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Diocese de Assis

 

O contraste entre dia e noite, sol e lua é conhecido por qualquer ser vivo. Todavia, dentre estes, nós humanos somos os únicos a temer as trevas e apreciar a luz solar. Tanto que se tornou um quase elogio a afirmativa que nos define como filhos diletos do Pai: Vós sois filhos da luz, não das trevas! Quem nos definiu com tamanha clareza de espírito outro não foi senão aquele que se autodefiniu como sendo ele próprio a luz do mundo. Não parou por aí, pois numa conversa com Nicodemos foi bem suscinto ao afirmar: “a luz veio ao mundo, mas os homens preferiram as trevas à luz, porque suas ações eram más” (Jo, 3,19). Apesar dos temores, ainda preferimos as trevas. Contradição das contradições!

O contraditório está na maledicência de muitas das nossas ações sorrateiras, às quais a doutrina cristã denomina como pecado. Acontece que o pecado saiu de moda, não mais é aceito pela filosofia libertina e libertária das teorias psicológicas que tentam dar razão a tudo que o ser humano faz em sã consciência. O problema é exatamente esse: a sã consciência. Basta a ideia de que sua liberdade é maior do que os freios da moralidade ou da religiosidade, para que uma ação pecaminosa seja praticada sem constrangimento algum. Então o mal deixa de ser mal, porque as trevas que o encobrem já não assustam tanto. Ou, como bem afirmou Jesus: “Quem pratica o mal odeia a luz e não se aproxima da luz, para que suas ações não sejam denunciadas” (Jo 3,20). Já não reconhece o mal que faz. O importante é tirar proveito de tudo, mesmo que isto prejudique um semelhante. Azar o dele, pois o que importa é o benefício próprio, o eu na centralidade do tudo. Isso é o egoísmo. Esse é o grande pecado social dos tempos modernos. A escuridão que vivemos.

“Mas, quem age conforme a verdade aproxima-se da luz, para que se manifeste que suas ações são realizadas em Deus” (Jo 3,21).  Aqui luz e trevas ganham um diferencial bem definido. Não há como ser luz e viver nas trevas ou ser trevas e manter-se na luz. “Não se esconde a luz debaixo da mesa”, diria Jesus, para ressaltar a importância dessa função para aqueles que fazem de suas vidas um farol, um guia luminoso por onde quer que marque presença.  A revelação de Jesus a Nicodemos foi deveras alvissareira, motivo de muito júbilo e alegria, pois Deus enviava seu Filho “não para condenar, mas para salvar”. Daí a razão de tanto júbilo presente nas celebrações do quarto domingo da Quaresma, o Domingo da Alegria. Daí o porque do povo de Deus exultar-se com o anúncio da luz divina presente entre nós e em nós, através da nossa fé em Jesus, luz do mundo, espelho de Deus! Mas, principalmente, a descoberta pessoal de que também nos igualamos ao Cristo com nossa ação transformadora, nossa presença, nossa insignificância revestida da importância de fazer “brilhar” nossa luz em meio às trevas das incertezas humanas. ‘Que brilhe vossa luz no meio dos homens!”.

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]

 




A intuição feminina

 

A intuição pode ser, por vezes, confundida com o que algumas pessoas costumam chamar de “sexto sentido”, porém a intuição é muito mais profunda e palpável. Esta percepção feminina tem muito mais a ver com sensibilidade, fruto de uma sabedoria herdada de nossas mães e avós. É uma capacidade de discernir diferente em situações decisivas ou críticas.

Mesmo que alguns homens possam ter certa sensibilidade, somos diferentes. Homens e mulheres são por essência diferentes, possuem talentos e experiências próprias. Por isso, a intuição é uma característica bem mais comum à mulher.

E como, então, a mulher pode contribuir com a sociedade a partir da sua percepção mais aguçada e sensível? Te convido a refletirmos um pouco acerca disso.

Sabe aquele sentimento que surge do nada e incomoda frente a um perigo ainda não iminente, sem sabermos explicar sua origem? É a intuição. Isto é, a capacidade de dizer o que é, por vezes, inexplicável. Aquela opinião solicitada por seu esposo ou namorado frente a algo que ele está inseguro de decidir, fazer. Aquela visão esclarecedora que ele espera de você, esta é a intuição. Nessas e em tantas outras situações, a intuição pode ser colocada a serviço próprio e também do outro.

