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Diocese de Assis

Um muito obrigado é sempre bem vindo e coroa toda e qualquer ação com o reconhecimento. Aliás, um agradecimento vale mais do que qualquer quantia em dinheiro porque, o dinheiro pago se acaba, ao passo que a gratidão permanece.

A ingratidão é um veneno mortal na vida e na fé.

O ingrato é sempre um peso para os outros; não tem memória, é cego, surdo e mudo para a vida. Não se alegra, vê problema e tudo, cria muro, inventa mil histórias, murmura, resmunga, critica, não se interessa, é pessimista, não confia, não perdoa, não espera, não procura, não cultiva. Nada lhe diz respeito. Não consegue esboçar um sorriso na alegria e nem deixa cair uma lágrima na dor.

O ingrato é um insensível: não percebe as coisas como Graça de Deus e não entende as ações como gesto de gratuidade. Vê tudo como fruto da casualidade, da obrigação, do interesse, do mérito pessoal, da retribuição… Por isso, não diz muito obrigado, apenas: ‘não fez mais que a obrigação’; não pede por favor, apenas ordena; não diz graças a Deus mas, que foi coincidência; não pede desculpas, aponta culpados e inventa justificativas; não aceita erros, julga e condena; não está disposto a esperar, atropela; não é capaz de falar, grita… O ingrato vive a vida com amargura e amarga a vida dos outros, nada lhe deixa contente.

A vida inspirada pela fé, traduz tudo: pensamentos e palavras, gestos e ações… por agradecimento. Porque a fé é uma convocação permanente à ação de graças; ao agradecimento!

Pessoas formadas pela fé são agradecidas; veem as coisas com bons olhos… com os olhos de quem ama. “é paciente… é prestativo… não é invejoso, não se ostenta, não se incha de orgulho. Nada faz de inconveniente, não procura seu próprio interesse, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se regozija com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (1Cor 13,4-7).

Pessoas agradecidas se relacionam com pessoas e não com coisas; acreditam em ideais e não em ideias; sonham e não divagam; exigem, nunca cobram; têm palavra e não ‘gogo’; têm fé e não superstições. Pessoas agradecidas são humanas e não anjos.

Assim diz a Sagrada Escritura:

Daniel 3,89.90: “Deem graças ao Senhor, porque ele é bom, porque a sua misericórdia é para sempre”; “Todos os que adoram o senhor, Deus dos deuses, bendigam o Senhor: louvem e deem graças ao Senhor, porque a sua misericórdia é para sempre”.

Colossenses 1,12: “Com alegria, deem graças ao pai, que permitiu a vocês participarem da herança dos cristãos, na luz”.

Dar graças não é um simples ato religioso, reservado à hora do Templo. Dar graças, é uma atitude de vida, é uma postura de fé!

Dar graças é reconhecimento e memória, é liturgia e celebração; é festa e utopia, é esperança e comunhão; é sede do Deus vivo, é partilha e doação; é contentamento e alegria, é pulsão de vida e convicção; é a luz, sempre, acesa no final do túnel, é a energia e a satisfação; é o calor do amor verdadeiro, é a promessa divina e a iluminação; é a vida que vale a pena, é o sonho e a salvação.

No fundo, como diz São Paulo, a perspectiva de vida de quem tem fé deve ser a seguinte: “Deem graças em todas as circunstâncias, porque esta é a vontade de Deus a respeito de vocês, em Jesus Cristo” (1Ts 5,18).

“Nesse dia, você dirá: ‘Eu te agradeço, Javé, porque estavas irado contra mim, mas a tua ira se acalmou e me consolaste. Sim, Deus é a minha salvação! Eu confio e nada tenho a temer, porque minha força e meu canto é Javé: ele é a minha salvação. Com alegria vocês todos poderão beber água nas fontes da salvação’.

E nesse dia, vocês dirão: ‘Agradeçam a Javé, invoquem o seu nome, contem aos povos as façanhas que ele fez, proclamem que seu nome é sublime; cantem hinos a Javé, pois ele fez proezas; que toda a terra as reconheça. Gritem de alegria e exultem, moradores de Sião, pois o Santo de Israel é grande no meio de vocês’” (Isaías 12,1-6).

Tenha fé, viva em permanente ação de graças!

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS