Diocese de Assis
CONFIADOS AO ESPÍRITO SANTO
Não é nada incomum a sensação de abandono, desprezo, solidão, incerteza, medo, desventura… que se abate sobre as pessoas, na época em que estamos vivendo. A razão é que, de um modo geral, lidamos com os acontecimentos, fatos e situações difíceis da vida, de maneira afetiva. A tal ponto que a causa-efeito de tudo se torna afetiva. E não faltam expressões como: ninguém gosta de mim, todos me abandonaram, estão fazendo mal para mim, não me amam, estão falando mal de mim, estão aprontando contra mim, até Deus me abandonou, isso só pode ser maldição, eu vou sumir, eu vou me matar…
Ora, as coisas não são bem assim. Precisamos mudar o enfoque; aprender a ler os acontecimentos de outra maneira; mudar a visão; deixar o esquema de chantagens; parar de procurar culpados.
O caminho e a saída para superar uma visão sentimental das coisas é fazer uma boa revisão pessoal de vida; recolocar-se diante da urgente necessidade de ter um projeto de vida; ter um bom conselheiro espiritual; admitir sonho pelo qual se gasta energias; ser mais otimista; admitir critérios realistas de avaliação da realidade. No fundo, a questão é por disciplina na vida.
Uma noção de fé muito importante que devemos desenvolver e conservar é que: nós não estamos entregues ao poder do nada ou abandonados ao sabor da sorte ou, ainda, colocados em extremo desamparo. Não! Isso não!
Deus, ainda que invisível aos nossos olhos, não está ausente da nossa história; do nosso cotidiano. Nossa história está plena de Deus; nossa vida está nas mãos de Deus e, somente por isso, temos esperança. “E a esperança não engana, pois o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado. De fato, quando ainda éramos fracos, Cristo, no momento oportuno, morreu pelos ímpios. Dificilmente se encontra alguém disposto a morrer em favor de um justo; talvez haja alguém que tenha coragem de morrer por um homem de bem. Mas Deus demonstra seu amor para conosco porque Cristo morreu por nós quando ainda éramos pecadores” (Rm 5,5-8).
No contexto do anúncio da paixão (a dura realidade da cruz), Cristo confiou-nos ao Espírito Santo e ao seu poder. A promessa é: “Eu não deixarei vocês órfãos, mas voltarei para vocês” (Jo 15,18). E acrescenta: “Eu pedirei ao Pai, e ele dará a vocês outro Advogado, para que permaneça com vocês para sempre. Ele é o Espírito da Verdade, que o mundo não pode acolher, porque não o vê, nem o conhece. Vocês o conhecem, porque ele mora com vocês, e estará com vocês” (Jo 14,16-17).
De fato, Deus tem cuidado de nós! Ele é zeloso pela nossa vida! Não nos deixa falando sozinhos. Deus é presente e atuante em tudo o que nos diz respeito.
Em se tratando de mudança de postura e atitude, convêm salientar que é preciso vencer a ideia de independência; o orgulho de não precisar de ninguém (e, as vezes, nem de Deus). Pois isso é um meio caminho andado na luta para admitir que Deus tem a nossa vida em suas mãos e que sozinhos, de nada somos capazes.
Assim diz o Senhor: “Portanto, eu lhes digo: peçam, e lhes será dado! Procurem, e encontrarão! Batam, e abrirão a porta para vocês! Pois, todo aquele de que pede, recebe; quem procura, acha; e a quem bate, a porta será aberta. Será que alguém de vocês que é pai, se o filho lhe pede um peixe, em lugar do peixe lhe dá uma cobra? Ou ainda: se pede um ovo, será que vai lhe dar um escorpião? Se vocês, que são maus, sabem dar coisas boas aos filhos, quanto mais o Pai do céu! Ele dará o Espírito Santo àqueles que o pedirem” (Lc 11,9-13).
Vale a pena, repensar a maneira como conduzimos nossa vida. Por Jesus, fomos confiados ao Espírito Santo e seu poder. A questão é que não deixamos Deus agir.
PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS