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Importância das Organizações Sociais de Saúde para sustentabilidade do SUS

 

O Sistema Único de Saúde (SUS) passa por importantes avanços na oferta de atendimento público de saúde. A participação das Organizações Sociais de Saúde (OSS) tem trazido melhorias significativas ao acesso e à qualidade dos serviços de saúde pública, especialmente em regiões mais periféricas com alto adensamento demográfico, onde há uma procura elevada por atendimentos, inclusive de alta complexidade.

Considerado um dos maiores e mais complexos sistemas de saúde do mundo, o SUS é utilizado pela maioria dos brasileiros. Uma pesquisa de 2019 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indica que, 70% da população procuram atendimento na rede pública quando apresentam algum problema de saúde. O resultado do levantamento foi demonstrado na Pesquisa Nacional de Saúde1 (PNS) e representa cerca de 150 milhões de pessoas.

Um outro levantamento, feito pelo Instituto Datafolha2 em 2023, aponta que a rede municipal de saúde da cidade de São Paulo é um dos serviços mais bem avaliados pelos paulistanos em razão dos avanços na informatização da rede, com foco na promoção de cuidado na Atenção Básica. A modernização da gestão pública na Saúde tem como importante pilar o trabalho das OSS, em parceria com o SUS e a administração pública.

As organizações sociais geralmente contam com equipes de gestão altamente qualificadas e especializadas em administração de saúde. E uma gestão mais profissionalizada ajuda a melhorar a eficiência operacional, a alocar recursos de forma mais eficaz e reduzir desperdícios, e a implementar melhores práticas de governança, beneficiando todos os pacientes que buscam a unidade pública de saúde.

Outro diferencial é que as OSS têm mais flexibilidade para tomar decisões rápidas e implementar novos protocolos de atendimento que tornem a jornada do paciente mais fluída. Isso resulta em processos mais ágeis e adaptáveis, algo crucial para lidar com as demandas emergentes e as mudanças nas necessidades dos usuários.

As Organizações Sociais de Saúde trouxeram para a rede pública protocolos de tratamento atualizados, novos métodos de gestão e a maior facilidade para introduzir inovações nos serviços de saúde e acelerar o processo de transformação digital. Esse conjunto de ações contribui para a melhoria constante da qualidade dos serviços prestados pelo SUS.

No caso do Instituto de Responsabilidade Social Sírio-Libanês (IRSSL), responsável pela gestão de 10 unidades públicas de saúde em São Paulo, há um esforço permanente para ampliar parcerias estratégicas com outras instituições de saúde, universidades, empresas e organizações da sociedade civil, para ampliar cada vez mais o acesso à experiência clínica e às melhores práticas em gestão. A participação das OSS em estudos e ensaios clínicos, por exemplo, permite que os pacientes tenham acesso a tratamentos inovadores, além de contribuir para o avanço do conhecimento médico e científico na rede pública.

Com a colaboração do IRSSL, os profissionais de saúde podem ter acesso a programas de educação e capacitação, por meio de cursos, workshops e treinamentos práticos, para atualizar suas habilidades e conhecimentos. Prova disso é o Simpósio Científico de 2023 do IRSSL, realizado em novembro, que abordou temas relevantes como diversidade e inclusão no SUS, impacto das mudanças climáticas e sociais na saúde, tecnologia e saúde na era digital, a formação dos profissionais de saúde, entre muitos outros.

Sabemos que a busca pela sustentabilidade do sistema público de saúde é um desafio complexo, mas para conseguirmos avançar diante das adversidades o Instituto de Responsabilidade Social Sírio-Libanês define diversas estratégias para promover a inovação e a pesquisa em saúde e a capacitação de líderes e gestores, com foco na melhoria contínua dos atendimentos e tratamentos oferecidos pelo SUS.

Algumas OSS enfrentam resistência por parte dos profissionais de saúde e sindicatos para introduzir novos modelos de gestão. É importante envolver esses grupos de forma colaborativa nas discussões desde o início do processo de implementação e comunicar de forma clara os benefícios da parceria, para garantir o apoio necessário. O paciente será sempre o grande beneficiado deste consenso de opiniões.

O sucesso das OSS no avanço do acesso e da qualidade dos serviços de saúde está sujeito a diversos fatores, incluindo o contexto político, regulatório e socioeconômico em que operam, bem como a qualidade da gestão e o compromisso com os princípios de equidade e universalidade do SUS, para que todos os cidadãos brasileiros, sem qualquer tipo de discriminação, tenham acesso às ações e serviços de saúde.

