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Além das lentes ideológicas: quais as causas da violência urbana no Brasil

A persistência da violência urbana no Brasil frequentemente se torna opaca devido à cegueira ideológica, que impede alguns de enxergarem a verdadeira origem desse grave problema que assola a população.

A expressão “monopólio da violência” tem sua origem na definição estabelecida pelo renomado sociólogo Max Weber durante sua conferência “A Política como Vocação” em 1918.

Weber, nesse ensaio, estabelece uma concepção clássica para o pensamento político ocidental, atribuindo ao Estado o monopólio do uso legítimo da violência, quando necessário, no combate ao crime dentro de um território delimitado. Tal territorialidade é uma característica intrínseca ao Estado.

Tal monopólio, segundo Weber, pressupõe um processo de legitimação, sendo um princípio fundamental para todos os Estados democráticos modernos. Dessa forma, a definição do Estado soberano moderno está intrinsecamente vinculada ao monopólio do uso legítimo da violência.

Atualmente, observa-se uma tendência de minimizar a autoridade do Estado e as dores das vítimas, colocando-as como coadjuvantes do sistema de justiça. Há uma percepção de que todas as garantias são estendidas aos indivíduos que cometem crimes graves, como homicídios, estupros, tráfico de drogas e envolvimento com organizações criminosas. Isso se estende ao argumento de que esses criminosos são, de alguma forma, vítimas da sociedade.

Essa perspectiva levanta questionamentos sobre o equilíbrio entre garantias individuais e a efetiva punição de crimes, especialmente quando crimes hediondos estão envolvidos. A discussão se intensifica ao considerar como alguns elementos do sistema de justiça podem favorecer aqueles que cometem atos extremamente prejudiciais à sociedade.

Esse debate frequentemente se concentra na busca por um equilíbrio entre a proteção dos direitos individuais e a necessidade de garantir justiça para as vítimas. Encontrar um meio-termo que respeite os princípios fundamentais da justiça, ao mesmo tempo em que responsabiliza efetivamente os perpetradores de crimes graves, é um desafio contínuo na formulação de políticas públicas e na evolução do sistema jurídico.

A atuação das forças policiais é permeada por desafios sistêmicos e estruturais. A falta de recursos adequados, valorização e amparo legal em prerrogativas são obstáculos que comprometem a atuação dessas instituições.

A cegueira ideológica, por sua vez, impede uma análise crítica desses problemas. Quando a visão é deturpada por dogmas políticos ou ideológicos, torna-se difícil reconhecer e abordar a temática da segurança pública.

A compreensão da raiz da violência urbana requer um olhar além das lentes ideológicas, direcionando o debate para questões estruturais, sociais e históricas que alimentam esse problema.

O fortalecimento das instituições, investimentos em infraestrutura policial, bem como uma abordagem mais ampla que considere fatores socioeconômicos e educacionais são passos cruciais para enfrentar a violência urbana de maneira eficaz. A superação desse obstáculo requer um esforço coletivo para analisar criticamente as estruturas existentes e adotar medidas que promovam uma sociedade mais segura, justa e equitativa.


Raquel Gallinati é delegada de polícia; diretora da Associação dos Delegados de Polícia do Brasil; mestre em Filosofia e pós-graduada em Ciências Penais, Processo Penal e Direito de Polícia Judiciária




O crime de violência patrimonial e seus reflexos penais

 

 

 

A violência patrimonial tem ganhado holofotes nos últimos dias em razão de casos reiterados de abusos que vitimizam as mulheres no Brasil, principalmente daqueles que foram destaques na mídia, como o da apresentadora Ana Hickmann, da atriz Suzana Werner e da cantora sertaneja Naiara Azevedo.

Vale esclarecer que a violência patrimonial está prevista e punida expressamente no artigo 7º, da Lei Maria da Penha, e pode ser entendido como todo ato ou conduta que vise prejudicar patrimonialmente alguém ou comprometer sua independência financeira praticado, na maioria das vezes, por pessoas que integram uma relação de confiança, como no caso de sociedades conjugais.

Importante destacar que essa conduta criminosa não acontece apenas com pessoas com alto poder financeiro ou famosos. Infelizmente, a violência patrimonial está muito presente na vida de muitas famílias, pois não é preciso ter dívidas de milhões ou grandes propriedades, o simples ato de impedimento do acesso às contas bancárias ou até mesmo restrição de alimentação podem configurar esse crime, que normalmente acontece em paralelo com o de violência doméstica.

A Lei Maria da Penha criou mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do artigo 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana, para prevenir, punir e erradicar a violência contra a mulher.

O artigo 7º da referida Lei possui cinco formas de perpetrar violências neste cenário, quais sejam: violência física; violência psicológica; violência sexual; violência moral e a violência patrimonial.

A violência patrimonial, objeto deste artigo, é entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades.

Os exemplos de violência patrimonial são situações muito comuns em relacionamentos tóxicos marcados por abusos e obsessão. Mesmo assim, muitas pessoas não percebem a gravidade da situação por simplesmente não saberem que estes atos também configuram crimes. O crime de violência patrimonial também é consumado com o ato de tomar ou fiscalizar o celular ou dispositivos eletrônicos da parceira, já que são bens individuais e não podem ser tomados contra a sua vontade.

Além disso, apoderar-se do dinheiro que a companheira recebe em seu trabalho ou benefícios, trata-se de uma forma muito comum de controle da vida financeira de toda a família, evitando que a ofendida possa tomar suas próprias decisões. Controlar em absoluto os recursos domésticos para evitar que a companheira satisfaça suas necessidades individuais é um caso ainda mais grave, pois impede até mesmo os cuidados mais básicos.

São entendidos como atos de violência patrimonial também os de subtrair instrumentos ou impedir condições de trabalho para que a companheira não possa dar andamento em sua carreira profissional, como computadores, instrumentos de trabalho e até mesmo agendas telefônicas.

O não pagamento da pensão alimentícia também é uma maneira de “forçar” o retorno da ofendida ao lar do agressor por dependência financeira. Também configura crime de violência patrimonial o ato da apropriação sobre heranças da companheira. Isso porque a herança só pertence ao casal em casos de comunhão universal de bens. Caso contrário, é patrimônio individual.

Outro tipo de violência patrimonial é o de obter empréstimos no banco no nome da companheira: muito comum em casos onde o companheiro se utiliza da disponibilidade de crédito da companheira sem que ela saiba, fazendo empréstimos e utilizando para fins próprios sem a sua autorização, ou até mesmo quando possui procuração com plenos poderes gerais e faz uso criminoso desses poderes outorgados.

Se você a mulher for vítima de crime de violência patrimonial, deve contratar um advogado especialista na área criminal e família para fazer atuação em conjunto na Delegacia de Defesa da Mulher, bem como no Tribunal de Família, sendo imprescindível a vítima produzir provas e disponibilizar elementos que garantam a sua proteção imediata objeto de uma decisão fundamentada.

Nos casos de violência patrimonial, a Lei Maria da Penha prevê algumas medidas liminares inaldita altera pars, ou seja, medidas que devem ser tomadas rapidamente, antes mesmo do conhecimento da parte contrária ou do fim do processo, tais como:

– A devolução de todos os bens e recursos em posse indevida do agressor;

– A proibição temporária da realização de negociações com os bens e recursos do casal, exceto quando autorizado em juízo;

– A suspensão imediata de procurações que a vítima tenha dado ao agressor;

– O depósito de uma “caução provisória” como meio de garantir a restituição de eventuais perdas causadas pelo agressor.

Além destas medidas liminares, que só serão concedidas se demonstrado o periculum in mora (perigo da demora) e o fumus boni iuris (fumaça do bom direito, o amparo legal), haverá todas as consequências da natureza do crime praticado. É comum, por exemplo, que uma violência patrimonial ainda envolva a ocorrência de um estelionato e o agressor responderá por este crime de forma autônoma.

 

Eduardo Maurício é advogado no Brasil, em Portugal e na Hungria




Espaço Espírita

 

O santo não condena o pecador. Ampara-o sem presunção

O sábio não satiriza o ignorante. Esclarece-o fraternalmente.

O iluminado não insulta o que anda em trevas. Aclara-lhe a senda.

O orientador não acusa o aprendiz tateante. A ovelha insegura é a que mais reclama o pastor

O bom não persegue o mau. Ajuda-o a melhorar-se.