Obviamente que nós, mulheres, não podemos usar deste artifício para nos considerarmos “donas da verdade”. Se o meu e o seu coração não estiverem intimamente ligados ao Senhor e ao discernimento no Espírito Santo, sairão de nossas bocas apenas palavras soltas, palavras vãs, das quais o mundo está cheio!

Recordo sempre de uma cena em que meu esposo diz que foi decisiva  para ele me pedir em namoro. Éramos amigos e frequentávamos o ambiente universitário por algumas horas. Certo dia, ele disse que, ao atravessar o portão de entrada da faculdade, me viu parada no pátio, contemplando e tentando tirar uma foto do lindo pôr do sol que estava por detrás de uma árvore. Naquele momento ele disse a si mesmo que queria se casar comigo, pois enquanto ele (homem) só via mais um dia comum, eu (mulher) via uma cena incrível da natureza a nos presentear em mais um dia de vida. Ele sabia que precisava, na vida dele, de alguém que visse as coisas com outros olhos.

Para mim, minha atitude no pátio era algo natural, mas para ele fez toda a diferença. E saber disso, que trago outro olhar e sensibilidade para a vida do outro, não é algo trivial. Por isso, não devemos nos acostumar com o que sentimos, com nossas atitudes que consideramos apenas pessoal. Devemos transformar nosso dom e sensibilidade em dedicação, em serviço ao outro.

Usemos dos dons que Deus nos deu para sermos melhores e fazermos o mundo se encantar com a beleza que passa despercebida na correria do dia a dia. Que Deus abençoe seus dons, sua intuição! Com carinho, Camila Carvalho Duarte.

Camila Carvalho Duarte é colaboradora da Fundação João Paulo II e atua como educadora no PROGEN (Projeto Geração Nova) e no CAC (Centro de Atendimento Comunitário), duas Unidades pertencentes à Rede de Desenvolvimento Social Canção Nova. Instagram: @camilacarvalhoduarte

 




Diocese de Assis

 

O tempo da quaresma é sempre promissor de horizontes de mudança e conversão. Neste tempo, as provocações da Palavra de Deus sinalizam elementos concretos para a vida nova almejada na conversão. São Leão Magno (papa, séc V), num belíssimo sermão aponta alguns elementos fundamentais de vida nova. Vejamos!

“Em todo tempo, amados filhos, a terra está repleta da misericórdia do Senhor (Sl 32,5). A própria natureza é para todo fiel uma lição que o ensina a louvar a Deus, pois o céu, a terra, o mar e tudo o que neles existe proclamam a bondade e a onipotência de seu Criador; e a admirável beleza dos elementos postos a nosso serviço requer da criatura racional uma justa ação de graças.

O retorno, porém, desses dias que os mistérios da salvação humana marcaram de modo mais especial e que precedem imediatamente a festa da Páscoa, exige que nos preparemos com maior cuidado por meio de uma purificação espiritual.

Na verdade, é próprio da solenidade pascal que a Igreja inteira se alegre com o perdão dos pecados. Não é apenas nos que renascem pelo santo batismo que ele se realiza, mas também naqueles que desde há muito são contados entre os filhos adotivos.

É, sem dúvida, o banho da regeneração que nos toma criaturas novas; mas todos têm necessidade de se renovar a cada dia para evitarmos a ferrugem inerente à nossa condição mortal, e não há ninguém que não deva se esforçar para progredir no caminho da perfeição; por isso, todos sem exceção, devemos empenhar-nos para que, no dia da redenção, pessoa alguma seja ainda encontrada nos vícios do passado.

Por conseguinte, amados filhos, aquilo que cada cristão deve praticar em todo tempo, deve praticá-lo agora com maior zelo e piedade, para cumprir a prescrição, que remonta aos apóstolos, de jejuar quarenta dias, não somente reduzindo os alimentos, mas, sobretudo abstendo-se do pecado.

A estes santos e razoáveis jejuns, nada virá juntar-se com maior proveito do que as esmolas. Sob o nome de obras de misericórdia, incluem-se muitas e louváveis ações de bondade; graças a elas, todos os fiéis podem manifestar igualmente os seus sentimentos, por mais diversos que sejam os recursos de cada um.

Se verdadeiramente amamos a Deus e ao próximo, nenhum obstáculo impedirá nossa boa vontade. Quando anjos cantaram: Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade (Lc 2,14), proclamavam bem-aventurado, não só pela virtude da benevolência, mas também pelo dom da paz, todo aquele que, por amor, se compadece do sofrimento alheio.

São inúmeras as obras de misericórdia, o que permite aos verdadeiros cristãos tomar parte na distribuição de esmolas, sejam eles ricos, possuidores de grandes bens, ou pobres, sem muitos recursos. Apesar de nem todos poderem ser iguais na possibilidade de dar, todos podem sê-lo na boa vontade que manifestam.”

O profeta Isaías é bastante enfático e contundente ao ser porta voz destas palavras: “Vejam! O jejum que eu aprecio, o dia em que uma pessoa procura se humilhar, não deve ser desta maneira: curvar a cabeça como se fosse uma vara, deitar de luto na cinza… É isso que vocês chamam de jejum, um dia para agradar a Javé? O jejum que eu quero é este: acabar com as prisões injustas, desfazer as correntes do jugo, pôr em liberdade os oprimidos e despedaçar qualquer jugo; repartir a comida com quem passa fome, hospedar em sua casa os pobres sem abrigo, vestir aquele que se encontra nu, e não se fechar à sua própria gente. Se você fizer isso, a sua luz brilhará como a aurora, suas feridas vão sarar rapidamente, a justiça que você pratica irá à sua frente e a glória de Javé virá acompanhando você. Então você clamará, e Javé responderá; você chamará por socorro, e Javé responderá: ‘Estou aqui!’” (Isaías 58,5-9).

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS




Mulher e sua vulnerabilidade no acesso à Previdência Social

 

A cada encontro saudoso com a turma do colégio ou da faculdade é uma surpresa. A suposta homogeneidade da turma de mesma faixa etária reflete realidades muito distintas. Você certamente encontrará amigas muito envelhecidas, com marcas visíveis do passar do tempo, e, outras, surpreendentemente,  jovens, com o mesmo peso e cabelo ainda natural. O processo do envelhecimento, sem dúvida, não é linear, é muito assimétrico e individual, como bem sabemos. No campo profissional também não é diferente, nem todos conseguem atender os padrões sociais que reclamam por uma vida bem-sucedida e exitosa.

Envelhecer mais ou menos depressa é reflexo de incontáveis fatores, tais como, o ambiente natural do indivíduo, passado e práticas, herança genética, alimentação, investimento em bons hábitos para a saúde, como exercícios e alimentação ou o contrário de tudo isso – uma vida regada a excessos. E, nesse processo, nos deparamos com o gênero humano ímpar, o gênero feminino, que em todo mundo, vive, aproximadamente, em torno de 5 a 7 anos a mais do que os homens.

A justificar tal fato, podemos citar também a existência de fatores genéticos. Os hormônios femininos que funcionariam como proteção, a própria menstruação feminina que propicia a eliminação de elementos oxidantes e muitas outras justificativas da genética e até da ficção.

No Brasil não é diferente. A maioria viva da população brasileira é composta por mulheres e é sobre estas mulheres, bem como, seus reflexos previdenciários pelo tempo.

É urgente tecer aqui algumas considerações, no entorno desta personagem, que é o verdadeiro sexo forte e ainda pouco valorizada, figurando em estatísticas assustadoras, podendo com pesar, ser melhor traduzida, como o gênero da desigualdade.

A reforma da Previdência Social, ocorrida em 2019, evidenciou ainda mais este fato, sendo muito prejudicial para a grande maioria dos brasileiros, de um modo geral, mas certamente as mulheres são a clientela mais prejudicada e muitos dados divulgados pelo governo, que embasaram ou justificaram a reforma, não refletem nem de longe a realidade experimentada pelas mulheres brasileiras, que desaguará em uma velhice, ainda mais desigual, como se assiste.

Inicialmente, o Governo Federal pretendeu, na aludida reforma na Previdência, promover a equiparação da idade entre homens e mulheres para pleito de benefícios a partir de 65 anos. Como justificativa, o governo baseou-se em um levantamento feito em 2013 pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), em dezembro daquele ano, que revelou que as mulheres já representavam cerca de 56,2% dos benefícios ativos no Regime Geral de Previdência brasileira.

Enaltecendo, assim, sua vertiginosa participação progressiva no mercado de trabalho de 2000 a 2010, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Dados que não refletem a verdade real destas mulheres, tanto social, quanto atuarial. O aludido censo de 2010, acenava para uma equiparação, quando na verdade as mulheres ainda recebem os menores salários, mesmo desempenhando a mesma função, dentre outras situações, não abordadas.

Para finalizar, de acordo com dados fornecidos pelo INSS atualizados até 31/07/2015, cerca de 62,4% dos benefícios pagos pelo Instituto são iguais ou inferiores a um salário-mínimo, e, neste universo, encontram-se as aposentadorias por idade.