Para superar esses desafios e maximizar os benefícios para a população atendida, é fundamental promover uma abordagem colaborativa e participativa, envolvendo todos os stakeholders relevantes, incluindo gestores de saúde, profissionais de saúde, usuários do SUS, organizações da sociedade civil e setor privado. O objetivo é proporcionar os mais altos padrões de qualidade e segurança, o que pode envolver a implementação de sistema de monitoramento e avaliação, a adoção de protocolos de segurança e a participação ativa dos usuários na melhoria contínua dos serviços de saúde.

Além disso, é importante garantir um ambiente regulatório claro e favorável, investir em capacitação e desenvolvimento de recursos humanos e promover a transparência e a prestação de contas em todas as etapas da parceria entre as OSS e o SUS. A obtenção de resultados mensuráveis e eficiência na prestação dos serviços pode levar a uma maior ênfase na prevenção de doenças, gestão de doenças crônicas e coordenação do cuidado, resultando em uma população mais saudável e redução dos custos a longo prazo.

Um dos indicadores de sucesso das OSS é a certificação da Organização Nacional de Acreditação (ONA), baseada em rígidos padrões de qualidade, segurança e gestão integrada, revisados periodicamente. A maioria das unidades sob gestão do IRSSL já possuem certificação nível 3, o mais alto da Acreditação, que confere a excelência do serviço prestado. O propósito do Instituto de Responsabilidade Social Sírio-Libanês é levar a excelência administrativa e operacional, já reconhecida no setor privado, às esferas municipais e estaduais. O desafio da sustentabilidade na saúde pública tende a tornar-se cada vez mais acentuado, cabe a nós como gestores buscar de forma incessante soluções que melhorem o alcance e a qualidade dos atendimentos no SUS.
Adolfo Martin da Silva é diretor adjunto do Instituto de Responsabilidade Social Sírio-Libanês, gestão da OSS IRSSL.




Diocese de Assis

 

Tentar entender o mistério da Santíssima Trindade é a mais cabal prova da petulância humana diante de Deus. Sequer entendemos o mistério, a razão da nossa existência! Então mistério é mistério; se respeita até que a graça, o dom da sabedoria e do entendimento nos permitam penetrar, aceitar, venerar e, oxalá, um dia compreender. O fato que hoje temos é que o Espírito de Deus age em nós através das revelações de seu Filho, sob as bênçãos do Pai que nos ama e governa. Portanto, “toda autoridade me foi dada”… Portanto, “ide e fazei discípulos”… Portanto, “estarei convosco todos os dias”… (Mt 28,16-20).

Eis o tripé da nossa missão! Acreditar na autoridade divina, fazer novos discípulos e observar seus mandamentos, suas ordens. Sem isso, perdemos a razão do existir, tornando-nos  bestas-feras, órfãos de pai e de mãe, incapazes de dar um significado maior à razão da nossa existência e, principalmente, à missão nela embutida. O que não podemos ignorar é que a missão redentora de Cristo agora também é nossa..         Que Ele continua a agir, “está no meio de nós”, mas sua autoridade missionária emana do Pai e usa de seu Espírito santificador para também agirmos como outros Cristos no mundo, dando continuidade à obra da restauração humana. “Sem mim nada podeis fazer”, nos lembrou um dia. Mas cruzar os braços diante de tanto a se fazer é ignorar sua presença e sua ação entre nós e em nós.

Esse é o grande desafio missionário da Igreja no mundo. Confiar nas promessas de Deus, “agir como Jesus agia, amar como Jesus amava”, conforme canta Pe. Zezinho , é deixar agir a Santíssima Trindade em nós, tornando-nos partícipes da construção do mundo novo que tanto sonhamos. Para isso, a inserção nossa no mistério da redenção e reconciliação humana com seu Criador exige a observância “de tudo o que vos ordenei”, nos ensina Jesus. Ou, como bem nos lembra o apóstolo: “O próprio Espírito se une ao nosso espírito para nos atestar que somos filhos de Deus. E se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e coerdeiros de Cristo” (Rm 8, 16-17). Também participamos da comunhão trinitária, do mistério que reconcilia criatura e Criador. Louvado seja Deus. Louvado sejam seus filhos diletos! Louvado seu espírito santificador, capaz de nos fazer agentes de transformação, outros cristos, semideuses num mundo que dele se distancia.

O mistério da Santíssima Trindade deixará de ser esse mistério todo quando a criatura aceitar sua total dependência da seiva criadora, aquela cujo “Espirito dá a vida e procede do Pai e do Filho”. A unção pentecostal nos prova a necessidade de também vivenciarmos essa experiência trinitária entre nós. Corpo, alma e graça santificante. Nosso corpo, nossa realidade temporal. Nossa alma, o maior dos tesouros dos que se descobrem “filhos” diletos do Pai. E a graça santificante, a força espiritual que um dia livrará nossos corpos e almas da condenação eterna. Assim alcançaremos a plenitude da vida trinitária em Deus.  E nova vida…”a vida do mundo que há de vir”.

