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Diocese de Assis

LIGANDO TERRA E CÉUS

Outra não foi a missão de Jesus senão unir terra e céus através de suas ações e ensinamentos. “Fez e ensinou desde o começo até o dia em que foi levado para o céu” (At 1, 1-2). Com sua ascensão coroou-se sua missão terrena, ocupando seu lugar  “à direita de Deus Pai todo-poderoso, donde virá para julgar os vivos e os mortos”, dizemos em nossa Profissão de Fé, o juramento sagrado que fazemos através da oração do Creio.

Em suma, essa é a fé cristã. A ressurreição foi seu maior milagre, mas sua ascensão devolveu-nos a esperança do arrebatamento, o resgate definitivo de sua Igreja, “que é o seu corpo, a plenitude daquele que possui a plenitude universal” (Ef 1, 23). Ou seja: a ascensão de Cristo abriu-nos as portas do Reino dos Céus, devolveu-nos a possibilidade de salvação…

Ora, se essa é nossa fé e esperança, não há porque  hesitarmos na prática dos mandamentos que apontam esse caminho. Os mistérios da redenção humana passam, necessariamente, pelos caminhos que Cristo trilhou entre nós, pelo seu nascimento, crescimento, conquistas e derrotas transitórias, morte, mas também ressurreição e ascensão. Houve sofrimento, perseguição, derrotas, incompreensão, traição, sim! Mas houve também muita luz, proteção celestial, gratidão, amor de Mãe, proteção dos Anjos, verdadeira fraternidade humana, compreensão, respeito, gratidão!  Esse é o nosso Cristo, o redentor por excelência, cuja história de vida em nada difere da nossa, mas antecipa a glória reservada, as vitórias almejadas por todos os que buscam praticar seus ensinamentos, seus exemplos de vida.

Para isso, a prática é questão de ordem, de tudo ou nada. “Ide” e fazei o mesmo que Ele fez. “Ide” pelo mundo… pelo mundo inteiro… “Ide e anunciai”…  Condição única e essencial para seguir seus passos, que não deixa ressalvas, não faz acepções, não abre exceções, mas frisa o imperativo do verbo: anunciai o Evangelho a toda criatura!  Ou isso, ou nada disso. “Quem crer e for batizado será salvo. Quem não crer será condenado”. Simples assim.

Então não há o que temer. Os sinais de proteção divina àqueles que fiam seus dias no desempenho dessa missão, estão aí para atestar a consistência dessa promessa. Dois mil anos da história da Igreja, a constante perseguição contra ela, ostensiva e intensiva ao longo desses séculos, seu crescimento, o reconhecimento de ser ela a maior e mais longeva instituição humana a resistir e conquistar espaço em todos os tempos e lugares, não é mera coincidência. Cobras e lagartos se dizem a seu respeito, mas as serpentes da maledicência e o veneno das instituições político-financeiras do homem descrente sequer arranham o verniz de suas portas bimilenares. Até as garras demoníacas e suas ações ardilosas em nada modificam seus ensinamentos, sua doutrina inviolável. Então é isso. O Senhor continua no comando, “confirmando sua palavra por meio dos sinais”, que acompanham a história da sua Igreja. Por isso, demos graças.

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]




Espaço Espírita

 

– Por que há tanta gente má na Terra?

– Constituem minoria.

– Não parece. Veja o noticiário.

– Não vale. Dá destaque para o mal.

– Por quê?

– O que acontece com os desafinados numa orquestra?

– Chamam a atenção.

– Os maus são os desafinados da Terra.

– Até quando será assim?

– Até que os que não são maus tornem-se bons.

– Se não são bons nem maus, o que são?

– São orientados pela omissão.

– O que têm os maus a ver com isso?

– Ninguém os ajudou a evitar a desafinação.

       Do livro “Trinta Segundos” – Richard Simonetti – Editora CEAC

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Espaço Espírita

 

 

Você não deve entregar-se à depressão ou ao desânimo ante atitudes que tenha tomado, contrariando a Lei do Bem; não deve igualmente vangloriar-se face a gestos positivos que tenha tido nalguma circunstância.

Somos todos aprendizes na escola universal da evolução.

Errando, procuramos evitar novos erros para progredir sempre; acertando, interiorizamos valores positivos que se devem tornar naturais em nossa maneira de ser.

A vida é pródiga em oportunidades edificantes. Por isso mesmo, cada um de nós é chamado constantemente a testes que nos auxiliam a avançar ao encontro de novos horizontes de compreensão, harmonia e paz.

PASTORINO

Extraído do livro “Minutos de Luz” – Psicografia: Ariston S. Teles –

Editora Ano Luz

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O Novo Povo

Ao longo da minha vida jovem e adulta, passando do final dos anos setenta até a primeira eleição de Lula em 2002, o conceito de Povo sempre foi um patrimônio das esquerdas. Quem não lembra do “povo unido jamais será vencido”? Isso por que Povo era, naquela época, a tradução das massas desvalidas, dos camponeses estropiados nas plantações de cana, dos flagelados das secas invadindo as cidades e expondo o horror de suas condições. Mas também Povo eram os operários das fábricas que cruzavam os braços e formavam muralhas de corpos diante dos portões das montadoras, ou enchendo estádios para ouvir o líder barbudo prometer fartura nas mesas, saúde para os velhos e escola para as crianças. Povo eram os estudantes que paralisavam as aulas para reivindicar maior participação nas decisões das escolas, mais vagas nas universidades, mais verba para pesquisa. Povo, enfim, eram os que tinham algo que acreditavam lhes pertencer, mas que alguém – a elite! – subtraía-lhes à socapa, em “tenebrosas transações”, como cantava o compositor popular. Aliás, cantores populares não eram os que as multidões amavam, os bregas, as músicas do Padre Zezinho, os sertanejos, com suas canções de amor ferido ou de saudade da terra natal, mas os que compunham canções denunciando a exploração do povo, com suas letras complexas e suas melodias rebuscadas que eram ouvidas pelos intelectuais com camisetas com frases evocativas do mundo novo no qual todos teriam, de acordo com a sua necessidade, e nada seria de ninguém.

Nos últimos anos, porém, particularmente depois das grandes manifestações de 2013, a ideia de Povo foi migrando para os setores conservadores da classe média urbana e rural, essa massa hegemônica no país que oscila entre a imensa classe média baixa – que escapa da pobreza por um triz mas que se recusa a olhar para trás – e a não menos expressiva classe média média, que tem diarista uma vez por quinzena, paga o automóvel usado em 60 prestações, mas espuma de raiva quando o governo diz que vai taxar as grandes fortunas e escreve no grupo de WhatsApp da família: “comunistas”. Completa esse novo Povo a classe média alta, que habita os condomínios e viaja para Miami fazer compras nos outlets, voltando com malas carregadas de produtos acima da cota permitida por lei, mas que não vê nisso nenhum sinal de contradição às suas convicções de que é a corrupção o grande problema do Brasil.

Esse novo Povo é liberal na economia e conservador nos costumes, isto é, quer que o Estado não se meta em suas contas e negócios, mas quer que o mesmo Estado impeça o comportamento alheio, proibindo  que se fale de orientação sexual nas escolas ou sobre temas políticos; querem também que se criminalize qualquer forma de aborto, uso de drogas e condenam até que se comemore o dia da consciência negra, alegando que se trata de “racismo reverso”.

Esse novo Povo é também muito religioso. Evangélico, na sua maioria. Pertence às igrejas que pregam a teologia da prosperidade, aquela que não vê nenhuma incompatibilidade entre ser cristão e ser rico, defender a riqueza e condenar quem quer proteger os pobres, os injustiçados, os desvalidos, os viciados, como o padre Júlio Lancellotti, que é chamado de “comunista”. Esse novo Povo é a favor da pena de morte e da diminuição da maioridade penal, defende as mortes praticadas pelas ações policiais e costuma repetir que “se tá com pena de bandido, leva pra casa”. Acha que as questões de gênero são uma ideologia perigosa e querem seus filhos e filhas longe delas. Mas, ao mesmo tempo, esse novo Povo se diz “o povo do Senhor” e afirma que as questões religiosas devem ser consideradas nas decisões políticas. 

E temos assim, um novo Povo, uma maioria que enche as ruas de camisas amarelas e quer que o Estado se curve a elas: “Supremo é o Povo”, diz o pastor do alto do carro de som. Se o Povo está unido, ninguém vai desafiá-lo. Afinal – fina ironia – “o Povo unido jamais será vencido”.

E as esquerdas, perplexas, assistem a banda passar, com música gospel no último volume.

Daniel Medeiros é doutor em Educação Histórica e professor no Curso Positivo. 

@profdanielmedeiros




Atenção mulheres: é proibido envelhecer!

 

No final do ano de 2021, a atriz Sara Jéssica Parker, hoje com 59 anos de idade, concedeu uma entrevista à revista Vogue onde relatou os inúmeros comentários negativos que recebeu, e, ainda, vem recebendo, sobre sua aparência, como suas rugas e seus cabelos grisalhos, em contraposição a sua antiga cabeleira loira e brilhante. Uma tendência que vem sendo abraçada por muitas mulheres no mundo que para além das tendências de coloração, que ditam a moda, permitir a presença dos cabelos prateados, denota uma atitude de libertação e obediência ao próprio repertório, que repousa no desejo de manifestar aquilo que se é, bem como, não oferecer tanta resistência a ação do tempo, e, ainda, sinalizar com força a possibilidade de novos padrões de beleza.

Seria muito mais terno, belo e humano se fosse algo natural, já que o envelhecimento reflete, ou ao menos deveria refletir, o processo de amadurecimento da pessoa. E é justamente no compêndio das experiências que uma mulher possui, tais como suas histórias, suas crenças, suas cicatrizes e seus aprendizados, que reside uma imensurável beleza.

Mas é sabido, que esta atitude clama por coragem, já que no mundo real se a mulher opta por envelhecer, terá de enfrentar o manto da invisibilidade que lhe retirará de cena, pois a ordem social que tem imperado glamouriza a juventude, direcionando todos os holofotes a tudo que é jovial, verde, ao que principia.

As mulheres, como sempre, são as vítimas preferenciais da ditadura da beleza. E este é um fato praticamente incontroverso em nossa sociedade patriarcal. “Parker”, na entrevista supramencionada, se compara com o colega, de praticamente mesma idade, “Andy Cohen”, da famosa série por eles estrelada, “Sexy and the City”, que também ostenta rugas e cabelos grisalhos, mas nele é “primoroso” e desabafa: “Eu sei como eu sou. Eu não tenho escolha. O que vou fazer a respeito? Parar de envelhecer? Desaparecer?” (sic)

Uma lástima! Triste consentir que em pleno século XXI uma mulher não possa decidir como pretende envelhecer, sem ser massacrada. Afinal, a clientela masculina, quanto aos efeitos do envelhecimento em seus corpos, não sofrem com agentes limitadores na mesma proporção que ocorre com as mulheres.

Homens grisalhos e mais velhos, gozam de prerrogativas como beleza, experiência e virilidade. A exemplo, podemos citar no Brasil, o grande ator brasileiro, Antonio Fagundes, atualmente com quase 75 anos de idade, muito charmoso e belo, exibe cabelos ultra brancos, rugas normais do processo do envelhecimento e pálpebras inchadas, para não dizer caídas ao redor dos olhos. Porém, não importa como esteja, vai provocar suspiros por onde passar.

Uma atriz nas mesmas condições, se optar não retocar a área dos olhos e aparecer com as mesmas “bolsas” abaixo dos olhos, certamente receberá críticas e apontamentos de descuido.