O forte não malsina o fraco. Auxilia-o a erguer-se.

O humilde não foge ao orgulhoso. Coopera silenciosamente, em favor dele.

O sincero a ninguém perturba. Harmoniza a todos.

O simples não critica o vaidoso. Socorre-o, sem alarde, sempre que necessário.

O cristão não odeia, nem fere. Segue ao Cristo, servindo ao mundo.

De outro modo, os títulos de virtude são meras capas exteriores que o tempo desfaz.

ANDRÉ LUIZ

Do livro “Agenda Cristã” – Editora FEB

Psicografia: Francisco Cândido Xavier

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ÓRGÃO DA UNIÃO  DAS  SOCIEDADES  ESPÍRITAS  DO  ESTADO  DE  SÃO  PAULO




Diocese de Assis

 

Não se encontra uma pessoa de fé genuína sem que esta não tenha tido uma revelação dos céus. Isso mesmo: a fé é uma revelação divina. Por isso, a imagem de uma estrela guiando os três reis e atraindo a curiosidade dos pastores nas cercanias de Belém não é uma simples alegoria ou metáfora bem escrita; é uma manifestação sobrenatural. Alguns autores tentam associar a visão dessa estrela com a passagem de um cometa qualquer. Outros a consideram simples ilusão de ótica. Outros um recurso literário para se explicar a grandiosidade do milagre que a encarnação do Verbo representou para a humanidade. De uma forma ou de outra, Deus emitiu um sinal aos crédulos e incrédulos: “Nasceu para vós o Salvador!”

Interessante é observar o caminho percorrido pelos magos. Foram diretos a Jerusalém, cidade santa e palco até hoje dos muitos atritos e divergências que a fé num Deus único tem provocado durante sua história de milênios. Bateram às portas do rei Herodes, o grande cego das manifestações divinas a seu povo eleito e – já naquela época – injustiçado e perseguido pelos poderes humanos. Seria ele o teocrata das ilusões de poder, para quem a pergunta dos reis caiu como uma bomba em seu colo: “Onde está o rei dos judeus que acaba de nascer? Vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo” (Mt 2,2).  Aquela informação, vinda da boca de forasteiros importantes, vizinhos com poderes idênticos aos seus, não poderia ser desconsiderada ou ficar sem uma resposta à altura. Tanto que Herodes simulou interesse e articulou uma armadilha: “Quando o tiverdes encontrado, comunicai-me, para que eu também vá adorá-lo”.

Por trás do poder humano o que quase sempre impera é o jogo de interesses. Esse é o grande perigo a que incorrem povos e nações oprimidas pela lei dos mais fortes e acaba no “massacre dos inocentes”, na perseguição àqueles que anseiam pela vinda do Messias. Essa é a razão única para se explicar os fatos que circundam a história da Igreja e a perseguição deflagada aos que vivem seu espírito de fé e esperança num mundo melhor. Padre Júlio Lancellotti, nestes dias turvos de incompreensão e acusações injustas, que nos diga! Papa Francisco em seus dias de calvário pela má interpretação de seus ditos e escritos, pela não compreensão de sua pureza evangélica, que nos diga! Padres e bispos comprometidos com a Igreja pobre, santa, mas também pecadora pela fragilidade humana que possui, que nos digam! A soberba imperialista e a falsa ideia de um cristianismo sem compromisso com os mais fracos não combina com a revelação daquela pobre manjedoura na periferia de uma Judéia quase invisível no mapa.

Quase que ao mesmo tempo, o grande desafio feito pelos anjos da revelação divina foi a motivação de contemplar o milagre anunciado. Os pastores diziam uns aos outros: “Vamos até Belém, e vejamos o que se realizou e o que o Senhor nos manifestou” (Lc 2,15). Quem lhes revelou esse caminho? Quem lhes apontou o estranho brilho daquela luz sobre um estábulo pobre, insignificante, improvisado, onde o grande milagre da revelação se manifestava? Eis a grandiosidade da fé dos pequenos. Não exige teorias e teoremas, prova dos nove, certidões e carimbos. Basta reconhecimento de um milagre, visão do caminho que a luz divina lhes aponta. “Foram com grande pressa e acharam Maria e José, e o menino deitado na manjedoura (Lc 2,16)”.  A simples contemplação de um fato e a revelação nele contida lhes era suficiente. Por isso, deram glórias e louvaram a Deus, “por tudo o que tinham ouvido e visto, e que estava de acordo com o que lhes fora dito”. A fé pura e genuína só exige um coração aberto aos milagres do cotidiano. O povo sabe disso…