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]




ESPAÇO  ESPÍRITA

Comece orando. A prece é luz na sombra em que a doença se instala.

Semeie alegria. A esperança é alegria no coração.

Fuja da impaciência. Toda irritação é desastre magnético, de consequências imprevisíveis.

Guarde confiança. A dúvida deita raios de morte.

Não critique. A censura é choque nos agentes da afinidade.

Conserve a brandura. A palavra agressiva prende o trabalho na estaca zero.

Não se escandalize. O corpo de quem sofre é objeto sagrado.

Ajude espontaneamente para o bem. Simpatia é cooperação.

Não cultive os desafetos. Aversão é calamidade vibratória.

Interprete o doente qual se fosse você mesmo. Toda cura espiritual lança raízes sobre a força do amor.

Lourival Silveira

De Passagem Semeando Amor

USE  INTERMUNICIPAL  DE  ASSIS

ÓRGÃO  DA  UNIÃO  DAS  SOCIEDADES  ESPÍRITAS  DO  ESTADO  DE  SÃO  PAULO




iPhone 16: lançamento, preço, modelos e mais

 

O universo da tecnologia móvel está em constante evolução, e a Apple, como uma das principais inovadoras no ramo, traz anualmente novidades que capturam a atenção do mercado e dos consumidores. O iPhone 16 é um dos dispositivos mais aguardados de 2024, e neste artigo, você encontrará informações detalhadas sobre tudo o que precisa saber a respeito desse lançamento tão esperado.

Data de Lançamento e Disponibilidade

A Apple tem mantido um cronograma consistente para o lançamento iphone 16 como em lançamento de Iphone15com eventos geralmente ocorrendo em setembro. É esperado que o iPhone 16 siga essa tradição, com um anúncio oficial no início de setembro de 2024 e uma disponibilidade no mercado que pode ocorrer aproximadamente uma semana e meia após a apresentação.

Preço

Embora a Apple ainda não tenha divulgado oficialmente os preços do iPhone 16, especula-se que a estratégia de precificação seguirá padrões anteriores, ajustados à inflação e aos custos de produção. Dessa forma, os modelos padrão provavelmente terão um preço de entrada, enquanto os modelos Pro e Pro Max terão valores mais elevados, refletindo suas características avançadas.

Modelos e Diferenças

iPhone 16

O iPhone 16 padrão é o modelo base da nova linha. Espere um aparelho com um equilíbrio entre qualidade e custo, oferecendo as principais inovações da Apple sem os recursos adicionais dos modelos superiores.

iPhone 16 Plus

Para aqueles que preferem telas maiores, o iPhone 16 Plus preencherá essa necessidade. Com expectativa de compartilhar a maioria das especificações de hardware com o modelo padrão, seu diferencial será o tamanho da tela e, possivelmente, uma bateria de maior capacidade devido ao espaço interno ampliado.

iPhone 16 Pro

O iPhone 16 Pro é projetado para usuários que buscam um desempenho superior. Este modelo geralmente apresenta melhorias significativas no sistema de câmeras e em outros recursos como a qualidade da tela e materiais de construção.

iPhone 16 Pro Max

O iPhone 16 Pro Max é o ápice da linha, oferecendo a maior tela e as melhores especificações de hardware disponíveis, incluindo o sistema de câmeras mais avançado da série.

Características Técnicas

Tela

Espera-se que a Apple continue aprimorando a qualidade das telas em seus dispositivos, com rumores apontando para a adoção de novas tecnologias que ofereçam brilho mais intenso e cores mais precisas.

Processador

O coração do iPhone 16 deverá ser um novo chip, possivelmente denominado A18 Bionic, que prometerá um desempenho ainda mais veloz e eficiente que seu antecessor.

Memória e Armazenamento

Variações em capacidade de armazenamento são esperadas para atender diferentes necessidades e orçamentos, com modelos que podem iniciar com 128GB e alcançar até 1TB no modelo mais avançado.

Bateria

A duração da bateria é uma preocupação constante dos usuários, e a Apple pode trazer avanços tanto no tamanho das baterias quanto na eficiência energética do hardware e do sistema operacional para atender a essa demanda.

Câmeras

Como mencionado no briefing, uma evolução significativa é esperada no conjunto de câmeras do modelo Pro Max, que pode incluir novos sensores e tecnologias para melhorar ainda mais a fotografia móvel.

iOS 18

O iPhone 16 virá com o iOS 18 pré-instalado, oferecendo novos recursos e melhorias na usabilidade, privacidade e segurança. Este sistema operacional será o pilar para explorar o potencial completo do hardware.