Sem contar o cabelo grisalho feminino, que realmente desaponta a sociedade, é algo quase que inaceitável. Não somente o tom prateado das madeixas, mas definitivamente, está proibido enaltecer tudo que não é de bom gosto, como sobrepeso, rugas e cabelos brancos. Mulheres estão proibidas de envelhecer, é isto!

Reconheça sua idade e mantenha-se jovem, para não sofrer os efeitos restritivos da passagem do tempo. Não à toa, clínicas e consultórios médicos voltados para o mercado da estética, encontram-se cada vez mais abarrotados. E é de fato, difícil por vezes, sair da consciência coletiva que nos empurra para estes lugares.

A declaração de Jéssica, sensibiliza e indigna, pois é como se ela devesse um pedido de desculpas à sociedade por não retardar o próprio envelhecimento e, deste modo, perder complemente seu valor e seu apreço.

O fato é que envelhecemos de dentro para fora. E tal manifestação é urgente e irrecuperável, bem como, é igualmente urgente, que todos nós combatamos estas castrações sociais, pois somente assim conseguiremos traspor as muralhas da certidão de nascimento, que constroem muros internos imensos e quase que instransponíveis.

Cada um deveria decidir, por si mesmo, como quer viver, sem medo de ousar, sem medo de parecer ridículo, sem medo de amar, porque esse é o único sentimento que não envelhece. Mas, sim, o  amor tardio, também não é bem-visto.

Simone de Beauvoir, escreveu um pequeno romance – “Mal entendido em Moscou” – onde narra uma crise existencial suprema, ao se deparar com a idade, com a velhice, durante uma viagem. Há uma passagem no livro, que merece destaque, pois exprime uma dor suprema – a idade que nos desqualifica, a velhice intolerável, que suplanta o próprio medo da morte:

“Estou sozinha”! A angústia a fulminou: angústia de existir, muito mais intolerável que o medo de morrer. Sozinha como uma pedra no meio do deserto, mas condenada a ter consciência da inutilidade de sua presença. Todo o seu corpo amarrado em um nó, rígido, em um grito silencioso.” (BEAUVOIR, Simone. Mal-entendido em Moscou. 1ª edição. Rio de Janeiro.2015).

Será mesmo que na medida em que nós mulheres vamos cedendo à força do inconsciente, que não quer mais resistir a ação do tempo, estaremos fadadas a experimentar tamanha solidão e medo?

Não há uma resposta simples, evidente, mas o fato é que é preciso ter coragem e autonomia para viver em conformidade com a própria essência, uma atitude que contribuirá para que mais e mais mulheres ousem abraçar seus processos, ousem exibir suas mechas cor de prata, corpos mais frágeis e com menos tônus ou mesmo com mais adiposidade, pois, desse modo, fortalecerão e encorajarão outras mulheres, exaustas desses padrões opressores.

Por fim, sempre de bom alvitre lembrar que os fiscais da beleza de hoje e aqueles que escrevem as cartilhas para homens e mulheres de modo geral, que dizem quem está apto a desempenhar papeis no mercado de trabalho ou não, levando-se em conta, justamente a faixa etária, ou seja, os grandes atores que promovem e alimentam o etarismo de hoje, serão as vítimas destes mesmos padrões e processos num brevíssimo amanhã.

Portanto, precisam se dar conta que, no momento, estão apenas alinhavando seus pescoços para sangrar na mesma guilhotina.

 

Ana Toledo é advogada, sócia do escritório AC Toledo Advocacia. Especialista em Direito Previdenciário Público e Seguridade Social. www.actoledo.com.br

 




Diocese de Assis

 

 

Como identificar os cristãos? Pela Bíblia? Pela Igreja? Pelo Palavreado? Pelos trejeitos? Pela roupa? Pelos costumes? Pelos amigos?

