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Espaço Espírita

 

Você não deve manter complexos de inferioridade.

Cada um de nós nasceu para viver eternamente na luz da bondade divina.

Você tem a religiosidade inata na alma.

Templo não é casa que apenas se deva frequentar; é essencialmente morada, morada espiritual.

que se sucedem representam degraus que nos compete subir, rumo a esse templo interior.

Qualquer postura de inferioridade que assumamos a pretexto de humildade pode abrir espaços de inação e angústia em nós mesmos.

Não esqueça: você nasceu na luz para viver na mesma luz da presença divina.

PASTORINO

Do livro “Minutos de Luz” – Psicografia: Ariston S. Teles – Editora LIVREE        

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Mulheres no mercado de trabalho: a legalidade de uma política de contratação exclusiva para mulheres

Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) apontam que, em 2023, o número de mulheres ocupadas no mercado de trabalho alcançou um recorde histórico, totalizando 43.380.636, superando os 42.675.531 registrados no ano anterior. Não é à toa que a diversidade e inclusão no ambiente laboral tornou-se um tema bastante relevante no país nos últimos anos, especialmente no que diz respeito à equidade salarial entre homens e mulheres e ao acesso a cargos de alta gestão. 

Como resposta, várias empresas têm adotado políticas para promover a igualdade de gênero e aumentar a participação das mulheres em diversos setores, entre elas a contratação exclusiva de mulheres. Porém, essa prática levanta questões sobre a sua legalidade.

        De acordo com a legislação brasileira, a contratação exclusiva de mulheres é  permitida desde que vise reduzir a desigualdade de gênero no mercado de trabalho e estimule a maior participação feminina. Essa ação, quando justificada de maneira razoável e destinada a promover a igualdade real, não é considerada discriminatória. Pelo contrário.  A Lei nº 14.611/2023 reforça essa posição ao garantir a igualdade entre os gêneros, estabelecida pelo artigo 5º da Constituição Federal, e ao prever instrumentos de transparência e averiguação interna para identificar e corrigir desequilíbrios salariais e critérios de remuneração.

Podemos citar como exemplo o setor de tecnologia, por muitos anos um ambiente predominantemente masculino, em que grandes empresas e startups têm criado vagas exclusivamente para mulheres, buscando reduzir a desigualdade e incentivar a presença feminina neste campo. Neste caso, a prática tem amparo da lei. 

Entretanto, se a contratação exclusiva de mulheres for utilizada para promover estigmas de gênero, como a imposição de padrões de beleza para determinadas vagas, pode ser considerada discriminatória. 

Não é só com o índice de  participação das mulheres no mercado de trabalho que as empresas devem se preocupar. Outro tema bastante relevante e que merece atenção é a equidade salarial. Ainda há um longo caminho a percorrer neste tópico. A edição de 2022 do estudo “Estatísticas de Gênero: Indicadores Sociais das Mulheres no Brasil”, elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que essa evolução ainda está nos estágios iniciais. Contudo, espera-se que a edição de 2025 já reflita os impactos positivos das medidas legais implementadas a partir de 2023.

A implementação de programas de diversidade, ações afirmativas e parcerias estratégicas são passos fundamentais para alcançar maior  equidade  feminina no mercado de trabalho. Além de atender às exigências legais, essas iniciativas trazem benefícios tanto para a sociedade quanto para o sucesso das empresas.

Byanca de Farias é advogada trabalhista no Escritório Marcos Martins Advogados 




Ignição e incerteza

Há um ano, em 7 de outubro de 2023, o ataque coordenado pelo Hamas a Israel, a partir da Faixa de Gaza, marcou o início de um novo ciclo de violência no Oriente Médio. Com uma resposta israelense considerada desproporcional pela comunidade internacional, especialmente devido aos alarmantes números de civis palestinos mortos, incluindo mulheres e crianças, somada às condições de pobreza extrema e isolamento na Faixa de Gaza, criou-se uma narrativa que atraiu a solidariedade de outros grupos na região, como os Houthi, no Iêmen, e o Hezbollah, no Líbano.

Com o envolvimento de múltiplos atores, o conflito entre Israel e o Hamas rapidamente se expandiu. As ações israelenses, incluindo o suposto uso de explosivos em pagers interceptados do Hezbollah e o assassinato do líder do grupo, Hassan Nasrallah, ocorrido há duas semanas, colocaram o Líbano diretamente no campo de batalha. A retaliação com mísseis balísticos pelo Irã na semana passada, em resposta à morte de líderes como Ismail Haniyeh, intensifica ainda mais a situação.

Nunca antes a situação no Oriente Médio esteve tão volátil. Com a morte de figuras centrais de grupos como o Hezbollah e o Hamas, aliados regionais desses movimentos sentem a necessidade de agir em solidariedade, temendo que a crescente agressividade de Israel e seu apoio ocidental possam comprometer suas próprias estruturas de poder.

O ataque inédito do Irã a Israel, com o lançamento de 180 mísseis balísticos, representa uma escalada perigosa com o potencial de envolver não apenas potências regionais, mas globais. O Irã, já sob forte pressão econômica e política devido às sanções impostas pelos Estados Unidos e seus aliados, pode estar calculando suas ações como uma tentativa de fortalecer sua posição no Oriente Médio, buscando evitar que sua influência sobre grupos como o Hezbollah e o Hamas seja enfraquecida.

Este cenário evidencia um realinhamento das alianças globais, com consequências diretas para a estabilidade do sistema internacional. A guerra na Ucrânia e o conflito no Oriente Médio são dois pontos de ignição que ilustram a fragmentação do poder global. Não se trata mais apenas de uma competição entre grandes potências; há uma rede complexa de atores menores que, com o apoio indireto de grandes nações, podem desencadear conflitos regionais com repercussões globais.

Os Estados Unidos e seus aliados da OTAN encontram-se divididos entre continuar o apoio militar e financeiro à Ucrânia e lidar com a crescente ameaça no Oriente Médio, que agora envolve um conflito direto com o Irã. Esse dilema estratégico coloca o Ocidente em uma posição delicada, especialmente considerando que a China, embora mantenha uma posição relativamente neutra em ambos os conflitos, busca consolidar sua influência global, aproveitando-se das fraquezas e distrações do Ocidente.

A escalada contínua de violência pode resultar em um novo tipo de Guerra Fria, envolvendo não apenas superpotências, mas também uma rede descentralizada de atores estatais e não estatais, todos competindo por espaço e influência em um sistema internacional cada vez mais fragmentado.

Este cenário exige uma abordagem diplomática renovada, mas também expõe as limitações de instituições internacionais, como a ONU e o Conselho de Segurança, que não têm conseguido conter a intensificação dos conflitos. Com o Oriente Médio à beira de um confronto regional maior e a Ucrânia ainda lutando por sua sobrevivência, o futuro próximo parece sombrio e cheio de incertezas.

O Oriente Médio é uma região já marcada por conflitos sectários, rivalidades geopolíticas e disputas por recursos naturais. A eclosão de uma guerra generalizada poderia rapidamente se expandir além das fronteiras dos países diretamente envolvidos, arrastando potências regionais como Irã, Arábia Saudita, Turquia e Israel, além de atores não estatais como o Hezbollah, o Hamas, os Houthi no Iêmen e milícias apoiadas pelo Irã no Iraque e na Síria.

Um estudo publicado por Mearsheimer & Walt sobre alianças regionais destaca que a complexa teia de alianças no Oriente Médio — com o Irã apoiando grupos como o Hezbollah e o Hamas, enquanto Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos apoiam facções sunitas em países como o Iêmen e Síria — pode transformar rapidamente conflitos localizados em confrontos mais amplos e incontroláveis.

O Oriente Médio é o centro da produção global de petróleo e gás natural, e uma guerra generalizada teria impactos imediatos sobre o mercado de energia. O estreito de Ormuz, por onde passa cerca de 20% do petróleo mundial, poderia ser bloqueado ou se tornar um campo de batalha.

O Oriente Médio já enfrenta algumas das maiores crises de refugiados do mundo, especialmente devido aos conflitos na Síria, Iraque e Iêmen. Uma guerra generalizada exacerbaria significativamente esses fluxos migratórios, criando milhões de novos deslocados internos e refugiados. Estudos conduzidos por Crawford et al. (2020) mostram que conflitos prolongados na região forçam populações civis a buscar refúgio em países vizinhos, sobrecarregando as economias locais e os sistemas de assistência humanitária.

Um efeito significativo de uma guerra generalizada no Oriente Médio seria o fortalecimento de grupos extremistas e a disseminação de ideologias radicais. Conflitos prolongados, especialmente aqueles envolvendo intervenções estrangeiras e bombardeios, criam um terreno fértil para a radicalização de jovens. Gerges (2016) analisa o crescimento do jihadismo no contexto do colapso de Estados no Oriente Médio, destacando como esses cenários alimentam movimentos radicais. Nas constantes ignições daquela região, a incerteza é a única constante.

João Alfredo Lopes Nyegray é doutor e mestre em Internacionalização e Estratégia. Especialista em Negócios Internacionais. Advogado, graduado em Relações Internacionais. Coordenador do curso de Comércio Exterior e do Observatório Global da Universidade Positivo (UP). Instagram: @janyegray




Espaço Espírita

 

O único título que Jesus reclamou para si, ainda que fizesse jus às mais excelentes denominações honoríficas que possamos imaginar, foi o de “Mestre”. Esse o título por ele reivindicado, porque, realmente, Jesus é o Mestre excelso, o Educador incomparável. (1)

Jesus não era educador no sentido comum da palavra, mas fez uso de forma incomum de propriedades pedagógicas para ensinar o Evangelho. Clemente de Alexandria chamou-o Pedagogo da Humanidade, e vários historiadores da educação reconhecem a existência de uma Pedagogia de Jesus que deu origem a várias formas da Pedagogia Cristã.

Pestalozzi, nas suas principais obras, refere-se constantemente ao Evangelho de Jesus, onde, se tivermos “olhos de ver”, perceberemos toda a teoria citada em linguagem simples, argamassada com imagens fecundas, em parábolas que falam do trigo, do pastoreio, da pesca, do sal, da luz da candeia, de um reino que existe dentro de cada um. Remontamos, pois, às origens da Educação do Espírito, da educação por excelência: Jesus. (2)

Tornou-se o Pedagogo por excelência, não apenas ensinando a conhecer, a fazer, a conviver, a ser, mas, sobretudo, demonstrando que Ele o realizava. Vivenciou tudo quanto ensinou, comportando-se como modelo imprescindível à lição ministrada. Jamais desmentiu pelos atos o que lecionou por palavras. O Seu é o ministério do exemplo, da ternura, do amor e da compaixão. (3)

A mensagem de Jesus não foi apenas aquela constante de suas palavras, mas também e talvez, principalmente, aquela vivida em todos os seus atos. Não é simplesmente teoria, mas vida. Não se dirige tão somente ao intelecto, mas também e principalmente ao sentimento. Não se deve apenas ser estudada, mas vivida. Jesus foi e é Mestre e desta forma se apresentou à Humanidade “Porque um só é o vosso mestre, que é Cristo.” (Mateus, 23:10). A missão do mestre é educar. A missão de Jesus é a educação, renovação da Humanidade, preparando o reino de Deus na Terra, que ocorrerá com o desabrochar do “Reino” de cada um. (4)

(1) Em torno do Mestre. Vinicius. Parte 1, cap. Jesus, O Mestre

(2) Educação do Espírito. Walter Oliveira Alves. Cap. VI, item 7

(3) Diretrizes para o Êxito. Divaldo Pereira Franco, pelo espírito Joanna de Ângelis, Cap. I

(4) Educação do Espírito. Walter Oliveira Alves. Cap. IV, item 14  

Homenagem ao Dia do Professor

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Peregrinos da Esperança em caminhada com a mãe Aparecida

 

Já ouviu a expressão: “Coração de mãe, sempre cabe mais um?” Este dizer se aplica perfeitamente quando falamos da cidade de Aparecida, no Vale do Paraíba Paulista, com seu imponente santuário, o maior do mundo, dedicado à Rainha e Padroeira do Brasil. A pequena imagem, que atrai milhares de peregrinos, nos recorda a humilde serva, que se tornou Mãe do Redentor, aberta ao plano salvífico de Deus.

Ao longo da história, Deus fez e continua fazendo questão de se comunicar com a humanidade. Nossa Senhora, como via segura de um caminho que leva ao Pai, é também essa via segura de comunicação e atualização. As águas do Rio Paraíba do Sul foram como um canal da graça e permitiu que tantos corações fossem tocados por essa belíssima devoção mariana da Igreja.

Maria, o primeiro Sacrário Eucarístico. Por ela, recebemos o pão do céu. Seguramente, não caminhamos sozinhos, por duas razões: o acolhimento da graça de Deus e o generoso amor de uma mãe que não desampara seus filhos. Esse tempo de festa em honra à Padroeira do Brasil é um convite para um itinerário devocional de fé e virtudes. Somente por isso, o sentimento de pertença em contarmos com a Senhora Aparecida é suficiente para preencher-nos com o anúncio querigmático que se atualiza para quem abre o coração.

Padre Jonas Abib enxergou, como um bom salesiano, que tudo ela estava fazendo. O fundador da Canção Nova – obra que temos a graça de poder colaborar, sobretudo pela comunicação -, nos inspira a caminhar com Nossa Senhora. Ela, como protetora, não se deixa vencer em generosidade.

A Senhora Aparecida é uma devoção nossa, do Brasil. Especificamente no Vale do Paraíba,  este é o período de maior movimentação de romeiros rumo ao Santuário Nacional. De perto ou de longe, os devotos pedem, agradecem e são acolhidos como peregrinos da esperança, em sintonia com a proposta do Ano Jubilar, proclamado pelo Papa Francisco para 2025.

A graça desta celebração é como uma música, cujas melodias são históricas. Das 1550 basílicas menores existentes em todo o mundo, 60 estão no Brasil. A mais antiga é a dedicada a Nossa Senhora Aparecida, cuja honraria – a mais alta concedida a um templo fora de Roma – foi concedida há 116 anos pelo Papa Pio X, hoje Santo da Igreja, e que intercede do céu, ao lado da Padroeira, por cada brasileiro.

A Basílica de Aparecida é a casa onde muitos milagres, pela graça de Deus, são testemunhados. São gerações que por Maria buscam o Senhor, enquanto Ele se deixa encontrar. Como em um repicar de sinos, chega o anúncio esperançoso do tempo que se aproxima. Na Sala das Promessas, por exemplo, descobri há algum tempo, que são recebidos cerca de 20 mil ‘ex-votos’ por mês. Esta é uma expressão do Latim que se refere aos objetos deixados pelos devotos naquele espaço.

São os sinais visíveis da ação de Deus pela intercessão da “Mãe do Céu Morena”. Fotos, objetos de cera, cartas e outros dos mais variados segmentos, como instrumentos musicais e até mesmo troféus e medalhas. E, cada vez que visito esse ambiente, percebo que os corações alcançados por Maria compreenderam que, por expressarem a gratidão desta forma, não perderam de vista a meta cristã: o prêmio eterno de estarem no céu.

Seja em Aparecida ou na sua paróquia, no dia 12 de outubro procure vivenciar a missa colocando no altar do Senhor sua prece. Poderíamos discorrer a respeito dessa história por vários ângulos. Contudo, a mensagem principal que deve ecoar nos corações é que, por Nossa Senhora, buscamos a dignidade e a simplicidade. Duas palavras que se complementam na história de Aparecida.
Viva a Mãe de Deus e nossa!

Emerson Tersigni é repórter do telejornal Canção Nova Notícias




Por mais espaço para as mulheres na política e nas estruturas de poder

Nos dias de hoje, a representatividade feminina na Política brasileira é de pouco mais de 15%. Se fizermos um recorte das candidaturas negras, o percentual é ainda menor: 3%. Considerando que existem 5.568 municípios no Brasil, e levando em conta o número de mulheres eleitas no último pleito, significa que 900 cidades não têm nenhuma vereadora; 1,8 mil contam com apenas uma representante feminina no Poder Legislativo; e em outros 2.868 municípios há mais de uma mulher exercendo a Vereança. E mais: apenas uma em cada dez Câmaras Municipais em todo o País têm assento feminino em 30%.

Neste contexto, infelizmente, o Brasil é uma das nações campeãs em baixa representatividade feminina nas estruturas de poder.

A primeira medida afirmativa implementada pela Justiça Eleitoral no sentido de alterar este cenário foi a criação de cotas, por meio da lei 9.100/1995, que assegurou 20% das vagas de cada partido, ou de uma coligação para candidaturas femininas. Depois, com a aprovação da legislação 9.504/1997, este percentual foi elevado para o mínimo de 30%.

Ainda assim, a assimetria de gênero é gritante no processo eleitoral. Este quadro é agravado pela falta de percentual mínimo na distribuição de vagas – com proporção obrigatória para mulheres eleitas – e, também, pela ausência de divisão mais justa das verbas partidárias de forma igualitária.

Embora tenhamos no Brasil legislação eleitoral vigente, cabe destacar a necessária fiscalização, com a aplicação das sanções já regulamentadas, no intuito de combater o descumprimento das normas e levar proteção às candidaturas femininas. Isso porque, partidos políticos, a todo tempo, tendem a burlar a distribuição de recursos eleitorais, o que, muitas vezes, acentua a desigualdade na corrida ao pleito eleitoral para candidaturas femininas.

Infelizmente, o sistema eleitoral brasileiro tem várias “brechas” para contornar a lei de cotas. Vejamos: o processo de tomada de decisões é organizado pelos partidos – entidades que deveriam promover o trabalho político de forma transparente e igualitária. Mas as siglas são, majoritariamente, controladas por homens e pelos mesmos “caciques” há várias décadas – e que não abrem mão do poder.

Na realidade, estamos falando, historicamente, de uma relação de dominância estabelecida há séculos, que, muito embora em processo de transformação, caminha a passos lentos, demandando, não de hoje, profunda mudança nos padrões culturais vigentes.

Nesta esteira de raciocínio, precisamos de uma mudança na legislação brasileira que exija a reserva de cadeiras nas Casas Legislativas às mulheres, e quem sabe, um dia, nem precisaremos mais da lei de cotas.

A igualdade da mulher na Política, além de garantir meios para se combater a desigualdade de gênero e de violência que grassam em nosso País, tem o grande desafio à frente de enfrentar, de fortalecer e de ampliar a participação feminina nos mais diversos espaços de poder e de decisão – tarefa nada fácil, uma vez que os homens não abrirão, cordialmente, esses espaços para que nós possamos entrar e ocupar.

Afinal, para se construir uma verdadeira democracia, é fundamental ter a salvaguarda de que todas as vozes sejam ouvidas.

 

Alessandra Caligiuri Calabresi Pinto é advogada especialista em Direito da Mulher; em Direito da Família; em Direito Eleitoral; e em Defesa do Consumidor; é diretora da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) – Pinheiros; e consultora jurídica da Federação Empresarial de Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo (Fhoresp).

 




Desafio da seca e o uso de fertilizantes

 

As ondas de calor e a escassez hídrica estão se tornando problemas cada vez mais frequentes e graves para a agricultura global. Esses eventos extremos não apenas prejudicam as plantações, mas também afetam a segurança alimentar e têm um impacto direto sobre os consumidores. As mudanças climáticas estão intensificando a frequência e a severidade das secas e ondas de calor.

Estes desajustes climáticos impactam diretamente no desenvolvimento de plantas, que para enfrentar o estresse hídrico elas fecham seus estômatos para economizar água, o que reduz a absorção de dióxido de carbono necessário para a fotossíntese. Essa redução compromete a produção de açúcares, essenciais para o seu crescimento e desenvolvimento. Durante períodos de seca, a planta perde água mais rapidamente do que consegue absorver, o que pode reduzir drasticamente a produtividade das colheitas e até levar à perda total das safras. Além disso, a seca também reduz a disponibilidade de água no solo para dissolver os nutrientes, prejudicando a absorção de elementos essenciais pelas raízes.

Os efeitos das secas e das ondas de calor não se limitam às áreas de cultivo; eles têm repercussões diretas sobre os consumidores. A diminuição na produção de alimentos leva a aumentos de preços e possível escassez de itens essenciais. O custo dos alimentos pode subir devido à redução da oferta e ao aumento dos custos de produção. Além disso, a qualidade pode ser comprometida, o que pode afetar a segurança alimentar e a nutrição. As flutuações na oferta e nos preços têm um impacto direto no orçamento familiar e na acessibilidade de alimentos nutritivos para a população.

Mas os fertilizantes podem desempenhar um papel crucial na adaptação das plantas às condições adversas causadas pela seca e pelo calor extremo. O potássio, por exemplo, é vital para a regulação da água dentro das plantas e para a manutenção da função dos estômatos. Ele ajuda as plantas a resistir melhor ao estresse hídrico. O manganês é outro nutriente importante, pois está envolvido na fotossíntese e na gestão da água. O fósforo, quando aplicado próximo das raízes durante a semeadura, também contribui para o desenvolvimento radicular e a eficiência na absorção de nutrientes.

Além disso, a utilização adequada de fertilizantes pode aumentar a eficiência no uso da água. Fertilizantes bem formulados ajudam as plantas a melhorarem a capacidade de retenção de água no solo e a aumentar o crescimento das raízes, o que contribui para uma melhor absorção de água e nutrientes mesmo durante períodos de estiagem. Com isso, as plantas se tornam mais resilientes às condições adversas e conseguem utilizar melhor os recursos disponíveis.

Usar fertilizantes de forma estratégica — na quantidade certa, no local certo e no momento certo — pode maximizar a eficiência dos recursos e garantir uma produção agrícola mais estável e sustentável, ajudando a enfrentar de maneira mais eficaz os desafios climáticos que o mundo e, em especial, o agro vem enfrentando.

Valter Casarin, coordenador geral e científico da Nutrientes Para a Vida é graduado em Agronomia pela Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias/UNESP, Jaboticabal, em 1986 e em Engenharia Florestal pela Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”/USP, Piracicaba, em 1994.  

 




A responsabilização das vítimas em esquemas de pirâmide financeira: equívoco e inversão de valores

 

Recente decisão de um magistrado da Justiça de Santa Catarina causou revolta entre as milhares de vítimas de esquemas fraudulentos que assolam o país. A decisão negou o pedido de indenização de uma vítima de pirâmide financeira, sob o argumento de que sua conduta foi motivada pela busca de “ganhos fáceis”. E o pior, o juiz apontou dolo na conduta da própria vítima. Contudo, essa justificativa carece de uma análise mais profunda sobre a natureza das fraudes financeiras e o papel das vítimas.

É inegável que as promessas de lucros rápidos atraem muitos investidores, mas é crucial reconhecer que esses esquemas são planejados com sofisticação, explorando a vulnerabilidade e a confiança das pessoas. Essas armadilhas manipulam os investidores com falsas promessas de segurança e altos rendimentos.

Assim, comparar uma vítima de pirâmide financeira a um criminoso, ou sugerir dolo em sua conduta, ignora o caráter prejudicial dessas transações.

As vítimas, em sua maioria, são pessoas comuns, sem conhecimento técnico sobre o mercado financeiro. Elas são seduzidas pela confiança depositada nos promotores de esquemas fraudulentos, que se apresentam como legítimos.

A complexidade dessas fraudes é tão significativa que, muitas vezes, até investidores experientes falham em identificar sinais de alerta antes que seja tarde.

A pirâmide financeira é, por sua própria natureza, um esquema projetado para iludir e enganar. Os operadores desses esquemas são mestres da manipulação, utilizando estratégias psicológicas complexas e marketing agressivo, muitas vezes respaldados por figuras de autoridade ou influenciadores sociais, o que confere legitimidade às suas operações. Quando essas promessas vêm de pessoas ou instituições aparentemente respeitáveis, a barreira da desconfiança se reduz, tornando absurdo o argumento de que as vítimas agiram com dolo.

Além disso, o avanço tecnológico dessas fraudes evoluíram significativamente. Muitas pirâmides financeiras, agora, mascaram suas operações como investimentos sofisticados, usando termos financeiros complexos ou promessas de retorno ligadas a criptomoedas, marketing digital, ou outros setores em ascensão. Esse novo perfil atrai até mesmo pessoas que buscam proteger suas economias, e não necessariamente “ganhos fáceis”.

Na verdade, essas vítimas acreditam estar participando de um modelo de negócio inovador e legítimo. Culpar as vítimas por sua intenção de investir ou diversificar suas fontes de renda não apenas desafia a lógica, mas também mina a confiança nos sistemas financeiros e na justiça brasileira.

O papel do sistema judicial deve ser o de proteger essas vítimas, punir os infratores e garantir a reparação adequada pelos danos sofridos. Isso é fundamental para restaurar a confiança nas instituições e promover um ambiente mais seguro e transparente para os investidores. Somente assim será possível alcançar uma justiça plena e eficaz, que não apenas pune os culpados, mas também resgata a dignidade das vítimas.

Portanto, responsabilizar as vítimas de esquemas de pirâmide por sua própria ruína é um erro que desconsidera a natureza enganosa e complexa dessas fraudes. Ao negar indenização sob a alegação de que as vítimas buscavam “ganhos fáceis”, o Judiciário corre o risco de desviar o foco dos verdadeiros culpados: os fraudadores que arquitetam e lucram com essas operações ilícitas. As vítimas, muitas vezes, agiram de boa-fé ao confiar em promessas de rentabilidade, e tratá-las como cúmplices ou negligentes é um equívoco grave da justiça.

 

Mayra Vieira Dias é advogada e sócia do escritório Calazans e Vieira Dias




Espaço Espírita

  

Não obstante exclamares, muitas vezes, desconsoladamente, “como me sinto só!…” – Deus está contigo em todos os lugares.

Habitua-te a senti-lo porque através de todas as coisas que te rodeiam, a Sua bondade infinita se manifesta, ofertando-te luz e alegria.

O seu amor palpita em toda a parte, numa torrente de harmonias benditas!…

A Sua misericórdia imensa está na terra que pisas, no ar que te circunda, nas leis inteligentes e sábias da Natureza que te prodigaliza incalculáveis benefícios.

E nunca te esqueças que Deus é o Amor sem limites.

Enquanto maldizes o sofrimento, algumas vezes, lamentando o teu dia atual que deve ser de proveitoso trabalho, a flor te oferece perfume, a árvore compassiva te dá os seus melhores frutos, a estrela envolve-te de esperança com cintilações e sorrisos, o sol te dá saúde, a terra te oferta inumeráveis tesouros!…

É a bondade inexcedível do Criador que se manifesta em toda a sua intensidade e grandeza, perdoando-nos os ímpetos de revolta e olvidando-nos a cólera, indiferente aos nossos errôneos julgamentos, estimulando-nos para o progresso e animando-te para a elevação.

