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O Brasil tem capacidade de combater o terrorismo?

 

Essa é uma pergunta que suscita reflexões sobre as medidas e estratégias adotadas para enfrentar essa ameaça global. Neste cenário, é fundamental destacar a importância da cooperação internacional como um pilar fundamental na luta contra o terrorismo, assegurando a integridade e a segurança da nação. Através dessa colaboração, fortalecemos nossa capacidade de prevenir, investigar e neutralizar ameaças.

Nosso país tem demonstrado uma resistência efetiva a essas ameaças, construída por meio da união de esforços com agências de segurança de diversos países ao redor do mundo. A cooperação internacional, protagonizada pela Interpol e pela Polícia Federal, revela-se crucial no monitoramento de organizações extremistas e na troca de informações vitais. Essa colaboração, representando uma verdadeira força-tarefa, possibilita rastrear suspeitos e potencializa investigações.

No tabuleiro da segurança nacional, é crucial impedir que o terrorismo ganhe terreno e se estabeleça em nosso território, proliferando como facções criminosas. A rede de cooperação internacional se torna, assim, a base sólida sobre a qual repousa a nossa luta contra o terrorismo.

A espinha dorsal dessa estratégia reside em investimentos robustos em nossa polícia judiciária. Fortalecer e capacitar nossas forças policiais é crucial, proporcionando recursos e treinamentos adequados para enfrentar essa ameaça com eficácia. A segurança é um compromisso inabalável, e não podemos permitir que a negligência prevaleça.

Manter um monitoramento incansável, sem baixar a guarda, é uma obrigação para proteger nossa nação. Estamos vivendo em um mundo interconectado, onde as fronteiras não são barreiras para o terrorismo. Portanto, o controle e o monitoramento constantes são os verdadeiros guardiões da segurança do Brasil.

 

Raquel Gallinati, é delegada de polícia, diretora da Associação dos Delegados de Polícia do Brasil mestre em Filosofia, Ppós-graduada em Ciências Penais, Direito de Polícia Judiciária e Processo Penal.




Mulheres no comando: cooperativismo e ampliação do acesso ao crédito 

 

 

 

 

O Prêmio Nobel de Economia foi concedido a mulheres apenas três vezes, a última delas em 2023. Para receber o prêmio, a professora Claudia Goldin, da Universidade de Harvard, estudou a situação feminina no mercado de trabalho, debruçando-se em mais de 200 anos de história. Das extenuantes jornadas nas lides agrícolas do século 18 até as primeiras duas décadas dos anos 2000, as transformações na atuação feminina têm sido significativas. No início do século 20, as mulheres já eram mais escolarizadas do que os homens. Hoje, a cadeira almejada por elas nas empresas é a de presidente, e não mais um papel predestinado como auxiliar. Mas quantas grandes mulheres ficaram à sombra da história?

No Brasil, as mulheres foram autorizadas a ingressar em colégios para estudar além da escola primária em 1827. O direito ao voto só viria em 1932. Em 2023, apesar de representarem 52% do eleitorado, apenas 12% delas comandam prefeituras, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O mundo corporativo, ao contrário das hostes políticas, começa a delinear um cenário mais promissor. De acordo com o Panorama Mulheres 2023, um estudo realizado pelo Talenses Group e Insper, as mulheres representam 17% das CEOs em empresas brasileiras. Em 2017, elas eram 8%. De modo geral,  a pesquisa indica que a presença feminina conquista duas vezes mais espaço em todos os cargos de liderança quando a presidência das organizações é ocupada por uma mulher.

Uma busca rápida na internet é suficiente para encontrar inúmeros estudos que atestam a eficiência das empresas com liderança feminina. Nesses levantamentos, termos como “inclusão”, “diversidade” e “empatia” tendem a se incorporar pouco a pouco ao DNA de pequenas, médias e gigantescas companhias geridas por mulheres.

Com mais executivas à frente dos negócios, as instituições financeiras têm visto um nicho não apenas inclusivo, mas também um expressivo retorno financeiro. Por essa razão, elas vêm ampliando os investimentos em empresas com gestão feminina.

O Sicredi, uma instituição financeira cooperativa com mais de 7 milhões de associados e presença em todos os estados brasileiros e no Distrito Federal, captou internacionalmente US$ 100 milhões (cerca de R$ 500 milhões) para destinar a micro, pequenas e médias empresas brasileiras lideradas por mulheres. A iniciativa inclui o fator gênero como critério para o uso dos recursos que foram mobilizados pela International Finance Corporation (IFC), membro do Grupo Banco Mundial, com participação do BNP Paribas e Sumitomo Mitsui Banking Corporation (SMBC).

Na linha de atuação que valoriza as lideranças femininas no Brasil, o Sicredi recebeu o “Título Sustentável do Ano” pelo Global SME Finance Awards 2023. A instituição também conquistou menção honrosa como “Melhor Financiador para Mulheres Empreendedoras”.

As conquistas das mulheres, em todos os âmbitos, foram árduas e não serão menos difíceis daqui para frente. Os passos a serem dados são incontáveis, mas as mulheres estão trilhando um caminho inclusivo, capaz de igualar oportunidades com mais humanidade.

Marcia Helfenstein Koch é diretora-executiva da Sicredi Iguaçu PR/SC/SP.

 




Tecnologia: o uso excessivo e os impactos na saúde mental

 

Pesquisas norte-americanas recentes revelam o quão solitários os americanos se sentem, tendo como prevalência os jovens, que tiveram o tempo de qualidade em suas relações, com amigos e colegas, reduzido por mais de 50%.

Outro estudo, lançado em 2021, sobre o tempo de exposição a telas, de crianças e adolescentes, revelam que o Brasil está em terceiro lugar no ranking dos países que mais utilizam celular ou dispositivos eletrônicos, passando até nove horas diárias consumindo conteúdos pela internet.

Considerando que podemos resolver muitas coisas virtualmente, sem precisar sair de casa, temos poucas motivações para sair do conforto e segurança do lar. Desta forma, temos cada vez mais homens e mulheres, jovens e crianças, com poucas interações sociais e maior isolamento. A pandemia acelerou um processo natural que já vinha acontecendo, e assim, este fenômeno tecnológico foi potencializado.

A vida já estava sendo desenhada para favorecer o isolamento, mas esse caminho não era apresentado como isolamento, mas como privacidade, como algo bom. Porém, a privacidade não pode levar ao isolamento.

Perguntemos para nossos avós, como era a convivência com a vizinhança na época em que eram crianças? Como viviam, brincavam, e como os nossos bisavós viviam? Precisamos resgatar os bons exemplos! A tecnologia trouxe inúmeros benefícios, sem dúvidas, mas é preciso saber usá-la sem que nos adoeça.

Quanto mais tempo na internet, menos tempo presencialmente teremos com as pessoas e, automaticamente, mais chances de nos sentirmos solitários. Afinal, existe uma diferença muito grande entre o virtual e o real!

As alterações neuroquímicas provocadas pela internet, especialmente pelas mídias sociais, são semelhantes às de uma pessoa que possui um vício, nunca fica satisfeita, sempre quer mais e mais. Nessa busca por mais, muitos caem no vazio, na depressão, sofrem por não conseguir lidar com pequenas frustrações e, às vezes, atentam contra a própria vida.

É como se entrasse em uma roda gigante, onde não se sabe mais o início e o fim dela, pois a busca pelo prazer e realização na internet vai levando ao isolamento, que gera um buraco dentro do peito, que sufoca a ponto de perder o sentido da vida. Repito: Não é que devamos parar de usar a internet e a tecnologia! Afinal de contas, se você está lendo este texto neste momento é graças a essa tecnologia que te alcança, com esse grande benefício. 

Porém, não se pode fechar os olhos para os malefícios de algo vivido de forma desordenada. Faça as seguintes perguntas a você neste momento: Tenho me sentido sozinho(a), mesmo tendo muitas pessoas ao meu redor? Quanto tempo tenho passado na internet? Esse tempo tem me privado de fazer algo importante, de conviver com pessoas que amo? Quando estou em uma roda de conversa, em uma festa, ou até mesmo em casa, com minha família, estou inteiro (a) ou divido minha atenção com a tela mais próxima? Quantas vezes saio de casa durante a semana? Quanto tempo me exponho ao ar livre? Qual foi a última vez que me senti feliz? 

Perguntas “fáceis” que precisam ser respondidas de tempo em tempo, com o objetivo de nos mover para uma vida ativa e rica de sentido, e não uma vida enjaulada dentro de um aparelho em uma casa fria e vazia. Mas atenção! Se você já se percebe com uma dor no peito que parece não ter fim e, mesmo estando rodeado de pessoas, se sente sozinho e não sabe por onde começar para mudar a sua história, procure ajuda! Você não precisa passar por isso sozinho, e nem deve ter vergonha de recorrer a alguém próximo ou a um profissional da área da saúde que possa ajudar.
Viva a alegria de uma vida na verdade!

Aline Rodrigues é psicóloga, especialista em saúde mental, e missionária da Comunidade Canção Nova. Atua com Terapia Cognitiva Comportamental, no campo acadêmico, clínico e empresarial.




Diocesee de Assis

 

Quantas vezes ouvimos falar da história das virgens previdentes e não previdentes, que buscavam as graças de um noivo? Quantas vezes aprofundamos essa história, sem nunca a entendermos plenamente? Pois é essa exatamente a parábola das almas sedentas pelo encontro definitivo com Deus, a maior e mais pura aspiração da natureza espiritual do ser humano. Essa é a razão do nosso existir. Para perfazer esse caminho é preciso manter acesa a chama da nossa fé, trazer conosco o combustível necessário que clareia os passos dos que almejam (almejar vem de buscar com a alma) as alegrias do Reino entre nós.

Recordando em suma: Jesus coloca nessa história o exemplo de dez virgens. Cinco eram previdentes, cinco não. As previdentes traziam consigo o óleo necessário para manter acesa a chama de suas luzes. Sabiam que, no cair da noite, nas horas derradeiras do dia mais sonhado de suas existências, haveriam de reconhecer mais facilmente o noivo que vinha e que as receberiam de imediato sob o brilho de suas luzes. Haveriam de brilhar para Ele. Seriam a luz do mundo em trevas. Já as imprevidentes, sem preocupações maiores, sem critérios de um caminhar longe das trevas que as encobriam, pois que “o noivo estava demorando e todas elas acabaram cochilando e dormindo”, foram surpreendidas com a falta de óleo em suas lâmpadas. E encontraram fechadas as portas do Reino. Nisso resulta nossa imprevidência com as coisas do alto, as questões do ser espiritual que somos!

Fica, pois, bem evidente a simplicidade dos ensinamentos cristãos, cuja racionalidade está centrada no objetivo do nosso existir: ser luz do mundo! Ser sinal de salvação no meio das trevas que nos encobrem, da noite longa e tenebrosa dessa vigília na espera do “noivo” que chega, que aparentemente parece demorar, mas que há de chegar no momento que menos se espera. Não há como improvisar esse momento, essa festa “de casamento” que Deus nos prepara como encontro definitivo num mundo novo com o qual sonhamos. “Senhor! Senhor! Abre-nos a porta!” (Mt 25, 11) Esse é o brado mais retumbante da humanidade, mesmo que muitos ainda estejam indiferentes e achem ser possível “comprar o óleo” da salvação no momento final, no último instante de suas vidas. Não há como garantir esse momento, “pois não sabeis qual será o dia nem a hora”, e a conquista do Reino Definitivo se inicia no agora do nosso existir. Quem quiser garantir seu lugar ao Sol, sob a Luz da verdade que nos rege neste mundo, deve estar atento, diuturnamente, pois que a vigilância constante é nossa única garantia, nosso passaporte para a Eternidade.

Tudo isso resume nosso existir, dá sentido à vida. Não é mera pregação de fanáticos ou beatos confinados em crenças escatológicas, adventícias. Há um outro lado nessa história, que todos respeitamos, mas nem todos o fazem por merecer. A previdência de grande maioria está centrada apenas no seu aspecto social, nas falácias de uma aspiração meramente transitória, essa crença humana que diz ser a vida uma instituição de momentos, de circunstâncias, de fatos plausíveis e palpáveis. Melhor não pagar pra ver. Melhor manter acesa a chama da nossa fé.

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]

 

 




Espaço Espírita

 Não permitas que pensamentos infelizes criem raízes em tua mente.

A vida não se resume aos problemas que defrontas neste momento.

Acima deles, sorriem para ti inúmeras oportunidades de progresso espiritual.

Basta que confies em Deus e faças o melhor ao teu alcance.

Por isso, aprende a selecionar os pensamentos que te visitam, como quem separa as sementes sadias para cultivar o solo da alma.

Confiando e agindo no Bem, encontrarás forças para que floresçam em ti a harmonia e a saúde, o amor e a luz.

SCHEILLA

  Do livro “A Mensagem do Dia” – Psicografia: Clayton LevyEditora Allan Kardec

USE  INTERMUNICIPAL  DE  ASSIS

ÓRGÃO  DA  UNIÃO  DAS  SOCIEDADES  ESPÍRITAS  DO  ESTADO  DE  SÃO  PAULO

 

 




Diocese de Assis

 

Toda a vida cristã está baseada no modelo de vida do Cristo: suas ações, suas palavras, seus sentimentos, seus pensamentos, seus gestos, sua postura, sua mentalidade, sua sabedoria, seu amor, sua compaixão, sua misericórdia, seu perdão, sua ternura, sua percepção, sua sensibilidade, seu zelo, sua atenção, sua verdade, sua sinceridade…

O cristianismo, portanto, não é, simplesmente, uma ideologia, mas, um ideal; não é uma doutrina, mas, um itinerário de vida; não é uma convenção, mas, uma convicção; não é crença, mas, é fé.

Neste sentido, cristão é aquele que, identificado com o Cristo, se con-figura a ele. Isto é, torna-se um outro Cristo; sem deixar de ser o que é, assume, como sendo seu as ações, as palavras, os sentimentos, os pensamentos, os gestos, a postura, a mentalidade, a sabedoria, o amor, compaixão, a misericórdia, o perdão, a ternura, a percepção, a sensibilidade, o zelo, a atenção, a verdade, a sinceridade… do Cristo. A esse respeito, Tomas Kempis, no passado (1441), falava em Imitação de Cristo. O Evangelho fala de ser santo como o Senhor é Santo. Não são duas verdades que se excluem, mas que se completam. A prática da fé, pela imitação do Cristo, faz chegar à santidade. E santidade deve ser o escopo (meta) da vida.

Ora, quando muita gente pensa que a busca de santidade anula a natureza humana, como fazer da santidade uma meta sem se tornar desumano consigo e com os outros?

É preciso ter claro que, a santidade não desumaniza a pessoa, pelo contrário, totaliza, completa, plenifica. Porque o ideal de santidade pressupõe a realização da pessoa total e não de uma parte dela.

O grave problema de quem considera a busca da santidade como um risco à humanidade de uma pessoa, é a visão compartimentada e fragmentária de tudo.  Ora, quem fragmenta tudo, enxerga tudo através da limitada condição dos fragmentos. De tal forma que a referência de valor, de sentido, de verdade… será sempre pequena.  Por exemplo: quem não vê o tempo para além de um só dia, vai querer tirar proveito de tudo só naquele dia; quem não vê a fome para além da comida, não vai passar de um comilão; quem não vê o trabalho para além do dinheiro, vai continuar sendo um escravo remunerado; quem não enxerga o dinheiro para além do possuir, não vai deixar nunca de ser materialista; quem não enxerga o sexo para além do prazer, nunca resolve as suas obsessões e desvios.

O ideal cristão de santidade pressupõe a natureza humana: suas fraquezas e forças; suas limitações e grandezas, suas contingências e necessidades; seu nada e seu tudo…

Na fé, a visão de homem total (santo) é a de homem Feliz. E isso só é possível fazendo coincidir felicidade com santidade, santidade com realização e realização com prazer.

O grande desastre da vida humana é que, uma inversão, arbitrada pela fragmentarismo, coloca o prazer como princípio de tudo. Nisto está a derrocada do homem porque o hedonismo faz ponte com o individualismo, com o materialismo, com o egoísmo e com muitos outros “ismos” que esvaziam e escravizam.

As bem-aventuranças de Jesus, em Mateus 5,1-12, oferecem um programa de vida, onde o ideal de felicidade é a realização da pessoa em sua totalidade. Tomando como ponto de partida as realidades não negadas (mas assumidas) da vida, mostra como é possível ser feliz. A proposta, presente ali, é de felicidade e, não simplesmente de alegria.  Porque alegria é sempre algo passageiro; vem e vai rápido. A Felicidade, ao contrário, é algo mais duradouro e precisa de mais tempo para se consolidar para se tornar realização. Porque ela pode chegar não só através de uma alegria, mas também de uma tristeza.

Bem-aventuranças! Vale a pena conferir LENDO-AS e TRAZENDO-AS para a vida.

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS 




Império da impunidade: fraudes em investimentos sugam um sexto do PIB brasileiro 

 

Na era digital, a democratização dos investimentos tem sido uma das marcas do século XXI. A disponibilidade de variados produtos financeiros, como as criptomoedas e as ações, está em ascensão. A barreira de entrada para novos investidores nunca foi tão baixa. No entanto, essa mesma acessibilidade criou uma arena perfeita para fraudadores que prometem altos retornos em curto prazo, mas que na realidade causam perdas significativas aos investidores. 

Os números que cercam este universo de fraudes em investimentos impressionam. De acordo com pesquisas da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), o número de brasileiros afetados por investimentos fraudulentos passou de 11%, em 2019, para 13,9%, em 2021, representando um aumento de aproximadamente 1,3 milhão de pessoas em um único ano. Além disso, um estudo revelador do Instituto de Proteção e Gestão do Empreendedorismo e Relações de Consumo (IPGE) identificou que mais de 1.300 empresas de investimento fraudulentas estão operando no Brasil, coletando aproximadamente R$ 1,07 trilhão nos últimos cinco anos. Para se ter uma ideia da magnitude desse valor, ele equivale a um sexto do Produto Interno Bruto (PIB) do país. 

Se o gigantismo representado por esses dados já choca, o que nos alarma mais é a resposta das autoridades diante desse problema, que ainda tem sido tímida. Entre 2018 e 2022, menos de 60 medidas assecuratórias foram implementadas pela Polícia Federal e polícias estaduais, criando um ambiente propício para o florescimento dessas atividades ilegais. Essa aparente inércia gera uma preocupante sensação de impunidade e que, somada à baixa barreira para entrada de novos investidores, alimenta ainda mais os esquemas fraudulentos. O cenário se complica quando esses fraudadores transferem recursos para contas no exterior, tornando a recuperação dos ativos uma missão quase impossível. 

A complexidade e a lentidão do sistema judicial brasileiro também contribuem para a desistência das vítimas em buscar reparação. Perceba: a mesma pesquisa da CNDL e do SPC Brasil indica que tão somente 31% das vítimas conseguiram recuperar parte do seu investimento. Deste grupo, apenas 14% o fizeram com prejuízo, e menos de 10% conseguiram recorrer à justiça para tal. A estigmatização social e o desconhecimento sobre o funcionamento do sistema judicial são outros fatores que desencorajam as vítimas e, como resultado, encorajam ainda mais os mentores e operadores de golpes. 

Estamos diante de um cenário desafiador. Se existe interesse em muda-lo, é fundamental que haja uma ação coordenada de todos os setores da sociedade, que começa com iniciativas de educação financeira, de modo que cada brasileiro busque informações e entenda minimamente como funciona os investimentos e suas peculiaridades, passando pelo legislativo e órgãos regulatórios do sistema financeiro, chegando às autoridades policiais e ao judiciário, que necessita endurecer as penas para coibir ou ao menos desencorajar que fraudadores surjam e criem seus impérios com tantas vítimas. 

A impunidade não pode ser o status quo em um país onde milhões de pessoas estão vulneráveis a serem as próximas vítimas. É hora de colocar um fim a esse império da impunidade e restabelecer a confiança na justiça brasileira. 