No século II, um belíssimo texto da carta a Diogneto responde a estas perguntas e a muitas outras. Vale a pena ler.

“Os cristãos não se diferenciam dos outros homens nem pela pátria nem pela língua nem por um gênero de vida especial. De fato, não moram em cidades próprias, nem usam linguagem peculiar, e a sua vida nada tem de extraordinário. A sua doutrina não procede da imaginação fantasista de espíritos exaltados, nem se apóia em qualquer teoria simplesmente humana, como tantas outras.

Moram em cidades gregas ou bárbaras, conforme as circunstâncias de cada um; seguem os costumes da terra, quer no modo de vestir, quer nos alimentos que tomam, quer em outros usos; mas o seu modo de viver é admirável e passa aos olhos de todos por um prodígio. Habitam em suas pátrias, mas como de passagem; têm tudo em comum como os outros cidadãos, mas tudo suportam como se não tivessem pátria.

Todo país estrangeiro é sua pátria e toda pátria é para eles terra estrangeira. Casam-se como toda gente e criam seus filhos, mas não rejeitam os recém-nascidos. Têm em comum a mesa, não o leito.

São de carne, porém, não vivem segundo a carne. Moram na terra, mas sua cidade é no céu. Obedecem às leis estabelecidas, mas com seu gênero de vida superam as leis. Amam a todos e por todos são perseguidos. Condenam-nos sem os conhecerem; entregues à morte, dão a vida. São pobres, mas enriquecem a muitos; tudo lhes falta e vivem na abundância.

São desprezados, mas no meio dos opróbrios enchem-se de glória; são caluniados, mas transparece o testemunho de sua justiça. Amaldiçoam-nos e eles abençoam. Sofrem afrontas e pagam com honras. Praticam o bem e são castigados como malfeitores; ao serem punidos, alegram-se como se lhes dessem a vida. Os judeus fazem-lhes guerra como a estrangeiros e os pagãos os perseguem; mas nenhum daqueles que os odeiam sabe dizer a causa do seu ódio.

Numa palavra: os cristãos são no mundo o que a alma é no corpo. A alma está em todos os membros do corpo; e os cristãos em todas as cidades do mundo. A alma habita no corpo, mas não provém do corpo; os cristãos estão no mundo, mas não são do mundo. A alma invisível é guardada num corpo visível; todos vêem os cristãos, pois habitam no mundo, contudo, sua piedade é invisível.

A carne, sem ser provocada, odeia e combate a alma, só porque lhe impede o gozo dos prazeres; o mundo, sem ter razão para isso, odeia os cristãos precisamente porque se opõem a seus prazeres.

A alma ama o corpo e seus membros, mas o corpo odeia a alma; também os cristãos amam os que os odeiam. Na verdade, a alma está encerrada no corpo, mas é ela que contém o corpo; os cristãos encontram-se detidos no mundo como numa prisão, mas são eles que abraçam o mundo.

A alma imortal habita numa tenda mortal; os cristãos vivem como peregrinos em moradas corruptíveis, esperando a incorruptibilidade dos céus. A alma aperfeiçoa-se com a mortificação na comida e na bebida; os cristãos, constantemente mortificados, vêem seu número crescer dia a dia. Deus os colocou em posição tão elevada que lhes é impossível desertar.”

Ser Cristão é, portanto, não uma questão de status, de honra ou de poder, mas de pertença: “vocês são de Cristo e Cristo é de Deus” (1 Cor 3,23).

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS




Diocese de Assis

 

Para quem possui ao menos uma parreira de uvas em casa ou conhece a arte da vindima, ou, quiçá, seja um viticultor de sucesso, sabe perfeitamente o quão importante é a arte da poda. Nada é tão fundamental para uma boa colheita do que seus segredos e prática em tempo certo, na maneira como se corta, no manejo do instrumento, na observação dos ciclos lunares, etc, etc. Pois bem: “Eu sou a videira verdadeira e meu Pai é o agricultor. Todo ramo que em mim não dá fruto, ele o corta…( Jo 15, 1-2)”, nos disse Jesus.