Como noticiado pela mídia, as mulheres são as “campeãs” das aposentadorias por idade, contudo, não contam que são benefícios no valor de um salário-mínimo, sendo que mais de 70%, nesta mesma pesquisa, encontram-se as aposentadorias por tempo de contribuição, pertencentes a clientela masculina, contra pouco mais de 20% pagos às mulheres. Uma gritante diferença salarial do valor destas aposentadorias entre ambos.

Desse modo, este “crescimento” da mulher, aos olhos da Previdência, deveria ter sido melhor analisado e sopesado. Apesar do aumento expressivo de mulheres beneficiárias da Previdência Social brasileira, a diferença nas espécies de benefícios, bem como nos valores recebidos pelas mesmas, reflete apenas o tratamento desigual no ambiente de trabalho ao longo da história.

Muitas mulheres, por inúmeras razões, ainda demoram mais a ingressar no mercado, principalmente, as mais carentes e vulneráveis, gestoras de lares, com trabalhos precários. E possuem inúmeras dificuldades em contribuir financeiramente para a Previdência Social, vivendo na informalidade.

E não podemos deixar de mencionar as pensões. Mais de 80% desta espécie de benefício são pagos para mulheres, que evidentemente refletem os salários empreendidos por seus maridos, que ,em geral, são mais velhos, por isso vivem menos, além de outros fatores.

E no cenário atual, após a reforma, em caso de morte dos cônjuges, as mulheres sem filhos menores passaram a receber a título de pensão  apenas 60% do valor da aposentadoria do falecido. O que vulnera sobremaneira a mulher idosa, que uma vez viúva, nesta faixa etária, certamente estará fora do mercado de trabalho, dependendo exclusivamente do então salário do esposo/companheiro, para sobreviver.

Como se vê, a redução do valor deste benefício previdenciário contribui para o aumento da desproteção social da mulher brasileira.

O grande desafio é o acesso das mulheres às contribuições sociais, que se dá pelo exercício de atividade remunerada. Então, é necessário combater o exercício do trabalho informal, os baixos salários, em comparação a clientela masculina e a dupla jornada.

Muito por isso, seria impossível se promover uma equiparação previdenciária, entre homens e mulheres. Além das demais alterações na sistemática de pagamento dos benefícios, diminuindo o valor destes, com base em dados não fidedignos com a realidade, calcados na expectativa de vida feminina e no simples fato de ser detentora de um maior número de benefícios, genericamente analisados. Tal interpretação, errônea, fere o escopo da seguridade que é a proteção social.

Decorridos, quase cinco anos, pode-se concluir que a reforma da Previdência brasileira, serviu para ampliar esta situação de desigualdade, revelando de maneira solar a gritante diferença atuarial entre os gêneros.

É inegável e urgente que sejam tomadas medidas de ajustes diante desta realidade do envelhecimento da população. Porém, deverá ocorrer de forma gradual e justa e com vários olhares diante de tantas realidades. E, não somente no campo da previdência, mas do mercado de trabalho, para não criarmos um abismo de desigualdade ainda maior no futuro.

 

Ana Toledo é advogada especialista em Direito Público e Seguridade Social e sócia do escritório AC Toledo Advocacia – wwww.actoledo.com.br

 




Mulheres e seus desafios: empreender, igualdade de gênero e independência financeira

Cada vez mais as mulheres buscam assumir o controle de suas finanças e, consequentemente, investir os recursos de olho em suas necessidades, preferências e o alcance de uma aposentadoria tranquila. Uma das principais alavancas foi a crise econômica ocasionada pela Covid-19, que também despertou a necessidade de se planejar financeiramente e motivou as mulheres a rever seus gastos e buscar uma maior autonomia nas tomadas de decisão.

Pesquisa realizada pelo Serasa reforça que as mulheres agora lideram o comando dos recursos dentro de casa, participam de maneira mais assertiva do orçamento, da construção do patrimônio da família e buscam equiparação salarial. Além disso, elas são responsáveis por garantir a pontualidade das contas do lar, evitando um endividamento ainda maior das famílias.

Embora as mulheres tenham dedicação em jornada múltipla, como aponta a economista americana Claudia Goldin, ganhadora do Prêmio Nobel 2023 e que estuda a participação feminina na força de trabalho e a economia do casal, com foco na desigualdade de gênero no trabalho, acabam se dedicando a seus negócios em tempo parcial. Quando falamos de donas de negócios, elas se dedicam 30% menos aos seus negócios, no comparativo com os homens.