Jorge Calazans é advogado criminalista, sócio do escritório Calazans e Vieira Dias e especialista na defesa de investidores vítimas de fraudes financeiras 

 




O privilégio de ser casal

Casei-me e tornei-me mãe na década de 1990. Naquela época, ser mãe solteira já era socialmente aceitável e, se intencional, até bem-visto. Era a tal “produção independente”. Ainda assim, reconhecia-se a vantagem de criar filhos com um marido – o que nem sempre é possível. Portanto, era comum me perguntarem como havia conhecido meu marido. Respondia com minha versão da tradicional piada misógina: “Fiz Engenharia. Mas não funcionou. Já estava apelando para o doutorado em Engenharia, quando, finalmente, encontrei um marido! Agora eu posso estudar História…”

É claro que não era essa a intenção quando escolhi minha carreira. Brincadeiras à parte, eu realmente tive sorte de conhecer alguém para casar, capaz de compreender e apoiar minhas escolhas. Afinal, um número crescente de mulheres tem enfrentado uma escassez de “homens casáveis”. Essa é a expressão que a economista americana Melissa S. Kearney usa para se referir aos homens incapazes de contribuírem para a economia da família.  No livro “The Two-Parent Privilege” [O privilégio da dupla parentalide], ela mostra evidências de que, nos EUA, os rendimentos das esposas não costumam ultrapassar os dos maridos e, quando o fazem, há uma maior chance de divórcios.

Ao mesmo tempo em que as normas de gênero tradicionais continuam válidas, a maior escolaridade das mulheres fez com que elas pudessem se tornar economicamente independentes. O resultado é que elas têm menos incentivos econômicos para se casar. Consequentemente, mais crianças crescem em famílias monoparentais.

Fiquei surpresa com a similaridade entre os casos americano e brasileiro no que ser refere à relação entre diploma universitário e casamento. Apesar das diferenças culturais e econômicas, em ambos os países o casamento tornou-se mais comum entre as pessoas com maior instrução e, portanto, mais ricas. De acordo com o Censo Brasileiro de 2010, 83% da população com ensino superior era casada, enquanto apenas 66% das pessoas com nível inferior ao ensino médio eram oficialmente casadas. Kearney mostra que, para os EUA, os números são ligeiramente acima de 70% para indivíduos com diploma universitário e abaixo de 60% para indivíduos sem diploma universitário. Portanto, o que escrevi sobre o meu país também se aplica aos EUA: “Pessoas educadas oficializam suas uniões”.

No entanto, uma distinção intrigante me ocorreu ao ler o livro de Kearney. Ela afirma que “quando as pessoas experimentam um aumento na renda ou na riqueza, elas tendem a ter mais filhos”. Os dados do Brasil mostram uma realidade diferente: a presença de filhos é inversa à renda familiar. Enquanto a maioria (69%) das famílias mais pobres são casais com filhos, apenas uma pequena parcela (6%) é de casais sem filhos. Em contrapartida, entre a classe mais rica, 44% são casais com filhos e 37% sem filhos. Portanto, no Brasil, quanto mais rico você for, maiores serão suas chances de casar e ter menos ou nenhum filho.

Olhando para meus filhos se transformando em adultos, não posso deixar de pensar em como eles são privilegiados por terem sido criados por ambos os pais. E quando olho para tudo que meu marido e eu construímos juntos, percebo o privilégio que é fazer parte de um casal. O paralelo entre os dois países tende a confirmar a tese do “privilégio dos dois pais”. Além disso, chama a atenção para os benefícios de viver junto como casal, mesmo que não seja pai ou mãe. Ser casal é um privilégio, mesmo sem filhos.

Marcia Esteves Agostinho é Doutoranda em História das Emoções e autora do livro Por Que Casamos (ed. Almedina Brasil).




Diocese de Assis

 

Desde que o mundo é mundo, o conflito humano tem sido sua marca registrada. A história raramente foi um mar de rosas, pois que suas guerras e contradições sempre estiverem presentes aqui e acolá. Dessa forma, parece-nos que a luta pela sobrevivência tem em seu bojo a necessidade do combate corpo a corpo e as guerras tornam-se uma necessidade natural de se escrever essa história narrando as vitórias e conquistas dos que podem mais. Como se a glória fosse mérito dos mais fortes. Como se a purificação estive sempre do lado dos poderosos. Como se o direito à vida fosse um contínuo processo seletivo só concedido àqueles que cantassem vitórias no campo de batalhas.  Assim, de uma guerra à outra, de uma bomba aqui, um morteiro ali, um massacre ao lado ou uma invasão mais além, vamos construindo nossa história com o direito de pisotear os mais fracos. Essa é a razão de qualquer guerra. Esse é o conflito existencial que escrevemos, ontem, hoje e sempre!

