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Dia Mundial da Obesidade: entenda a doença e como preveni-la

 

 

São Paulo, março de 2025 – Instituído pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o Dia Mundial da Obesidade, em 4 de março, busca reforçar a conscientização em relação aos cuidados com a doença e à adoção de hábitos mais saudáveis.

Caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal, a obesidade é considerada uma doença crônica não transmissível e está associada a uma série de complicações de saúde. Fatores envolvendo aspectos biológicos, culturais, psicossociais e socioeconômicos – como questões genéticas, hormonais, uso de medicações, sedentarismo, alimentação inadequada, má qualidade do sono e estresse excessivo  – estão entre as causas do desenvolvimento da doença.

Definições da obesidade

Segundo Solange Tavares da Silva Schenfeld, nutricionista na AMA/UBS Parque Fernanda, gerenciada pelo CEJAM – Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim” em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo, a doença não se resume apenas ao excesso de peso.

“Metabolicamente, se há um gasto de energia inferior ao que consumimos na nossa alimentação diária e esse desbalanço se potencializa com a falta de exercícios físicos, o resultado pode acarretar um acúmulo exagerado de gordura corporal, caracterizando a obesidade”.

A OMS classifica a obesidade de acordo com o índice de massa corporal (IMC), nos graus I, II e III. A especialista destaca que a antropometria é uma das formas de avaliação da obesidade, realizada nas consultas nutricionais. Essa avaliação vai além do IMC, considerando medidas como a circunferência da cintura, a relação cintura-quadril e o cálculo da massa gorda por meio de pregas cutâneas.

Além disso, Solange explica que os exames laboratoriais e bioquímicos são essenciais para identificar alterações metabólicas e deficiências associadas ao excesso de peso. Métodos avançados, como bioimpedância e calorimetria indireta, permitem uma análise detalhada da composição corporal, separando massa muscular, gordura, ossos e líquidos, além de avaliar a capacidade do corpo de gastar energia.

Mas o peso não é apenas o fator determinante para essa definição. Atualmente, há uma nova classificação que divide a doença em obesidade pré-clínica e clínica, levando em consideração alguns agravos. A obesidade pré-clínica trata-se do aumento do tecido adiposo sem comorbidades associadas ou comprometimento dos tecidos e órgãos vitais. Entretanto, existe o risco do desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis a partir da obesidade.

Já a obesidade clínica é uma doença crônica e sistêmica, caracterizada por alterações funcionais em órgãos e tecidos ou no indivíduo como um todo, em decorrência do excesso de adiposidade, podendo culminar em lesões graves de órgãos-alvo, tais como infarto agudo do miocárdio, AVC e insuficiência renal e respiratória.

“Há fatores epigenéticos que mostram como o meio ambiente pode ‘ativar’ ou ‘suprimir’ alguns genes, inclusive o da obesidade. Dessa forma, mesmo que a pessoa tenha uma genética propícia ao desenvolvimento da obesidade, a alimentação e o estilo de vida contribuem muito para o seu surgimento”, explica Solange.

Principais impactos

Entre as consequências a curto prazo, é possível incluir alterações em exames laboratoriais, baixa autoestima e dificuldades para dormir. A longo prazo, se os sintomas relacionados às comorbidades iniciais persistirem, pode ocorrer o surgimento de doenças como diabetes tipo 2, hipertensão, dislipidemias, lesão em órgãos alvo como: rins, coração, pulmão, fígado, intestino, veias e artérias, dificuldade na circulação do sangue, aumento do risco de Doença de Alzheimer, entre outros agravos à saúde. Sendo assim, os impactos da doença podem ocorrer em qualquer fase da vida.

Prevenção e cuidados

Segundo dados do Ministério da Saúde, publicados em junho de 2024, 24,3% da população adulta sofre com obesidade no Brasil. A nutricionista afirma que, com a industrialização no mundo, a população vem sofrendo com mudanças nos padrões alimentares, impactando diretamente no aumento de casos da doença.