No caso das mulheres empreendedoras, isso significa que elas precisam se desdobrar em diversos papéis. Por exemplo, elas se responsabilizam pelas tarefas domésticas e cuidados à família ao mesmo tempo em que administram seus negócios. Além disso, as mulheres ainda cuidam de suas carreiras, utilizando-se profissionalmente e culturalmente.

Essa jornada múltipla acarreta uma carga física e psicológica muito alta. Conciliar empresa, casa, família e estudos não é fácil; ainda assim, as mulheres assumem esses vários papéis e realizam essas tarefas com garra, mesmo que às vezes algumas delas fiquem comprometidas.

Preconceito e falta de incentivo

A discriminação é outro grande desafio que o empreendedorismo feminino enfrenta. Isto porque, as mulheres ainda sofrem julgamentos desiguais em relação aos homens, por serem considerados mais competentes em assuntos relacionados aos negócios. Um efeito que está enraizado e com forte influência cultural, construído e reiterado por muitos anos de história.

As empreendedoras sofrem com a falta de apoio, mesmo de suas próprias famílias e amigos, que não confiam no potencial de seus negócios. Mesmo com tamanha discriminação, algumas instituições vêm investindo em negócios criados por mulheres, por entender que quando uma mulher tem um negócio ela se preocupa com o entorno, transbordando o empreendedorismo e seus desdobramentos para a sociedade.

As experiências de vida das mulheres empreendedoras, mesmo as mais velhas, desempenham um papel significativo na formação de suas atitudes em relação ao dinheiro e aos investimentos. Várias experiências podem influenciar essas percepções e, por consequência, contagiar outras mulheres, especialmente aquelas mais jovens e aquelas que estão no +60 anos.

Aquelas que receberam uma educação financeira sólida desde jovens têm maior probabilidade de tomar decisões informadas em relação ao dinheiro, aos investimentos ao longo da vida e como empreender. Podem ser exemplos para as demais. Também, a carreira profissional de uma mulher pode impactar significativamente sua independência financeira. Mulheres que tiveram carreiras bem-sucedidas podem ter uma abordagem mais confiante em relação ao dinheiro, aos investimentos e aos negócios.

Geralmente se deparam com a desigualdade salarial ou discriminação de gênero no desenvolvimento de seus trabalhos. Podem ter uma relação mais desafiadora com o dinheiro, levando a uma abordagem mais cautelosa em relação aos investimentos. Já aquelas que passaram por viuvez ou divórcio podem desenvolver uma compreensão mais profunda da importância da independência financeira, da necessidade de planejamento cuidadoso para garantir a estabilidade financeira e da urgência em empreender com equilíbrio.

A educação financeira desempenha um papel fundamental na capacitação das mulheres de qualquer idade para tomar decisões financeiras mais informadas e assertivas. Ela contribui para que as mulheres desenvolvam uma compreensão sólida de conceitos financeiros básicos, como orçamento, poupança, investimento e aposentadoria. Isso aumenta a consciência sobre a importância do planejamento financeiro a longo prazo.

Ao adquirir conhecimentos financeiros, elas podem sentir-se mais capacitadas e independentes na gestão de suas finanças. Isso é particularmente significativo, considerando as mudanças nas dinâmicas familiares e sociais. Além disso, têm contatos com ferramentas para tomada de decisões, analisar diferentes opções de investimento, compreender os riscos e benefícios, e escolher estratégias que se alinhem aos seus objetivos financeiros e compreender o mundo dos negócios para empreender.

As mulheres não podem ter receio em se tornarem uma empreendedora e adquirir conhecimento em finanças. Obstáculos sempre surgirão e fazem parte do cotidiano. O importante é ser resiliente e entender que por trás de cada problema surgem aprendizados e vitórias. Desafios são para ultrapassá-los, Mulheres.

Paula Sauer é economista, especialista em educação financeira e psicologia econômica, professora de Economia Comportamental na ESPM.

 




Por que a Meta deverá, obrigatoriamente, mudar de nome no Brasil?

 

A Meta, empresa dona dos aplicativos Facebook, Instagram e WhatsApp não poderá usar este nome no Brasil. Em 2021, a empresa que então se chamava Facebook, resolveu mudar seu nome como estratégia de marketing em relação ao metaverso, ferramenta que surgiu com o propósito de ser o futuro da revolução digital.

De lá pra cá, a empresa alterou seu logotipo e fortificou o nome como Meta, entretanto, esbarrou em um problema ao chegar no Brasil: já existia uma empresa, devidamente registrada no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) que possui o nome Meta e, inclusive, também atua na área digital.