Rumores e Vazamentos

Os vazamentos são uma constante na indústria, e com o iPhone 16 não é diferente. Imagens, especificações e até mesmo possíveis novos recursos circulam na internet, criando expectativas e antecipações sobre o que a Apple pode revelar.

Considerações Finais ao Comprar um Novo iPhone

O que procurar

Ao comprar um novo iPhone, é necessário avaliar o modelo, especificações técnicas, capacidade de armazenamento, qualidade da câmera e recursos do sistema operacional iOS 18.

Benefícios

Os benefícios de adquirir um iPhone 16 incluem acesso à tecnologia de ponta, atualizações constantes de software, suporte técnico Apple e uma experiência de usuário premium.

Diferenças

Comparado aos seus predecessores, o iPhone 16 trará melhorias em desempenho, fotografia, segurança e poderá introduzir novidades exclusivas.

Itens Inclusos

Ao comprar um iPhone 16, espera-se receber o dispositivo, carregador, cabo de dados, fones de ouvido (dependendo do modelo) e a documentação necessária.

Apple Footer

A Apple se orgulha de oferecer produtos e serviços de alta qualidade, e o iPhone 16 não será exceção. Com uma atenção meticulosa aos detalhes e ao design, espera-se que a nova geração de iPhones eleve ainda mais o padrão de excelência da marca.

A expectativa em torno do iPhone 16 é alta, e os consumidores brasileiros estão ansiosos para conhecer todas as inovações que a Apple tem reservado para 2024. Fique atento para mais atualizações e prepare-se para a próxima revolução em smartphones.

 

Álvaro Lordelo

 




Os desafios da luta antirracista X o papel da lei e da sociedade

 

Como mulher cis gênero e negra, assumo que falar sobre racismo é uma necessidade diária e constante, mas é como advogada especialista em Direito do Trabalho que assumo completamente meu lugar de fala para afirmar que a busca pela igualdade racial não é uma questão ideológica e sim uma missão constitucional.

Com base no histórico da luta contra a discriminação racial no Brasil, que passou a configurar crime somente a partir da Lei no 7.716/1989, observamos o quão recente é a evolução dessa questão, frente aos quase 400 anos de escravidão no país. E, mesmo diante de tamanha discrepância, precisamos nos concentrar neste tempo presente, no momento em que a Constituição avança para desconstruir o conceito de racismo estrutural que ainda oprime e segrega a população preta.

Recentemente, tive a honra de conduzir um projeto valioso para a comunidade do Direito. Como conselheira da Associação dos Advogados (AASP), coordenei, ao lado do colega Cristiano Scorvo Conceição, uma das mais relevantes publicações do meio no país – a Revista do Advogado, que trouxe à tona os desafios e caminhos para a igualdade racial além dos limites da advocacia. Essa é a primeira vez que o tema é abordado de forma tão completa nesta publicação, e fico orgulhosa de fazer parte desse marco histórico de uma associação que vem assumindo, cada vez mais, a conduta antirracista como um importante pilar institucional.

Para que a abrangência ao tema fizesse jus à crescente necessidade do enriquecimento do debate em todos os âmbitos que impactam a sociedade atual, convidamos um grupo de profissionais a discorrer sobre o racismo sob a ótica de cada área. O resultado foi um compilado de 22 artigos com conteúdos que servirão, sem dúvida, para ampliar o diálogo sobre as questões raciais em todas as esferas. Afinal, é preciso falar mais e mais. Até que chegue o dia em que não seja mais necessário falar.

Sei que é um pouco utópico da minha parte acreditar em um cenário futuro de completa igualdade racial no país, mas não deixo de acreditar no poder do esclarecimento, do conhecimento e do combate à desinformação para que realmente possamos enfrentar os impactos do preconceito.

O primeiro passo para isso é reconhecer que somos um país racista, construído pela perspectiva de dominação, onde a cor da pele é um fator crucial de diferenciação para o acesso, por exemplo, à educação, à saúde e ao mercado de trabalho. Hoje, a população negra tem direitos garantidos por lei, mas continua encontrando barreiras para o seu desenvolvimento. Basta olharmos ao redor para entender que a representatividade ainda é deficitária em espaços de poder, cargos de liderança nas empresas, entre outros ambientes ocupados pela população branca na sua maioria.

Quando fazemos o recorte de gênero, a situação fica ainda mais evidente: são, ainda, as mulheres negras a maioria em condições de trabalho desprotegido ou de subutilização. Além disso, somos minoria na ocupação de cargos de gestão.