“Dados da Pesquisa de Estado Orçamentos Familiares (POF), de 2019, mostram que o brasileiro vem deixando de lado o famoso arroz e feijão para dar lugar mais frequentemente a fast foods e lanches rápidos. Isso, muito provavelmente, acontece devido à praticidade e à facilidade em pedir lanches por aplicativos, gerando um crescimento no consumo de ultraprocessados e contribuindo para o aumento da obesidade e doenças crônicas relacionadas”, aponta a nutricionista.

A prevenção começa na infância, com a adoção de hábitos alimentares saudáveis e a prática regular de atividades físicas. Além disso, a reeducação alimentar, em qualquer idade, é um fator significativo no combate à obesidade.

“A reeducação leva à escolha de alimentos saudáveis, in natura e minimamente processados, fazendo com que a pessoa tenha autonomia para fazer as próprias escolhas alimentares. A prática de exercícios físicos, por sua vez, aumenta o gasto calórico e contribui para um emagrecimento saudável e a mudança benéfica da composição corporal”, conclui.

Tratamento para Obesidade via SUS

Para combater a obesidade, o CEJAM implementou, em 2022, uma linha de cuidado específica para a doença, seguindo as diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS). Trata-se de um conjunto estruturado de ações voltadas para a prevenção, diagnóstico, tratamento e acompanhamento de pessoas com obesidade.

A iniciativa visa garantir um atendimento contínuo e integrado, promovendo mudanças de hábitos, controle de comorbidades associadas e, quando necessário, intervenções médicas e cirúrgicas. “O objetivo principal é proporcionar um tratamento eficaz e acessível, melhorando a qualidade de vida dos pacientes e prevenindo complicações decorrentes da obesidade.” destaca Clevia da Silva Pampolha, gerente da UBS Jardim São Bento, administrada      pelo CEJAM em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo.

A linha de cuidado oferece atendimento multidisciplinar nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) sob gestão da Instituição, com médicos, enfermeiros, nutricionistas e educadores físicos, além de grupos de educação e apoio. Para casos graves, com IMC ≥ 40 kg/m² ou ≥ 35 kg/m² com comorbidades, e quando outros tratamentos não se mostram eficazes, a cirurgia bariátrica é uma opção, embora não seja a única. Tratamentos medicamentosos e acompanhamento multidisciplinar intensivo também são alternativas oferecidas pelo SUS. Desde sua implementação, a linha de cuidado do CEJAM já beneficiou mais de 98 mil      pessoas.

Segundo Clevia, a conscientização sobre a obesidade como uma doença crônica, e não apenas uma questão estética, é fundamental para o enfrentamento desse problema de saúde pública. “A intensificação de políticas públicas, a disseminação de informações e o acesso a tratamentos adequados são essenciais para combater a obesidade e promover uma vida mais saudável para a população”, ressalta a especialista.

Sobre o CEJAM   

O CEJAM – Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim” é uma entidade filantrópica e sem fins lucrativos. Fundada em 1991, a Instituição atua em parceria com o poder público no gerenciamento de serviços e programas de saúde em São Paulo, Rio de Janeiro, Mogi das Cruzes, Campinas, Carapicuíba, Franco da Rocha, Guarulhos, Itu, Santos, São Roque, Ferraz de Vasconcelos, Pariquera-Açu, Itapevi, Peruíbe e São José dos Campos.

A organização faz parte do Instituto Brasileiro das Organizações Sociais de Saúde (IBROSS), e tem a missão de ser instrumento transformador da vida das pessoas por meio de ações de promoção, prevenção e assistência à saúde.

O CEJAM é considerado uma Instituição de excelência no apoio ao Sistema Único de Saúde (SUS). O seu nome é uma homenagem ao Dr. João Amorim, médico obstetra e um dos fundadores da Instituição.

No ano de 2025, a organização lança a campanha “365 novos dias de saúde, inovação e solidariedade”, reforçando seu compromisso com os princípios de ESG (Ambiental, Social e Governança).

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