Então toda e qualquer guerra é justificável? Esse é o perigo maior que molda a opinião pública quando declaramos nossas guerras. Primeiramente se estabelecem as razões. Depois o lado, o posicionamento pró ou contra, a necessária divisão de forças. Então, seja o que Deus quiser! Mas Deus não quer nada disso, ao contrário, Ele é  e sempre foi o mediador de todo e qualquer conflito. Tanto que Jesus, o Príncipe da Paz, foi bem claro e suscinto em sua promessa de recompensa aos que buscam a santidade em meio às contradições da vida humana: “Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus” (Mt 5,9). Aqui não se encontra espaço que justifique uma situação a favor de qualquer tipo de guerra ou conflito armado. A paz é antes o único caminho capaz de nos promover e devolver à raça humana a dignidade de “filhos”, a razão maior e mais gratificante daqueles que buscam e encontram seu vínculo consanguíneo com o Criador. Ser elevado à categoria de filhos de Deus é a maior glória, a vitória suprema que justifica qualquer renúncia ou sacrifício em favor da paz.

Quando, pois a Igreja se posiciona contrária a qualquer tipo de guerra, não está tomando partido a favor deste ou daquele lado. Não é o Papa um mediador de conflitos, nem um negociador da paz em favor do mais fraco, como muitos possam pensar ou dizer. A bandeira cristã não tem cor. É branca como a pureza de uma alma sem segundas intenções, senão o ideal do Reino de Deus entre nós. Não vamos colocar nas declarações da Santa Sé as divergentes opiniões que as Nações Unidas deixam escapar com o veneno da parcialidade que forja nossas justificativas. A opinião dos que constroem a Paz não tem lado, nem cor, nem raça, nem crença. Por isso muitos não compreendem o lado neutro dos que se posicionam contrários a qualquer tipo de conflito. Buscam por primeiro o diálogo, a moderação, a cautela. São incompreendidos e injustiçados, mas também é na retidão desse posicionamento que a Igreja estende seu manto de Mãe e Medianeira entre Deus e os homens. Porque, como Igreja que somos, ainda podemos ouvir de seu Mestre e Senhor: “Bem-aventurados sois vós quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo tipo de mal contra vós por causa de mim” (Mt 5, 11).

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]

 

 




Espaço Espírita

 

Em todos os tempos, a ideia da morte sempre esteve ligada a conceitos variados.

Enquanto no velho Oriente morrer significava libertar-se, no Ocidente a morte recebeu a vestimenta de dor e perda.

Seja qual for a bagagem cultural que reúnas, procura encarar a morte física como fenômeno natural, que não anula a vida.

Os entes queridos que te precedem na grande viagem permanecem ligados à tuas ondas mentais.

Se choras em desespero, lamentando a aparente perda, tuas lágrimas chegam aos teus afetos como chuva de ácido a lhes perturbar a paz.

Se perdes o ânimo de continuar vivendo, porque quem mais amavas partiu antes de ti, não conseguirás aliviar a quem amas do peso de ver-te na dor.

Por enquanto, o fenômeno da separação do espírito ainda não é bem compreendido pela maior parte das pessoas.

Lembra, porém, que na lei da espiritualidade não há separação definitiva.

Os reencontros são marcados, assim como as momentâneas partidas.

Se a morte chamou um ente querido, abençoa-o e continua vivendo, com vontade, servindo e amando.

Depois, compreenderás tudo.

Recorda que o próprio Cristo, depois da cruz, voltou, em espírito, a demonstrar que a vida não cessa com a morte do corpo.

E, naquele instante solene, Ele, uma vez mais, recomendou aos seus discípulos amor e serviço para a implantação do Reino de Deus.

UM AMIGO

         Extraído do livro “Diretrizes Espíritas” – Psicografia: Clayton B. Levy – Editora EME

USE  INTERMUNICIPAL  DE  ASSIS

ÓRGÃO DA UNIÃO  DAS  SOCIEDADES  ESPÍRITAS  DO  ESTADO  DE  SÃO  PAULO