Para mudar essa realidade, precisamos avançar na efetividade do cumprimento das leis e ampliação de ações afirmativas voltadas para essa parcela da população. E, sobretudo, é preciso que toda a sociedade se una em favor de um futuro mais igualitário e justo para todos.

Por Patrícia Souza Anastácio, Advogada/ Conselheira da AASP/ Membra da Associação Nacional dos Advogados Negros (ANAN).




O preconceito que condena

 

O programa Fantástico da Rede Globo trouxe mais uma história de injustiça cometida pelo Poder Judiciário brasileiro contra um jovem preto e periférico. Infelizmente, Carlos Edmilson da Silva é mais um dentre muitos jovens pobres, pretos ou pardos, que tem suas vidas destruídas por uma investigação mal conduzida e por um Poder Judiciário negligente, que dá maior evidência à voz da Polícia e do Ministério Público.

Carlos Edmilson viu sua vida mudar após uma prisão pelo cometimento do crime de furto na cidade de Barueri, região metropolitana de São Paulo. A partir daquele momento seus dados, como “criminoso”, passaram a constar do cadastro da Polícia. Ficou pouco tempo preso pelo crime de furto. Em liberdade, foi acusado e preso pelo estupro de quatro mulheres, ocorridos entre os anos de 2006 e 2007, novamente na região de Barueri. Ficou três anos preso até que um exame de DNA comprovasse que ele não era o autor daqueles crimes.

Ocorre que a sequência de injustiças não para por aí. Entre os anos 2010 e 2012 houve uma série de estupros na região de Barueri e Osasco, e, novamente, Carlos Edmilson foi apontado como autor dos crimes. Com base em um reconhecimento fotográfico, ele foi condenado a mais de 170 anos de prisão.

Após doze anos preso por um crime que não cometeu, correndo os riscos de quem é acusado de crimes sexuais, o Superior Tribunal de Justiça, por sua Quinta Turma, na última terça-feira (14), acolheu o recurso da defesa e colocou Carlos Edmilson em liberdade, uma vez que, novamente, o material genético (DNA) encontrado nas vítimas não era dele.

Instado a se manifestar sobre os fatos que seriam apontados na reportagem do Fantástico, o Tribunal de Justiça de São Paulo declarou que os juízes têm independência funcional para decidir de acordo com os documentos dos processos e “seu livre convencimento”, reforçando que “Quando há discordância da decisão, cabe às partes a interposição dos recursos previstos na legislação vigente, como ocorreu no caso”. Ou seja, o Tribunal de Justiça lavou as mãos e não reconheceu que houve um erro judiciário na hipótese.

Para além disso, não se olvida que o juiz tem independência funcional, mas essa independência é limitada. Não pode, no mundo ideal, o magistrado condenar qualquer indivíduo, por qualquer crime, sem que o órgão acusador tenha provado suas alegações.

O sistema processual brasileiro adota, como regra, o sistema do livre convencimento motivado ou persuasão racional. A liberdade do magistrado não é plena, uma vez que não pode substituir a prova por meras conjecturas nem mesmo por sua opinião sobre os fatos ou sobre o acusado.

Em um processo penal ideal, o órgão de acusação deve apresentar uma hipótese acusatória e, com ela, os elementos probatórios correspondentes. Ademais, há que ser possibilitado a defesa apresentar contra-hipóteses e contraprovas. Sendo que, ao final, o julgador, diante do conhecimento atômico dos elementos apresentados (e não holístico), e da valoração sobre eles, emita sua decisão de maneira racional e imparcial.

No entanto, no mundo real a história é diferente. Os julgadores, afastando-se do mister constitucional, invariavelmente se fiam exclusivamente das hipóteses acusatórias e nos escassos elementos de prova apresentados pela acusação, escanteando as teses defensivas, alegando para tanto o mantra do “livre convencimento motivado”, tal como o Tribunal de Justiça lançou em sua nota.

Segundo Gustavo Henrique Badaró, partindo-se de uma concepção racionalista, de que a decisão deve se fundar num método de corroboração de hipóteses fáticas (com base na prova produzida, e não na crença do julgador), o que importa é se a proposição fática está suficientemente corroborada – e não falsificada por hipóteses contrárias ou diversas – para ser tida por provada. Logo, o processo de valoração serve para verificar se as hipóteses fáticas estão ou não confirmadas pelas provas, e não para gerar uma crença no julgador.

No caso trazido pelo Fantástico, Carlos Edmilson foi condenado diante do reconhecimento fotográfico realizado pelas vítimas. No entanto, conforme ficou evidenciado posteriormente, havia material genético que poderia ser utilizado como elemento de prova para confirmar se, de fato, Carlos era o autor do crime. Graças ao trabalho do “Innocence Project Brasil” foi possibilitada a produção do exame de DNA que demonstrou, cabalmente, que Carlos não era o autor dos estupros.

