DESLIGANDO O TELEVISOR

            Acho que compete a nós envolvidos na área das Comunicações aplaudir  o que é positivo para a sociedade e criticar o que nada tem a oferecer.  A Rede Globo de Televisão tem excelentes programas. Trabalhei com eles no setor rádio. Mais propriamente na antiga Rádio Globo. Acho que o “Big Brother” nada tem a oferecer de bom e sobrou para o eficiente Tiago Leifert, de quem sempre fui admirador. Começou na TV Vanguarda de São José dos Campos. Tão eficiente que o próprio Boni criador da Globo trouxe-o para a central em São Paulo para a linha de esportes. Lamentavelmente tiraram o eficiente Tiago do esporte para comandar o “Big Brother” desde a saída do Pedro Bial.

            Admitir que tais shows de realidade sejam hoje os de maior audiência no Brasil é reconhecer que não passamos de um bando de idiotas. Não acredito que o inusitado modelo, rejeitado na Europa e nos Estados Unidos tenha toda essa audiência que propagam. Chego a duvidar dos índices divulgados pela emissora porque ainda acredito no bom senso.

            Segundo o noticiário, a coisa resume no seguinte. Nessa indigesta culinária – e com o perdão da comparação – coloca-se no mesmo curral um bando de antas que nada têm a dizer. Confina a patota naquela casa da mãe Joana com câmeras espalhadas pelas salas, quartos e banheiros e passam a registrar, além de cenas íntimas, todas as reações daquele agrupamento de antas. Os grunhidos são hipocritamente abafados por apitos, como se o telespectador fosse também uma anta, além de surda, desinformada. Confinada na casa, a patota ensina: como perder a dignidade; como semear a discórdia; como faltar com a lealdade; e como tripudiar em cima do adversário em troca de um cachê. À medida que vão sendo eliminados, os dublês de artistas são convidados a dar entrevistas em programas de auditório, e o fazem como se fossem celebridades! Acreditam que já são astros e estrelas. Nisto a mídia impressa é corresponsável por ceder generosos espaços a essa gente. O sucesso relâmpago vai colocá-los no mesmo ostracismo de onde saíram e com a mesma rapidez com que tiveram seus minutos de glória. Logo ninguém mais se lembrará deles. Quinta-feira passada desliguei o televisor de casa  mais cedo.

Alcindo Garcia é jornalista (e-mail: [email protected])