Assim, se iniciou um imbróglio jurídico entre a Meta Platforms – proprietária do Facebook – e Meta Serviços em Informática – empresa brasileira. Recentemente, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo decidiu, acertadamente, em favor da empresa brasileira.

Isto porque, a Meta Serviços de Informática teve seu registro junto ao INPI e atua no Brasil desde 2008, não podendo ser refém da alteração de nome e marca da empresa americana, que embora atue de maneira global, deve respeitar a legislação de cada país.

Além disso, não se pode admitir que as duas empresas atuem em território nacional com o mesmo nome, pois geraria confusão entre os consumidores e fornecedores, o que já vinha acontecendo, segundo relatos do próprio processo.

Agora, por determinação da Justiça Paulista, a MetaPlatforms deve alterar seu nome no Brasil no prazo de 30 dias, sob pena de multa de R$ 100 mil, que poderá ser aumentada caso não cumprida a decisão.

Embora ainda caiba recurso, é muito difícil que a decisão seja alterada, pois a empresa Meta Serviços em Informativa cumpriu tudo que determina a legislação brasileira no que tange a registro e proteção de sua marca, registrando-a no INPI muito tempo antes da Meta Platforms sequer existir com este nome.

Outra alternativa que resta à empresa americana é tentar se compor amigavelmente com a Meta Serviços em Informática, oferecendo algum tipo de compensação para que esta faça alteração de nome e repasse a marca para a detentora do Facebook, assim podendo se utilizar da marca em território nacional.

 

Renato Falchet é advogado, sócio da Falchet e Marques Sociedade de Advogados e especialista em Direito Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

 

 




Diocese de Assis

 

 

A preocupação está posta desde o início do cristianismo. Há aqui um profetismo de Jesus acerca do futuro de sua Igreja: “Não façais da casa de meu Pai uma casa de comércio (Jo 2, 16).Tanto que foi esse um dos raros momentos de impaciência e quase agressividade de Jesus ao expulsar aqueles vendilhões do Templo com um chicote às mãos. O chicote que o diga! Os que negociavam as ofertas (bois, ovelhas e pombas) às portas do Templo se viram momentaneamente prejudicados com aquela intervenção inesperada. A ação intempestiva e as duras palavras de Jesus contra o comércio que ali praticavam alertou as consciências mais sensíveis pela contradição de seus atos. Aproveitavam-se da fé popular para dela obterem lucro. Exploravam a ingenuidade daquele povo… Nada diferente dos dias atuais!

Mas não é bom generalizar. Há muitas e honrosas exceções! Nem sempre o aspecto financeiro dentro do ambiente religioso foi uma atitude meramente mercantilista ou de cunho oportunista por parte daqueles que cuidam das necessidades espirituais do povo de Deus. Há que se diferenciar estes, daqueles. As necessidades primárias para sustentação do culto e daqueles que se consagraram ao serviço do altar sempre existiram. São obrigações dos que se beneficiam desse serviço. Das doze tribos de Israel, uma tinha a função sagrada de servir e cuidar única e exclusivamente da questão litúrgica e espiritual de tudo o que se realizava no Templo. Era a Tribo de Levi, a família sacerdotal do povo de Deus. Mas, para tanto, era preciso que as demais tribos cuidassem das necessidades primárias desta casta de consagrados, não só no aspecto das necessidades básicas, como também em todas as questões relacionadas ao templo e à manutenção do culto. A estes se destinavam os dízimos e ofertas do povo.

Nada mudou desde então. As comunidades de fé continuam obrigadas a fazer frente a essas necessidades, ao sustento daqueles que tudo renunciam para servir ao altar do Senhor. O que acontece é o oportunismo de alguns que veem nesse serviço um meio de ganho fácil, de enriquecimento ilícito, de realização de falcatruas e ou negociatas com a fé popular… Então Jesus aprofunda a questão, ameaçando com a destruição do templo, de tudo, para uma edificação renovada, em três dias apenas. Seus ouvintes nada entenderam e viram nessa afirmativa uma questão de demência. “Quarenta e seis anos foram precisos para a construção deste santuário e tu o levantarás em três dias?” (Jo 2,20). Eis no que resulta a ignorância na fé e a opinião daqueles que não conhecem as belezas dos mistérios cristãos. Dentre eles a ressurreição. Dentre eles o templo de Deus que nos tornamos. Dentre eles a ação do Espírito em nossas vidas, que aceita e consagra nossas ofertas como sinal de gratidão a Deus por tudo que dele recebemos, temos e somos. Nessa perspectiva, nossos dízimos e ofertas nunca serão objetos de comércio ou negociata com Deus, mas sim canais extraordinários de graças e bênçãos.