No entanto, fica a pergunta, se havia material genético para demonstrar se Carlos era ou não autor do crime, por que o Ministério Público não produziu essa prova cabal? Por que o Poder Judiciário paulista se contentou com o reconhecimento fotográfico? A resposta é simples: porque Carlos Edmilson da Silva era, na época do julgamento, um jovem, preto, pobre e periférico, portanto, estigmatizado pela cor de sua pele e pela sua condição econômico-social, fato que ocorre não raras vezes nos tribunais brasileiros. Quando isso vai acabar? Quando o Poder Judiciário irá julgar racionalmente o processo penal? Quando o Poder Judiciário irá julgar analisando os fatos e as provas, e não as pessoas acusadas? Quando esse preconceito terá fim?

 

Marcelo Aith é advogado criminalista. Mestre em Direito Penal pela PUC-SP. Latin Legum Magister (LL.M) em Direito Penal Econômico pelo Instituto Brasileiro de Ensino e Pesquisa – IDP. Especialista em Blanqueo de Capitales pela Universidade de Salamanca.

 

 

 




Diocese de Assis

PORTAS E CORAÇÕES ABERTOS

Basta uma simples ameaça contra o conforto ou segurança de nossas vidas para nos armarmos com instrumentos de defesa. Quando não os temos, isolamo-nos, fugimos ou nos fechamos em um canto qualquer. Fechar portas e janelas é uma dessas atitudes imediatas. Deixar de ouvir palavras de moderação ou alerta é também fechar mentes e corações para a razoabilidade de uma reação sem contendas. Se a ameaça é física, afinamos nossa agressividade. Se nos ameaçam moral, intelectual ou espiritualmente, pondo em xeque nossas crenças e convicções, então se tranca o coração, isola-se qualquer possibilidade de entendimento ou diálogo.

Isso tudo aconteceu com os discípulos de Jesus, naquele “primeiro” dia da semana após o terrível espetáculo de sua morte de cruz. Por medo dos judeus, algozes primeiros do mestre nazareno, nada mais prudente do que se esconderem, fecharem as portas com boa guarnição de trincos e ferrolhos, apagarem luzes, baixarem as vozes e orarem… Rezar mais e mais! Terrível aquela situação de medo e insegurança. O que seria de suas vidas agora?

Não mais havia paz entre eles. A esperança que lhes restava era um sopro, uma réstia de luz qual a que agora penetrava aquela sala pelas frestas das paredes mal vedadas da casa onde se escondiam. Uma casa conhecida por todos que ali estavam, onde se reuniam habitualmente, onde Jesus com eles pernoitara muitas noites, onde fizeram aquela última e maravilhosa (também misteriosa) refeição de despedida… Onde Maria os acolhia como se casa dela fosse, mas que tinha os ares de uma  Betania especial, uma sala ampla no segundo piso, local quase sagrado onde se sentia o lampejo miraculoso de uma proteção celestial… Ali Jesus ceara com eles e pedira que se recordassem sempre daquele momento diáfano: “Façam isso em minha memória”!

Eis que, sob a proteção daquele teto bendito, sob a guarnição de suas portas sólidas e  bem trancadas, Jesus surge miraculosamente, lhes desejando paz! Suas mãos chagadas e seu coração traspassado não deixam dúvidas. É Ele. Um sopro de alento novo alivia seus temores. É Ele mesmo! Seu sorriso largo e seu sereno olhar… Seus lábios portadores de tantas palavras de esperança agora lhes desejam apenas paz. Sopra sobre eles um alento de vida nova, de espírito renovado. Aquele mesmo Espírito que flui de suas palavras de ordem e tarefa a se cumprir. Não temas, pequenino rebanho. Saiam dessa masmorra, desse torpor sem ação, sem missão a se cumprir. O mundo espera por  vocês. “Como o Pai me enviou, também eu vos envio” (Jo 20,22).

Basta que acreditem. Que aceitem e recebam o Espírito Santo. Então a reconciliação será universal, o perdão recíproco, sem limites, sem fronteiras… Basta perdoar e a paz será restaurada, as barreiras demolidas, as portas abertas. Tanto na terra quanto no céu.  O milagre de Pentecostes é o grande segredo da reconciliação que o mundo ainda não descobriu. “Pedi e recebereis, buscai e achareis, batei e as portas serão abertas”. Os corações também.

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]




Espaço Espírita

 

Dedica uma das sete noites da semana ao Culto do Evangelho no lar, a fim de que Jesus possa pernoitar em tua casa.