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]

 

 

 




Diocese de Assis

 

Os dias vividos nesta terra não deveriam ser comparados com nada pesado ou penoso, mesmo quando temos que enfrentar crises, problemas, dificuldades, perseguições, medos, infelicidades, maldades, tristeza, morte… Tudo isso, e muito mais, faz parte da mesma vida que tem alegrias, prazeres, belezas, abundâncias, flores, farturas, festas…

Por que haveríamos de maldizer a dor se com isso maldizemos, também, a providência dos remédios que curam? Por que poderíamos rejeitar as tristezas se, com isso rejeitamos, também, as alegrias espalhadas por toda a vida? Por que teríamos objeção às dificuldades se, com isso, objetamos o processo de crescimento por causa do enfrentamento delas?

A vida humana é um mistério longe de ser esgotado pelos nossos desejos, ilusões e apatias. Por isso, em qualquer situação deveríamos ser agradecidos porque, por detrás de uma tristeza existe, sempre, uma alegria; na sombra de uma dor aparece, sempre, um remédio; ao lado de uma dificuldade acontece, sempre, muito crescimento e maturidade.

Viver é sentir o sopro da eternidade em nós e no mundo!

O escritor sagrado do livro do Eclesiastes em 5,17-19, tem uma bonita descoberta: “Concluí que a felicidade para o homem é comer e beber, usufruindo de toda a fadiga que ele realiza debaixo do sol, durante os dias de vida que Deus lhe concede. Essa é a sua porção. Todo homem que recebe de Deus riquezas e bens para que possa sustentar-se, ter a sua porção e desfrutar do seu trabalho, considere isso dom de Deus.  19 Desse modo, o homem não se preocupa demais com sua vida fugaz, porque Deus o mantém ocupado na alegria do coração.”

O mesmo escritor sagrado do Eclesiastes oferece alguns discernimentos importantes que deveríamos levar em conta, para vencer nossas ansiedades e resistências contra a vida que temos e que, diante dela não podemos tudo e não sabemos tudo:

Discernir e resistir

“Mais vale a honradez do que um bom perfume, e o dia da morte é melhor que o dia do nascimento. É melhor ir a uma casa onde há luto do que ir a uma casa onde se faz festa, pois aquele é o fim de todo homem e faz, desse modo, quem está vivo refletir. É melhor a tristeza do que o riso, porque, debaixo de um rosto triste, o coração pode estar alegre.

O pensamento do sábio está na casa onde há luto, mas o pensamento do insensato está na casa onde se faz festa. É melhor ouvir a repreensão do sábio do que o elogio dos insensatos, porque assim como crepitam os gravetos debaixo do caldeirão, tal é o riso do insensato. Isso também é fugaz, porque a extorsão torna insensato o sábio, e o suborno lhe corrompe o discernimento” (Eclesiastes 7,1-7).

O futuro pertence a Deus

“Mais vale o fim de uma coisa do que o seu começo, e a paciência é melhor do que a pretensão. Não fique tão depressa com o espírito irritado, porque a irritação se abriga no peito dos insensatos. Não diga: ‘Por que os tempos passados eram melhores que os de hoje?’ Não é a sabedoria que faz você levantar essa questão. A sabedoria é boa como uma herança, e útil para aqueles que vêem o sol, pois à sombra da sabedoria se vive como se vive à sombra do dinheiro. Mas a sabedoria é mais vantajosa, porque faz viver quem a possui.

Procure compreender a obra de Deus, porque ninguém endireita o que ele encurvou. Esteja alegre no dia feliz, e no dia da desgraça procure refletir, porque um e outro foram feitos por Deus, para que o homem nunca possa descobrir nada do seu próprio futuro” (Eclesiastes 7,8-14).

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS




Diocese de Assis

 

Um dia termina, outro começa. Assim também anos, séculos, milênios…No alvorecer de um novo ano há sempre as reminiscências do que se foi. Ter sido bom ou ruim depende da perspectiva de cada um. O fato é que sobrevivemos, ultrapassamos os umbrais de um novo tempo. Ao último coube a missão de apagar as luzes, fechar portas e janelas, exalar o perfume no ar ou sacudir a poeira dos pés. Ilusoriamente, é assim que nos despedimos do passado. Ontem foi ontem, o que vale é o hoje, o presente.

“Completaram-se os dias para a purificação”, nos diz o último dos evangelhos do ano, quando celebramos o Dia da Sagrada Família. Aqui está o gancho, o fio da meada dessa oportuna reflexão no início de um novo tempo que chega. Segundo a tradição judaica, após o nascimento de uma criança observava-se um período pós-parto, quando mãe e criança se resguardavam do esforço exaurido para se alcançar “vida nova”. Após vencer essa etapa, obrigatoriamente, eram conduzidos ao templo, para apresentar o recém-nascido ao Senhor. “Todo primogênito do sexo masculino” era consagrado solenemente a Deus. O menino Jesus se enquadrava no privilégio dessa consagração, apesar de sua origem divina já o consagrar como oferta viva e perene de Deus aos homens. Mas lei é lei, se cumpre!

O cumprimento desta passa pelas expectativas da história humana, onde o que existia  ( e continua a existir) era a esperança de um novo tempo, o sonho de liberdade perene advindo da promessa de um Messias, um salvador. Tal qual o sonho do velho Simeão, que ansiava contemplar a face serena e promissora desse libertador do seu povo sofrido. Eis que lhe foi concedida essa graça. Com o menino nos braços, naquele encontro casual no templo, Simeão agradeceu: “Agora, Senhor, conforme a tua promessa, podes deixar teu servo partir em paz; porque meus olhos viram  a tua salvação” (Lc 2,29-30). Nisso resulta a fé dos que leem nos acontecimentos do dia a dia a ação sempre generosa de Deus. Não são as trevas do passado motivos de pânico e desânimo pelas expectativas futuras. Quando a esperança é maior que a realidade que nos cerca, com certeza, daremos aos nossos braços a oportunidade de embalar um sonho envolto na imagem de uma criança consagrada; uma criança-esperança que nasce todos os dias, tal qual o menino Jesus apresentado naquele Templo.

Também somos templo! Templos vivos do Espírito Santo. Também é possível remexer nossos sonhos e esperanças, tirar deles o mofo que deixamos acumular, fazê-los reluzir novamente à luz da fé que ainda nos sobra e encontrar, dentro de nós mesmos, a face sempre serena e sorridente desse menino de luz. “Esse menino vai ser causa tanto de queda como de reerguimento para muitos…” Esse menino renasce sempre, a cada ano, a cada nova etapa de nossas vidas, com o propósito único de renovar e fortalecer nossos sonhos e esperanças. “Assim serão revelados os pensamentos de muitos corações”, profetizou Simeão, para calcar em nossos propósitos de vida uma fé além e acima de nossa cruenta realidade.  Agora depende de nós. Ser boa ou ruim a história que hoje escrevemos, com a nossa vida, depende de cada um de nós. Não fiquemos só na expectativa de um novo tempo, uma realidade nova. Os sonhos são passíveis de realização. se nossa vontade for maior. Se nossos esforços seguirem os passos da Sagrada Família, aquela que nos deu exemplo em tudo, até na dor, na desesperança de momentos. Porém, como o salmista, devemos lembrar: “A esperança dos maus dá em nada” (Sl 112). Acenda sua luz.

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]




Espaço Espírita

 

 

Nós, e somente nós, podemos construir um ano melhor, já que um feliz ano novo não se deseja, se constrói.

Poderemos construir um ano bom a partir da nossa reforma moral, repensando os nossos valores, corrigindo os nossos passos, dando uma nova direção à nossa estrada particular.

Se começarmos por modificar nossos comportamentos equivocados, certamente teremos um ano mais feliz.

Se pensarmos um pouco mais nas pessoas que convivem conosco, se abrirmos os olhos para ver quanta dor nos rodeia, se colocarmos nossas mãos no trabalho de construção de um mundo melhor, conquistaremos, um dia, a felicidade que tanto almejamos.

Só há um caminho para se chegar à felicidade. E esse caminho foi mostrado por quem realmente tem autoridade, por já tê-lo trilhado. Esse alguém nós conhecemos como Jesus de Nazaré, o Cristo.

No ensinamento “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo” está a chave da felicidade verdadeira. 

Trechos do texto editado pela Equipe do Programa “Momento Espírita”, da Federação Espírita do Paraná, com base no livro “Repositório de Sabedoria”, do Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal

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Diocese de Assis

O ano novo está ai, de portas abertas e, não podemos cruzar os braços e esperar as coisas acontecerem sozinhas, como num passe de mágica. Nós temos obrigação de nos envolvermos com a vida que temos. Somos responsáveis pelo que somos, pelo que queremos e pelo que devemos fazer.

Sabemos que tudo tem o seu tempo e o seu lugar e que, nada, acontece por acaso. Deus tem falado, sempre e claramente, a respeito de tudo o que devemos ser, querer e fazer.

Ninguém nasce pronto! Aprendemos a caminhar, caminhando! Por isso, enquanto caminhamos, aprendemos a ouvir a voz de Deus, através dos acontecimentos, das pessoas… e, de nós mesmos. São os sinais dos tempos. Aliás, é preciso muita coragem para enxergar e assumir as ‘revelações’ dos sinais dos tempos porque, muitas vezes, tais ‘revelações’ despertam, em nós, medos e angustia.

Nossa vida está marcada por muitos sinais que sugerem uma profunda e verdadeira revisão de vida. Como não podemos fugir dessa necessidade, vamos fazer revisão para operarmos com mais eficiência e eficácia, em tudo o que nos for dado.

Trata-se de refletirmos sobre a nossa e o nosso batismo; sobre nossa vida e existência. Quer dizer, refletir sobre a nossa experiência de Deus e nossa missão ou, melhor ainda, refletir sobre o nosso ser e o nosso fazer. Não só refletir, refletir e dialogar! Só assim descobriremos novos caminhos para a realização pessoal e comunitária.

Estamos em tempo de revisão geral: pessoal, familiar, profissional, religiosa… Não perca esta oportunidade! Logo abaixo tem um roteiro muito sugestivo para sua revisão de vida. Bom Trabalho!

Roteiro prático de revisão de vida.

Imagine que você está para morrer. Você deve escrever uma carta para os seus amigos; uma espécie de testamento, cujos capítulos ou partes poderiam ter títulos baseados nos seguintes tópicos:

  1. As coisas que amei na vida;
  2. As seguintes experiências me foram caras;
  3. Estas ideias me trouxeram libertação;
  4. Estas crenças eu deixei para trás;
  5. Estas convicções foram minhas normas de vida;
  6. Eu vivi para tais coisas;
  7. Estas foram as visões interiores que obtive na escola da vida: a) visões de Deus; b) visões do mundo; c) visões da natureza humana; d) visões de Jesus Cristo; e) visões do Amor; f) visões de da religião; g) visões da Oração;
  8. Estes foram os riscos que enfrentei;
  9. Estes foram os perigos com que brinquei;
  10. Estes foram os sofrimentos que me amadureceram;
  11. Estas são as lições que a vida me ensinou;
  12. Estas são as influências que modelaram minha vida (pessoas, ocupações, livros, acontecimentos…);
  13. Estes são os textos bíblicos que iluminaram meu caminho;
  14. Estes são os fatos de minha vida dos quais eu me arrependo;
  15. Estas são as realizações de minha vida;
  16. Estas são as pessoas que venero em meu coração;
  17. Estes são os meus desejos não realizados;
  18. Agora, procuro um final para este documento: a) uma poesia (minha ou de outro); b) uma oração; um desenho; c) uma foto de revista; d) um texto bíblico ou qualquer coisa que me pareça apropriada para pôr um fecho neste meu testamento.

Parece complicado, mas não é não. Tente! Faça um ano novo diferente.

Em 2024 estaremos juntos de novo! Feliz ano novo!

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS




Diocese de Assis

 

Está no ar a magia da revelação cristã, embrulhada como presente numa manjedoura de animais, num curral quase sempre fétido e improvisado. Está no ar o que deveria ser a maior e mais bela das festividades humanas; não mais o  é. O que fizemos do nosso Natal? A resposta exige tato e sensibilidade, que só a alma serena e devota de um poeta é capaz de nos dar com certeza e precisão: “É Natal, a partilha é possível, necessária, mudará tudo”. Obrigado, companheiro das desilusões e da esperança renovada. Natal é muito mais do que a festa da hipocrisia e do farisaísmo que a domina. É nossa oportunidade de redenção.

