Diocese de Assis
Foi difícil encontrar um adjetivo qualificativo que melhor representasse esse advogado das causas impossíveis. Extraordinário me pareceu pouco. Fabuloso nos remete às fábulas. Espetacular aos circos. Charmoso não era o caso. Fantástico também não, pois a vida lhe era muito mais que um simples show. Talentoso? Providencial? Justo? Íntegro? Nenhuma dessas qualificações eram suficientemente satisfatórias à ideia que faço desse profissional sem igual. Profissional? Nem tanto, pois sequer honorários exige. Ei! Que advogado é esse? Como veem, é realmente um advogado fora de série.
Antes de apresenta-lo oficialmente, desejo comentar algumas de suas ações, que tramitam sem os embaraços ou percalços próprios da lenta justiça dos homens, pois que seus processos não necessitam de varas especiais, nem conhecem a burocracia meritória das instancias forenses. Vai direto ao juiz da causa. Tem solução rápida, instantânea por assim dizer, pois sua rubrica e selo advocatício tem prioridades que nenhum outro advogado foi capaz de adquirir. Seus processos dispensam o ridículo calhamaço de papeis, papeis, papeis, que entulham almoxarifados de cartórios ou, como se faz hoje, vão pras nuvens cibernéticas devidamente digitalizados, fotografados, documentados. Esse meu advogado dispensa tudo isso para tão somente exercer seu direito primário de “advogar”, ou seja, falar pelo seu cliente. Sua prática é a defesa com argumentos da oratória pura e simples. Sua Palavra está envolta na Verdade. E isso basta ao Juiz Supremo.
Pronto. Estou dando nome aos bois. Não há aqui qualquer desrespeito ou falta de jurisprudência, ou ética. Mesmo porque neste tribunal dispensa-se qualquer formalidade ou trato cerimonioso exigido pelos cargos aqui apresentados. Nada de Excelências, nem doutores, pois que douto é farisaísmo deste mundo. Meu advogado é doutro… doutro mundo.
Está descobrindo quem é Ele? Sim, aqui Ele merece o maiúsculo…Não advoga num tribunal iníquo, onde juízes desse naipe só fazem justiça por interesses pessoais, pelo ganho, pelo salário gordo das cortes que representam. Conhece essa história? “Faze-me justiça contra meu adversário”, clamava uma pobre viúva. Sem advogado de defesa, o juiz a ignorava. Mas um dia, cansado de sua importunação, pensou: “Eu não temo a Deus, nem respeito os homens; todavia, porque essa viúva me importuna, far-lhe-ei justiça, senão ela não cessará de me importunar” (Lc 18, 3-5). Esse é o tribunal faccioso dos homens. Por outro lado, quem nos contou essa história, um dia nos prometeu um bom advogado, acrescentando: “Tudo o que pedirdes ao Pai em meu nome, vo-lo farei” (Jo 14,13).
Estabelecida a Promessa, eis que Jesus nos apresenta nosso defensor. “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará um outro Advogado, para que fique eternamente convosco” (Jo 14,15). Paráclito é seu nome grego. Como Jesus, tornou-se nosso defensor diante das incompreensões contra a fé cristã. “É o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece”, acrescenta o Mestre. Suas causas são nossas e nossos dilemas os dele. O Espírito Santo é nosso advogado, assim como Jesus, cujo espírito e verdade prevalecem diante dos acusadores contra nossa fé, nossas vidas. Eis que nessa defensoria temos três em um, ou melhor, a Trindade se manifesta em plenitude a nosso favor. Um advogado trino, divino, a conduzir nossas vidas para a Verdade soberana: “Não vos deixarei órfãos”… Em outras palavras: estou convosco do princípio ao fim. Voltarei e farei justiça! “Naquele dia conhecereis que estou em meu Pai, e vós em mim e eu em vós” (Jo 14, 20). Não se preocupem com as provações e tribulações deste mundo. Porque “o Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ensinar-vos-á todas essas coisas”…Diante do aqui exposto, não há como pedir vênia, nem fazer vistas.
WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]