Prepara o coração, abre o Evangelho, distende a mensagem da fé, enlaça a família e ora… Jesus virá em visita!

Quando o lar se converte em santuário, o crime se recolhe ao museu. Quando os corações se unem nos liames da fé, o equilíbrio oferta bênçãos de consolo, saúde e paz.

Jesus no Lar… é vida para a família!

Não aguardes que o mundo te leve à certeza do inevitável. Distende, de tua casa cristã, a luz do Evangelho, para o mundo atormentado!

Quando uma família ora em casa, reunida, toda a rua recebe o benefício da comunhão com o Alto. Se alguém, num edifício de apartamentos, alça aos céus a prece da comunhão fraterna em família, todo o edifício se beneficia.

Não te afastes da linha direcional do Evangelho entre os teus familiares. Continua orando fiel, com aqueles que amas, nas diretrizes do Mestre e, quando possível, debate os problemas que te afligem à luz clara da mensagem da Boa Nova. Examina as dificuldades que te perturbam, ante a inspiração consoladora do Cristo.

Demora-te no lar para que o Divino Hóspede também possa aí se demorar. E, quando as luzes se apagarem, à hora do repouso, ora mais uma vez, comungando com Ele, a fim de que em casa, mais uma vez, possas ter Jesus contigo!

JOANA  DE  ÂNGELIS

Do livro: S.O.S. Família – Psicografia: Divaldo Pereira Franco  

USE  INTERMUNICIPAL  DE  ASSIS

ÓRGÃO DA UNIÃO  DAS  SOCIEDADES  ESPÍRITAS  DO  ESTADO  DE  SÃO  PAULO




A tragédia anunciada no Rio Grande do Sul

 

As enchentes que assolam o Rio Grande do Sul há mais de duas semanas, com um saldo trágico de 148 mortes e meio milhão de desabrigados, escancaram a vulnerabilidade do estado frente aos eventos climáticos extremos intensificados pelas mudanças climáticas. A catástrofe, que já afeta 2,1 milhões de pessoas em 447 municípios, exige ações urgentes e eficazes para mitigar seus impactos e prevenir futuras tragédias.

Estudos científicos recentes, como o realizado pelo grupo ClimaMeter, evidenciaram que as chuvas que atingiram a região Sul do país foram 15% mais intensas devido às mudanças climáticas em curso.

As consequências das enchentes vão além dos números alarmantes de mortes e desabrigados. A saúde pública enfrenta o risco iminente de surtos de doenças infecciosas, como diarreias, leptospirose e dengue, que se propagam rapidamente em ambientes contaminados.

A economia do estado, fortemente impactada, sofre perdas incalculáveis na agricultura, com lavouras destruídas e animais mortos, na indústria, com fábricas paralisadas e infraestruturas danificadas, e no comércio, com lojas fechadas e mercadorias perdidas. Os efeitos dessa crise econômica se estendem por toda a cadeia produtiva, afetando empregos, renda e o desenvolvimento do estado.

A resposta do governo federal, com a liberação de um pacote de R$ 50 bilhões e a suspensão da dívida pública do estado, é um passo importante, mas não suficiente. A reconstrução do Rio Grande do Sul demanda um esforço conjunto de todos os setores da sociedade, com investimentos em infraestrutura, moradia, saúde e prevenção de desastres.

É preciso investir em sistemas de alerta precoce, mapeamento de áreas de risco, construção de diques e barragens, além de promover a educação ambiental e a conscientização da população sobre os riscos e medidas de prevenção.

Nesse contexto, o papel do poder público e dos parlamentares é fundamental. Aos governantes cabe a responsabilidade de liderar o processo de reconstrução, destinando recursos, elaborando planos de ação e implementando políticas públicas eficazes.

Aos parlamentares, cabe o papel de fiscalizar a aplicação dos recursos, propor leis que fortaleçam a prevenção e o enfrentamento de desastres naturais e garantir que os interesses da população afetada sejam atendidos.

A aprovação da suspensão da dívida do Rio Grande do Sul com a União pela Câmara dos Deputados é um exemplo de ação legislativa que pode contribuir para a recuperação do estado.

Além disso, a solidariedade entre os estados da federação é crucial neste momento. Estados como São Paulo, com maior capacidade econômica e logística, podem contribuir significativamente para a reconstrução do Rio Grande do Sul.

A mobilização de recursos, envio de equipes de resgate e assistência médica, doação de alimentos, água e medicamentos, além do apoio na reconstrução de infraestruturas, são exemplos de ações que podem fazer a diferença na vida das pessoas afetadas.

A experiência de outros países, como a Holanda, referência mundial em engenharia hidráulica, pode ser valiosa na busca por soluções eficazes. A expertise holandesa em planejamento de diques, barragens e sistemas de drenagem pode contribuir para a criação de uma infraestrutura resiliente no Rio Grande do Sul, capaz de proteger a população e minimizar os danos causados por futuras enchentes. A cooperação internacional, com intercâmbio de conhecimentos e tecnologias, pode ser fundamental para o enfrentamento desse desafio.

A tragédia gaúcha é um alerta para todo o país. As mudanças climáticas são uma realidade inegável, e seus impactos já se fazem sentir com força crescente em diversas regiões do Brasil.

É necessário que governos, empresas e sociedade civil se unam em um esforço conjunto para mitigar os efeitos do aquecimento global, reduzir as emissões de gases de efeito estufa e investir em energias renováveis. A transição para uma economia de baixo carbono é essencial para garantir um futuro mais seguro e sustentável para todos.

A reconstrução do Rio Grande do Sul é um desafio colossal, mas não impossível. Com planejamento, investimentos, cooperação, liderança do poder público e a solidariedade de outros estados, é possível transformar a tragédia em oportunidade para construir um estado mais resiliente, preparado para enfrentar os desafios do futuro e garantir o bem-estar de sua população.

A união de esforços em todos os níveis é fundamental para superar essa crise e construir um futuro mais seguro e próspero para o Rio Grande do Sul e para o Brasil.

Mauro Bragato é deputaddo estadual (SP)




Diocese de Assis

LIGANDO TERRA E CÉUS

Outra não foi a missão de Jesus senão unir terra e céus através de suas ações e ensinamentos. “Fez e ensinou desde o começo até o dia em que foi levado para o céu” (At 1, 1-2). Com sua ascensão coroou-se sua missão terrena, ocupando seu lugar  “à direita de Deus Pai todo-poderoso, donde virá para julgar os vivos e os mortos”, dizemos em nossa Profissão de Fé, o juramento sagrado que fazemos através da oração do Creio.

Em suma, essa é a fé cristã. A ressurreição foi seu maior milagre, mas sua ascensão devolveu-nos a esperança do arrebatamento, o resgate definitivo de sua Igreja, “que é o seu corpo, a plenitude daquele que possui a plenitude universal” (Ef 1, 23). Ou seja: a ascensão de Cristo abriu-nos as portas do Reino dos Céus, devolveu-nos a possibilidade de salvação…

Ora, se essa é nossa fé e esperança, não há porque  hesitarmos na prática dos mandamentos que apontam esse caminho. Os mistérios da redenção humana passam, necessariamente, pelos caminhos que Cristo trilhou entre nós, pelo seu nascimento, crescimento, conquistas e derrotas transitórias, morte, mas também ressurreição e ascensão. Houve sofrimento, perseguição, derrotas, incompreensão, traição, sim! Mas houve também muita luz, proteção celestial, gratidão, amor de Mãe, proteção dos Anjos, verdadeira fraternidade humana, compreensão, respeito, gratidão!  Esse é o nosso Cristo, o redentor por excelência, cuja história de vida em nada difere da nossa, mas antecipa a glória reservada, as vitórias almejadas por todos os que buscam praticar seus ensinamentos, seus exemplos de vida.

Para isso, a prática é questão de ordem, de tudo ou nada. “Ide” e fazei o mesmo que Ele fez. “Ide” pelo mundo… pelo mundo inteiro… “Ide e anunciai”…  Condição única e essencial para seguir seus passos, que não deixa ressalvas, não faz acepções, não abre exceções, mas frisa o imperativo do verbo: anunciai o Evangelho a toda criatura!  Ou isso, ou nada disso. “Quem crer e for batizado será salvo. Quem não crer será condenado”. Simples assim.

Então não há o que temer. Os sinais de proteção divina àqueles que fiam seus dias no desempenho dessa missão, estão aí para atestar a consistência dessa promessa. Dois mil anos da história da Igreja, a constante perseguição contra ela, ostensiva e intensiva ao longo desses séculos, seu crescimento, o reconhecimento de ser ela a maior e mais longeva instituição humana a resistir e conquistar espaço em todos os tempos e lugares, não é mera coincidência. Cobras e lagartos se dizem a seu respeito, mas as serpentes da maledicência e o veneno das instituições político-financeiras do homem descrente sequer arranham o verniz de suas portas bimilenares. Até as garras demoníacas e suas ações ardilosas em nada modificam seus ensinamentos, sua doutrina inviolável. Então é isso. O Senhor continua no comando, “confirmando sua palavra por meio dos sinais”, que acompanham a história da sua Igreja. Por isso, demos graças.

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]