Acostuma-te a ver e a sentir devidamente todas estas coisas!…

E jamais te enfraqueças, porque Deus encontra-se em toda a parte e, ao invés de te desesperares, escuta a Natureza, a segredar-te sem palavras: Deus está contigo.

EMMANUEL

       Extraído do livro “Viajor”  –  Psicografia: Francisco Cândido Xavier

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Francisco é referência de vida fraterna e louvor a Deus pela criação

 

São Francisco de Assis é uma referência não apenas para cristãos católicos, mas também para muitas pessoas que se sensibilizam com o seu testemunho de fé, dedicação a Deus, obediência à Igreja e amor à pobreza evangélica, sem contar o modo como o Santo Seráfico valorizou a vida fraterna em comunidade e o louvor a Deus pelo dom da criação.

Em caráter inédito na história da Igreja, papa Francisco escolheu este nome para que seu pontificado se realizasse sob o patrocínio do Pobre de Assis e amigo das criaturas de Deus. Não foi à toa que, além das muitas homilias e discursos, papa Francisco dedicou duas encíclicas a questões que atualizam a mensagem de São Francisco: Laudato Si e Fratelli Tutti; a primeira, sobre o cuidado da casa comum e, a segunda, sobre a fraternidade e a amizade social.

Também o nosso querido padre Jonas Abib encontrou em São Francisco um modelo de homem de Deus, consagrado a Cristo Jesus. A influência de São Francisco na vida do padre Jonas se verifica, por exemplo, em uma de suas tantas composições musicais, a canção “Tema de Clara e Francisco”. Para padre Jonas, Francisco é irmão de todo irmão, assim como Clara é irmã de toda irmã. Ambos nos ensinam que para servir a Deus basta fazer poucas coisas, mas fazê-las bem feitas, com esperança de ver Jesus. Com alegria e perseverança, Clara e Francisco nos ensinam a espiritualidade de viver o cotidiano sempre buscando o além, a comunhão de amor com Deus.

Um dos símbolos franciscanos é o TAU, conhecido como a Cruz Franciscana. O Santo Seráfico queria que todos trouxessem esse sinal na fronte, pois em Cristo todos são eleitos, escolhidos por Deus para a salvação eterna. Padre Jonas fazia questão de utilizar um cordão com o TAU como forma de testemunhar sua consagração a Deus no carisma Canção Nova. Amor fraterno vivido em comunidade, como forma de viver o conselho evangélico da castidade; confiança na Divina Providência, como maneira de viver a pobreza evangélica; buscar a Deus na oração diária; e disposição alegre de servir os irmãos necessitados. Tudo isso diz respeito a princípios constitutivos do carisma inspirado por Deus a padre Jonas, e que posso testemunhar o quanto ele colocava em prática.

A família franciscana comemorou no último dia 17 de setembro os 800 anos do acontecimento místico do surgimento dos estigmas no corpo de São Francisco. A vida do Santo Seráfico esteve profundamente marcada pelo mistério de Jesus Crucificado. Como não recordar a experiência que ele teve com o crucifixo da igreja de São Damião, momento determinante de sua vida e da espiritualidade franciscana? “Francisco, vai e reconstrói a minha Igreja”, ouviu em seu coração estas palavras de Jesus.

Todo carisma tem essa força de contribuir com a edificação da Igreja de Cristo, e, por isso, posso afirmar com muita simplicidade: padre Jonas movido pelo poder do Espírito Santo deixou para a Igreja um legado carismático que também contribui com a edificação da Igreja na graça da santidade de Cristo Jesus.

Padre Wagner Ferreira da Silva é presidente da Comunidade Canção Nova e da Fundação João Paulo II