Deixemos de lado a opinião mundana. Nessa relação de fé o que importa não é a quantidade do que temos para oferecer, mas a qualidade de nossos gestos de amor e responsabilidade para com as coisas e as causas de Deus. Se temos mais, se somos agraciados com dons e talentos maiores dos que os de muitos irmãos, temos sim que participar mais, contribuir com mais, fazer nossa parte sem nos preocuparmos com o julgamento e a opinião do mundo. O que importa é que Jesus conhece “o homem por dentro”!

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]

 




Espaço Espírita

 

 

Diante da noite, não acuse as trevas. Aprenda a fazer lume

Em vão condenará você o pântano. Ajude-o a purificar-se.

No caminho pedregoso, não atire calhaus nos outros. Transforme os calhaus em obras úteis.

Não amaldiçoe o vozerio alheio. Ensine alguma lição proveitosa, com o silêncio.

Não adote a incerteza, perante as situações difíceis. Enfrente-as com a consciência limpa.

Debalde censurará você o espinheiro. Remova-o com bondade.

Não critique o terreno sáfaro. Ao invés disso, dê-lhe adubo.

Não pronuncie más palavras contra o deserto. Auxilie a cavar um poço sob a areia escaldante.

Não é vantagem desaprovar onde todos desaprovaram. Ampare o seu irmão com a boa palavra.

É sempre fácil observar o mal e identificá-lo. Entretanto, o que o Cristo espera de nós outros é a descoberta e o cultivo do bem para que o Divino Amor seja glorificado.

ANDRÉ LUIZ

Extraído do livro “Agenda Cristã” – Editora FEB – Psicografia: Francisco Cândido Xavier

USE  INTERMUNICIPAL  DE  ASSIS

ÓRGÃO  DA  UNIÃO  DAS  SOCIEDADES  ESPÍRITAS  DO  ESTADO  DE  SÃO  PAULO

 




Diocese de Assis

 

A vida sem alegria não tem graça… não tem ritmo… não tem assunto… não ter cor… não tem calor… não tem sabor… não tem festa. A alegria é uma das coisas mais preciosas da vida porque amplia o senso de realização e o prazer de viver.

A alegria não é uma válvula de escape; não é um subterfúgio; não é coisa de “bobos alegres”; não é fanfarronice; não é extravagância. A alegria é muito mais do que sorriso e risada. A alegria satisfação e contentamento. Alegria é um dom da fé. Por isso, é necessário que nos alegremos; que cultivemos a alegria. A alegria é tudo na vida!

Veja com que palavras somos exortados pela Sagrada Escritura:

Fl 4,4-6. “Fiquem sempre alegres no Senhor! Repito: fiquem alegres! Que a bondade de vocês seja notada por todos. O Senhor está próximo. Não se inquietem com nada. Apresentem a Deus todas as necessidades de vocês através da oração e da súplica, em ação de graças”.

Rm 12,15. “Alegrem-se com os que se alegram, e chorem com os que choram”

Jo 16,20. “Eu lhes garanto: vocês vão gemer e se lamentar, enquanto o mundo vai se alegrar. vocês ficarão angustiados, mas a angústia de vocês se transformará em alegria”

1Pd 1,6. “Por isso, vocês devem alegrar-se, mesmo que agora, se necessário, fiquem tristes por um pouco de tempo, devido às várias provações”

Is 29,19. “Os pobres voltarão a se alegrar com Javé, e os indigentes da terra ficarão felizes com o Santo de Israel”.

Is 12,3. “Com alegria vocês todos poderão beber água nas fontes da salvação”.

Ecle 3,12. “Então compreendi que não existe para o homem nada melhor do que se alegrar e agir bem durante a vida”.

Ecle 8,15. “Por isso, eu exalto a alegria, porque não existe felicidade para o homem debaixo do sol, além do comer, beber e alegrar-se. Essa é a única coisa que lhe serve de companhia na fadiga, nos dias contados da vida que deus lhe concede debaixo do sol”.

Eclo 31,27. “O vinho traz vida para os homens, desde que você o beba com moderação. Que vida existe quando falta vinho? ele foi criado para alegrar as pessoas”.