Percebeu agora a importância dessas palavras na vida cristã? Unidade e bons frutos! Sem isso, nada somos. Sem a apresentação de resultados práticos e visíveis, derivados da seiva de nossa fé, corta-se o ramo seco que se tornou nossa vida e a descarta dos planos celestiais. “Tais ramos são recolhidos, lançados no fogo e queimados (Jo 15, 6)”. Alguém aí ainda não entendeu tão claras e objetivas palavras ou quer que se desenhe? A didática das promessas de Cristo não poderia ser mais contundente e sua pedagogia usa das coisas simples para realçar a importância de nossa unidade a Ele, fonte primeira dos bons frutos que o Pai espera de nós.

Quantos ramos secos nos dias atuais! Seria falta de nutrientes no solo ressequido de nossos corações? Ou a necessidade de uma poda mais radical nesse crescimento exacerbado dos muitos ramos de nossa existência, a planta de muitas folhas sem frutos que a vida humana apresenta?  Estamos crescendo em exuberância aos olhos de muitos, mas sem os resultados esperados pelo agricultor que aqui nos colocou, nos plantou. De nada adianta um parreiral vistoso, verdejante, sem as podas necessárias, sem os frutos bons e saborosos de uma existência produtiva. Disso é que nos fala Paulo, ao mencionar fé sem obras, existência vazia, morta, sem resultados agradáveis a Deus. Galho seco se lança fora! A fé sem frutos, sem resultados práticos, é realmente morta.

Oportuno se faz, de quando em quando, um exame na saúde de nossa vida espiritual. Para isso existe a Igreja e seus sacramentos. Em especial o reconhecimento de nossas fraquezas, a Confissão e a Eucaristia, fonte de nossa espiritualidade, o grande alimento que nos mantêm unidos ao Cristo e nutridos por Ele nesse desafio de produzir para Deus. De nada adianta uma caminhada de fé sem esses pressupostos de inserção ao Cristo e total adesão aos seus ensinamentos. Não há alternativas, nem enxertos em ramos diferentes da fé que recebemos no batismo, nem manipulações da moderna tecnologia agrícola que parece “fazer milagres” no campo das produções humanas, nem adubação, nem vento, nem chuvas “provocadas” mas incontroláveis, nada disso resolverá nosso problema sem os “frutos saborosos” que o Pai espera de cada um de nós. A natureza divina rejeita improvisos de última hora!

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]

 

 




Espaço Espírita

 

Quando tudo te pareça frustração e impedimento;

No instante em que a solidão te obrigue a pensar e repensar;

Em observando os recursos necessários à própria subsistência cada vez mais distantes;

No momento em que os melhores amigos te considerem incapaz para o serviço a fazer;

Na travessia de graves desgostos;

Nas épocas de crise, quando a provação te procure para demoradas visitas;

Ouvindo os pregoeiros do pessimismo e do desalento;

Diante das ocorrências complicadas e dolorosas;

Quando o desânimo te ameace;

Ou na ocasião em que todas as circunstâncias surjam conjugadas como que favorecendo a ignorância e o desequilíbrio.

Guarda a certeza de que estás atingindo a hora de luz em que desfrutas a oportunidade de revelar a força de tua fé e o ensejo bendito em que podes, com a bênção de Deus, esquecer o mal e fazer o bem.

EMMANUEL

Do livro “Algo Mais” – Psicografia: Francisco Cândido Xavier – Editora IDEAL

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Saber escutar nos aproxima das pessoas

 

 

Desde que desenvolvemos a linguagem, passamos a valorizar os grandes oradores. Na escola, os melhores alunos são os que dão as melhores respostas. Nas organizações não é diferente. Quem fala bem, se dá bem. Admiramos e promovemos líderes capazes de comunicar com clareza uma mensagem, envolver, cativar e persuadir outros por meio de sua linguagem.

