da cidadania e que, por vezes, compromete e desequilibra as balizas constitucionais e de todo o ordenamento jurídico.

Uma das bandeiras mais importantes da atualidade, que deve ser empunhada com vigor, é a da não criminalização da advocacia criminal. É essencial debater esse fenômeno, que cresceu nos últimos anos. Trata-se de um movimento que procura associar advogados e advogadas criminalistas aos atos tido como ilícitos que são imputados aos seus constituintes.

A cada dia, em cada atuação profissional, olhos maledicentes nos miram com desconfiança, colocando nossos colegas da advocacia criminal nas listas dos suspeitos ao lado dos investigados.

Advocacia criminal não é advocacia criminosa. Ponto. Nossa máxima é e sempre será a defesa intransigente dos técnicos e éticos advogados e advogadas criminalistas que têm a plena consciência da nobre missão constitucional que exercem que é a de lutar e defender, constantemente, a defesa da garantia do direito de defesa e do devido processo legal. Esses são valores inegociáveis de um bom, digno e honrado profissional da advocacia.

É fundamental ressaltar que autoridades policiais, promotores de justiça, magistrados e outros operadores do direito não podem coadunar com uma narrativa cruel que demoniza a defesa de cidadãos que estão sendo julgados por atos tidos como criminosos. Isso, além de violar a ética profissional, pode causar um desequilíbrio processual a favorecer injustas acusações e fomentar o discurso do ódio. Tal atitude prejudica a imparcialidade do processo judicial, comprometendo a equidade e a justiça, pilares de qualquer sociedade democrática. Além disso, é uma postura que, moralmente, ofende e enfraquece toda a advocacia brasileira.

O advogado e a advogada são essenciais e indispensáveis para a concretização da Justiça. Não há liberdade sem a atuação da advocacia. Não há justiça sem a presença da advocacia.

Pela responsabilidade do seu dever cívico e profissional, cabe aos advogados e as advogadas retidão na defesa da cidadania e no fortalecimento do Estado de Direito.

É compromisso de todos advogados e advogadas criminalistas estarem, permanentemente, em estado de compliance, cercando-se de instrumentos preventivos que demonstrem nossa ética e técnica profissional, sempre pautada pela legalidade na defesa dos interesses de nossos constituintes.

Somos a resistência! Sigamos juntos e fortalecidos com a armadura que nos reveste e, assim, jamais seremos derrubados. Esses olhos maledicentes e preconceituosos não nos intimidam e jamais nos intimidarão. Que as pedras que nos atiram se entrechoquem e iluminem nossas mentes. Continuaremos com mais coragem e determinação.

Em nome da Associação Brasileira dos Advogados Criminalistas, abraço e rendo homenagens a todos os advogados e advogadas do Brasil, que são essenciais na defesa do Direito em busca da Justiça, pelo protagonismo e relevância na defesa da cidadania!

Somos a advocacia! Somos a voz da cidadania na defesa das garantias constitucionais e dos direitos fundamentais.

Neste especial dia e mês, representando a Abracrim, felicito e abraço os colegas advogados e advogadas de todo o Brasil com a renovação do compromisso de continuar firme em dignidade e vigilância na defesa e na valorização dessa apaixonante profissão que é a advocacia.

 

Sheyner Yàsbeck Asfóra é presidente nacional da Associação Brasileira dos Advogados Criminalistas (Abracrim)