Pr 10,28. “A esperança dos justos acaba em alegria, mas a esperança dos injustos termina em fracasso”

Eclo 1,20. “O homem paciente resiste até o momento oportuno, e será recompensado no final com a alegria”.

Cl 1,12. “Com alegria, dêem graças ao Pai, que permitiu a vocês participarem da herança dos cristãos, na luz”

Rm 14,17. “O Reino de Deus não é questão de comida ou bebida; é justiça, paz e alegria no Espírito Santo”

Ninguém precisa inventar motivos para se alegrar; eles já existem e precisam ser descobertos. A alegria esta ao nosso alcance e é traduzida, também, como boa notícia.

Compartilhe a alegria! Entre no dinamismo das pessoas que se encontraram permitindo-se não, apenas, momentos de alegria, mas uma vida de alegria.

Alegre-se! Permita-se ao transbordamento de autenticidade que só é possível na alegria.

A alegria leva ao contentamento e, o contentamento muda as feições do rosto de qualquer pessoa, criando oportunidades múltiplas para o desabrochar da verdade, da liberdade e do amor.

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS 




Tecnologia a serviço do crime: a vez do clone de voz

 

Já é sabido por todos que a tecnologia, que tanto torna nossa vida mais prática e dinâmica, nos ajudando inclusive a conectar pessoas, entre outros inúmeros benefícios, infelizmente, em alguns casos serve também como recurso para a realização de golpes. Nesse sentido, é preciso alertar para uma ferramenta que na mão de pessoas erradas tem causado preocupante prejuízo: o clone de voz.

Recentemente, o influenciador Matheus Costa postou vídeos que viralizaram bastante nas redes sociais, trolando seus pais. Nessas produções, o influenciador usou a voz dos parentes e com os recursos de Inteligência Artificial, criou novos áudios que remetia aos próprios pais, os enganando. É claro que nesse caso, não houve maldade, que foram apenas vídeos para divertir e ver a reação dos pais. Contudo, servem também de alerta acerca do perigo dessas novas funcionalidades. Quem atua no universo do marketing digital já conhece bem esse recurso, mas, ainda assim, não está imune aos riscos do clone de voz.

E como esse tipo de golpe funciona? Há algumas formas de clonar a voz de uma pessoa. Existem robôs de Telegram que fazem buscas com o nome de alguém. A busca retorna diversas informações daquela pessoa, incluindo nome de parentes, números de telefone e outros dados úteis para quem pratica o golpe. Com as informações em mãos, o golpista usa uma foto da vítima num perfil de um novo número, entra pelo aplicativo Whatsapp e aí tem todos os ingredientes para seu delito. Na sequência, segue o seguinte roteiro: manda uma mensagem de áudio para um parente, que ao ouvir a voz editada por Inteligência Artificial, acaba por acreditar e, então, se torna presa fácil para o golpista.

Trata-se de um grande perigo. Claro, há quem seja mais desconfiado e, ao receber esse tipo de mensagem, toma o cuidado de apurar e confirmar com o parente ou amigo se realmente aquele áudio foi enviado por ele. Mas, nem todos são precavidos e atentos ou mesmo conhecedores que há esse golpe sendo praticado. Note que há um agravante: não é uma simples mensagem de texto, mas um áudio com a mesma voz de seu conhecido. Imagina, então, um idoso receber no WhatsApp um áudio do neto, chorando ou fazendo alguma coisa do tipo, pedindo dinheiro, por exemplo. É bem provável que ele se torne vítima do golpe.

Há ainda um aperfeiçoamento desse golpe, onde os criminosos pegam material nas redes sociais, principalmente de pessoas bem ativas, que produzem bastante conteúdo, porque usa como vasto material para proceder as edições e com a Inteligência Artificial fazer desses conteúdos, novas e falsas mensagens por meio da clonagem de voz.

O risco é para todos e as medidas para reduzi-los e evitar prejuízos financeiros e, claro, emocionais, passa por alguns poucos, mas eficazes cuidados: desconfie de números novos, inclusive no Whastapp. Antes de manter comunicação, principalmente quando envolve pedido de dinheiro, busque formas de confirmar com o contato, amigo ou parente se realmente houve alteração de número. Informe pessoas mais idosas que hoje há esse tipo de golpe e as alerte para que sempre confirme a informação, antes de dar sequência a uma conversa que certamente a levará a se tornar mais uma vítima. Como colocado no início, a tecnologia vem para agregar bastante à nossa vida, mas precisamos nos adaptar e saber nos proteger de quem a usa para o mal.

 

Gustavo Alonge é especialista em marketing digital e CEO da Engajatech