Diocese de Assis
Embora a experiência de Cristo seja uma graça que nunca podemos merecer, é necessário, para nos mantermos nesta graça: deseja-la com ardor e pedi-la com constância. Acrescente-se a essas posturas, uma terceira: o arrependimento.
Meditar sobre a própria pecaminosidade e buscar o perdão divino, por meio da graça do arrependimento é um desafio constate aos disfarces do pecado e nossas múltiplas justificativas.
Se queremos algo novo e revolucionário, o Arrependimento é um forte meio para experimentar Cristo. Vale a pena ousar!
O Apocalipse diz de maneira fabulosa: “Escreva ao Anjo da igreja de Éfeso. Assim diz aquele que tem na mão direita as sete estrelas, aquele que está andando no meio dos sete candelabros de ouro: Conheço a conduta de você, seu esforço e sua perseverança. Sei que você não suporta os maus. Apareceram alguns dizendo que eram apóstolos. Você os provou e descobriu que não eram. Eram mentirosos. Você é perseverante. Sofreu por causa do meu nome, e não desanimou. Mas há uma coisa que eu reprovo: você abandonou seu primeiro amor. Preste atenção: repare onde você caiu, converta-se e retome o caminho de antes. Caso contrário, se não se converter, eu chego e arranco da posição em que está o candelabro que você tem.” (2,1-5).
Essas palavras do Apocalipse são bem simbólicas da atitude que Jesus demonstra nos evangelhos. Arrependimento é assunto de seus primeiros sermões: “Convertei-vos, porque o Reino de Deus está próximo” (Mc 1,15); é assunto dos primeiros sermões dos apóstolos: “Convertei-vos”, diz Pedro, “e cada um peça o batismo em nome de Jesus Cristo, para conseguir o perdão dos pecados. Assim, recebereis o dom do Espírito santo” (At 2,38).
O arrependimento e, na verdade, a disposição fundamental do Cristão; uma disposição permanente. Sem desculpas, sem reivindicações, sem autocomplacência. Antes, precisa confessar sua incompetência para livrar-se da pecaminosidade e sua necessidade absoluta do poder salvífico de Deus em Jesus (cf. Rm 7,18-25).
Nos dias atuais, menosprezamos por demais o pecado. Mas Jesus parecia dar-lhe muita importância (Mt 1,21; 26,28; Jo 20,23; 1Tm 1,15; Rm 5,8; 1Jo 4,10). Para Jesus, o perdão dos pecados é mais importante que a saúde física e os bens materiais. É por isso que temos muita necessidade do dom do arrependimento. Entretanto, não pensem que o arrependimento significa (apenas) percepção do pecado e contrição pelo pecado.
A palavra grega para arrependimento é metanoia, que indica mudança total de ânimo e propósito. Talvez, a melhor fórmula para o arrependimento seja o mandamento enunciado por Jesus: “Ame o Senhor, seu Deus, com todo o seu coração, com toda a sua alma, com toda a sua força e com toda a sua mente; e ao seu próximo como a si mesmo” (Lc 10,27).
Outra característica da graça do arrependimento: vem sempre acompanhado de muita alegria e paz. Na verdade, o arrependimento segue-se encontro com Cristo (1Cor 15,9; Is 6; Lc 7 e 19…).
No caminho do arrependimento é inevitável encontra-se com alguns perigos e ficar barrados por eles: a recusa de perdoa a si mesmo, por causa da culpa; o temor excessivo de Deus; a experiência de Cristo que só cobra de nós. Acreditando que todo sofrimento veio a este mundo em consequência do pecado e, quanto mais peco, mais sofro, sou chamado a fazer a experiência luminosa do perdão pela confissão dos pecados.
Uma vida nova é possível, sem presunções ou medos; sem subterfúgios ou fatalismos!
(Texto a partir de MELLO, Anthony de. Abandonar-se a Deus para ser Igreja. 3Ed., São Paulo: Loyola, 1996, p. 107-130).
PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS