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O Futuro Sustentável da Energia no Brasil: Perspectivas e Desafios 

 

No Brasil, estamos à beira de uma revolução no setor de energia elétrica, impulsionados por inovações tecnológicas que prometem transformar radicalmente como produzimos e consumimos energia. A adoção crescente de energias renováveis, como a solar e a eólica, junto com avanços em tecnologias de armazenamento, como as baterias de íon-lítio, está nos direcionando para um futuro mais limpo e sustentável.

As redes inteligentes, que utilizam a comunicação e automação para otimizar o fluxo de energia, estão melhorando a eficiência e a confiabilidade da nossa infraestrutura elétrica. Essas tecnologias não só promovem uma maior estabilidade como também permitem a integração eficaz de fontes renováveis intermitentes, garantindo que a energia esteja disponível quando e onde for necessária.

A Internet das Coisas (IoT) também tem um papel crucial neste cenário, possibilitando a medição inteligente de consumo e a manutenção preditiva de equipamentos, facilitando uma gestão mais eficiente e proativa da rede elétrica. Além disso, a crescente popularidade dos veículos elétricos está criando novas demandas por infraestrutura de recarga, ao mesmo tempo que oferece oportunidades para integrar esses veículos como recursos dinâmicos dentro da rede elétrica.

No entanto, a transformação não está isenta de desafios. A modernização da infraestrutura existente para suportar novas tecnologias requer investimentos significativos. Além disso, a regulação do setor muitas vezes não acompanha o ritmo das inovações, criando barreiras para a adoção de novas tecnologias. O financiamento de projetos de grande escala e a aceitação pública também são desafios críticos que precisam ser endereçados para que possamos avançar.

As próximas décadas são cruciais. A crescente adoção de energias renováveis deverá continuar a diversificar nossa matriz energética e reduzir emissões de gases de efeito estufa. As redes inteligentes e as soluções de armazenamento de energia trarão maior flexibilidade e eficiência para o sistema elétrico. Além disso, a digitalização e a IoT abrirão caminho para novos modelos de negócios e serviços inovadores que podem transformar o setor energético.

Este é um momento de grandes possibilidades e também de responsabilidade significativa. Como sociedade, temos a oportunidade de moldar um sistema energético que seja não apenas mais eficiente e econômico, mas também mais sustentável e justo. Estamos diante de um futuro onde a energia limpa e renovável pode ser a norma, não a exceção, beneficiando não apenas o meio ambiente, mas também a economia e a sociedade como um todo.
Rafael Pimenta, é um visionário do setor tecnológico e CEO da Eletrons.org, comprometido com a inovação e a sustentabilidade no campo energético.

 

 




A importância dos passeios em família

 

Tem sido desafiador nos tempos atuais encontrar um tempo de qualidade para fazermos aquilo que nos traz bem-estar. No dia a dia, é essencial reservar um tempo para viver e compartilhar experiências em família, porque assim podemos ter uma vida mais saudável e leve. Sair da rotina diminui o nível de ansiedade, pois a prática de atividades diferentes diminui os hormônios responsáveis pelo estresse e traz  uma sensação boa, de tranquilidade.

Com isso, organizar um passeio em família torna-se uma excelente opção para quem quer aproveitar um tempo de qualidade e, consequentemente, criar memórias afetivas com pessoas especiais.

O passeio em família vai muito além de conhecer novos lugares ou fazer algum tipo de viagem. A beleza do passeio consiste em estar com a família, aproveitar momentos extraordinários para estreitar os vínculos, uma vez que esse momento exige dedicação.Quando uma família decide fazer um passeio, seja ele curto ou longo, de bicicleta ou de avião, exige dos integrantes uma preparação e organização para que todos possam aproveitar cada instante. Fazer um levantamento financeiro, para que os gastos estejam dentro do orçamento, também é muito importante para que o passeio não se torne motivo de preocupação e perca sua finalidade.

Independente do destino, seja um resort, uma volta de bicicleta no parque, ou até mesmo uma ida ao cinema, esses momentos nos distanciam das realidades cotidianas, fazem com que tenhamos a oportunidade de exercitar a paciência, o respeito e a tolerância. Imprevistos podem acontecer, e saber lidar com essas situações fará toda diferença na experiência final do passeio, além de resultar em um vínculo familiar ainda mais sólido.

As férias escolares estão aí, e com elas uma grande oportunidade de dedicar um tempo de qualidade à família. Busque passeios que sejam significativos, que façam sentido para você e sua família. Diante de tanta correria, de buscas exaustivas por resultados, seja no trabalho ou na escola, oferecer tempo para quem é importante fará toda diferença, além de criar memórias felizes e fortalecer o sentimento de pertencimento e unidade.

 

Aline Tayná de Carvalho Barbosa Rodrigues é psicóloga escolar no Instituto Canção Nova, em Cachoeira Paulista (SP).

 

 




O Pronto Atendimento e o desafio do acolhimento na saúde

O trabalho dentro de um hospital é complexo devido a diversas camadas de atendimento que são necessárias para abranger as necessidades de todos os pacientes. É preciso gerenciar altas complexidades, como cirurgias de emergência e a necessidade de utilização de UTI, bem como demandas eletivas para procedimentos pré-agendados e consultas marcadas com especialistas. No entanto, é o fluxo do Pronto Atendimento (PA) que escancara o maior desafio da rotina hospitalar.

O Pronto Atendimento é o local que concentra queixas distintas de pacientes que buscam atendimento com graus de complexidade diferenciados. Em uma mesma porta de entrada, encontram-se pessoas com dor de cabeça, dor de garganta, diarreia, até pacientes com crises renais graves, dores agudas no peito e suspeita de infarto, confusão mental e a possibilidade de Acidente Vascular Cerebral, hemorragias. Por essas peculiaridades é que o Pronto Socorro (PS) é um setor altamente delicado de atendimento em saúde.

Ninguém procura o hospital se está bem. Todos possuem queixas legítimas, estão sensibilizados e precisam ser bem atendidos. No entanto, um paciente que está apenas com cefaleia simples, sem outros sinais de complicação, não terá prioridade frente a casos de pacientes com dor no peito, por exemplo. 

Uma das explicações para a grande demanda e complexidade de atendimento no PS é a falta de estrutura de qualidade nas Unidades Básicas de Saúde. Muitos dos pacientes que procuram o setor de emergência hospitalar têm queixas que deveriam ser atendidas em consultas da especialidade de família ou clínica médica. São atendimentos que deveriam ser realizados pela atenção básica em saúde. 

Há diversas campanhas governamentais, iniciativas municipais, principalmente, para alertar cidadãos sobre a busca mais efetiva de atendimento de saúde. Instituições particulares e beneficentes também têm se engajado, mas não é apenas a informação que precisa ser repassada de forma precisa. De nada adianta o cidadão saber aonde deve ir, se o atendimento não ocorre. São muitos os cenários em que o paciente busca atendimento no setor primário, mas não consegue uma consulta ou mesmo tem seu agendamento marcado para dali alguns meses, o que também dificulta o acompanhamento eficaz.

A própria relação dos brasileiros com a saúde também impacta nesse fluxo. Muitos pacientes não possuem mais um médico de referência, que conhece seu histórico de saúde e seria um ponto de contato nesses momentos e de distribuição da carga de atendimento. Assim, quando há alguma queixa ou algo que chama a atenção na saúde, é nos prontos atendimentos que eles buscarão apoio.

Para além de apontar dificuldades, é preciso buscar soluções. Investir em ferramentas de gestão do PA parece o melhor caminho. Uma triagem eficaz é ponto crucial para que isso ocorra. Os profissionais que estão à frente desta tarefa precisam ser muito bem treinados tecnicamente, mas também possuir habilidades comportamentais como paciência, empatia e boa tomada de decisões quando o cenário fica mais complexo.

Grande parte das instituições de saúde trabalha com o Protocolo de Manchester, que é um método de classificação para determinar quais são os atendimentos prioritários na emergência. Com ele, quem chega ao PA é identificado por cores, dependendo da urgência de atendimento. Pacientes com a cor vermelha devem ser atendidos imediatamente. Aqueles com a cor laranja exigem atenção, e devem ser atendidos com prazo de 10 minutos, aproximadamente. A cor amarela indica casos não imediatos, em que a espera pode chegar a 1 hora. A identificação verde é para pacientes menos graves, com espera estimada em 2 horas. E a cor azul é para quadros simples de saúde, com espera de até 4 horas. 

Esse protocolo foi inventado no início da década de 1990 e começou a ser implantado em hospitais do Reino Unido. O método é eficaz, mas, ao longo dos anos, vem dividindo experiências com outros formatos de classificação e atendimento. Um deles é o chamado Fast Track, conceito que abrange a necessidade de acelerar processos médicos e garantir celeridade no atendimento ao paciente. Para funcionar, é essencial que a avaliação no Pronto Atendimento seja criteriosa. 

Na prática, o Fast Track alivia a demanda no PS ao prever um espaço separado em que pacientes com menor complexidade são encaminhados. Nesse local, todos são atendidos com mais rapidez, já que as queixas são simples e preveem também protocolos mais fáceis de administrar. É como se houvesse a possibilidade de acelerar o atendimento a partir da identificação de que o problema de saúde não necessita de internação ou de intervenções invasivas. A ideia é trazer a eficiência como ponto central para o paciente, sem deixar de lado segurança, qualidade e atendimento especializado. 

Sabemos que daqui para frente outros tantos protocolos e iniciativas que buscam melhorar a experiência do atendimento do paciente surgirão. A inteligência artificial deve cada vez ser mais aplicada e servir como um apoio nesse sentido. A própria relação com a saúde vem mudando no mundo todo. Mas o que não vai mudar e precisamos ter clareza é que os pacientes estão ali em busca de acolhimento. Todos os pontos de melhoria e inovação devem buscar oferecer assistência e resolutividade que garantam a cada um que está ali ser visto em sua individualidade. Cada esforço que contribui para a otimização de recursos hospitalares e para a diminuição da pressão no sistema de saúde é válido. E o trabalho é coletivo. Precisamos todos — pacientes, profissionais e gestores — nos unirmos nesse caminho.

José Arthur Brasil é coordenador médico do Hospital São Marcelino Champagnat

Sobre o Hospital São Marcelino Champagnat

O Hospital São Marcelino Champagnat faz parte do Grupo Marista e nasceu com o compromisso de atender seus pacientes de forma completa e com princípios médicos de qualidade e segurança. É referência em procedimentos cirúrgicos de média e alta complexidade. Nas especialidades destacam-se: cardiologia, neurocirurgia, ortopedia e cirurgia geral e bariátrica, além de serviços diferenciados de check-up. Planejado para atender a todos os quesitos internacionais de qualidade assistencial, é o único do Paraná certificado pela Joint Commission International (JCI).




O conceito de Pessoa com Deficiência é a essência da Lei Brasileira de Inclusão

A Lei Brasileira de Inclusão (LBI) (Lei 13.146/2015), traz em seu artigo 2º um conceito revolucionário e humanizado sobre o que é ser uma pessoa com deficiência. Este artigo, em consonância com o artigo 1º da Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, incorporada ao ordenamento jurídico brasileiro como Emenda Constitucional através do Decreto 6.949/2009, desloca a deficiência da pessoa para o ambiente ou estrutura social.

A LBI define a pessoa com deficiência como aquela que possui limitações de ordem física, mental, intelectual ou sensorial e que, em interação com barreiras ambientais ou estruturais, apresenta dificuldades na participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. Esse deslocamento é fundamental para a compreensão de que, na verdade, a deficiência não está intrinsecamente na pessoa, mas sim nas barreiras que o ambiente ou a estrutura social impõem. Dessa forma, nunca uma pessoa é deficiente, mas sim os ambientes e estruturas sociais excludentes.

Esse entendimento é reforçado pelo parágrafo primeiro do artigo 2º da LBI, que determina que, quando necessário, a deficiência será avaliada por perícia biopsicossocial. Essa determinação significa que a deficiência não pode ser reduzida a uma mera avaliação médica. É necessário considerar as barreiras sociais que, em conjunto com as limitações apresentadas pela pessoa, impedem sua plena participação na sociedade. Essa abordagem, multidimensional e inclusiva, evidencia que a deficiência deve ser entendida como resultado da interação entre as características individuais e o ambiente.

A própria nomenclatura da lei, “Lei Brasileira de Inclusão”, demonstra que não se trata de um superficial compilado de direitos de pessoas com limitações. Trata-se de um arrazoado normativo que determina que a sociedade deve ser estruturada em bases inclusivas e justas. Reduzir as deficiências às limitações individuais é fechar os olhos para as conquistas alcançadas, muitas vezes à custa de muita luta e sacrifício, pelo movimento das pessoas com deficiência. Além disso, tal redução despreza toda a essência e autonomia dessas pessoas, trazendo para algumas delas a carga pejorativa e preconceituosa associada à deficiência.

É importante lembrar que a exclusão de certas parcelas populacionais enfraquece o potencial criativo presente na sociedade. Novas ideias florescem em ambientes diversos e plurais, onde óticas de mundo, muitas vezes conflitantes, se enfrentam e se enriquecem mutuamente. Sociedades excludentes possuem baixo potencial inovador e, assim, gradientes reduzidos de prosperidade e desenvolvimento.

Portanto, podemos afirmar que a inclusão social é necessária ao bem-estar de todos. Deficiente nunca é a pessoa, mas sim as barreiras impostas pela sociedade que impedem sua plena participação. A LBI nos convida a refletir e agir para construir uma sociedade mais justa, inclusiva e capaz de reconhecer e valorizar a diversidade humana em todas as suas formas.

 

André Naves é defensor público federal, especialista em Direitos Humanos, Inclusão Social e Economia Política. Escritor, professor, ganhador do Prêmio Best Seller pelo livro “Caminho – a Beleza é Enxergar”, da Editora UICLAP (@andrenaves.def).

 




Consequências da mudança climática no Brasil e no mundo: um chamado à ação

 

Nos últimos anos estamos testemunhando uma nova realidade mundial e local, muito em função das condições climáticas extremas. Desastres acontecendo, destruição ambiental e perda de vidas são a face mais cruel desse novo quadro.

Sendo parlamentar, também é minha responsabilidade não deixar esses problemas críticos de lado. Precisamos de ações ousadas e urgentes.

No Brasil e no exterior os desastres naturais estão se agravando. Botos morrem na Amazônia, macacos caem desfalecidos de árvores no México, idosos sofrem na Europa e nos Estados Unidos com fortes ondas de calor, incêndios consomem o Pantanal. E estes são apenas alguns dos visuais dramáticos dos terríveis efeitos da mudança climática.  O que está por vir? “Só ladeira abaixo”, podemos esperar, se nada for feito.

Lembrar também do Rio Grande do Sul, em que enchentes e alagamentos afetaram 2,3 milhões de pessoas, em eventos que não são meros acidentes naturais, são consequências diretas de um modelo de desenvolvimento econômico insustentável e da exploração desenfreada dos recursos naturais.

Mirando aqui no Oeste Paulista, somos testemunhas diretas dos efeitos das mudanças climáticas. O aumento da temperatura e a irregularidade nas chuvas afetam diretamente o cultivo – a atividade econômica mais importante de nossa região.

Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, os níveis de dióxido de carbono atmosférico aumentaram cerca de 15% nos últimos quarenta anos. É 31% mais alto do que seus níveis pré-Revolução Industrial. É o efeito estufa se fazendo presente. Outros gases como metano e óxido nitroso também cresceram acentuadamente, resultando no fenômeno do aquecimento global.

Todos esses gases são significativos no aquecimento global. O ciclo do carbono, tão vital para a vida no planeta Terra, está de fato sendo perturbado por processos humanos como queima de combustíveis fósseis e desmatamento.

Acredito que nosso papel é promover políticas públicas que combatam as mudanças climáticas. Devemos estabelecer grandes programas de reflorestamento e conservação, especialmente na Amazônia e no Pantanal. Devemos encorajar o uso de energias renováveis, como solar e eólica, para que nossa dependência de combustíveis fósseis seja reduzida.

Também é preciso investir em campanhas de educação e conscientização para que as pessoas saibam da necessidade de viver de maneira sustentável e se comportar de maneira ecologicamente responsável. Precisamos de regulamentação ambiental mais rígida e fiscalização para frear a destruição da floresta.

É necessário ainda construir infraestruturas robustas e medidas de adaptação para povos vulneráveis a eventos climáticos severos. O financiamento de pesquisas em tecnologias limpas e medidas de atenuação das mudanças climáticas pode ser essa resposta criativa. A pesquisa e a troca de conhecimentos com outros países e organizações do mundo para combater a mudança climática podem ser um plano a ser seguido.

Enfim, o fato de as mudanças climáticas estarem ocorrendo, por si só já é uma situação alarmante, e pede a tomada de medidas imediatas. Os eventos extremos do último ano são um lembrete dramático do impacto das atividades humanas em nosso planeta.

Como deputado, estou comprometido em buscar medidas decisivas para mitigar esses impactos e proteger o futuro das próximas gerações. A sobrevivência do nosso planeta depende de nossas ações coletivas e urgentes. O tempo de agir é agora.

 

Mauro Bragato é deputado estadual-SP




A revolução do diálogo em favor do desenvolvimento

 

A Revolução Constitucionalista de 1932, corajoso movimento de São Paulo contra o governo ditatorial de Getúlio Vargas e em favor do Estado de Direito, cujos 92 anos celebram-se em 9 de julho, contou com o apoio da indústria paulista. As fábricas alteraram suas linhas de produção para fornecer material às tropas. Nossas entidades de classe, à época unificadas, organizaram a distribuição dos materiais e linhas de suprimentos, mobilizaram recursos e financiamento e proveram apoio logístico aos soldados.
São Paulo foi derrotado nos campos de batalha, tendo capitulado em outubro de 1932, mas a causa foi vencedora. Após a revolução, Getúlio Vargas convocou uma Assembleia Constituinte, resultante na promulgação da Constituição de 1934, que estabeleceu direitos e garantias individuais, além de instituir o voto secreto e o sufrágio feminino. Foi um avanço significativo, mas não o suficiente para garantir a consolidação da democracia. Desde então, o Brasil viveu momentos de grande efervescência política.
No hiato de tempo desde 1932, tivemos episódios de grande impacto, como a renúncia de Jânio Quadros, em 1961, outro regime de exceção, de 1964 a 1985, o impeachment de dois presidentes da República e, mais recentemente, a invasão com vandalismo à sede dos Três Poderes, em Brasília, em 8 de janeiro de 2023.

Nossa democracia parece sólida, tendo como grande guardiã a Constituição de 1988, mas, como demonstrou a História, precisamos estar atentos, pois não basta conquistar a liberdade política; é preciso cultivá-la a cada dia. Queremos um Brasil cada vez mais unido, com a prevalência do diálogo, do debate político civilizado e da discussão das ideias com foco no desenvolvimento. Por isso, é temerária a polarização exacerbada e agressiva que se mantém no País, com discursos de ódio e temática alheia aos interesses maiores de nosso povo.
Não é este o caminho mais adequado ao progresso. As divergências ideológicas e partidárias são muito saudáveis na democracia e contribuem para o aperfeiçoamento de políticas públicas e adoção de medidas capazes de impulsionar o crescimento econômico sustentado, inclusão e mais harmonia social. Temos pautas fundamentais para consolidar essas metas, como a regulamentação da reforma tributária, a aprovação da administrativa, a transição energética e descarbonização dos sistemas produtivos, o combate à insegurança pública e jurídica, a melhoria da educação e saúde, ganhos de produtividade e competitividade e a digitalização da economia. Discursos truculentos, discussões paralelas a esses propósitos prioritários e questões pequenas diante da grandeza do Brasil são muito prejudiciais ao projeto de construirmos um próspero e avançado país. Mais do que nunca, precisamos de uma grande revolução do diálogo e do entendimento, de posturas republicanas no debate político-partidário e de muito civismo na discussão das políticas públicas. Numa conjuntura civilizatória na qual não cabem mais mobilizações armadas, golpes de Estado e quaisquer atos de exceção, tornam-se prementes o diálogo e o debate salutar, numa construtiva divergência de propostas em favor do Brasil.
Lutamos pela democracia em 1932, a reconquistamos de modo pacífico em 1985 e a consolidamos na Constituição de 1988. Agora, precisamos preservá-la e convertê-la em desenvolvimento, paz social e bem estar para todos os brasileiros.

Rafael Cervone é presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) e primeiro vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp)




Por que temos de sofrer as consequências do pecado de Adão e Eva?

Todos nós, seres humanos, fomos criados de tal modo, que podemos livremente eleger um dentre os possíveis caminhos que temos adiante, inclusive com a terrível capacidade de negarmos o nosso próprio Criador.

Realmente, é impressionante a liberdade humana! Deus nos cria com essa capacidade de eleição, preferindo o risco de que O neguemos, a querer obrigar-nos a amá-Lo por coação. Deseja, assim, que o amemos livremente, como filhos, e não como escravos.

Observando nossa história pessoal, não é difícil perceber que a cada escolha que fazemos nos tornamos responsáveis por suas implicações. Quando preferimos o pecado à vontade de Deus, inevitavelmente experimentamos seus amargos efeitos, e é justo que seja assim. Mas o que dizer quando as consequências do pecado de uma outra pessoa passa a ser, de algum modo, atribuído também a nós? Por que temos de sofrer as consequências do pecado de Adão e Eva, nossos primeiros pais?

Com efeito, afirma São Paulo: “Como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim a morte passou a todo o gênero humano, porque todos pecaram” (Rm 5,12). Nossos primeiros pais pecaram gravemente. Abusando de sua liberdade, desobedeceram aos desígnios originais do Criador, não guardaram Seu mandamento. Nisso consistiu o primeiro pecado do homem (cf. Rm 5,19), através do qual perderam o estado de santidade. O pecado entra na história, portanto, não procedendo de Deus, mas do mal uso da liberdade do homem.

Embora esse primeiro pecado tenha sido um ato pessoal de Adão e Eva, existe uma tal solidariedade entre os homens, de modo que este pecado afeta a todos nós, como afirma o Catecismo da Igreja Católica (cf. n. 404):

“Todo o gênero humano é, em Adão, «sicut unum corpus unius hominis – como um só corpo dum único homem». Em virtude desta «unidade do gênero humano», todos os homens estão implicados no pecado de Adão, do mesmo modo que todos estão implicados na justificação de Cristo. Todavia, a transmissão do pecado original é um mistério que nós não podemos compreender plenamente. Mas sabemos, pela Revelação, que Adão tinha recebido a santidade e a justiça originais, não só para si, mas para toda a natureza humana; consentindo na tentação, Adão e Eva cometeram um pecado pessoal, mas esse pecado afeta a natureza humana que eles vão transmitir num estado decaído”.

Para distinguir a relação que se dá entre Adão e Eva, e cada um de nós com o pecado original, os teólogos utilizam duas expressões bastante elucidativas: “pecado original originante” (para referir-se ao pecado daqueles, um pecado cometido diretamente pelos nossos primeiros pais), e “pecado original originado” (para referir-se ao pecado original com o qual todos nascemos, um pecado próprio de cada um, mas não cometido pessoalmente por nós, senão contraído em virtude de nossa natureza). O “pecado original originado” – o pecado original em nós – é chamado de “pecado” de maneira análoga. Trata-se do estado de perda com o qual todos nós nascemos daquela santidade original com a qual Deus havia criado o homem. Este estado não se transmite por imitação dos maus exemplos dos nossos antecessores, mas por propagação, afetando diretamente a nossa natureza. Já nascemos assim.

Agora, se por um lado em Adão todos pecaram, continua o Apóstolo, “pela obediência de um só todos se tornarão justos”. Em Cristo, o novo Adão, todos temos acesso à santidade. Por meio do sacramento do Batismo, a redenção alcançada pelo Senhor Jesus Cristo com sua Cruz e Ressurreição é aplicada a cada um de nós, e nos tornamos livres do pecado original, orientados novamente para Deus, embora as consequências deste pecado – não o pecado original – persistirão em nós, e exigirão até o fim de nossa vida um intenso combate espiritual para vivermos de forma coerente com esta nova vida divina que nos vem por este sacramento.

Padre Demétrio Gomes é articulista do canal formacao.cancaonova.com, pároco, e  vigário judicial do Tribunal Eclesiástico Interdiocesano de Niterói (RJ). Administra também o website Presbíteros (presbiteros.org.br), para a formação do clero católico.




Cashback da reforma tributária precisa ser bem definido para garantir a prosperidade da população mais carente

A energia elétrica é um insumo fundamental para o desenvolvimento de um país e pode ser também uma aliada importante na luta pela redução das desigualdades. Estudos do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV Social), liderados pelo economista Marcelo Neri, indicam que a energia elétrica é o bem que dá maior contribuição à transformação na vida das pessoas. Ela é essencial para garantir acesso à educação, à saúde, à cultura, a uma alimentação mais saudável e ao conforto e bem-estar, todos esses elementos que permitem o ganho de qualidade de vida de cada um.

Hoje, no país, a tarifa social beneficia aproximadamente 17 milhões de residências de famílias baixa renda, todas elas inscritas no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico) com renda familiar mensal de até um salário-mínimo por pessoa (R$ 1.412).

Agora, temos no Brasil a oportunidade de catalisar o benefício da tarifa social a partir do debate que vai detalhar a nossa transição para a reforma tributária, aprovada no Congresso no ano passado. Para isso, é fundamental que seja definido o regramento do cashback, uma inovação trazida pela reforma para beneficiar os brasileiros que mais precisam prosperar.

A instituição do cashback tornará o benefício indireto, e vai garantir o reembolso a quem tem direito ao desconto, e não mais o desconto em si. No entanto, para uma família atendida pela tarifa social, pagar uma conta de luz com tarifa de energia integral para receber o reembolso posteriormente é uma manobra que pode comprometer as atividades mais básicas, como alimentação e transporte.

Da mesma forma, o pagamento de benefícios sociais semelhantes dado a outras tarifas de serviços básicos, como fornecimento de água e captação de esgoto e também a venda ou fornecimento de gás residencial.

Para evitar que a dinâmica para garantir o benefício se torne um desafio a essas famílias, é essencial que o regramento do cashback seja definido de forma clara e simples, prevendo o reembolso integral, instantâneo e simultaneamente ao pagamento da conta, ou seja, no momento da cobrança da operação quando se tratar de fornecimento de energia elétrica, água, esgoto e gás natural.

Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) mostram, por exemplo, que uma redução de 10% no valor da tarifa impacta diretamente no aumento do Produto Interno Bruto (PIB) em 0,45% por ano, no mínimo. Ou seja, a redução da tributação sobre o fornecimento de energia elétrica influi diretamente no aumento da riqueza circulando na nossa sociedade e nas mãos das famílias, permitindo que elas usem seus recursos para outras atividades essenciais, como alimentação de melhor qualidade, acesso à informação e saúde e formação da cidadania.

O Brasil precisa de instrumentos claros e eficazes para reduzir desigualdades e a reforma tributária será uma excelente ferramenta para auxiliar a nossa sociedade com esse objetivo. Para isso é fundamental que a população mais carente possa usufruir do benefício social e tributário de forma simples, direta e imediata, sem percursos e burocracias, no momento do pagamento da conta. Esse é o caminho para garantir o desenvolvimento do País e para reduzir a nossa desigualdade social.
Wagner Ferreira é diretor institucional e jurídico da Abradee

 




Sem deixar ninguém para trás: a inclusão laboral das pessoas diversas

 

As nações que adotaram os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas como o caminho para uma sociedade mais justa, equitativa e próspera, assumiram o compromisso de “não deixar ninguém para trás”, uma declaração cheia de significado para a comunidade LGBTQIA+, população que tem sofrido discriminação e desconhecimento de seus direitos por muito tempo.

A Arcos Dorados, como empresa que fundamenta sua estratégia de impacto econômico, social e ambiental nos ODS, reconhece a diversidade como um valor e não como uma obrigação. Por isso, impulsionou a criação em 2021 da Rede Orgulho Arcos, dentro do Comitê de Diversidade e Inclusão, uma iniciativa coletiva com representantes de diferentes geografias, disciplinas, níveis hierárquicos, identidades sexuais e etnias; com a missão de promover e fomentar um espaço livre e seguro para a população LGBTIQA+ em nossa companhia, que resguarde o pleno desenvolvimento de todas as pessoas conforme sua identidade sexual, permitindo a cada uma prosperar e alcançar sua maior realização pessoal e profissional.

A Rede Orgulho Arcos teve importantes avanços nos ambientes onde operamos, com conquistas que vão desde tornar visível o talento que se identifica como sexualmente diverso, até desenvolver iniciativas que educam e sensibilizam nossa equipe de trabalho sobre a diversidade de identidades sexuais para fomentar espaços de trabalho seguros e respeitosos com as pessoas que fazem parte dessa comunidade.

Uma das principais contribuições da Rede, que está disponível para qualquer empresa que deseje consultá-la como referência, é o Guia de Diversidade Sexual da Arcos Dorados, cujo objetivo final transcende a mera explicação de conceitos e termos biológicos e culturais. Foca-se em criar um ambiente onde falar de diversidade sexual é falar do cotidiano, ou seja, poder conversar sobre as atividades diárias, expressar-se e vestir-se de acordo com o que cada pessoa sente ser, nomear-se e ser nomeado conforme isso; como parte dos temas usuais em qualquer espaço de trabalho.

Esse guia é complementado com ações como a implementação de uniformes sem distinção de gênero para os funcionários dos nossos restaurantes, cuja escolha foi feita por meio de uma pesquisa na qual participaram mais de 34.000 colaboradores, e de banheiros sem designação de gênero. Também trabalhamos em parceria com organizações da sociedade civil e mecanismos governamentais para promover o respeito aos direitos das pessoas sexualmente diversas em países como Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, México, Panamá e Uruguai.

Neste Mês do Orgulho, as empresas devem demonstrar com credenciais que o apoio à diversidade, neste caso à comunidade LGBTQIA+, é um trabalho diário e um compromisso real em suas políticas e práticas. Assim, asseguramos o respeito às pessoas, tal como são, valorizando suas contribuições acima das diferenças, porque da diversidade, nascem a criatividade e o progresso.

Marlene Fernández, vice-presidente de Relações Governamentais e Líder do Comitê de Diversidade e Inclusão da Arcos Dorados, empresa que opera o McDonald’s em 20 países da América Latina e do Caribe




Documentação: o pilar da segurança privada

 

A segurança privada é essencial na proteção de pessoas, propriedades e informações em diversos contextos, desde empresas até eventos públicos. A emissão de documentos apropriados é crucial para garantir que os profissionais da segurança privada desempenhem suas funções de maneira eficaz e conforme as regulamentações legais. Esses documentos validam a competência e a legalidade dos profissionais, além de contribuírem para a confiança do público e a eficiência das operações de segurança.

A emissão de documentos, como certificados de treinamento e licenças, garante que os profissionais de segurança tenham a formação adequada e possuam as habilidades necessárias. Programas de treinamento abrangem procedimentos de emergência, uso de equipamentos de segurança, técnicas de vigilância e habilidades interpessoais. A certificação após esses programas prova que o profissional possui o conhecimento exigido para atuar na área de segurança privada.

A segurança privada é uma área regulamentada, e a conformidade com as leis é essencial. A emissão de licenças e registros assegura que os profissionais de segurança operem dentro da legalidade. Esses documentos são exigidos por autoridades governamentais e órgãos reguladores para verificar se os profissionais cumprem os requisitos mínimos. A falta de documentação apropriada pode resultar em penalidades legais e até na suspensão das atividades de segurança.

A posse de documentos oficiais, como licenças e certificados de treinamento, aumenta a confiança e a credibilidade dos profissionais de segurança privada perante seus empregadores e o público. Clientes e empresas contratantes sentem-se mais seguros ao saber que estão lidando com indivíduos devidamente verificados e autorizados. Isso é especialmente importante em setores onde a segurança é crítica, como bancos, aeroportos e grandes eventos públicos.

Documentos como registros de treinamento contínuo e relatórios de avaliação de desempenho ajudam a garantir a eficiência operacional das equipes de segurança privada. Manter registros detalhados permite aos empregadores monitorar o desenvolvimento profissional de seus funcionários, identificar áreas que necessitam de melhoria e garantir que todos estejam atualizados com as melhores práticas e novas tecnologias de segurança. Isso contribui para uma operação mais coesa e eficaz, onde cada membro da equipe está preparado para lidar com diferentes situações.

Em caso de incidentes de segurança, a existência de documentação adequada é vital para a investigação e para a responsabilização. Registros detalhados de treinamento, licenças e relatórios de atividades podem ser utilizados para verificar a adequação das ações dos profissionais de segurança durante o incidente. Além disso, a documentação pode servir como evidência em processos legais, ajudando a esclarecer responsabilidades e proteger tanto os profissionais de segurança quanto seus empregadores.

A emissão de documentos para profissionais da segurança privada contribui para a manutenção da ordem, da legalidade e da eficiência na indústria de segurança. Garantir que os profissionais estejam qualificados, licenciados e continuamente treinados protege os interesses das empresas e do público e eleva os padrões da profissão como um todo.

As soluções para documentação de segurança estarão na ISC Brasil, de 03 a 05 de setembro, no Distrito Anhembi. Saiba mais em www.iscbrasil.com.br

Jacqueline Gagliano, gerente da ISC Brasil