Então, o que faremos? Por enquanto, na ala dos desentendidos estão muitos dos burrinhos dos nossos presépios ou das vaquinhas sonolentas e indiferentes ao milagre que acontece diante de seus olhos. Veem, mas não enxergam. Tristes estes, que fazem da noite divina um hiato do tempo, a ruminar sonolentamente seus dias e ignorar os sinais de um novo dia que vence as trevas e prepara nova aurora de vida e esperança. De burrinhos e vaquinhas de presépio temos muito.

Mas há aqueles que se deixam representar pelos inesperados e curiosos visitantes de primeira hora, extasiados que estavam com o clarão de uma luz a iluminar aquela noite mágica. Diziam-se pastores, operários sempre atentos aos sinais de perigo e alerta contra as ameaças dos lobos e coiotes a rondar seus rebanhos. Onde estão estes agora? O que fizeram da magia daquela noite aureolada pelo solstício de uma revelação divina? Um deles trazia nos ombros uma ovelha perdida, desgarrada ou, quiçá, ferida no caminho. Aquela ovelha lhe representa?

Perguntas por perguntas, já vemos o limiar dos reinados terrenos a caminho do berço improvisado. Trazem também presentes. Porém muito mais simbólicos do que os que oferecemos hoje, na onda do consumismo que dominou esse momento cristão. Ouro, ilusão do ouro! Incenso como nossas loas voláteis e passageiras! A mirra de nossos amargores, falácias, decepções! Eis o que temos para oferecer; eis tudo o que hoje depositamos no altar da fé que pensamos ter…

Cadê o ouro verdadeiro, a riqueza maior que poderíamos colocar naquele berço casto e sagrado? Quem ali é capaz de oferecer seu único tesouro que nenhuma ferrugem ou ácido da indiferença mundana seja capaz de corroer, consumir? Quem se dispõe a oferecer a vida, o mais precioso dos tesouros que um dia recebemos de Deus?

Mas há também o simbolismo do incenso, esse que é capaz de se elevar de nossos corações com o perfume casto e suave de nossa gratidão. Nossas orações ganham essa dimensão sagrada, quando elevada aos céus com a pureza e simplicidade de uma fé transformadora, saudável, reluzente como qualquer alma generosa e complacente. Saibamos incensar o menino que nasce diuturnamente em nossos corações, agraciados por sua presença.

Por fim, saibamos também presenteá-lo com a mirra, a essência da profilaxia que nos cura e liberta de todo mal. O santo remédio do arrependimento e da purificação que nos prepara a alma para viver intensamente com a saúde espiritual de que tanto o mundo precisa. Quando soubermos valorizar esse espírito natalino com o respeito que ele merece, teremos a resposta aos dilemas e problemas que hoje temos. E a pergunta será: O que mais poderemos fazer?

                             WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]




Espaço Espírita

 

Ano Novo sempre sugere um balanço de nossas relações com o tempo.

Quantas promessas não cumpridas!…

Quantos planos frustrados!…

E aqueles que já se deixaram registrar no livro divino da responsabilidade perante Deus, fazem contas com a própria consciência, renovando votos de serviço, compreensão, devotamento e renúncia…

Se desejamos, porém, penetrar o segredo das horas, com a realização de nossas esperanças mais elevadas e com a execução gradual de nossos projetos, necessitamos de algo que nos modifique, à frente dos semelhantes, que nos suavize as atitudes, que nos traga correntes de simpatia, que nos inspire o trabalho incessante e digno e que nos alimente o espírito em mais altos padrões de serviço e confiança.

Esse algo, meus irmãos, é a fraternidade profundamente sentida e sinceramente vivida, que auxilie nossa alma, incentivando-a no bem, porque sem fraternidade, há sempre gelo e sombra, indiferença e aspereza no santuário do coração.

NINA ARUEIRA 

Extraído do livro “Irmãos unidos” – Editora GEEM

Psicografia: Francisco Cândido Xavier

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