O que tenho observado é que a habilidade que mais faz falta nas pessoas, especialmente nos líderes que acompanho é a escuta. Dada nossa educação, não é difícil perceber porque a escuta ainda não é valorizada, portanto não é desenvolvida. Nas empresas, executivos e executivas são valorizados pela arte da fala, tornam-se grandes contadores de histórias ou grandes negociadores.

São homens e mulheres reconhecidos por sua incrível capacidade de influenciar pessoas pela arte da fala. Sua capacidade de escutar fica em segundo plano. Sequer percebem que não sabem escutar. Sabem ouvir, mas alguns estão longe de saberem escutar.

Em minha trajetória, percebo que aprender a ter boa oratória é muito mais fácil que aprender a escutar. Porém, existe uma saída, pois aos poucos esse jogo está mudando. Para algumas organizações a empatia na liderança é uma habilidade valorizada.

Fala-se cada vez mais de uma liderança humanizada. Isso significa uma liderança que gosta e cuida de gente. E o que seria da empatia sem a escuta? Se não soubermos escutar, não poderemos compreender o que a outra pessoa está experienciando.

Escutar é difícil. Por si só, a escuta já é um problema. Para o filósofo chileno Rafael Echeverría, escutar é igual a “ouvir + interpretar”. A nossa capacidade de processar, interpretar e julgar a informação é nossa principal aliada e ao mesmo tempo nossa principal inimiga na escuta. Ao escutarmos, podemos acessar o mundo do outro. Por isso, a escuta é tão poderosa.

E ao escutarmos, interpretando o mundo do outro, podemos nos afastar do nosso. Nossa interpretação pode ser o oposto do que o outro tem a nos dizer. Contudo, se escutarmos bem, corremos o risco de aprender e de nos transformar pela fala do outro.

Quando escutamos verdadeiramente, mudamos. Não é possível sair da mesma forma que entramos em uma conversa, se nossa escuta for genuína. O que o outro fala, me impacta de diversas maneiras. Como o outro fala pode me levar a diversos lugares, dependendo da minha forma de ver o mundo.

Se conseguirmos suspender, por alguns minutos, nossa forma de ver o mundo para colocar a lente do outro, uma conversa se torna um portal aberto para novas possibilidades de ver, de ser e de fazer. Se somos capazes de escutar e perceber esse lugar de onde o outro fala, não tem erro. Sairemos transformados.

É por isso que nossa escuta é tão importante. Nos aproxima de qualquer pessoa, por mais diferente que esta pessoa seja de nós. Mas isso só é possível se tivermos interesse, se conseguirmos desapegar e estivermos suficientemente curiosos para conhecer até aquilo que achamos que já sabemos.

Esse é meu convite para você: escute de verdade. Seu mundo nunca mais será o mesmo.

 

Roberta Perdomo é especialista em Gestão Estratégica de Pessoas e autora do livro “Eu não nasci para liderar




O inesperado e o sem precedentes

 

 

 

Na segunda-feira, 1º de abril, supostos aviões militares de Israel bombardearam o consulado iraniano em Damasco, na Síria. Nesse ataque, o comandante da Guarda Revolucionária do Irã, Mohammad Reza Zahedi, e outras seis pessoas faleceram. A Guarda Revolucionária do Irã, também conhecida como Força Quds, é uma organização militar fundada em 1979, logo após a Revolução Iraniana, que resultou na queda do xá Mohammad Reza Pahlavi e no estabelecimento da República Islâmica do Irã, sob a liderança do aiatolá Ruhollah Khomeini.

Originalmente criada para proteger os ideais revolucionários do novo regime e defender o país contra ameaças internas e externas, a Guarda Revolucionária tornou-se uma das instituições mais poderosas e influentes do país persa. Operando independentemente das Forças Armadas regulares, é considerada uma força de elite que reporta diretamente ao Líder Supremo.

Além de suas operações dentro do Irã, a Guarda Revolucionária também desempenha um papel ativo em várias regiões do Oriente Médio, particularmente no apoio a grupos e movimentos aliados ao Irã, como o Hezbollah no Líbano e várias milícias xiitas no Iraque, na Síria e no Iêmen. A unidade mais conhecida da Guarda Revolucionária neste contexto é a Força Quds, responsável pelas operações extraterritoriais e pelo apoio a grupos aliados além das fronteiras do Irã.

Logo após o ataque de 1º de abril, o presidente iraniano, Ebrahim Raisi, declarou que Israel teria violado o Direito Internacional “ao cometer o crime terrorista de atacar o edifício diplomático”. O aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã, afirmou que Israel não apenas deveria, mas seria punido. Foi nesse contexto que, entre o sábado, 13 de abril, e o domingo, 14 de abril, ocorreu um ataque sem precedentes no Oriente Médio: cerca de 300 drones e mísseis iranianos foram disparados em direção a Israel.

O ataque foi seguido por uma resposta já esperada: aliados de Israel, como Estados Unidos, Reino Unido e França, se mobilizaram para deter e interceptar os projéteis iranianos. O inesperado, no entanto, veio logo a seguir: a ajuda de países árabes. A Jordânia, por exemplo, abriu seu espaço aéreo para aviões israelenses e estadunidenses, e os próprios jordanianos teriam abatido alguns dos drones iranianos. Esse fato pode ter soado como uma surpresa, pois, no passado, a Jordânia já atacou Israel. Mais do que isso, uma parte significativa da população jordaniana tem origem palestina.

O outro aspecto sem igual do ataque recente foi o apoio da Arábia Saudita a Israel, interceptando disparos provenientes do Iêmen. A ajuda saudita, no entanto, não era necessariamente um gesto de proteção ou aliança com Israel, mas, sim, uma ação contra Teerã. A Arábia Saudita e o Irã, principais potências do Golfo Pérsico, competem tanto pela liderança quanto pela influência na região. Ambas as nações estão envolvidas em uma série de conflitos regionais, apoiando atores opostos e buscando expandir sua rede de aliados. No Iêmen, outro foco de instabilidade no Oriente Médio atual, a Arábia Saudita lidera uma coalizão militar que combate os rebeldes Houthis, apoiados pelo Irã. Além disso, os dois países têm interesses conflitantes na Síria, no Líbano e em outras nações.

Entre 18 e 19 de abril, Israel atacou o Irã em resposta. Esses ataques teriam atingido aeroportos e instalações militares – próximos a locais onde é desenvolvido o programa nuclear iraniano. Anteriormente, o Irã havia dito que qualquer resposta israelense escalaria o conflito, com uma nova rodada de disparos vindos de Teerã. Agora, a questão é se isso de fato ocorrerá. Por maior que tenha sido o ataque iraniano em 13 de abril, parece ser mais uma demonstração de força. Os iranianos certamente sabiam que o sistema de defesa “Domo de Ferro” de Israel interceptaria boa parte dos projéteis. Com a recente resposta de Tel-Aviv, poderemos presenciar uma escalada jamais vista dos conflitos no Médio Oriente – pois as forças iranianas são exponencialmente maiores que as de Israel.

Enquanto aliados de Israel tentam moderar as ações de Tel-Aviv, as bolsas de valores ao redor do mundo despencaram e o dólar no Brasil alcançou seu maior valor em mais de um ano. É provável que, em breve, vejamos novos reflexos nos preços do petróleo e das commodities em geral. Esses efeitos, no entanto, não são nem inesperados nem sem precedentes.

João Alfredo Lopes Nyegray é doutor e mestre em Internacionalização e Estratégia. Especialista em Negócios Internacionais. Advogado, graduado em Relações Internacionais. Coordenador do curso de Comércio Exterior e do Observatório Global da Universidade Positivo (UP). Instagram: @janyegray